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Foto de Camila Rios |
O grupo de teatro Coletivo de Galochas estreia o espetáculo Coluna Prestes: Encruzilhadas da
Marcha da Esperança no dia 2 de
junho, sexta-feira, no Teatro Arthur
Azevedo, às 21 horas, com ingressos gratuitos.
Dirigida por Rafael Presto, que também assina a dramaturgia junto de Antonio
Herci, a montagem busca
reconstruir cenicamente uma das passagens mais icônicas e importantes da
história do Brasil do século XX, a marcha da Coluna Prestes, que tinha por objetivo libertar o povo da
exploração e da ignorância, evento que marca o fim da Primeira República.
O enredo se passa no década
de 1920, quando a Coluna Prestes rasga o país. Durante a marcha, um grupo de
oito pessoas, dos mais diferentes lugares, formam uma inusitada família,
entrelaçando e mudando suas vidas. É com essa gente simples que Luiz Carlos
Prestes aprende, forjando seu espírito revolucionário.
Coluna Prestes: Encruzilhadas da
Marcha da Esperança faz uma imersão na cultura brasileira pelo
ponto de vista das pessoas simples, da base do movimento, que fizeram a Coluna
caminhar. As personagens da peça foram extraídas dos registros oficiais, com a
devida licença teatral. “Não se trata da história de grandes autoridades, mas
de figuras singulares com as quais Prestes se relaciona. São mulheres, pessoas
pretas e oficiais de baixa graduação que protagonizam a jornada”, comenta o
diretor Rafael Presto.
Na montagem, o primeiro
plano não pertence ao Comandante Prestes (Kleber
Palmeira), líder da revolução, mas sim aos diversos núcleos
que combatem ao seu lado durante a
Marcha. Isabel Pisca-Pisca (Benedita
Maria de Jesus Bueno Dias) e Onça (Ivone Dias Gomes) são artistas de Cabaré que seguem com os
revolucionários. Onça desenvolve uma relação com Cabo Firmino (Eder dos Anjos),
um aguerrido revolucionário saído dos cortiços paulistanos. Santa Rosa (Wendy
Villalobos) carrega o fuzil que herdou do
marido morto e um filho na barriga, que nasce durante a marcha. O Soldado Ângelo (Daniel Lopes), rapaz
sensível e analfabeto, aprende a ler e escrever com Sargento Garcia (Diego Henrique),
numa relação que pode ocultar um amor não permitido. Todas essas relações são
amarradas por Tia Maria (Mona
Rikumbi), com suas ervas, conselhos, rituais
e giras, que também representa a Majestade Encruzilhada, abrindo os
caminhos e marcando essa saga.
A
encenação do Coletivo de Galochas tem como pilares duas linguagens: os núcleos
dentro da Coluna Prestes e o coro cênico. Os núcleos trazem as histórias das
personagens, a humanização dentro da precariedade do ambiente da revolução e
também vislumbram 100 anos à frente, questionando e fazendo o elo com o
presente. A trilha das personagens negras, apoiada em uma perspectiva
afro-centrada de religiosidade e filosofia, é central na narrativa. Já o coro
representa a própria revolução. Coreografado e musicado, ele interage com as
cenas e faz atravessamentos poéticos enfatizando os grandes acontecimentos, mas
também participando como personagem
coletivo da trama. Os atores e atrizes que formam o coro são oriundos das
oficinas profissionalizantes, realizadas pelo Galochas, durante o processo
criativo.
A
música está presente o tempo todo no espetáculo; uma ferramenta cênica recorrente
nas montagens do Coletivo de Galochas. A trilha sonora é original e executada
ao vivo, sob direção de Antonio Herci, com arranjos contemporâneos e cinco
músicos em cena (piano e sintetizadores, contrabaixo acústico, sanfona, violão
de 7 cordas e percussão). Nove canções integram a dramaturgia em formatos de
solos e coros, compostas durante o processo, a partir de poemas criados pelos próprios
atores. Apenas uma, o samba “Ai, Seu Mé” (Freire Júnior e Careca), foi garimpada do referido período histórico.
Kleber
Montanheiro assina o figurino não naturalista de Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da
Esperança. As referências da década
de 1920 estão presentes, de forma estilizada, em elementos como couro e peças
de indumentária militar. O cenário, também de Montanheiro, busca inserir as
personagens e os espectadores nas paisagens desse Brasil profundo que a Coluna
Prestes atravessa. A poética do movimento está em elementos que se movem em um
palco misterioso, diante das incertezas dos
passos a seguir.
O Coletivo de Galochas parte da
sua experiência em teatro historicista para abordar esse fato do nosso passado
recente, negligenciado na narrativa histórica hegemônica, investigando seus
vestígios e narrativas durante seis meses de pesquisas e experimentos. A estética da montagem foi trilhada a partir de músicas,
trajes, comportamentos e notícias. O grupo imergiu na pesquisa de fotos,
vídeos, textos e documentos históricos em diálogo com as tradições culturais e
artísticas do período, deglutindo de maneira crítica os traços culturais e
desdobramentos políticos da década.
“Em uma montagem teatral
historicista, o que se persegue são rastros, restos ou retalhos dessa história,
que possam ser a gênese de dramas pessoais, de acontecimentos marcantes:
situações colocadas em contexto. Outro compromisso é o de jogar luz em
acontecimentos que sofrem um processo de apagamento e,
mesmo aonde se conta a história da Coluna, são deixados em segundo plano”,
comenta o dramaturgo Antonio Herci. O coletivo optou por articular
historicamente o passado, na perspectiva da
construção de uma dramaturgia que não significa conhecer esse passado como “de fato
foi”, mas apropriando-se das reminiscências. “Pensamos o passado a partir de
onde pisamos, o tempo e o espaço que habitamos: aqui e agora. Desse modo, toda
experiência da dramaturgia historicista é tingida pelo tempo do agora”, finaliza
Rafael Presto, diretor e dramaturgo do espetáculo. Nesse sentido, tanto o elenco quanto o coro cênico equilibram
pessoas pretas e brancas na sua composição, conta com uma atriz trans, além de
integrar pessoas com deficiência, carregando a encenação com a poética desses
corpos e corpas dissidentes, fazendo um diálogo com as lutas de agora.
Coluna Prestes: Encruzilhadas da
Marcha da Esperança é resultado do projeto de mesmo nome contemplado na
39ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, da
Secretaria Municipal de Cultura. No processo de criação, o Coletivo de Galochas
realizou oficinas profissionalizantes, ciclos temáticos de palestras sobre a
prática e a fundamentação teórica do teatro historicista e intervenções
artísticas em locais que foram bombardeados ou que têm relação com a Revolução
Paulista de 1924.
Nascida durante Tenentismo, a Coluna Prestes
iniciou, em abril de 1925, a marcha pelo interior do Brasil que atravessou mais de 25 mil quilômetros, passando por 17 estados e
atingindo cerca de 3 mil membros. Tendo como bandeira derrubar o mandato de
Arthur Bernardes, exigia voto secreto universal,
educação para todos, moralização da política, fim da miséria e direto à terra.
FICHA
TÉCNICA – Dramaturgia: Antonio Herci e Rafael Presto. Direção: Rafael Presto. Codireção: Eder dos Anjos. Direção
musical, arranjos, regência e sonoplastia: Antonio Herci. Assistência de direção: Daniel Lopes. Elenco
/ personagens: Benedita
Maria de Jesus Bueno Dias (Isabel Pisca-Pisca), Daniel Lopes (Soldado Ângelo),
Diego Henrique (Sargento Garcia), Eder dos Anjos (Cabo Firmino), Ivone Dias Gomes
(Onça), Kleber Palmeira (Comandante Prestes), Mona Rikumbi (Tia Maria) e Wendy
Villalobos (Santa Rosa). Coro Cênico: Luísa
Borsari, Maria Kowales Aguirre, Matheus Kawa, Giovana Carneiro, Jota
Silva, Leandro Duarte, Mateus Vicente, Nayra Priscila, Priscila Ribeiro,
Silvia Lys, Tércio Moura e Victor Carriel. Musicistas/músicos: Antonio Herci (piano e sintetizadores), Jéssica
Nunes (sanfona), Lula Gama (violão de 7 cordas), Miguel D’Antar (contrabaixo
acústico) e Maicon (percussão e bateria). Cenografia:
Kleber Montanheiro. Figurino: Kleber Montanheiro e Thaís Boneville. Adereços:
Jéssica Freitas. Iluminação: Sueli
Matsusaki e Marcos Feire. Coreografia:
Letícia Doretto. Cenotécnica: Nilton
Araújo. Técnico de som: Gustavo
Trivela. Provocação cênica: Júlio
Silvério. Colaboração na criação: Nicolle Puzzi e Verônica Valentino. Audiovisual e vídeo mapeado: Diogo
Gomes. Direção de produção: Gabriela
Morato. Produção: Maura Cardoso. Gestão de redes sociais: Dora Scobar. Fotos: Camila Rios e Diogo Gomes. Designer Gráfico: Gustavo Oliveira. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização e realização: Coletivo de Galochas.
Serviço
Espetáculo: Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da
Esperança
Estreia: 2 de junho de 2023 – Sexta, às 21h
Temporada: 2 a 25 de junho - Sexta e sábado
(às 21h) e domingo (às 19h).
Ingressos: Gratuitos – Retirar na bilheteria 1h antes das sessões.
Duração: 90 minutos. Gênero: Drama.
Classificação: 14 anos.
Tradução em Libras: sessões de sextas-feiras.
Audiodescrição: sessões de domingos.
Sinopse: Brasil,
década de 1920. A Coluna Prestes rasga o país.
Durante a marcha, um grupo de oito pessoas, dos mais diferentes lugares, formam
uma inusitada família, entrelaçando e mudando suas vidas. É com essa gente que
Luiz Carlos Prestes aprende, forjando seu
espírito revolucionário.
Teatro Arthur Azevedo
Av.
Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca. São Paulo/SP.
Telefone: (11) 2604-5558. Na rede: @teatroarthurazevedosp.
Coletivo de Galochas: www.coletivodegalochas.com.br
@coletivodegalochas
| Site/projeto: https://colunaprestes.com.br/
Coletivo de Galochas
O Coletivo de Galochas é um grupo de teatro
da cidade de São Paulo criado, em 2010, para pesquisar formas de atuação
político-poéticas. Em sua pesquisa continuada optou por temas críticos,
realizando espetáculos e processos criativos ao lado de movimentos sociais,
grupos parceiros, ocupações e comunidades, fazendo da experiência do teatro um
gesto de vida e luta, ocupando os mais diferentes espaços: escolas, museus,
ocupações, teatros, ruas, universidades e vielas. Todas as pessoas do elenco
são compreendidas como artistas-criadores, equilibrando de maneira paritária
artistas brancos e negros, homens e mulheres, com a participação de pessoas com
deficiência. Essa multiplicidade de perspectivas se realiza no desenvolvimento
da encenação, trazendo elementos que se pautam por olhares de corpos não-normativos
na releitura teatral. O Coletivo foi contemplado em duas edições do Programa de
Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo: em 2016 - com o projeto Cantos de
Refúgio; e em 2022 – com Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança. Em
sua trajetória constam também vários trabalhos incentivados pelo ProAC, da
Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo,
além de indicações e premiações teatrais. Espetáculos montados: Piratas de Galochas (2011, remontagem em
2017, 2021), Revolução das Galochas
(2014, remontagem em 2017), Cantos de
Refúgio (2017, infantil - selecionado ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao
Teatro Infantil e Jovem), Mau Lugar
(2017, remontagem em 2020 [em Libras] e 2022) e Coluna Prestes: Encruzilhadas da Marcha da Esperança (2023).
Rafael
Presto
é diretor e dramaturgo do Coletivo de Galochas. Orientou Literatura e
Dramaturgia no Programa Vocacional da Cidade de São Paulo (SMC). Mestre em
Educação pela Universidade Estadual Paulista, UNESP. Graduado em Artes Cênicas
pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-graduado em Roteiro para Cinema e Televisão
pela FAAP. Escritor e autor de livros didáticos. Antonio Herci é diretor musical e dramaturgo do grupo Coletivo de
Galochas. Orientador de Música no Programa Vocacional da Cidade de São Paulo
(SMC). Mestre e Doutorando em Artes pela Universidade de São Paulo, USP. Membro
do Conselho Deliberativo do Museu de Arte Contemporânea, MAC-USP. Conselheiro
no CMPD e Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.
Informações à imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
Tel: (11) 99373-0181- verbena@verbena.com.br