A Boca que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas) tem dramaturgia assinada por Dione Carlos e encenação de Miguel Rocha, fundador da companhia.
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Foto de José de Holanda |
Com dramaturgia de Dione Carlos e encenação de Miguel Rocha, A Boca que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas) joga luz sobre a questão: o que significa recuperar a liberdade? Em cena, seis pessoas que passaram pelo sistema prisional brasileiro têm suas trajetórias entrelaçadas. Diante das dificuldades de reinserção social e reconstrução da própria vida, cada uma delas, a seu modo, tenta encontrar uma saída. As marcas do período que passaram atrás das grades permanecem na memória, no corpo e nos afetos. Exu, o orixá das encruzilhadas e destrancador dos caminhos, aparece como uma presença provocativa ao despertar naqueles sujeitos a fome por novos começos e a avidez por dignidade.
A encenação de Miguel Rocha se dá em um espelho d’água, uma cenografia de Telumi Hellen, que usa a simbologia do deságue para o momento em que o egresso sai da prisão, quando percebe tudo como novo. O reflexo reporta ao aprisionamento das emoções, às vivências e memórias que afloram quando “a liberdade canta”. “A saída da prisão é um desaguar. A força da água tanto pode purificar como ser violenta, e o reflexo na água pode ser espelho que leva as personagens a encararem a própria situação”, comenta o encenador Miguel Rocha.
Este é o ponto de partida para a imersão na realidade que se apresenta, nos obstáculos que enfrenta o sobrevivente do sistema carcerário para reafirmar a própria cidadania. ‘O cárcere não termina no cárcere’, é o que constatam as personagens que carregam o estigma de serem ex-detentos/tas, com o ônus de uma multa prisional a ser paga, com as dificuldades para reativar a documentação, os hábitos e experiências adquiridos na prisão, os fatores emocionais consequentes e os desafios e as armadilhas da liberdade que não raramente os levam à reincidência.
A companhia cria um espetáculo que coloca em cena a carga que o passado representa na vida das personagens egressas da prisão, mas não se fecha nisso. A dramaturgia não é determinista ao ponto de condicionar a experiência do cárcere à experiência do crime. “O olhar do Estado e da sociedade para as questões relativas à vida após o desencarceramento, que acomete geralmente pretos e pobres, ainda é muito restrito, inviabilizando a possibilidade de se viver dignamente”, comenta Miguel Rocha. “É fato que esse é um processo circular com as mesmas pessoas; as mazelas sociais se repetem nesse lugar de violência e invisibilidade, o que acaba sendo um entrave para a transformação. É preciso fugir desse ciclo para que haja mudanças. Nosso trabalho busca compreender e refletir sobre esse contexto histórico-social”, completa o encenador.
A Companhia de Teatro Heliópolis sempre trabalha com a perspectiva de histórias humanas, onde a experiência estética é alinhada ao discurso. O texto, a música ao vivo, o figurino, o corpo em cena, a luz e as imagens criadas colaboram para a expansão do discurso. “Nosso desafio não é somente contar a história, mas como contá-la. Todos esses elementos são costurados, tecendo a cena que queremos apresentar. O que fazemos é teatro, então procuramos extrair a poesia contida mesmo nos temas mais densos para propiciar ao expectador experiência artístico-poética”, afirma Miguel Rocha.
A Boca que Tudo Come Tem Fome é resultado do projeto Do Cárcere às Ruas: O Estigma da Vida Depois das Grades, cuja pesquisa parte da premissa de que o encarceramento deflagra traumas, comportamentos e perspectivas que inevitavelmente estarão presentes na retomada da vida. A pesquisa busca compreender as consequências do aprisionamento nas tentativas de adaptação fora da prisão e na reconstrução das vidas. O encenador ressalta a dificuldade em encontrar material, tanto acadêmico quanto artístico e literário, sobre o assunto. Para aprofundar no tema, a Companhia de Teatro Heliópolis realizou entrevistas com egressos na comunidade de Heliópolis e em instituições de acolhimento e de ativismo em prol do desencarceramento e abolicionismo penal. Também realizou debates abertos ao público com o articulador e assistente social Fábio Pereira, o rapper Dexter, a percursora do movimento anti-cárcere, Tempestade, e com o professor de artes cênicas Vicente Concílio. O processo criativo contou ainda com provocações teórico-cênicas de Maria Fernanda Vomero (também na mediação dos debates) e dos comentadores Salloma Salomão e Bruno Paes Manso.
