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Orgulho Caipira |
O Teatro do
Incêndio promove, entre os dias 11
de maio e 8 de junho, cinco encontros sobre cultura popular, finalizando a
programação das Rodas de Conversa - A Gente Submersa, sempre às sextas-feiras, às 20
horas, com entrada franca.
No dia 11 de maio, o grupo Orgulho Caipira (de Lagoinha/SP), comandado pelo mestre Amarildo, um
grande caipira festeiro, mostra as tradicionais modas de viola na dança do
sabão e dança do caranguejo, além dos causos caipiras. Na sequência (18 de maio),
o Grupo de Pau e Corda Kuatá de Carimbó, integrante do Movimento de Carimbó do Oeste do Pará
dá uma pequena mostra do carimbó tradicional. Já no dia 25 de maio, o Fandango de Tamanco de Ribeirão Grande, composto só por
homens, mostra como se dança
usando tamanco de madeira, especial para produzir uma contagiante sonoridade.
As duas últimas
Rodas de Conversa acontecem nos dias 1º e 8 de junho, respectivamente, com o
grupo Moçambique Cambaiá (de São
Benedito de Cruzeiro/SP), liderado pelo mestre Silvio Antônio, que apresenta
vivência sobre o Moçambique de Bastão; e com o Samba de Bumbo do
Cururuquara, formado
por descendentes de escravos que habitavam o bairro Cururuquara, em Santana de
Parnaíba.
As Rodas de Conversa - A Gente Submersa vem reunindo,
desde março de 2017, mestres da cultura popular e comunidades tradicionais do estado
de São Paulo em bate-papos seguidos por vivências (breves apresentações das
manifestações).
Rodas de
Conversa - A Gente Submersa
O projeto A Gente Submersa foi contemplado pela 29ª
edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, em comemoração
aos 21 anos da Cia. Teatro do Incêndio. A programação das Rodas de Conversa –
que teve início em 2018 - prima pela diversidade saberes e fazeres
tradicionais. São vivências com temas ligados à dança, música, religiosidade,
dialeto e culinária. O projeto quer mostrar que as raízes da cultura brasileira
se manifestam em grupos que resistem e mantém viva a nossa história.
Em parceria com a Comissão Paulista de Folclore, que
ao longo de 67 anos vem mapeando, fomentando e salvaguardando as manifestações
culturais tradicionais e os patrimônios culturais imateriais, o Teatro do
Incêndio torna-se o terreiro, o quintal para esses encontros de artistas,
públicos e griôs. Esta iniciativa vem de encontro à verticalização da busca de
raízes brasileiras pelo Teatro do Incêndio que apontou caminhos necessários de
aprimoramento e investigação, ações vitais para o presente do coletivo. Esses
encontros com a cultura popular fazem parte da pesquisa para montagem dos
espetáculos Rebelião – O Coro de Todos os
Santos (que estreou em janeiro de 2018) e A Rainha Enterrada (nome provisório, que estreia em agosto deste
ano).
Programação
11 de maio – Orgulho Caipira
Tema: Causos e Modas de Viola
Com nome autoexplicativo, o Orgulho Caipira é oriundo
de Lagoinha, interior de São Paulo. Fundado por Amarildo Pereira Marcos, há 17
anos, seu objetivo é festejar e preservar a cultura da roça, compartilhando
cantorias e danças de tradições como Folia de Reis, Catira e Festa do Divino
Espírito Santo. O grupo tem a nobre missão de afirmar a cultura caipira como um
importante bem cultural brasileiro. A formação musical do Orgulho Caipira tem
violão, viola, sanfona, contrabaixo e percussão, além de participação dos
dançarinos com as tradicionais roupas coloridas das festas caipiras. Nesta roda
de conversa, o mestre Amarildo - que é conhecido em todo Vale do Paraíba como um
grande caipira festeiro - vai prosear, falar dos causos e tocar viola,
mostrando as tradicionais modas ‘dança do sabão’ e ‘dança do caranguejo’.
18 de maio - Pau e Corda Kuatá de Carimbó
Tema: Carimbó Tradicional
O grupo de Pau e Corda Kuatá de Carimbó, integrante do
Movimento de Carimbó do Oeste do Pará - que fez parte da luta pelo
reconhecimento do Carimbó como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo
IPHAN em 2014 – faz o pré-lançamento de seu primeiro EP com três músicas.
Criado em 2010, na Vila de Alter do Chão (PA), coração da Amazônia, o Kuatá faz
um carimbó tradicional e tem como referência os Mestres Verequete, Lucindo,
Chico Braga, Chico Malta e Grupo Espanta-Cão. Acompanhados pelos dançarinos
Sandra e Hinho Moreno, os integrantes do Kuatá mostram músicas autorais e
clássicos do carimbó que ganham versão em pau e corda. O grupo mostra também os
ritmos curimbó e marambiré, tradicionais da Festa do Çairé, na Vila de Alter do
Chão.
