sexta-feira, 31 de outubro de 2014

POST SCRIPTUM, DE SAMIR YAZBEK, TEM LEITURA DRAMÁTICA NO MASP

 No dia 10 de novembro, segunda-feira, acontece a leitura dramática de Post Scriptum, texto e direção de Samir Yazbek, no MASP, às 19h30, integrando o projeto Letras em Cena. Participam da leitura os atores Helio Cicero, Bete Dorgam, Marco Antônio Pâmio e Pedro Augusto Monteiro.

Após A Terra Prometida (entre os dez melhores espetáculos de 2002, segundo O Globo) e As Folhas do Cedro (Prêmio APCA 2010 de melhor autor), Yazbek volta ao tema de suas origens libanesas com esse texto. Dessa vez, discutindo a história recente do Oriente Médio, desde a fundação do Estado de Israel, passando pelos conflitos entre palestinos e israelenses, entre muçulmanos e judeus, a queda das torres gêmeas etc., até chegar ao Estado Islâmico.

Evitando maniqueísmos e didatismos de qualquer espécie, a peça é uma parábola teatral que ecoa os mais variados tipos de intolerância nas sociedades modernas, corroborando a interpretação bíblica de que Isaac, o pai dos judeus, e Ismael, o pai dos árabes, são filhos de Abraão, e que ambos habitavam as mesmas terras que hoje são motivos de contendas naquela região.

Post Scriptum é um texto que parte de um fato ocorrido com a família do autor: o reaparecimento, em São Paulo, de um imigrante libanês dado como morto, após um acidente aéreo na Amazônia.

A peça - da Companhia Teatral Arnesto nos Convidou, responsável por importantes montagens como O Fingidor (Prêmio Shell 1999 de melhor autor) e As Folhas do Cedro - tem estreia prevista para o início de 2015, em São Paulo.

Post Scriptum reúne profissionais como o cenógrafo e figurinista André Cortez e o iluminador Domingos Quintiliano (que já trabalhou com a Companhia em outra montagem), além da produtora e administradora Silvia Marcondes Machado (Mecenato Moderno).

ENREDO

Invertendo o paradigma shakespereano, presente em Hamlet, o imigrante libanês (Helio Cicero) representa uma espécie de fantasma às avessas, que vem clamar por paz, e não por vingança.

A ideia é que a iminência da morte, para esse homem, o faz voltar para casa modificado, a ponto de rever seu arraigado anti-semitismo.

Ocorre que, após seu retorno, ele precisa lidar com o mundo que deixou ao partir, sobretudo no âmbito familiar, consolidado segundo seus princípios.

Primeiro, tem de enfrentar seu filho mais velho (Marco Antônio Pâmio), um professor de História que cultiva um profundo ressentimento em relação aos judeus, incutido por seu pai desde a infância, e que, no início da peça, se prepara para viajar ao Oriente Médio para lutar por seus “irmãos” palestinos.

Depois, precisa aceitar que seu filho caçula (Pedro Augusto Monteiro) se apaixonara por uma judia que vive em Jerusalém, que ele conhecera por meio de um vídeo no Youtube, em que ela conta que foi ferida por uma bomba jogada por um combatente islâmico.

Finalmente, tem de redescobrir sua relação com a esposa (Bete Dorgam), uma imigrante libanesa que sacrificou seus sonhos de vida, em função da ideologia do marido.

SIMBOLISMO

Originária do latim, a expressão “Post Scriptum” é o extenso do “P.S.”, palavras que se colocam no rodapé de um escrito.

O paradoxo dessa notação é ela destacar as ideias que, apesar de estarem após o fim de um texto, costumam ser tão ou mais relevantes do que as que constam em seu decurso.

É como se quem escrevesse dissesse algo como: “Relembrando... Não podemos esquecer que... O que eu quero dizer é que... Arrependo-me de... Tudo que eu disse pode não ser...” etc.

O título Post Scriptum simboliza essa peça, em que um homem, por ter estado diante da morte, passa a repensar sua vida, a ponto de resgatar seus valores mais essenciais.

Serviço

Leitura dramática: Post Scriptum
Texto e direção: Samir Yazbek.
Com Helio Cicero, Bete Dorgam, Marco Antônio Pâmio e Pedro Augusto Monteiro.
10 de novembro de 2014, segunda-feira, às 19h30
Projeto Letras em Cena
MASP - Avenida Paulista, 1578
Reservas pelo email: clovistorres@uol.com.br

Samir Yazbek

foto Fernando Stankuns
Samir Yazbek é dramaturgo e diretor teatral. Consolidou sua formação com o diretor Antunes Filho. Escreveu O Fingidor (Prêmio Shell 1999 de melhor autor), A Terra Prometida (entre os dez melhores espetáculos de 2002, segundo O Globo) e As Folhas do Cedro (Prêmio APCA 2010 de melhor autor), entre outras. Algumas de suas peças já foram editadas em português. Além de seu trabalho na Companhia Teatral Arnesto nos Convidou, escreve artigos na imprensa, participa de festivais, ministra palestras, oficinas de dramaturgia etc. No exterior, fez conferências em Cádiz (Espanha) e Minnesota (EUA), e teve alguns de seus textos publicados – e encenados – em Cuba, França, Inglaterra, México, Polônia, Portugal etc. Coordena o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Dramaturgia da ESCH (Escola Superior de Artes Célia Helena), em São Paulo (SP).

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Teatro do Incêndio estreia espetáculo musical provocativo

O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica: mescla linguagens teatrais e arte de vanguarda a serviço da cultura musical do verdadeiro Brasil.

Com textos de Schopenhauer, Umberto Eco e diálogos criados pelo diretor Marcelo Marcus Fonseca, estreia no dia 15 de novembro, sábado, O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica, montagem inédita da Cia. Teatro do Incêndio, às 21 horas. O espetáculo foi totalmente criado em sala de ensaio por experimentos de associação livre e sugestões sonoras.

Segundo o diretor, “trata-se de um espetáculo, em grande parte, auditivo que procura ‘recuperar’ o ouvido para o chiado do disco e a qualidade incomparável da música popular brasileira, revivendo mestres do samba e da bossa nova por meio de seus sentimentos”.

Marcelo Fonseca explica que o título é uma citação do poeta Roberto Piva, “padroeiro” do grupo e amigo em vida do diretor, que faz uma analogia do samba com a pornografia no sentido de que o “bom ouvido” não dá lucro às gravadoras. “Sendo assim, a boa música passa a ser pornográfica e metafísica dentro do processo de embrutecimento da sensibilidade pela necessidade de vendas, desestimulando o jovem a conhecer compositores como Tom Jobim e Geraldo Pereira, para consumir fórmulas cada vez mais pobres de ‘produtos’ de três acordes”, argumenta.

Carregada de símbolos, a encenação de O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica conta com uma primeira parte expressionista, conduzida por Carmen Miranda (Gabriela Morato) e Ismael Silva (Diogo Cintra). Nesta, gravações originais sintetizam uma parte da história do Brasil até “a morte” do samba junto com sua embaixatriz em crise de depressão, amparada por milhares de comprimidos.

Cenas também recriam fatos reais sobre compositores que se tornaram lendas da música brasileira, como o suicídio de Assis Valente, o soco de Madame Satã (Valcrez Siqueira) em Geraldo Pereira, que o levou à morte, e a partida precoce de Noel Rosa (Gustavo Oliveira) e sua relação com a cantora Aracy de Almeida (Rebeca Ristoff).

O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica lança mão ainda de outras linhas de vanguarda como Dadaísmo, Modernismo e Naturalismo para contar a trajetória da MPB e a influência da música estrangeira no comportamento e no “ouvido” do brasileiro, em cadente interatividade com o espectador.

Figura ímpar da arte musical brasileira, Vinícius de Moraes (Marcelo Marcus Fonseca) está presente em toda a encenação, transitando com leveza pelas cenas como se fosse o próprio espírito do samba, da bossa nova. Em um dado momento, por exemplo, junto com um coro de Iemanjás, ele convida a plateia a se deitar na Praia de Itapuã.

Várias outras cenas também merecem destaque. Em uma delas Ary Barroso realiza um show de calouros em um canteiro de obra; outra recria a noite em que Baden Powell (Victor Dallmann) e Vinícius compuseram o “Samba em Prelúdio”; as mortes de Maysa e Dolores Duran são retratadas em uma única cena; e a encenação da partida de Nara Leão (Elena Vago) é conduzida por um “coro de morte” que envolve sua cabeça quando o tumor explode, dando fim à sua vida.

Com a sede do Teatro do Incêndio correndo risco de desapropriação para obras do Metrô, o grupo termina a peça em plena Rua da Consolação, em frente ao teatro, como forma de protesto.

Sinopse

A música popular brasileira, como rito de morte e renascimento, é apresentada por meio de linguagens como expressionismo, naturalismo e outras vanguardas. O espetáculo - em grande parte, “auditivo” - cria uma atmosfera sonora que busca inserir o espectador no espírito do samba e da bossa nova, de forma provocativa e interativa.

Ficha técnica
Espetáculo: O Pornosamba e a Bossa Nova Metafisica
Direção e dramaturgia: Marcelo Marcus Fonseca
Direção Musical: Wanderley Martins
Co-direção musical: Vlad Rocha, Bisdré Santos e Marcelo Marcus Fonseca
Iluminação: Alex Sandro Duarte e Marcelo Marcus Fonseca
Figurinos: Gabriela Morato e Sérgio Ricardo
Fotografia e registro de processo: Don Fernando
Produção: Gabriela Morato e Cia. Teatro do Incêndio
Elenco: Gabriela Morato, Marcelo Marcus Fonseca, Sergio Ricardo, Wanderley Martins, Diogo Cintra, Gustavo Oliveira, Valcrez Siqueira, Rebeca Ristoff, Victor Dallmann, Elena Vago, Ana Beatriz Pereira, Vlad Rocha (Bateria) e Francisco Lacerda e Bisdré Santos (Violão de 7 cordas).

Serviço
Estreia: 15 de novembro – sábado – às 21 horas
Teatro do Incêndio
Rua da Consolação, 1219. Telefones: (11) 2609-8561 e 2609-3730
Temporada: sábados às 21h e domingos às 20h - Até 14/12
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00) – Bilheteria 2h antes da sessão
Duração: 80 min. Gênero: Musical. Classificação etária: 16 anos.
Capacidade: 99 lugares. Acessibilidade. Aceita dinheiro e cartão de débito.
(Peça volta ao cartaz em 17/01/2015)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

'O Desvio do Peixe no Fluxo Contínuo do Aquário', de Evill Rebouças, reestreia no Teatro do Incêndio

Cia Artehúmus de Teatro subverte o espaço da representação para proporcionar ao público uma relação de experiência mais íntima com os personagens.

Após temporada de sucesso de crítica e público no Sesc Consolação, o espetáculo O Desvio do Peixe no Fluxo Contínuo do Aquário, concebido e dirigido por Evill Rebouças, reestreia no dia 11 de novembro, terça-feira, no Teatro do Incêndio, às 20 horas. A peça aborda as relações de isolamento e aproximação entre pessoas que vivem sob o mesmo teto, fala da solidão provocada pela individualidade exarcebada.

A ambientação da montagem da Cia Artehúmus de Teatro envolve o espectador logo na entrada do teatro, marcada por uma luz fraca que sugere proximidade. Os cômodos são separados por uma planta baixa e demarcados por abajures; nos quartos, observamos cadeiras e pequenos armários de aço escovado brilhante; e o peixe Tom nada sozinho em um aquário de 1,80m por 1,20m, em aproximadamente 100 litros de água. Segundo Evill Rebouças, “o peixe Tom faz lembrar a impotência, o isolamento e a pequenez do indivíduo na grande metrópole”.

Indicado, entre outros, ao Prêmio Shell de 2013 por Maria Miss (adaptação da obra de Guimarães Rosa) e vencedor do prêmio APCA (2002 e 2006), o diretor, dramaturgo e ator Evill Rebouças concebeu uma encenação, na qual atores buscam uma cumplicidade direta com o espectador ao mergulhar em temas como convivência, qualidade das relações, individualidade e interação social. Durante um ano, a companhia foi a campo, literalmente, para ver de perto como as pessoas se relacionam nos dias de hoje: albergues, conjuntos habitacionais e condomínios de luxo foram visitados. Além de observar a interação entre os moradores, o grupo entrevistou diversas pessoas para criar personagens que sigam protocolos comuns à nossa época.

“Em alguns condomínios de luxo os moradores recebem encomendas por caixa postal para não terem seus nomes revelados, enquanto que em um conjunto habitacional popular as pessoas deixam as portas abertas para os vizinhos entrarem. Nos albergues, onde muitas pessoas ficam juntas, há uma solidão imensa, pois ninguém ali se conhece realmente. Foi a partir de observações desses padrões que criamos os personagens da peça”, conta Evill.

A encenação

As histórias dos cinco personagens de O Desvio do Peixe no Fluxo Contínuo do Aquário são complementares. João Paulo (Edu Silva) e Dalva (Solange Moreno), pais de Téo (Daniel Ortega), repetem estranhamente juras de amor; estão próximos fisicamente, mas completamente distantes na relação.

A solidão é um ponto fundamental do espetáculo. Evill explica que não se trata de uma solidão da tristeza, “mas da solidão própria da individualidade exagerada, que nasce das necessidades do mundo atual, onde, por exemplo, jantamos com amigos e falamos ao celular ao mesmo tempo”. Os personagens, no entanto, se dizem felizes, são queridos, corretos e profundamente isolados e sós. “O que demarca essa situação é o ritmo acelerado de nosso tempo, legitimado por um sistema de ‘necessidades’ contemporâneas”, afirma o encenador.

Téo é o personagem que conduz e participa das ações: ele vê, opina, ironiza e provoca boas doses de humor. Apresenta, por exemplo, Anamélia (Natália Guimarães), sua irmã que está de casamento marcado com um colombiano que conheceu pelo Facebook. Clóvis, o porteiro (Cristiano Sales) é, curiosamente, o personagem mais próximo de Téo. Situação hilária acontece quando ele comenta o grau de exigência para a admissão do porteiro: Clóvis teve que fazer prova sobre as teorias do Panóptico de Foucault. Ironicamente o porteiro tem que comentar sobre os “dispositivos de controle”, teoria refletida por Michel Foucault.

Durante o processo, expedientes poéticos foram investigados para proporcionar ao espectador a ideia de “experiência”: “Contrário ao isolamento vivido pelos personagens, tratamos o espectador como sujeito presente, mas evitando o constrangimento, pois o que nos interessa é a cumplicidade”, comenta Rebouças. Para atingir esse grau de experiência e cumplicidade algumas convenções teatrais foram desprezadas:

Som - Boa parte das sonoridades do espetáculo é narrada; nesse caso o espectador terá que imaginá-las. E quando uma música é inserida na peça, isto ocorre diretamente dos aparelhos eletrônicos (notebook, tablets e celulares) dos atores. “São massas sonoras sutis, a fim de excluir a teatralidade convencional da trilha e aproximar o espectador do espetáculo”, sublinha Evill.

Luz - O mapa de luz não demarca nenhuma separação entre os personagens e a plateia. Essa escolha está relacionada aos estudos de encenação em locais alternativos, tema abordado por Evill Rebouças no livro A Dramaturgia e a Encenação no Espaço não Convencional, publicado pela Edunesp.

Projeções – O grande aquário, além de ser a morada solitária para um pequeno e único peixe, serve também para projetar imagens/telas de redes sociais, de sites de busca. Em dado momento, o peixinho solitário ganha companhia: projeta-se a gravura Peixes Grandes Comem Peixes Pequenos, do pintor holandês do século XVI, Peter Brueghel (uma leitura social sobre os modos de sobrevivência em que, geralmente, os grandes engolem os menores).

Figurino - No figurino predomina os tons pasteis/nude. Daniel Ortega trouxe para a cena uma unidade cromática e, ao mesmo tempo, a possibilidade de ver essa unidade como algo que diz respeito à falta de personalidade e ausência de individualidade perante um sistema político e social vigentes.

 

Evill Rebouças

Como dramaturgo, Evill Rebouças escreveu mais de 20 textos. Recebeu indicação a prêmios de Melhor Autor: Shell e Cooperativa Paulista de Teatro, por Maria Miss em 2013.  Ainda como dramaturgo, ganhou o APCA (por Teresinha e Gabriela - uma na rua e a outra na janela, que também rendeu indicação ao Prêmio Femsa), Femsa (por Bem do Seu Tamanho) e foi indicado ao Apetesp (por Dandara, o Marinheiro). Evill ganhou também os prêmios Estímulo de Dramaturgia da Secretaria de Estado de SP, por Quenturas do Corpo, e Vladimir Maiakovski (por Corpo Calado, Breve Pecado). Como encenador, dirigiu mais de 15 espetáculos e levou o APCA, Melhor Espetáculo Jovem, por O Santo e a Porca, e recebeu indicação ao prêmio Cooperativa Paulista de Teatro, por A Ciranda do Villa.

Como ator, atuou em mais de 20 espetáculos. Foi dirigido por Antunes Filho, José Renato, Roberto Lage, Cassio Scapin, Chico de Assis e Ricardo Karman, entre outros. Ganhou o prêmio Panamco Coca-Cola de Melhor Ator por O Santo e a Porca. É um dos fundadores da Cia. Artehúmus de Teatro. Licenciado e mestre em artes cênicas pelo Instituto de Artes da Unesp. Tendo como objeto de estudo a Cia. Artehúmus e o Teatro da Vertigem, teve seu mestrado publicado em livro pela Edunesp: A Dramaturgia e a Encenação no Espaço Não Convencional.

A Cia Artehúmus de Teatro – que já utilizou um banheiro público, seis andares de um prédio abandonado, uma lanchonete e elevadores como cenário par suas montagens – é um dos 52 grupos que apoiam e participam do movimento de ocupação no Ateliê Compartilhado Casa Amarela, na Rua da Consolação.

Ficha técnica
Dramaturgia e encenação: Evill Rebouças
Elenco: Daniel Ortega, Edu Silva, Solange Moreno, Natália Guimarães e Cristiano Sales.
Cenografia: Luis Rossi
Criação de mídias eletrônicas: O grupo
Consultoria de mídias eletrônicas: Carlos Camargo e Plataforma Wat-PUC
Figurinos: Daniel Ortega
Criação de luz: Edu Silva
Criação de sonoridades: O grupo
Preparação em viewpoints: Roberta Nazaré
Preparação de modos de recepção: Letícia Andrade
Fotos: Will Cavagnolli, Augusto Paiva, Bob Souza, José Rebouças, Melca Medeiros
Visualidades gráficas: Stela Ramos
Assistente de direção: Roberta Ninin
Contribuição poético-dramatúrgica: Glauce Gomes e Marcelo Hessel
Operadores de mídias e som: O elenco
Operador de luz: Carlos Camargo
Provocadores teóricos: Adélia Nicolete, Alexandre Mate, Beatriz Oliveira da Silva, Daniele Pimenta, Edu Silva, Letícia Mendes de Oliveira, Ligia Borges Matias, Luiza Maia, Natália Siufi, Osmar Azevedo e Ruy Filho.
Direção de produção: Cris Bezerra.
Produção: Cia. Artehúmus de Teatro.
Serviço
Espetáculo: O Desvio do Peixe no Fluxo Contínuo do Aquário
Reestreia dia 11 de novembro, terça-feira, às 20 horas
Teatro do Incêndio
Rua da Consolação, 1219 - São Paulo – Fone: (11) 2609.8561.
Ingressos: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia). Bilheteria: 2h antes da sessão
Temporada: até 17 de dezembro
Dias e horário / Novembro - terças e quartas, às 20h.
Dias e horário / Dezembro: terças, quartas e quintas, às 20h.
Gênero: drama. Duração: 80 minutos. Lotação: 50 lugares.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Selvagens - Homem de Olhos Tristes tem sessões beneficentes em prol da Unibes

Nos dias 22 e 23 de outubro – quarta e quinta-feira – o espetáculo Selvagens - Homem de Olhos Tristes, do austríaco Händl Klaus, será apresentado no Club Noir em sessões beneficentes em prol UNIBES (União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social), às 21 horas. 

