segunda-feira, 18 de julho de 2022

Ouvindo Vozes: da Marginalização à Loucura segue com apresentações grátis em agosto

Foto de Marta Baião

Com encenação e direção de Marta Baião, o espetáculo Ouvindo Vozes: da Marginalização à Loucura é uma montagem da Pião Produções Artísticas, livremente inspirada no livro Ouvindo Vozes, de Edmar Oliveira, com dramaturgia assinada por Cynthia Regina.

Iniciadas em junho, as apresentações (gratuitas) ocorrem em espaços públicos não convencionais, frequentados ou a serviço da comunidade, na zona leste de São Paulo. Em agosto as seções são na E. E. Prof. Aroldo de Azevedo (3 e 4/8, quarta e quinta, às 20h) e
SASF Iguatemi II (10/8, quarta, às 20h).

A temporada é acompanhada por rodas de conversa sobre Saúde Mental na Periferia com participação de Cristina Melo (psicóloga e arteterapeuta), de Monica Soares (arteterapeuta), da diretora e do elenco, além de sessões com tradução em Libras, por
Mile Silva (da LibrArte). Este projeto foi viabilizado pelo Programa VAI - Programa para Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Pelo viés do teatro épico performativo, a montagem traz a história de três clientes, como eram chamadas as pessoas em tratamento no Instituto Nise da Silveira, no Engenho de Dentro (RJ), que
descobriram vida na loucura em um lugar marcado pelas ideias da médica psiquiatra, uma revolucionária no tratamento mental pela arteterapaia que garantiu àqueles(as) com ‘manias de liberdade’, as saídas de suas profundezas para o encontro com a vida.  Os atores Everton Santos, Juliana Morelli e Rogério Nascimento fazem releituras das histórias, não comprometidos com o normal ou anormal, mas com a desconstrução da ideia de loucura.

O livro
Ouvindo Vozes aborda o processo de reestruturação do Instituto por meio da história de pessoas em tratamento com diagnóstico de esquizofrenia, privadas de acesso aos direitos básicos de sobrevivência. O enredo da peça explora a realidade exposta no livro e as vivências dos(as) artistas periféricos(as) participantes desta produção, alinhavadas por suas memórias frente à realidade sobre a saúde a mental em seus territórios: os Distritos de Iguatemi e Sapopemba, em São Paulo. Marta Baião explica que o processo criativo conjunto foi conduzido para revelar “corpos aprisionados que fogem do modelo estipulado pela sociedade, corpos indisciplinados que não cumprem um papel esperado”. 

Everton Santos traz para a cena a história de um jovem, o mais velho de três irmãos. Por ser fruto de uma relação extraconjugal da mãe com um político, vivia trancado, afastado do convívio social. Ele é internado como louco quando, em um acesso de raiva, ele rasga o vestido de noiva de sua irmã ao descobrir que ela iria se casar sem a sua presença. Rogério Nascimento vive um jovem sonhador, predestinado para passar 20 anos no hospital do Engenho de Dentro, apenas por ser uma pessoa sem controle emocional. Quando alcança o direito de ir para uma casa acolhedora, ele busca conhecer o mundo, busca a liberdade que lhe foi tolhida. Juliana Morelli interpreta uma moça com problemas psiquiátricos que, ao ser internada, conta com a surpreendente adesão das duas irmãs, que decidem se internar junto com a irmã para ficarem juntas.

Segundo a diretora, os elementos cênicos (atuação, cenário, figurino e música) dialogam pela simbologia metafórica. A cenografia concebida por ela sugere o aprisionamento em espaços delimitados que se interligam por estruturas altas e vazadas, situando a prisão individual das personagens, bem como as possibilidades de libertação com portas e saídas. A cor branca e transparências predominam nas estruturas e nas cortinas, representando a tênue linha entre a sanidade e a loucura, e também ganham a conotação de telas/mandalas que serão pintadas pelo público antes das sessões, numa referência à arteterapia de Nise da Silveira. Projeções em
video mapping - com imagens referentes ao trabalho da Dra. Nise e encenação de métodos físicos de tratamento - potencializam a abordagem e fazem o público pensar. Técnicas de teatro de sombras são usadas para representar a possibilidade de morte. Os figurinos (de Marta Baião) carregam simbologias do universo das personagens; trazem alegorias que reportam à busca pela libertação desses corpos. E a trilha sonora original, de Eduluz, conta com músicas que assumem funções dramatúrgicas na encenação, compostas pelos próprios atores.

Toda equipe artística envolvida na montagem foi submetida a um processo arteterapêutico, baseado nas práticas de Nise da Silveira, com o intuito de ampliar as percepções e fundamentar o trabalho. Para os realizadores,
Ouvindo Vozes: da Marginalização à Loucura quer contribuir para a conscientização da importância das artes cênicas como um dos elementos fundamentais para conscientizar sobre saúde mental nas regiões periféricas. “As pessoas da periferia são menos acolhidas em todas as situações. O morador periférico é marginalizado, junto com tudo que lhe diz respeito, e não é diferente com a loucura, quando a pessoa é simplesmente descartada”, afirma Everton Santos. “Queremos sensibilizar pessoas moradoras das nossas regiões como a arte da linguagem teatral, visando reflexão e discussão acerca dos transtornos mentais e suas abordagens nas margens da cidade”, finaliza.

A ideia de montar
Ouvindo Vozes: da Marginalização à Loucura surgiu, em 2016, quando Michele Araújo e Everton Santos - fundadores da Pião Produções Artísticas - tiveram contado com o livro de Edmar Oliveira (Ouvindo Vozes). No ano seguinte partiram para o Rio de Janeiro, rumo ao Museu de Imagens do Inconsciente e ao Instituto Municipal Nise da Silveira (antigo Hospital Psiquiátrico D. Pedro II), dando início ao processo de gestação de ideias. Em 2019, voltaram ao Museu com propósitos mais definidos para estruturação do projeto, junto com Monica Soares, recém-integrada ao grupo. “Fizemos uma visita guiada que intensificou o nosso desejo de mergulhar nesse universo. Acessamos imagens, esculturas e histórias que despertaram em nós o anseio de criar”, relembra Michele, produtora da peça. Também retornaram ao Instituto para saber melhor da sua história e visitaram a Casa das Palmeiras para conhecer de perto as práticas terapêuticas de Nise da Silveira. Essas vivências reverberaram, provocando reflexões sobre essa realidade nos territórios de Everton e Michele: ele, nascido, criado e morador do Distrito de Iguatemi, e ela, nascida, criada e moradora do Distrito de Sapopemba, ambos na Zona Leste paulistana, onde também atuam como artistas, produtor/produtora e educador/educadora. Um longo trabalho de construção cênica e o mergulho na arteterapia resultaram no espetáculo que busca diálogo entre o fazer teatral e a estruturação da saúde mental na periferia.