25 de maio - Fandango de Tamanco de
Ribeirão Grande
Tema: Fandango de Tamanco
Existem vários tipos de fandangos: de chinela, tropeiro,
catira e cateretê, entre outros. O Fandango de Tamanco de Ribeirão Grande é uma
importante tradição existente no Brasil, cuja dança é executada usando tamancos
de madeira, especialmente para emitir uma rica e contagiante sonoridade. O
termo fandango designa uma série de danças populares. No encerramento de
mutirões, em festas e outras ocasiões em todo o Brasil, executam-se as mais
variadas danças. Essa modalidade - de tamanco - é dançada só por homens, com
seus sapateados e palmeados. É a versão masculina do fandango. Sem os bailados,
entremeando os fortes sapateados e palmeados com os queromanas, as modas
relatam aspectos da vida rural, com possibilidades para improvisos. O acompanhamento
se dá com pé-de-bode (sanfona de oito baixos) e/ou violas.
1º de junho –
Moçambique de Cambaiá
Tema: Maçambique de Bastão
O mestre
Silvio Antônio, do Moçambique Cambaiá, fala sobre sua tradicional arte e
comanda roda de conversa sobre o Maçambique de Bastão. Formado em 1998, o grupo
Cambaiá pode ser considerado a segunda formação da antiga Companhia de
Moçambique de São Benedito de Cruzeiro, Vale do Paraíba, datada de 1947. Silvio
Antônio de Oliveira é o atual líder, sendo a segunda geração no comando,
iniciada por seu pai José Alves de Oliveira. A dança do moçambique é uma dança
tradicional folclórica de caráter religioso, muito presente no Vale do Paraíba.
Apresenta-se por meio de coreografias realizadas com manejo de bastão e
figurações de simulação guerreira. O grupo atual conta com cerca de 20
componentes, distribuídos nos papéis tradicionais: mestre, contramestre,
soldado, cacheiro, rainha e meirio. É uma manifestação tipicamente percussiva.
Ao ritmo das caixinhas – o sambado, a marcha - os dançarinos fazem manejos sincronizados
dos bastões nos entrechoques. E e o tinir dos guizos ou paiás, presos às pernas
dos dançantes, dão um som característico ao bailado.
8 de junho -
Samba de Bumbo do Cururuquara
Tema: Samba de Bumbo
O grupo de Samba de Bumbo do Cururuquara é formado pelos
descendentes de escravos que habitavam o bairro Cururuquara, localizado a 15
quilômetros do centro de Santana de Parnaíba (SP). De acordo com estudiosos dessa
cultura, o samba de bumbo ou samba rural paulista nasceu nas fazendas cafeeiras
do Vale do Paraíba e do Oeste Paulista e foi levado para Santana de Parnaíba, que
fica a 35 km da capital paulista, pelos negros que migraram para essa região. Em Santana de Parnaíba, a notícia mais longínqua que
se tem do samba de bumbo é, de acordo com a memória oral, a festa realizada
para comemorar a abolição da escravidão, em 1888. Nesta ocasião, os negros
reuniram-se na Capela de Santa Cruz, no bairro do Cururuquara, atual capela
menor de São Benedito, e ali ficaram por quatro dias tocando o samba de bumbo,
comemorando a liberdade e uma doação de terras que receberam de um fazendeiro.
Na mesma ocasião, os libertos plantaram oito palmeiras, das
quais quatro ainda se encontram no local, dando-lhe o nome de Largo
das Palmeiras. Esta festa acontece anualmente no bairro. Há alguns anos, esses
descendentes perderam suas terras e foram obrigados a deixar o bairro, mas
todo ano voltam à Capela dos Escravos para louvar a São Benedito comemorando
a libertação.
Serviço
Rodas de Conversa / Vivência: A Gente Submersa
Horários: Sextas-feiras, às 20 horas
11 de maio - Orgulho Caipira
18 de maio - Grupo de Pau e
Corda Kuatá de Carimbó
25 de maio - Fandango de Tamanco de Ribeirão Grande
1º de junho - Moçambique de Cambaiá
8 de junho - Samba de Bumbo do Cururuquara
Local: Teatro
do Incêndio
Rua Treze de Maio, 48 – Bela Vista/SP. Tel:
(11) 2609 3730 / 2609 8561
Entrada
franca (não
há necessidade de retirar ingresso).
Duração: 2h. Capacidade: 90 lugares.
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