O ingresso pode ser trocado na hora por um quilo de alimento não perecível ou por uma peça de roupa em bom estado.

Inédita no Brasil, a peça traduzida por Christine Röhrig e dirigida por Hugo Coelho, tem elenco formado por Rubens Caribé, Edu Guimarães, Vitor Placca, Flavia Couto e Henrique Taubaté Lisboa. A estreia de Selvagens - Homem de Olhos Tristes, acontece no dia 29 de outubro (quarta-feira, às 21 horas).

A montagem alterna climas de mistério, conflito, violência, ironia, acolhimento e sensualidade. O enredo fala sobre um médico que, após saltar do trem devido ao calor escaldante, tenta chegar ao seu vilarejo tendo que conviver com a contradição de pessoas que acabara de conhecer e com a aridez de um lugar marcado pelo abandono e pelo esquecimento.

Espetáculo: Selvagens – Homem de Olhos Tristes
Texto: Händl Klaus
Tradução: Christine Röhrig
Direção: Hugo Coelho
Elenco: Rubens Caribé, Edu Guimarães, Vitor Placca, Flavia Couto e Henrique Taubaté Lisboa.
Preparadora corporal: Inês Aranha
Assistência de direção: Fernanda Lorenzoni
Cenografia e figurino: David Schumaker
Música original: Ricardo Severo
Iluminação: Fran Barros
Programação visual: Fernanda Lorenzoni
Fotografia: Helô Bortz
Diretor de produção: Henrique Benjamin
Produção executiva: Fernanda Lorenzoni
Produção administrativa: Fábio Hilst
Realização: Benjamim Produções

Sessões beneficentes: 22 e 23 de outubro – quarta e quinta – às 21 horas
Ingresso: 1 kg de alimento não perecível ou 1 peça de roupa em bom estado
Local: Club Noir
Rua Augusta, 331. Consolação/SP. Tel: (11) 3255-8448
Estreia para convidados: 29 de outubro – quarta – às 21 horas
Estreia aberta ao público: 30 de outubro – quinta – às 21 horas
Temporada: 29 de outubro a 18 de dezembro
Dias e horário: quartas e quintas - às 21 horas
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00) (bilheteria abre 1h antes)
Gênero: drama. Duração: 60 min. Classificação: 12 anos.
Capacidade: 50 lugares. Não aceita cartões.
Acesso universal. www.ciaclubnoir.blogspot.com

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Humor de A Graça do Vira tem novidades em outubro


O espetáculo A Graça do Vira, segue com seu humor impagável na Sala Cabaré do Teatro Viradalata, sempre às terças-feiras, às 21h30. Um elenco afiado – Paulinho Serra, Antonio Ravan, Guilherme Uzeda, Marcela Leal e Alexandra Golik (também diretora do show) – mostra apresenta quadros hilários com personagens autorais, que são amarrados pelo clima de um lúdico cabaré.

O público se diverte com esse mosaico de cenas. A gargalhada é garantida pela surpresa, pela novidade, pelo nonsense. As cenas vão dos clássicos musicais aos mais variados estilos de humor. A diretora Alexandra Golik explica que “a brincadeira é amparada pelo talento de atores experientes: o lema é convergir para diversificar”. Para os atores, o principal elemento está no fato de serem todos apaixonados pelo teatro de humor.

O perfil das personagens dita o caminho do show em números solos ou em conjunto. No total, o A Graça do Vira tem 12 cenas: cada ator protagoniza duas, além de outras duas apresentadas em grupo. A dinâmica não se aplica apenas à variedade da graça, mas também à atualização dos quadros que serão alterados periodicamente, garantindo sempre o frescor desse show de humor.

Na atual temporada, Paulinho Serra apresenta o sugestivo quadro “Sensual”, além de “Jeff Michael”, o adestrador de crocodilos, e Alexandra Golik desmonta a platéia com a graça do endocrinologista “Dr. Gordon” e de “Sarinha”, uma adolescente infernal, politicamente incorreta. Já Antonio Ravan protagoniza o impagável “Troglodita”, entre outros; um dos personagens de Guilherme Uzeda é “Zildo”, um cara podre de pobre, mas feliz com sua condição e azar, e Marcela Leal traz “Loira Burra” e “Larissa”, a adolescente paranormal.

Outro destaque no mês de outubro é o pertinente “Horário Político”, no qual um personagem de cada ator terá até cinco segundos para responder sobre os temas: saúde, educação, segurança, transporte e cultura.

O cenário, de Paula di Paoli, é uma estrutura oval, um ciclorama com elásticos que possibilita aos atores brincarem com esse pano de fundo. O restante fica por conta dos elementos que atendem às cenas. O ambiente de cabaré é sugerido pela iluminação, pelo aconchego do espaço com apenas 120 lugares e pelo serviço de bar, disponível a partir das 20h30 até o final do espetáculo.