FICHA TÉCNICA – Livremente inspirado no livro Ouvindo Vozes, de Edmar Oliveira. Dramaturgia: Cynthia Regina em processo criativo da Pião Produções Artísticas. Direção/encenação: Marta Baião. Elenco: Everton Santos, Juliana Morelli e Rogério Nascimento. Concepção de cenário e figurino: Marta Baião. Execução/cenário: Daíse Neves. Execução/figurino: Isa Santos. Iluminação e operação de luz: Decio Filho. Trilha sonora original, projeção e operação de som: Eduluz. Músicas: Rogério Nascimento, Juliana Morelli e Everton Santos. Coreografia: Drama Extreme. Voz de Nise da Silveira: Leila Silva Gomes. Voz em off: Edmar Oliveira. Arteterapeutas: Cristina Melo e Monica Soares. Psicóloga mediadora: Cristina Melo. Tradutora intérprete de Libras:
Mile Silva (LibrArte). Identidade visual: Renan Preto. Fotos/divulgação: Marta Baião. Social media: Rosana Cardoso. Filmagem: Lado Sujo da Frequência. Produção executiva: Michele Araújo e Everton Santos. Idealização e produção geral: Pião Produções Artísticas. Realização: Prefeitura Municipal de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, por meio do Programa VAI - Programa para Valorização de Iniciativas Culturais.

Programação
Espetáculo: Ouvindo Vozes: da Marginalização à Loucura
Com: Pião Produções Artísticas
Grátis. Duração: 60 min. Gênero: Drama. Classificação: 16 anos.
Nas redes: Fabebook/piaoproducoesartisticas | Instagram/pião_producoes

3 de agosto. Quarta, às 20h
E. E. Prof. Aroldo de Azevedo
Rua Filipa Álvares, s/n - Jardim Planalto / Sapopemba. SP/SP.
Roda de conversa: Saúde Mental na Periferia - com Cristina Melo e Monica Soares.
Tradutora intérprete de Libras: Mile Silva (LibrArte)

4 de agosto. Quinta, às 20h
E. E. Prof. Aroldo de Azevedo
Rua Filipa Álvares, s/n - Jardim Planalto / Sapopemba. SP/SP.
Roda de conversa: Saúde Mental na Periferia - com elenco e encenadora Marta Baião.

10 de agosto. Quarta, às 20h
SASF Iguatemi II – Serviço de Assistência Social à Família
Rua João Crispiniano Soares, 98 -  Parque Boa Esperança - SP/SP
Roda de conversa: Saúde Mental na Periferia - com Cristina Melo e Monica Soares.
Tradutora intérprete de Libras: Mile Silva (LibrArte).

Marta Baião
– Capixaba radicada em São Paulo, Marta Baião é doutora em Artes pela USP e cursa pós-doutorado na USP/FFLCH / Diversitas - Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos. Possui mestrado e doutorado em Artes Cênicas / USP, pós-graduação Lato Sensu - formação em Psicodrama e graduação em Artes Plásticas pela UFES. É pesquisadora, repórter fotográfica, atriz, encenadora e diretora teatral, ilustradora, artivista feminista e criadora de instalações performativas. Entre várias outras atividades, Marta é encenadora do grupo de teatro feminista Mal-Amadas: Poética do Desmonte e coordenadora do Centro Informação Mulher (CIM), maior acervo da América Latina sobre a história de luta das mulheres, criado em 1979.

Pião Produções Artísticas
- A Pião Produções surgiu com o sonho dos atores/produtores Michele Araújo e Everton Santos em realizar ações culturais nas periferias de São Paulo. Everton e Michele se conheceram estudando teatro na EMIA/Santo André (Escola de Iniciação Artística), em 2001. São nascidos(as) e criados(as) no berço da zona leste de São Paulo, Sapopemba e Iguatemi, respectivamente. Desde 2015, quando fizeram a primeira produção executiva teatral, estiveram à frente de aproximadamente 20 produções, além da elaboração de projetos culturais, inclusive para editais públicos. Everton é pós-graduado em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas e Bacharel em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes. Michele é pós-graduada em A Arte de Contar História na Faculdade de Conchas e Licenciada em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes. Juntes realizaram o Curso de Extensão Elaboração, Viabilização e Gestão de Projetos Culturais em Artes Cênicas, com orientação de Daniela Machado (SP Escola de Teatro). Com amor pela produção periférica compreendem que não tem “progresso sem acesso”, por isso querem que todas as pessoas das periferias do Brasil, tenham acesso aos bens culturais e sociais e que artistas consigam produzir sua arte na periferia para a periferia. Em 2019, Monica Soares juntou-se à dupla, no processo de pesquisa para Ouvindo Vozes: da Marginalização à Loucura surgiu, e em 2020, o núcleo se completou com a atriz Juliana Morelli e o ator Rogério Nascimento. 

Informações à imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
(11) 99373-0181 - verbena@verbena.com.br

Indígenas é tema de exposição fotográfica de Dani Sandrini que chega ao SESI Campinas Amoreiras

As fotografias são impressas em folhas de plantas e em papel com pigmento de jenipapo.

O Espaço Galeria do SESI Campinas Amoreiras recebe, a partir do dia 4 de agosto (quinta-feira, às 19h30), a exposição Terra Terreno Território, da fotógrafa e artista visual Dani Sandrini. Com visitação gratuita e acessibilidade, a exposição traz obras com audiodescrição e peças táteis.

No evento de abertura o público participa de bate-papo com participação da artista, do indígena Netuno Borum Krekmun (artesão e liderança indígena) e de Wagner Souza e Silva (curador da exposição).

Com o objetivo de provocar reflexões sobre como é ser indígena nas grandes cidades, no século XXI, Dani Sandrini utiliza duas técnicas de impressão fotográfica do século XIX. As imagens foram captadas na Grande São Paulo, em aldeias indígenas (onde predomina a etnia Guarani) e no contexto urbano (que abriga aproximadamente 53 etnias), durante o ano de 2019. 

Terra Terreno Território é composta por dois agrupamentos fotográficos. No primeiro a impressão é feita artesanalmente em papéis sensibilizados com o pigmento extraído do fruto jenipapo (o mesmo que indígenas usam nas pinturas corporais). E no segundo, diretamente em folhas de plantas (taioba, singônio, malvavisco, amora e batata doce). Os processos - chamados de antotipia e fitotipia, respectivamente - se dão artesanalmente, através da ação da luz solar, em tempos que vão de três dias a cinco semanas de exposição.

As imagens fotográficas - de tamanhos que variam entre 10x15 a 50x75cm - trazem
uma temporalidade inversa à prática fotográfica vigente, da rapidez do click e da imagem virtual. “O tempo de exposição longo convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se transforma, esses processos produzem imagens vivas, uma referência a permanente transformação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete a artista.


A delicadeza do processo orgânico traz também uma consequente fragilidade para as fotografias com a passagem do tempo. A artista explica que “dependendo da incidência de luz natural diretamente na imagem, por exemplo, pode levá-la ao apagamento”. Sandrini considera esta possibilidade como um paralelo ao apagamento histórico que a cultura indígena vem sofrendo em nosso país. Ela diz que “a proposta favorece também a discussão acerca da fotografia com seu caráter de memória e documento como algo imutável, ampliando seus contornos e podendo se vincular ao documental de forma bem mais subjetiva. A certeza é a transformação. A foto não congela o tempo. Os suportes que aqui abrigam as fotografias geram outros significados”, reflete.

Com
Terra Terreno Território a fotógrafa alerta para a necessidade de compreender a cultura indígena para além dos clichês que achatam a diversidade do termo. “Aqui, a intenção é exatamente oposta: é desachatar, lembrar que muitos indígenas vivem do nosso lado e nem nos damos conta. Já se perguntaram o porquê de essa história ter sido apagada?”, comenta Dani que, no projeto, fotografou pessoas de diversas etnias, oriundas de várias regiões do país, ora posando para um retrato ora em suas rotinas, suas atividades, seus eventos, rituais ou celebrações.

Terra Terreno Território
nasceu do projeto Darueira, em 2018, contemplado no 1° Edital de Apoio à Criação e Exposição Fotográfica, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo por meio da Supervisão de Fomento às Artes. Realizado, em 2019, ganhou exposição na Biblioteca Mario de Andrade, de outubro a dezembro. Em 2020 (no formato online, devido à pandemia), a exposição passou pela Galeria Municipal de Arte, do Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes (Chapecó/SC), Cali Foto Fest (Colômbia) e Pequeno Encontro de Fotografia (Olinda/PE). Em 2021, integrou o Festival Photothings (exposição online no metrô de São Paulo; ensaio escolhido para integrar a Coleção Photothings). Em 2022, além da circulação por unidades do SESI São Paulo, foi selecionada para a Exposição Latinas en París (Fotografas Latam, Fundación Fotógrafas Latinoamericanas).

Dani Sandrini
- Fotógrafa e artista visual, a paulistana Dani Sandrini desenvolve projetos documentais e artísticos, desde 2014, apesar de ser fotógrafa comercial, desde 1998. A depender do projeto e suas singularidades, sua fotografia é colocada nas telas ou papéis, mas também pode conter outros elementos que adicionam significados à imagem final, bem como camadas extras de subjetividade. Pesquisa o entrelaçamento de materiais e suportes com a imagem fotográfica e a ação do tempo sobre a mesma. Dani tem experiência em processos fotográficos alternativos e desenvolve projetos utilizando impressão por transferência, fotografia estenopeica, cianotipia, antotipia e fitotipia.

Serviço
Exposição: Terra Terreno Território
Artista: Dani Sandrini
Abertura: 4 de agosto – quinta, às 19h30
Bate-papo: Dani Sandrini, Netuno Borum Krekmun e Wagner Souza e Silva.
Local: Espaço Galeria
Temporada: 5 de agosto a 1º de outubro  de 2022
Horário: terça a sábado - das 9h às 11h e das 14h às 20h, exceto feriados.
Visitação gratuita. Classificação: Livre.
Acessibilidade: piso tátil, audioguia, 5 obras táteis e 10 obras com audiodescrição.
Agendamento escolar e de grupos: caccampinas1@sesisp.org.br.

SESI Campinas Amoreiras
Avenida das Amoreiras, 450 - Parque Itália. Campinas/SP.
Tel: (19) 3772-4100 | https://campinasamoreiras.sesisp.org.br/ | @sesicampinas

Instagram - @terraterrenoterritorio | Facebook @Terra-terreno-território-408261089792472

Terra Terreno Território
- que iniciou circulação pelo SESI Itapetininga - seguirá para as unidades São José do Rio Preto (outubro) e São Paulo (2023).

Informações à imprensa | VERBENA Assessoria
Eliane Verbena
(11) 99373-0181 | verbena@verbena.com.br

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Infantil Os Lavadores de Histórias tem sessão grátis no Teatro Municipal de Botucatu

Foto de Giuliana Cerchiari

A peça, indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem
em duas categorias, cumpre circulação por 7 cidades margeadas pelo Rio Tietê.

Inspirado na poesia do cuiabano Manoel de Barros, o espetáculo infantil Os Lavadores de Histórias, com a Cia. de Achadouros, tem sessão gratuita no Teatro Municipal de Botucatu Camillo Fernandez Dinucci, no dia 30 de julho (sábado, às 16h). A sessão integra a programação da edição 2022 do Festival de Inverno de Botucatu.

A peça - dirigida por 
Tereza Gontijo com dramaturgia de Silvia Camossa - fala sobre memórias da infância que foram esquecidas, mas guardadas em objetos abandonados. A montagem foi indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Direção Revelação e Trilha Musical Adaptada.