FICHA TÉCNICA - Concepção geral e encenação: Miguel Rocha. Dramaturgia: Dione Carlos. Elenco: Cristiano Belarmino, Dalma Régia, Davi Guimarães, Jucimara Canteiro, Klavy Costa e Walmir Bess. Música original e direção musical: Alisson Amador. Música “A Benção”: Júlia Tizumba. Música em cena: Alisson Amador, Amanda Abá, Denise Oliveira e Nicoli Martins. Cenografia: Telumi Hellen. Assistente de cenografia: Nicole Kouts. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Clara Njambela. Iluminação: Miguel Rocha. Provocação vocal: Alisson Amador, Edileuza Ribeiro e Isabel Setti. Direção de movimento: Erika Moura e Miguel Rocha. Provocação corporal: Erika Moura. Oficinas de dança: Ana Flor de Carvalho, Diogo Granato, Janette Santiago e Marina Caron. Criações coreográficas: O coletivo, Erika Moura, Diogo Granato e Janette Santiago. Provocação teórico-cênica e mediação do ciclo de debates: Maria Fernanda Vomero. Estudos em teatro épico, performance e dança: Alexandre Mate, Murilo Gaulês e Sayonara Pereira. Operação de luz: Gabriel Rodrigues. Operação de som: Lucas Bressanin. Microfonação: Katheleen Costa. Cenotécnia: César Renzi. Convidados do ciclo de debates: Fábio Pereira, Dexter, Tempestade e Vicente Concílio. Comentadores: Bruno Paes Manso e Salloma Salomão. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Coordenação de comunicação: Luiz Fernando Ferreira. Assistência de comunicação: João Teodoro Junior. Fotografia: José de Holanda. Registros do processo de criação: João Guimarães. Edição de textos para o programa da peça: Maria Fernanda Vomero. Direção de produção: Dalma Régia. Produção executiva: Álex Mendes e Miguel Rocha. Idealização: Companhia de Teatro Heliópolis. Realização: Sesc São Paulo.
Histórico da Companhia de Teatro Heliópolis
Serviço
Espetáculo: A Boca
que Tudo Come Tem Fome (Do Cárcere às Ruas)
Com Companhia de
Teatro Heliópolis
Estreia: 10 de julho de 2025 - Quinta, às 20h
Temporada: 10 de
julho a 3 de agosto - Quinta a sábado, às 20h, e domingo, ás 18h
Ingressos: R$ 60 (inteira) | R$ 30 (meia) | R$ 18 (Credencial
Sesc)
Vendas
online: A partir de 1/7 pelo site sescsp.org.br/14bis e 2/7 presencialmente nas
bilheterias das unidades do Sesc São Paulo
Classificação: 14
anos. Duração: 135
minutos. Gênero: Experimental.
Sesc
14 Bis - Teatro Raul Cortez
Rua
Dr. Plínio Barreto, 285 – Bela Vista. São Paulo/SP.
Capacidade:
523 lugares. Acessibilidade: Sim.
Sobre o Sesc São Paulo
Com mais de 78 anos
de atuação, o Sesc - Serviço Social do Comércio conta com uma rede de 43
unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações para promover
bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e
turismo, além de toda a sociedade. Mantido por empresas do setor, o Sesc é uma
entidade privada que atende cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje,
aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes,
esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos
humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias
consultivas e deliberativas. Saiba mais em sescsp.org.br
Serviço do Sesc 14 Bis
Horário de
funcionamento: terça a sábado, 10h às 21h; domingos e feriados, 10h às 19h.
Estacionamento: Vagas para carros, motos e bicicletas.
R$ 12 para as 3
primeiras horas e R$ 2 a cada hora adicional (Credencial Plena)
R$ 18 para as 3
primeiras horas e R$ 3 a cada hora adicional (Público geral)
Para atividades no
Teatro Raul Cortez, preço único: R$ 12 (Credencial Plena) e R$ 18 (Público
geral)
*Em
dias de shows e espetáculos é possível retirar o veículo após o término das
apresentações.
**Transporte
gratuito da unidade até a estação de metrô Trianon-Masp da linha 2-verde para
os participantes das atividades, de terça a sexta, às 21h40, 21h55 e
22h05.
Como chegar
Ônibus: a 260m do ponto
Getúlio Vargas 2 (sentido Centro-Bairro), a 280m do ponto Parada 14 Bis
(sentido Bairro-Centro) e a 2000m do Terminal Bandeira.
Metrô: a 700m da estação
Trianon-Masp da Linha 2-Verde e a 2000m da estação Anhangabaú da Linha
3-Vermelha.
Acompanhe o Sesc 14 Bis
na internet
Site: sescsp.org.br/14bis
Na rede: @sesc14bis
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Informações à imprensa – Espetáculo
VERBENA Assessoria
Eliane Verbena
Tel.: (11) 99373-0181 – verbena@verbena.com.br
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