Espetáculo: A Graça do Vira
Direção geral: Alexandra Golik
Elenco: Alexandra Golik, Antônio Ravan, Guilherme Uzeda, Marcela Leal e Paulinho Serra.
Cenário: Paula di Paoli
Local: Teatro Viradalata
Rua Apinagés, 1387. Perdizes/SP. Tel: (11) 3868-2535
Temporada: terças-feiras – 21h30 - até 16/12                                                            
Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00)
Bilheteria: terça (a partir de 19h), sábado (10h-21h) e domingo (10h-20h).
Ingressos antecipados: ingressorapido.com.br (Tel: 4003-1212).
Duração: 80 min. Classificação: 18 anos. Gênero: humor
Capacidade: 120 lugares. Aceita cartões de débito/crédito (MC, RC, V, VE).
A casa abre às 20h30. Estacionamento / vallet: R$ 15,00
Site: www.viradalata.com.br. Estreia oficial: 5/8/14

Companhia de Danças de Diadema apresenta os Bailando em Família e Bailando na Cidade

A Companhia de Danças de Diadema convida a comunidade local para participar dos projetos Bailando em Família e Bailando na Cidade, neste final de semana. O primeiro ocorre dia 17 de outubro, sexta, às 17h, no Centro Cultural Promissão, no Jardim Promissão. Já o segundo, acontece dia 18 de outubro, sábado, às 15h, no Centro Cultural Heleny Guariba, no Jardim Ruyce. Ambos com inscrições grátis.

O Bailando em Família foi criado em 2013. A atividade envolve os profissionais da dança e os centros culturais da cidade, promovendo a interação entre crianças e seus familiares por meio da dança. A vivência reúne os participantes das oficinas de danças, ministradas nesses espaços pela Companhia de Danças de Diadema, e seus familiares (pais, irmãos, avós, tios, primos etc.). Nesse grande encontro os artistas-orientadores propõem - por meio de atividades lúdicas, interatividade e exercícios de expressão corporal e cooperação coletiva - uma (re)aproximação física, sensorial e afetiva entre os participantes. As crianças e seus familiares podem experimentar ou (re)experimentar sensações proporcionadas pela dança, através do toque e dos movimentos em conjunto: crianças e familiares são tocados pela arte do movimento, muitas vezes imperceptíveis no cotidiano. No encerramento todos são convidados para um delicioso chá.

O Bailando na Cidade – que está na nona edição - é uma caravana de dança que envolve formação e difusão. Consiste na circulação dos profissionais da Companhia de Danças de Diadema em espaços de cultura da cidade (os centros culturais). No período da tarde, ocorre uma oficina com crianças e adolescentes residentes no bairro em questão (Jardim Ruyce) e oriundas das escolas do entorno. Nesta vivência são aplicadas noções lúdicas da relação corpo x mente x movimento. Crianças, adolescentes e bailarinos profissionais interag por meio de ações em dança e movimento.

No mesmo local, às 19 horas, acontecem as apresentações artísticas: a Companhia de Danças de Diadema apresenta uma versão reduzida de Crendices... quem disse?, de Ana Bottosso e elenco, e os seus alunos da oficina também fazem uma apresentação para seus familiares e para toda a comunidade.  

A Companhia de Danças de Diadema vem se destacado no cenário da dança pelo caráter inovador. Criada, há 19 anos, pela iniciativa da bailarina e coreógrafa Ivonice Satie e da Prefeitura do Município de Diadema, desenvolve, além do trabalho artístico, um projeto sociocultural, onde os bailarinos atuam como artistas orientadores no Projeto Oficinas - Difusão e Acesso à Dança. 

Reconhecida no Brasil e internacionalmente, abraçou como um de seus objetivos, o ensino da dança e da descoberta do corpo como forma de expressão, atuando junto à comunidade. Com 23 obras no repertório, mescla nomes de renomados coreógrafos e dos próprios bailarinos como criadores, trabalho que tem lhe rendido diversas premiações e destaque como um grupo atuante e inovador.

Serviço
www.ciadedancas.apbd.org.br

17/10 (sexta) – Bailando em Família – 17h
Centro Cultural Promissão
R. Pau do Café, 1.500. Jd. Promissão. Diadema. Tel.: 4066-5454
Classificação livre. Ffaixa etária apropriada: a partir de 6 anos até terceira idade.
Entrada franca (inscrições na hora e local) –
Público alvo: integrantes das oficinas, seus familiares, parentes e amigos.

18/10 (sábado) – Bailando na Cidade – 15h
Centro Cultural Heleny Guariba
R. Barão de Uruguaiana, 87. Jd. Ruyce. Diadema. Tel. 4067-4292
Classificação livre. Faixa etária apropriada: de 06 a 10 anos
Entrada franca (inscrições na hora e local).
Público alvo: alunos da rede pública de ensino e dos centros culturais de Diadema

Apresentação (grátis) aberta ao público: às 19 horas

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Companhia de Danças de Diadema leva o Outubro Rosa ao projeto Caminhando Bem

Na manhã do dia 06 de outubro, marcando o início da campanha Outubro Rosa, a Companhia de Danças de Diadema, a convite da Secretaria de Esportes de Diadema, realizou uma vivência corporal com os integrantes da Terceira Idade do projeto Caminhando Bem.

Após a vivência, onde todos participaram em uma grande interação por meio da dança, os artistas orientadores da Companhia apresentaram breves coreografias de seu repertório.

O projeto Caminhando Bem, realizado pela Prefeitura de Diadema, desde os anos 90 incentiva a população a levar uma vida mais saudável, estimulando a prática da caminhada e uma alimentação mais saudável e equilibrada. Todas as atividades têm supervisão de professores de educação física, e beneficiam cerca de mil pessoas por semana.

O Outubro Rosa nasceu em Nova York, nos anos 90, com uma corrida de rua; uma maneira de incentivar o diagnóstico precoce do câncer de mama. Hoje, a iniciativa acontece em diversos lugares do mundo.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Alaíde Costa mostra novo CD em Pindamonhangaba

Primeiro CD autoral de cantora chega depois de seis décadas de dedicação à música brasileira. Em Pindamonhangaba, o show de lançamento acontece no dia 10 de outubro (sexta, às 20 horas) no Teatro Galpão, com entrada franca. Projeto viabilizado pelo ProAC.

A cantora e compositora Alaíde Costa completa 79 anos no final de 2014. Figura ímpar na história da música popular brasileira, Alaíde realiza o antigo sonho de gravar um disco somente com composições próprias. Com a mesma afinação e a mesma interpretação personalíssima dos tempos pré-bossa nova, quando iniciou a carreira como crooner do Avenida Dancing no Rio de Janeiro, em 1954, a intérprete se consagra definitivamente também como autora, com o lançamento do álbum Canções de Alaíde (selo Nova Estação), que tem produção musical de Thiago Marques Luiz.

Alaíde compôs a sua primeira canção aos 17 anos. Ao longo do tempo, mesmo tendo prevalecido o lado intérprete, as novas melodias sempre permearam sua carreira. Várias de suas canções foram escritas em parceria com amigos, ilustres poetas e compositores da música brasileira. Alguns de seus parceiros estão no CD, entre eles Vinícius de Moraes, Antônio Carlos Jobim, Johnny Alf, Hermínio Bello de Carvalho e Geraldo Vandré, além de Geraldo Julião, José Márcio Pereira, João Magalhães e Paulo Alberto Ventura.

A cantora conta que lhe trouxe também muita alegria o fato de gravar acompanhada por músicos com os quais trabalha há mais de 30 anos: o pianista Giba Estebez (grande parceiro de palco, que também assina a direção musical do CD e a maioria dos arranjos), o flautista Vitor Alcântara e os violonistas Conrado Paulino e Fernando Corrêa (também arranjadores de algumas faixas). O disco tem ainda participação especial do pianista Gilson Peranzzeta, da cantora Adyel Silva, do baixista Mário Andreotti e de seu filho, o cantor e violonista Marcelo Lima.

A capa do CD também representa uma passagem importante em sua história musical. Nela, Alaíde aparece feliz e na intimidade com o piano, instrumento que utiliza para compor as suas melodias. E o que tem na sala de sua casa não é um piano qualquer. Suas teclas foram as primeiras tocadas por Alaíde, desde que começou a tomar aulas com o maestro Moacir Santos. Mais tarde o instrumento lhe foi dado de presente pelo amigo e parceiro Vinícius de Moraes.

Canções de Alaíde mostra uma cantora autêntica, que nunca se dobrou aos modismos comerciais, mantendo-se fiel ao seu próprio estilo. Ela revela que enfrentou dificuldades na profissão por buscar por “uma música que fosse diferente”. “O que me fascinava era o que soava diferente aos meus ouvidos”, confessa. E se lembra de quando conheceu Johnny Alf, grande parceiro e amigo com quem trabalhou no Brasil e na Europa. “Eu gostava de sua música especial”. Eles se conheceram em 1952, no Rio de Janeiro, quando ela o ouviu tocando “O Que é Amar” em um programa de TV: “fiquei encantada com aquela música que não era comum, ele tinha uma forma única de tocar”. Mas, com a timidez mútua, só foram se aproximar anos depois, em São Paulo. A primeira vez que ela cantou ao som de seu piano foi dando uma canja em uma boate onde Johnny se apresentava. Ela escolheu “Dindi” (Tom Jobim), mas pediu que fosse em si maior. E ele retrucou: “não tinha um tom melhor não?”, diverte-se Alaíde ao lembrar.

A semente desse disco foi lançada no final da década de 90, quando Alaíde Costa fez um show no Teatro Denoy de Oliveira cantando suas músicas a convite de Luiz Carlos Bahia com produção de Nelson Valência. Poucos sabiam, até então, que ela é a autora de todas as melodias de suas composições. Muitos anos se passaram e muitas pessoas estavam interessadas em realizar esse sonho da artista: Cervantes Sobrinho e Paulo Gomes (atuais produtores executivos de Canções de Alaíde), Thiago Marques Luiz, Gilson Peranzzetta.

Em 2012, Valência produziu um novo show de Alaíde. Paulo e Cervantes então constataram que o CD já estava delineado. Faltava o registro. “Era o momento”, comenta Cervantes. Amigos e admiradores da cantora, eles se empenharam na busca de recursos para fazer o disco, que foi viabilizado com o apoio do ProAC. “Alaíde sempre se destacou pelo timbre e afinação impecável. No início, ela encantava - e até intrigava - pela erudição que emanava naturalmente de seu canto: uma cantora de música popular com requintes próprios do canto lírico na interpretação.” Comenta Cervantes, fã declarado de Alaíde Costa.

As Canções de Alaíde

O CD Canções de Alaíde abre com uma temática comum na obra da compositora: o amor. A música “Qual a Palavra” fala de uma grande paixão, abrindo passagem para a primeira parceria com Vinícius de Moraes, presente no disco, “Tudo o Que É Meu”. Alaíde conta que recebeu essa letra durante uma visita que fez ao ‘poetinha’, quando estava esse internado na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. “Ele disse que havia um presente para mim na gaveta e o presente era um papel dobrado com a letra da canção”.

A terceira faixa reúne duas canções com arranjos do pianista e amigo Gilson Peranzzetta. “Ternura” tem letra de Geraldo Julião, mas a cantora conta que esta é a segunda versão, pois a primeira foi assinada por uma amiga que faleceu antes de autorizar a gravação. E “Cadarços”, que ganhou o requinte do piano do arranjador, registra um momento mágico na história da artista com o Hermínio Bello de Carvalho. No início dos anos 80, ela foi participar da gravação de um disco do compositor/poeta: mostrou-lhe a melodia e ele não só fez a letra, como a incluiu entre as faixas do álbum Águas Vivas, de 1982.

Composta em 1960, a música “Afinal” deu nome a um álbum que Alaíde gravou, em 1964. A quinta faixa, “Meu Sonho”, vem bem acompanhada pelo talento do pianista e compositor Johnny Alf, parceiro de música e de palco. A melodia - revela Alaíde - “foi um desafio”, e a história merece um parêntese: “quando ele me deu a letra para musicar, mostrei-me insegura com a tarefa de fazer melodia para um poema seu e ele apenas respondeu: ‘vire-se’”. E ela se virou, fez uma música digna do grande compositor.

A canção “Tempo Calado” é uma linda parceria com o amigo Paulo Alberto Ventura, que não é oficialmente um letrista e sim artista plástico. Seguindo o roteiro, a fixa “Saída”, composta no início dos anos 2000, também tem história que merece registro. A primeira letra desta canção era um poema de Paulo César Pinheiro, “Navios”, que ela musicou. Para sua decepção, ao ligar para o amigo com a novidade, soube que ele acabara de autorizar a gravação do mesmo com letra de Francis Hime. Tratou, ela mesma então, de fazer outro poema.

A composição “Banzo” – que tem participação especial da cantora Adyel Silva - é uma parceria de Alaíde com José Márcio Pereira. Esta canção já foi defendida por ela em um festival universitário. A próxima, “Choro”, tem clima de fossa, de fim de romance. Originalmente, ela foi composta ao piano por Alaíde, mas aqui ganhou dois violões no arranjo de Conrado Paulino. “Gostei muito dessa versão com os violões”, comenta feliz a cantora.

“Apesar de Tudo” não poderia estar de fora desse trabalho, pois marca o início de uma grande amizade com o compositor João Magalhães. A próxima música também registra um momento especial na carreira de Alaíde. Em 1961, na Casa de Vinícius de Moraes, ela cantarolou uma melodia para Tom Jobim, que lhe deu, então, dicas de harmonia e, no mesmo dia, escreveu a letra de “Você é Amor”. Ele ainda constatou que ela era uma “menina de muito futuro”. “Você canta diferente”, falou o maestro.

Muitas das músicas de Alaíde nasceram desses grandes encontros. E não foi diferente com “Canção do Breve Amor”. Em uma das reuniões da turma da bossa nova, bem no início do movimento musical, ela compôs a melodia. Geraldo Vandré ouviu e fez a letra no instante seguinte. E, fechando o repertório de Canções de Alaíde, vem outra bela parceria com Vinícius de Moraes, “Amigo Amado”, que tem impecável participação especial de Gilson Peranzzetta ao piano.

AGENDA DE SHOWS

10 de outubro (sexta, às 20 horas) - PINDAMONHANGABA
Teatro Galpão (221 lugares). Av. Nossa Sra. do Bom Sucesso, 2750. Parque das Nações.
Tel: (12) 3642-1080.Grátis (ingressos 1h antes)

3 de dezembro (quarta) – São Paulo
Galeria Olido. Av. São João, 473. República. Tel: (11) 3331-8399.

4 de dezembro (quarta) – São Paulo
Teatro Décio de Almeida Prado. Rua Cojuba, 45-B. Itaim Bibi. Tel: (11) 3079-3438.