Os Lavadores de Histórias
 são Urucum, Tom Tom e Jatobá, interpretados pelos atores palhaços Emiliano FavachoMariá Guedes e Felipe Michelini, respectivamente. Durante a noite, visitam quintais para lavar objetos esquecidos ou abandonados, como brinquedos e roupas, e reviver momentos da infância. Eles carregam consigo o Rio da Memória. Nas águas desse rio vão lavando os objetos, revelando histórias, fantasias, personagens e brincadeiras. Eles ficam tocados, mas também se divertem muito com os segredos revelados. Por meio de cenas cômicas e circenses, teatro de sombras e objetos, o espetáculo faz uma sensível reflexão sobre a relação da criança com o mundo real e o da imaginação, lançado um olhar lúdico e poético sobre a infância.

A circulação, que já passou por Suzano, Salesópolis, Santana de Parnaíba e Pereira Barreto, contempla sete cidades do interior paulista, banhadas pelo 
Rio Tietê, numa referência ao Rio da Memória presente no enredo da peça. O Rio Tietê, que nasce em Salesópolis (Serra do Mar), percorre praticamente todo o estado de São Paulo e deságua no Rio Paraná. A circulação segue o trajeto do rio em direção a Mato Grosso, onde nasceu Manoel de Barros. As próximas paradas são em Ilha Solteira (13/08, às 19h, na Casa da Cultura Rachel Dossi, integrando a Mostra de Teatro de Ilha Solteira) e Pirapora do Bom Jesus (a definir).

Três ações completam a programação em cada cidade: 
Varal de Memórias, uma instalação cenográfica interativa, os espectadores podem pendurar suas histórias e lembranças da infância; Programa Lúdico contendo jogos divertidos e brincadeiras para as crianças com temas relacionados à peça; Mini Documentário com depoimentos e relatos do público sobre a relação com o rio da sua cidade, registros da circulação e bastidores, que será disponibilizado no YouTube.

A encenação

Tendo como ponto de partida a potente e delicada poesia Manoel de Barros (1916-2014, Cuiabá/MT), 
Os Lavadores de Histórias valoriza as pequenas coisas, a beleza contida nas sutilezas, a graça do imaginar, as brincadeiras espontâneas e colaborativas e o contato com a natureza. Os atores fizeram uma imersão na obra do poeta e foram para as ruas do bairro São Mateus, em São Paulo, em busca de histórias reais da memória afetiva de moradores antigos e crianças. “Um dos poemas de Manoel de Barros que mais nos inspirou foi Desobjeto, que fala sobre usar a imaginação para dar novos sentidos e funções a um objeto, transformá-lo em outra coisa na hora de brincar”, comenta Felipe Michelini. Os protagonistas revelam que lembranças de suas próprias infâncias e de outras pessoas envolvidas na produção também estão no enredo.

Urucum, Tom Tom e Jatobá sabem
 que as coisas esquecidas nos quintais guardam muitas histórias de meninos e meninas que cresceram e não lembram mais das brincadeiras e dos sonhos. As histórias surgem à medida que objetos e brinquedos são lavados e revelados. Entre as cenas está O menino que queria voar: um lençol manchado revela o garoto que queria viajar pelo mundo. Às vezes, fazia xixi enquanto dormia e se escondia embaixo da cama, sonhando em voar e unir os quatro continentes. Tem também A menina triste que descobre o que a faz feliz: um lenço colorido traz a história da menina que vivia triste até conhecer um garoto mágico (inspirada em conversas com a sambista Tia Cida, moradora da região de São Mateus). Ela o encontra quando vai buscar lenha e o acompanha até o acampamento cigano, descobrindo ali o seu amor pela música. Em O menino que vai para a lua com o amigo imaginário, um sapato velho se transforma em interfone secreto para anunciar a missão da primeira criança a pisar na lua (história do ator Felipe). Em A menina que encantava os passarinhos, uma velha escova de cabelos traz para a cena a história de uma rádio de passarinhos (memória da atriz Mariá). Muitas aves participam da programação: a andorinha dá receita de bolinho de chuva (chuva mesmo!); o tico-tico, que voa alto, faz a previsão do tempo; no futebol, os jogadores são pássaros; e a radionovela dramatiza a história do menino que ficou chateado porque ia ganhar uma irmãzinha, não um “irmãozinho para brincar”, mas descobre a alegria dessa nova relação (história de Emiliano).

Para o grupo, 
Os Lavadores de Histórias quer fazer o público lembrar coisas que não deveriam ser esquecidas, lembrar que brincar junto é fundamental, e quebrar as amarras dos adultos pela memória afetiva para que pais e filhos revivam a magia do brincar.

FICHA TÉCNICA - 
Dramaturgia: Silvia Camossa. Direção: Tereza Gontijo. Elenco: Emiliano B. Favacho (Urucum), Felipe Michelini (Jatobá) e Mariá Guedes (Tom Tom). Cenografia: Alício Silva e Bira Nogueira. Figurino: Cleuber Gonçalves. Iluminação: Giuliana Cerchiari. Adereços: Clau Carmo e Cia. de Achadouros. Pesquisa Musical: Emiliano B. Favacho e Tereza Gontijo. Músicas: Kevin Macleod. Edição de som: Emiliano B. Favacho e Rodrigo Régis. Voz em off: Evandro Favacho. Grafite/painel: Celso Albino. Operação de som: José Olegário Neto. Operação de luz: Francisco Renner. Preparação corporal: Ana Maíra Favacho e Erickson Almeida. Registro em vídeo, edição e fotografia: Cidcley Ulysses Dionísio. Design gráfico: Nathalia Ernesto. Produção: Leneus Produtora de Arte. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Fotos/divulgação: Giuliana Cerchiari. Idealização: Cia. de Achadouros. Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura e Economia Criativa - Edital ProAC Expresso - 08/2021 - Público Infanto-Juvenil / Circulação.

Serviço
Espetáculo: Os Lavadores de Histórias
Com: Cia. de Achadouros
Festival de Inverno de Botucatu 2022
30 de julho. Sábado, às 16h
Teatro Municipal de Botucatu Camillo Fernandez Dinucci
Praça Coronel Rafael de Moura Campos, 27 – Centro, Botucatu/SP.
GrátisDuração: 50 min. Livre (recomendação: 4 anos).

