Abrindo a série Memória do Cinema Paulista, que acontece durante o mês de julho, o Cineclube Araucária, em parceria com a AmeCampos - Associação dos Amigos de Campos do Jordão, presta homenagem ao cinema paulista e ao cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti.
A
abertura acontece no dia 3 de julho, na sede da AmeCampos, com
inauguração da exposição Memória do Cinema Paulista e exibição do filme Simão,
o Caolho, de Alberto Cavalcanti, rodado, em 1952, nos estúdios da
Companhia Cinematográfica Maristela que ficavam no Bairro do Jaçanã em São
Paulo.
A
exposição – que reúne cartazes, fotos, ilustrações e painéis com textos
explicativos, documentos representativos do cinema paulista e nacional - permanece
aberta ao público até o dia 31 de julho. O homenageado da série, Alberto
Cavalcanti é cultuado por cinéfilos do mundo todo pela importância de suas realizações
na França, Espanha, Reino Unido, Áustria, Itália, Portugal e Brasil. Ele foi
considerado por Glauber Rocha como o mentor do novo cinema nacional.
Para Cervantes Souto Sobrinho, curador da série, “o
brasileiro Alberto Cavalcanti, em sua longa trajetória artística, de 1923 a 1978, foi, na
verdade, uma personalidade do cinema mundial, razão mais que suficiente, para
receber esta homenagem do Cineclube Araucária de Campos do Jordão”. O evento Memória do Cinema
Paulista integra o projeto Cineclube Araucária – O Poder do Cinema em
Campos do Jordão, realizado com o apoio do ProAC - Programa de Ação
Cultural do Governo do Estado de São Paulo.
Alberto Cavalcanti – Um Cineasta
do Mundo
Alberto de Almeida Cavalcanti nasceu
no Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro de 1897. Em 1908, entrou para o
Colégio Militar de onde saiu para a Faculdade de Direito da Escola Politécnica.
Em 1914, Cavalcanti chegou à Suíça e se matriculou na escola Técnica de
Friburgo, escolhendo o curso preparatório de Arquitetura. Diplomado, resolveu
ir para Paris, onde passou a frequentar as aulas de Deglane na escola de
Belas-Artes e depois, o curso de estética de Victor Basch na Sorbonne. Projetou
cenários para o cinema experimental francês na década de 20. Em 1926, Cavalcanti
estreou como diretor de cinema em Le Train sans Yeux. Os filmes
subsequentes, En Rade, Capitain Fracasse e Rien que les
Heures, incluídos, pela crítica especializada, na lista dos mais
importantes filmes do movimento vanguardista francês, firmaram-lhe a reputação.
Nos anos trinta, um dos seus filmes mais conhecidos
no Brasil, foi a versão portuguesa do filme americano Sarah and Son (1930),
com o título A Canção do Berço, primeiro filme totalmente falado em
português. Em 1934, mudou-se para a Inglaterra onde realizou os melhores filmes
de sua carreira na Europa. Entre
eles: 48 hours, Went the Day Well (1942), Chanpagne Charlie
(1944), Dead of Night (1945), The Life and Adventures of Nicholas
Nickleby (1943), They Made Me a Fugitive ((1947), The First
Gentleman (1947) e For Them That Trespass (1948). Dead of
Night é, até hoje, considerado pelos críticos internacionais como um dos dez
mais importantes filmes de suspense da história do cinema britânico. Em 1949,
convidado por Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi para proferir uma série
de conferências no Seminário de Cinema do Museu de Arte de São Paulo,
Cavalcanti voltou ao Brasil e acabou assumindo o cargo de Produtor Geral da
Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo.
Nela, produziu três importantes filmes: Caiçara
(1950), Terra É Sempre Terra (1951) e Ângela (1951), além de três
documentários. Apesar de curta, a passagem de Alberto Cavalcanti pela empresa
de Franco Zampari, muito contribuiu para o desenvolvimento do cinema nacional.
No mesmo ano em que se desligou da Vera Cruz, se ocupou da elaboração do projeto
de criação do Instituto Nacional de Cinema. Convidado por Mario Audrá Junior,
proprietário da Cinematográfica Maristela em São Paulo, