Serão 15 apresentações do musical com valor simbólico
de R$ 5,00.
O Teatro do Incêndio enfrentou uma
inundação, um desabamento de teto, a desapropriação de sua antiga sede pelo
metrô sem interromper suas atividades. Inaugurou, dia 11 de julho, sua nova
sede no Bixiga com o espetáculo "Pano de Boca", de Fauzi Arap, com
lotação esgotada e deu continuidade a um ciclo de palestras sobre as origens do
Brasil, projeto de formação de técnicos em iluminação cênica e oficinas
gratuitas para crianças e adolescentes.
O grupo faz agora uma curta temporada do espetáculo "O Pornosamba e a Bossa Nova
Metafísica" a R$ 5,00, como parte da programação que tem o apoio da Lei
de Fomento ao Teatro, enquanto ensaia "De Dioniso Para Koré", ritual
poético com estreia marcada para novembro. Serão apenas 15
apresentações do musical que celebra a música brasileira.
Com textos de Schopenhauer, Umberto Eco e diálogos
criados pelo diretor Marcelo Marcus Fonseca, reestreia no dia 3 de outubro,
sábado, O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica, montagem inédita da Cia. Teatro
do Incêndio, às 21 horas. O espetáculo foi totalmente criado em sala de ensaio
por experimentos de associação livre e sugestões sonoras.
Segundo o diretor, “trata-se de um espetáculo, em
grande parte, auditivo que procura ‘recuperar’ o ouvido para o chiado do disco
e a qualidade incomparável da música popular brasileira, revivendo mestres do
samba e da bossa nova por meio de seus sentimentos”. Marcelo Fonseca explica
que o título é uma citação do poeta Roberto Piva, “padroeiro” do grupo e amigo
em vida do diretor, que faz uma analogia do samba com a pornografia no sentido
de que o “bom ouvido” não dá lucro às gravadoras. “Sendo assim, a boa música
passa a ser pornográfica e metafísica dentro do processo de embrutecimento da
sensibilidade pela necessidade de vendas, desestimulando o jovem a conhecer
compositores como Tom Jobim e Geraldo Pereira, para consumir fórmulas cada vez
mais pobres de ‘produtos’ de três acordes”, argumenta.
Carregada de símbolos, a encenação de “O Pornosamba e
a Bossa Nova Metafísica” conta com uma primeira parte expressionista, conduzida
por Carmen Miranda (Gabriela Morato) e Ismael Silva (Matheus Campos). Nesta,
gravações originais sintetizam uma parte da história do Brasil até “a morte” do
samba junto com sua embaixatriz em crise de depressão, amparada por milhares de
comprimidos.
Cenas também recriam fatos reais sobre compositores
que se tornaram lendas da música brasileira, como o suicídio de Assis Valente,
o soco de Madame Satã (Valcrez Siqueira) em Geraldo Pereira, que o levou à
morte, e a partida precoce de Noel Rosa (Guilherme Ciccotelli) e sua relação
com a cantora Aracy de Almeida (Rebeca Ristoff).
O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica lança mão ainda
de outras linhas de vanguarda como Dadaísmo, Modernismo e Naturalismo para
contar a trajetória da MPB e a influência da música estrangeira no
comportamento e no “ouvido” do brasileiro, em cadente interatividade com o
espectador.
Figura ímpar da arte musical brasileira, Vinícius de
Moraes (Marcelo Marcus Fonseca) está presente em toda a encenação, transitando
com leveza pelas cenas como se fosse o próprio espírito do samba, da bossa
nova. Além de sua relação com Tom Jobim (Vinicius Árabe), em um dado momento,
por exemplo, junto com um coro de Iemanjás, ele convida a plateia a se deitar
na Praia de Itapuã,
Várias outras cenas merecem destaque. Em uma delas Ary
Barroso realiza um show de calouros em um canteiro de obra; outra recria a
noite em que Baden Powell (Victor Dallmann) e Vinícius compuseram o “Samba em
Prelúdio”; as mortes de Maysa e Dolores Duran são retratadas em uma única cena;
e a encenação da partida de Nara Leão (Elena Vago) é conduzida por um “coro de
morte” que envolve sua cabeça quando o tumor explode, dando fim à sua vida.
Sinopse
A música popular brasileira, como rito de morte e
renascimento, é apresentada por meio de linguagens como expressionismo,
naturalismo e outras vanguardas. O espetáculo - em grande parte, “auditivo” -
cria uma atmosfera sonora que busca inserir o espectador no espírito do samba e
da bossa nova, de forma provocativa e interativa.
Ficha técnica
Espetáculo: “O
Pornosamba e a Bossa Nova Metafisica”
Direção e dramaturgia: Marcelo Marcus Fonseca
Direção musical: Bisdré Santos, Vlad Rocha e Marcelo
Marcus Fonseca
Iluminação: Marcelo Marcus Fonseca
Figurinos: Gabriela Morato
Fotografia e registro de processo: Don Fernando
Produção: Gabriela Morato e Cia. Teatro do Incêndio
Elenco: Gabriela Morato, Marcelo Marcus Fonseca,
Rebeca Ristoff, Victor Dallmann, Elena Vago, Ana Beatriz Pereira, Francisco
Silva, Valcrez Siqueira, Matheus Campos, Guilherme Ciccotelli, Vinicius Árabe, Bisdré
Santos (Violão de 7 cordas) e Vlad Rocha (Bateria).
Serviço
Restreia: 3 de
outubro. Sábado, às 21 horas
Teatro do
Incêndio
Rua Treze de Maio, 53. Telefones: (11) 2609-3730 e
2609-8561
Temporada: sábados às 21h, domingos às 20h e segundas
às 21h - Até 2/11
Ingressos: R$ 5,00 (preço único). Bilheteria 2h antes
da sessão
Duração: 80 min. Gênero: musical. Classificação
etária: 16 anos.
Capacidade: 70 lugares. Aceita dinheiro e cartão de
débito.
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