Cia. de Achadouros - 
A Companhia de Achadouros formou-se, em 2012, com o nome de A Melhor da Cidade Cia. Teatral, a partir do encontro de artistas em curso de máscaras, ministrado por Cida Almeida e Sofia Papo, na SP Escola de Teatro. Estudaram técnicas que envolvem o universo das máscaras, da commedia dell’arte, passando pelo bufão até chegar à menor máscara do mundo: o nariz vermelho do palhaço. Em 2014, contemplado pelo Programa VAI - 2014, o grupo iniciou o projeto O Espetáculo Mais Prestigioso do Século Vai a São Mateus - pesquisa sobre palhaçaria na região de São Mateus, zona leste de São Paulo - que compreendeu ainda uma série de ações culturais no bairro (cortejos cênicos e musicais, saídas livre de palhaço) e pesquisas com a comunidade e a relação com a linguagem do palhaço. O Espetáculo Mais Prestigioso do Século (direção - Sofia Papo; dramaturgia - Cida Almeida) é um espetáculo de rua com linguagem de palhaço e números circenses. As reverberações direcionaram a pesquisa para a ação do palhaço na rua, como interventor e facilitador de relações. Em 2017, o grupo debruçou-se sobre questões da infância na região com o projeto Elogio à Infância: Escavando os Meninos que Fomos. O trabalho reúne histórias vividas por pessoas em São Mateus, memórias da infância dos integrantes e a poesia de Manoel de Barros. O resultado é o infantil Os Lavadores de histórias, sua segunda montagem, em parceria com a diretora Tereza Gontijo e a dramaturga Silvia Camossa, que foi indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Direção Revelação e Trilha Musical Adaptada. A peça estreou no Sesc Pinheiros, em 2018, seguiu para a unidade Vila Mariana, circulou por unidades do Sesc no interior paulista e foi apresentada no Itaú Cultural, em Casas de Cultura e Fábricas de Cultura, além de ter feito temporada online durante a pandemia. O grupo também desenvolve projeto de contação de histórias - Origens do Brasil, que reúne histórias indígenas e afro-brasileiras - e intervenções de palhaço com as temáticas: infância e meio ambiente. Os(as) integrantes da companhia também realizaram trabalhos pedagógicos (aulas de teatro, palhaçaria e intervenção urbana) em Casas de Cultura e outros espaços e projetos.


Assessoria de imprensa – VERBENA Comunicação
Eliane Verbena
Tel: (11) 99373-0181
verbena@verbena.com.br

Companhia de Teatro Heliópolis volta ao cartaz com Sutil Violento em 28 de julho

“O ímpeto transformador é evidenciado pelo modo como o caldeirão temático - os
preconceitos de gênero, de raça, de credo, de orientação sexual e de ideologia, para ficar
nessa paleta - é posto em contraste na criteriosa encenação de Sutil Violento.” (Valmir Santos)
Foto de Geovanna Gellan 
Depois de temporadas de sucesso, em 2017 e 2018, o espetáculo
Sutil Violento, da Companhia de Teatro Heliópolis, reestreia no dia 28 de julho (quinta, às 20h), na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho (sede do grupo), no Ipiranga, em São Paulo. A temporada segue até o dia 4 de setembro, de quinta a domingo, com ingressos gratuitos - reservas pela plataforma Sympla.

Sutil Violento
- com texto assinado por Evill Rebouças e encenação por Miguel Rocha (diretor e fundador da companhia) - trata da violência sutil - visível ou comodamente invisível - presente em nosso cotidiano.

A encenação começa com um frenesi cotidiano, as pessoas correm. Não param. Mal se percebem. Desviam umas das outras, em alguns momentos se esbarram e, em átimos de atenção, reparam que existem outros, tão próximos e tão parecidos (ou tão diferentes?). Ali, logo ali, há um corpo caído no chão. Será um homem ou um bicho? Apenas se cansou ou não respira mais? Queria comunicar algo, será que conseguiu? Um olhar mais atento ao entorno começa a revelar abusos, agressões, confrontos e opressões diárias: formas de coerção privadas ou públicas; sutis violências do nosso tempo, tão sutis que se tornam invisíveis, naturalizadas.

Miguel Rocha explica que o espetáculo aborda as microviolências por meio de uma estrutura fragmentada, tanto na cena quanto no texto. “A dramaturgia é composta por um conjunto de elementos: ações físicas, movimentos, música ao vivo e texto”, diz. Na encenação não há personagens com trajetórias traçadas, mas figuras cujas relações com o contexto social estão em foco, a exemplo da ‘mulher que é silenciada’ e do ‘jovem que usa sapatos de salto diante de olhares atravessados’. “As microviolências se revelam a partir dessas relações que se estabelecem entre essas pessoas e a sociedade”, argumenta.

A trilha sonora (Meno Del Picchia) executada ao vivo (guitarra, violoncelo e percussão) também tem sua carga dramatúrgica em
Sutil Violento, ajudando a estabelecer as tensões entre as figuras. Muitas vezes a força do discurso está na musicalidade ou na própria canção interpretada. Outro ponto de destaque é o espaço cênico. A Companhia de Teatro Heliópolis optou pela instalação, criada por Marcelo Denny (1969-2020). Nada convencional, o cenário cedeu lugar a um ambiente todo na cor vermelha (piso, paredes e arquibancadas) que propõe sensações diversas, já no primeiro contato do espectador.
Foto de Bob Sousa

Miguel Rocha conclui que o espetáculo quer pontuar as microviolências do nosso tempo, do Brasil de hoje; quer mostrar que as pequenas ou sutis violências se potencializam mediante suas naturalizações. “Sutil Violento é muito mais provocação que denúncia. Cada pessoa vai compreender o espetáculo pela sua perspectiva. Por isso acho importante trabalhar com símbolos em cena, que reverberam sempre de forma diferente para cada um. O espectador vai se deparar com alguns deles em Sutil Violento. É importante fazer pensar. E um artifício bom para isto é mesmo a provocação”, afirma.

As apresentações integram o projeto CÁRCERE - Aprisionamento em Massa e Seus Desdobramentos, contemplado pela
35ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo (elaborado para festejar os 20 anos que aa Companhia de Teatro Heliópolis completou em 2020). A temporada também acolhe oito sessões pelo ProAC Expresso Lei Aldir Blanc, Edital 44/2022 - Prêmio por Histórico de Realização em Teatro - Grupos, Companhias e Corpos Estáveis.

FICHA TÉCNICA -
Encenação: Miguel Rocha. Texto: Evill Rebouças (em processo colaborativo com a Cia. de Teatro Heliópolis). Elenco: Álex Mendes, Arthur Antonio, Dalma Régia, Davi Guimarães, Klaviany Kozy e Walmir Bess. Cenografia/instalação: Marcelo Denny. Assistência de cenografia: Denise Fujimoto. Figurino: Samara Costa. Iluminação: Toninho Rodrigues e Miguel Rocha. Direção musical e preparação vocal: Meno Del Picchia. Assistência de iluminação: Raphael Grem. Direção de movimento e preparação corporal: Lúcia Kakazu. Músicos/musicista: Amanda Abá (violoncelo), Alisson Amador (percussão), Edézio Aragão (guitarra e sonoplastia). Oficinas de dança: Nina Giovelli e Camila Bronizeski. Oficinas de voz e canto: Olga Fernandez, Sofia Vila Boas e Lu Horta. Provocação teórica e prática: Maria Fernanda Vomero. Provocação / teatro épico: Alexandre Mate. Provocação / teatro performático: Marcelo Denny. Mesas de debates: Marcia Tiburi, Leonardo Sakamoto, Bruno Paes Mando e Zilda Iokoi. Direção de produção: Dalma Régia. Produção executiva: Davi Guimarães e Leidi Araújo. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Idealização/produção: Companhia de Teatro Heliópolis. Estreou: 27/05/2017.

Espetáculo:
Sutil Violento
De 28 de julho a 4 de setembro de 2022
Quinta, sexta e sábado, às 20h |  Domingo, às 19 horas.
Duração: 60 minutos. Gênero: Experimental. Classificação: 14 anos.
Ingressos: Grátis - Reservas: Sympla - https://www.sympla.com.br

Casa de Teatro Maria José de Carvalho
Rua Silva Bueno, 1533 - Ipiranga. SP/SP. Tel: (11) 2060-0318
Capacidade: 40 lugares.

ciadeteatroheliopolis.com |
(11)2060-0318 | producao.ctheliopolis@gmail.com
Facebook - @companhiadeteatro.heliopolis | Instagram - @ciadeteatroheliopolis


Informações à imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
Tel: (11) 99373-0181 - verbena@verbena.com.br

 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Águas Queimam na Encruzilhada: espetáculo inspirado na vida cotidiana do Bixiga traz nova estética do Teatro do Incêndio

Foto de Alécio Cezar

A Cia. Teatro do Incêndio estreia no dia 30 de julho (sábado, às 19 horas) o espetáculo Águas Queimam na Encruzilhada, texto inédito de Marcelo Marcus Fonseca, também diretor da montagem. O enredo traz histórias de vidas entrelaçadas por um bairro que se despedaça e resiste ao tempo, preservando sua paixão por uma escola de samba.

Sob o olhar delirante e atento de Seu Luiz (Gabriela Morato), uma catadora de lixo, e a presença amistosa de Wanderley (Marcelo Marcus Fonseca), um compositor da velha guarda do samba, alcoólatra, as dores e pequenas alegrias de moradoras e moradores de um bairro são apresentadas em um desfile de sonhos e perdas.

A peça é uma ode à vida, tendo como pano de fundo uma escola de samba que é o ponto de convergência das personagens que trabalham de forma invisível para o carnaval. “Esta criação do Teatro do Incêndio é um desafio de linguagem que busca, entre a dramaturgia realista e o surrealismo, um mergulho no lugar mais fundo do cotidiano, traduzindo ’vidas simples’’ como poesias inconscientes”, revela o diretor Marcelo Marcus Fonseca.

Ao todo, 10 personagens têm suas trajetórias contadas em uma espécie de novela dostoievskiana, em dois atos de movimentos distintos: o interior de suas casas e a rua/quadra da escola. As histórias se cruzam no cotidiano, entre elas: a cartomante enfrenta a doença do filho recém-nascido; um jovem poeta do sul do país transita pelos bares sem perspectivas; desempregados, o casal Zé e Nina carregam suas dores; a manicure esconde um grave problema de saúde e mantém-se presente na vida da comunidade; uma ex-passista vive as consequências do trauma que a afastou da escola de samba.

Foto de Arô Ribeiro

“O discurso de Águas Queimam na Encruzilhada é a vida diária. Não há espaço para palavras de ordem. Aqui as opiniões do autor e as denúncias foram eliminadas, cedendo lugar ao enfrentamento das dificuldades por quem está nesse lugar, sem olhar de piedade, indignação ou protesto, mas visando a grandeza do viver”, afirma o diretor e dramaturgo. Segundo ele, a companhia chega com uma nova estética, uma nova forma de abordar a vida. “Diferente do que vínhamos apresentando nas últimas montagens, aqui deixamos a trajetória falar pelas personagens, a realidade da vida ser traduzida pela poesia”. Segundo ele, a direção buscou a mudança de timbre para equalizar a voz conjunta do teatro, para a excelência da interpretação, para o encantamento. “Águas Queimam na Encruzilhada é uma peça sobre a passagem da vida e o nascimento de outras expectativas. Elucida a precariedade de nossa existência, mas também a beleza que habita cada respiração sagrada. Foi um longo processo de experimentação na busca da melhor atuação para a transmissão limpa dessas trajetórias”, argumenta.


A cenografia é composta por carrinhos irregulares que se movem pelo espaço cênico, bem próximos do chão, numa referência aos rios que correm sob a cidade com seus cursos irregulares, como o destino das personagens que habitam esse espaço, que pode ser o Bixiga ou qualquer outro lugar. “É quase o chão que se movimenta, o que muda é ao ponto de vista. Os lugares são identificados pela interpretação: casa, rua, escola de samba ou carros alegóricos”, comenta o diretor. A direção musical assinada por Renato Pereira traz nuances de uma ópera popular. A trilha sonora é executada ao vivo, com músicas compostas por Marcelo Marcus Fonseca, algumas em parcerias com Paulinho Pontes, e sambas (da velha guarda) cantados em quadras de escola.

O trabalho de pesquisa e escrita do texto, inspirado no Bixiga, e a construção do espetáculo é resultado do projeto Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina Cortada: Ave, Bixiga!,  contemplado na 36ª edição da Lei de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo, permitindo ao Teatro do Incêndio dar continuidade à sua obra e às suas ações durante a pandemia. Para compor a peça foram realizadas ações de escuta em sete rodas de conversa com mestres e mestras da cultura tradicional, ligados ao carnaval, entre eles Fernando Penteado, Thobias da Vai-Vai, Landão, Sonia Branco, Mestre Zulu, André Machado, José Pedrosa, Gláucio Roberto e representantes da Ala das Baianas da Vai-Vai.

Segundo Fonseca, o espaço foi reorganizado pela perspectiva da linguagem que estão reconstruindo. “Agora o teatro é vazado, de ponta a ponta, para acolher o desenho da palavra, a cadência das vozes e da escola que pulsa nas personagens”. Ele explica que Águas Queimam na Encruzilhada é uma reconquista da palavra simples, seca, cotidiana, com o peso que ela pode ter. “Não é preciso um grande vocabulário para ter uma profundidade de alma”, finaliza Marcelo Marcus Fonseca.

FICHA TÉCNICA - Texto e direção geral: Marcelo Marcus Fonseca. Elenco: Gabriela Morato, Elena Vago, Camila Rios, Francisco Silva, Almir Rosa, Marcelo Marcus Fonseca, André Souza, Cintia Chen, Yago Medeiros, Laura Nobrega, Jhenifer Delphino, Amanda Marcondes, Isabela Heloisa, Moiisés, Rafael Mariposa e Valcrez Siqueira. Direção de produção: Gabriela Morato. Direção musical e trilha original: Renato Pereira. Música ao vivo: Renato Pereira, Renato Silvestre, Jason Ricardo, Yago Medeiros e Rafael Mariposa. Músicas: “Minha Tese”, “Deus É Maior” e “Pra Quem Viu Subir Poeira” (Marcelo M. Fonseca e Paulinho Pontes); “Zé da Nina” e “A Máscara da Escola” (Marcelo M. Fonseca), "Carnaval da Agonia" (Cezinha Oliveira e Eliane Verbena). Orientação musical - bateria de escola de samba: Alysson Bruno. Iluminação: Rodrigo Alves “Salsicha”. Assistência de iluminação e operação de luz: Valcrez Siqueira. Figurinos: Gabriela Morato. Espaço cênico e cenografia: Gabriela Morato e Isabela Heloisa. Adereços: André Souza, Rafael Mariposa e Gabriela Morato. Confecção de figurinos, adereços e cenografia: Cia. Teatro do Incêndio. Fotos/divulgação: Arô Ribeiro e Alécio Cezar (externas). Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Design gráfico: Gus Oliveira. Idealização e produção: Cia. Teatro do Incêndio. Realização: Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Lei de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo - 36ª edição.

Serviço

Espetáculo: Águas Queimam na Encruzilhada
Estreia: 30 de julho de 2022. Sábado, às 19h
Temporada: Sábado, domingo e segunda, às 19h - Até 26/09/22
Ingressos: R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia) e Grátis (moradores da Bela Vista com comprovante de residência).
https://www.sympla.com.br/espetaculo---aguas-queimam-na-encruzilhada__1641868
Duração: 180 min (dois atos com intervalo).
Classificação: 14 anos. Gênero: Drama. Capacidade: 99 lugares. 

Teatro do Incêndio
Rua Treze de Maio, 48 - Bela Vista / Bixiga. SP/SP.
https://www.teatrodoincendio.com/ | @teatrodoincendio.
Estacionamento conveniado: 15,00 - Rua Treze de Maio, 47.
Acessibilidade.

 

INFORMAÇÕES À IMPRENSA
VERBENA Comunicação
Eliane Verbena
(11) 99373-0181 - verbena@verbena.com.br

terça-feira, 5 de julho de 2022

Inspirada na realidade dos profissionais de entregas por aplicativo a Cia. Palhadiaço estreia O C.O.R.R.E.

 O “corre” diário é subvertido pela palhaçaria: malabares, músicas, mágica
 e manobras radicais são entregues de patins, patinete e pernas de pau.


A Cia. Palhadiaço estreia O C.O.R.R.E. no dia 14 de julho (quinta, às 15h), na Casa de Cultura do Itaim Paulista, em temporada itinerante pela zona leste de São Paulo. Com texto assinado por Matheus Barreto, junto ao coletivo, e direção de Renato Ribeiro, que também é artista-palhaço, o espetáculo dá continuidade ao trabalho de “palhaçaria periférica” da trupe, no qual cria diálogos com a cidade, suas periferias e seus artistas com suas habilidades artísticas, subversivas e resistentes.

Três personagens palhaçes, entre uma corrida e outra, sempre se encontram na Adega. Estacionam por lá os meios de transporte inusitados que utilizam para suas entregas, como patins, bicicletas, patinetes e pernas de pau (para entregas em prédios). Cansades de serem explorades e mal pagues pelo aplicativo de entrega Mifood, decidem iniciar uma revolução. O espetáculo - interpretado por Priscyla Kariny, Rogério Nascimento e Kauan Scaldelai - reúne palhaçada, malabares, mágica, música, acrobacia e manobras radicais, um verdadeiro “corre” de diversão.

O C.O.R.R.E. tem sessões na Praça do Forró (16/7, às 15h), Parque Ecológico Chico Mendes (17/7, às 15h), Praça Osvaldo Luís da Silveira (24/7, às 15h), E.M.E.I. Professora Eldy Poli Bifone (29/7, às 9h e 15h) e Centro Cultural Arte em Construção (30/7, às 16h). O espetáculo é resultado do projeto Repi - A Entrega do Riso, viabilizado pelo ProAC - Programa de Ação Cultural (edital 10/2020), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

Guiada pela comicidade, a Cia. Palhadiaço criou o espetáculo a partir de pesquisa calcada nas histórias e no trabalho de entregadores/as de aplicativos. Os integrantes imergiram no universo desses/as profissionais fundamentais nas cidades, principalmente durante a pandemia. A montagem traz o palhaçe marginal, resistente, de enfrentamento: uma estética criada a partir da pesquisa da oralidade e da expressão corporal com olhar contemporâneo e lúdico para as questões urbanas e periféricas.

A encenação mostra a realidade do “corre” da profissão subvertida pela palhaçaria, pela vertente circense ao entregar habilidades, histórias e humor, costurados pela música ao vivo em ritmo de hip hop, funk, videogame e cantigas infantis. “A trilha sonora tem o sotaque paulistano. Esses gêneros são ótimos para contar histórias, assumindo também a função dramatúrgica, inclusive pesquisamos como seria a voz de  palhaçe cantando”, comenta Rogério Nascimento. A sonorização do espetáculo é repleta de sons da cidade como escapamentos, buzinas, freagem e sinos de bicicleta. A caracterização contemporânea da Cia. Palhadiaço vem com adereços carregados de simbolismos que ajudam a contar a história, a exemplo das “máscaras utilitárias” feitas com objetos de consumo cotidiano (sacolas, sacos, embalagens de pizzas e caixas) que são ressignificados.

O C.O.R.R.E. busca um diálogo consciente sobre a luta por melhores condições de trabalho, temperado pelas curiosidades de um cotidiano nada convencional. Entrevistas com entregadores/as e pesquisa em material registrado pela imprensa resultaram em uma ficção que usa o cômico para debater as opiniões e direitos da classe. “O capital é o vilão dessa categoria de profissionais que não possui nenhum tipo de assistência”, argumenta Rogério. Os personagens dessa história também enfrentam o conflito da falta de autoridade em sua “organização”, e o desafio é operacionalizar essa organização diluída. “Haja malabarismos para isto!”, brinca o elenco.

FICHA TÉCNICA - Criação: Cia. Palhadiaço. Texto: Matheus Barreto e Cia. Palhadiaço. Direção: Renato Ribeiro. Elenco: Kauan Scaldelai, Priscyla Kariny e Rogério Nascimento. Direção musical: Kauan Scaldelai. Figurino: Eliana Carvalho, Paola Carvalho e Diego Felipe. Cenografia: Renato Ribeiro e Cia. Palhadiaço. Arte gráfica: Renan Preto. Fotografia e vídeo: LSF. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Produção executiva: Pião Produções Artísticas. Idealização: Cia. Palhadiaço. Realização: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Cultura e Economia Criativa via Edital ProAC 10/2020.

Programação

Espetáculo: O C.O.R.R.E.

Com: Cia. Palhadiaço
Temporada: 14 a 30 de julho de 2022
Grátis. Classificação: Livre. Duração: 50 min.
Nas redes: @ciapalhadiaco 

14/07 - Quinta, às 15h
Casa de Cultura do Itaim Paulista
Rua Monte Camberela, 490 - Itaim Paulista. SP/SP. 

16/07 - Sábado, às 15h
Praça do Forró
Avenida São Miguel, 9663 - São Miguel Paulista. SP/SP. 

17/07 – Domingo, às 15h
Parque Ecológico Chico Mendes
Rua Cembira, 1201 – Vila Nova Curuca. SP/SP. 

24/07 – Domingo, às 15h
Praça Osvaldo Luís da Silveira
“Praça do Wi-fi” - Parque São Rafael. SP/ SP.

29/07 – Sexta, às 9h e às 15h
E.M.E.I. Professora Eldy Poli Bifone
Avenida Ariston Azevedo, 134 - Belenzinho. SP/SP. 

30/07 - Sábado, às 16h
Centro Cultural Arte em Construção
Avenida dos Metalúrgicos, 2100 - Cidade Tiradentes. SP/SP. 

A Cia. Palhadiaço

A Companhia Palhadiaço iniciou, em 2013, sua pesquisa sobre fazer teatro a partir de estudos e pesquisas na arte do ator e da atriz. Em 2014, apresentou seu primeiro trabalho no Festival de Cenas Curtas - O Retrato Oval, de Edgar Allan Poe. No mesmo ano, produziu Que Isso Fique Entre Nós, texto autoral, e no segundo semestre começou o estudo de palhaçe. O Espetáculo Espetacular estreou, em 2014, com apresentações na Praça da Matriz, em Iracemápolis/SP, e na Biblioteca Municipal de Limeira/SP. Em 2015, participou do Sarau Pé de Cana, em Iracemápolis, e do Sarau MERAKI, em Cosmópolis/SP; também apresentou o espetáculo no espaço CEAC (Centro de Educação de Arte e Cultura) em Iracemápolis, Piracicaba e Limeira. Em 2016, dois integrantes foram selecionados para o Programa de Formação para Jovens do Doutores da Alegria. Em 2017, ocorreu a reestreia de Espetáculo Espetacular no Sarau do Povo, em São Miguel Paulista, com novos integrantes e novos números. No mesmo ano, a companhia realizou seu primeiro Cabaré Palhadiaço, no Parque São Rafael (ZL), na sede do Grupo Rosas Periféricas, e iniciou o projeto Banda Palhadiaço, cujo repertório traz músicas circenses, ritmos brasileiros e composições próprias. Em 2018, a Cia. estreou Presepadas, que conta com habilidades circenses e pesquisa junto ao público infantil, e, em 2019, Podia ser Pior, que investiga a palhaçaria periférica.

Em 2019, a Palhadiaço foi contemplada pelo Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais - VAI 1 com o projeto Palhaço Marginal - A Lógica do Ilógico, que resultou no espetáculo Depósito, um estudo sobre palhaçe que está na borda e que não se adequa a um padrão. Após realizar pesquisas com moradories dos bairros Itaim Paulista e São Miguel Paulista, a trupe trouxe a questão: Qual o lugar des artistas na sociedade? A obra foi apresentada na Praça do Forró e Ocupação dos Coroinhas, sendo logo adaptada para o formato virtual, devido à pandemia do coronavírus, para seguir a circulação pela ZL (Casa de Cultura Itaim Paulista e Casa de Cultura São Rafael), incluindo duas oficinas online e bate-papos sobre produção, dramaturgia e música. Em 2020, o coletivo foi contemplado novamente pelo VAI 1 com o projeto Palhaço Marginal - Pandemia Artística. Ainda sob restrições da pandemia, o espetáculo ocorreu de forma online em espaços da zona leste - São Mateus, Tiradentes, Guaianazes, São Miguel Paulista e Itaim Paulista. Em 2021, a pesquisa do audiovisual se tornou presente tanto pelo momento vivido quanto como alternativa para continuar trabalhando em tempos pandêmicos. Atualemnte, apresenta O C.O.R.R.E. (projeto Repi - A Entrega do Riso), contemplado pelo Edital ProAC 10/2020, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. 

 

Assessoria de imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
Tel: (11) 99373-0181- verbena@verbena.com.br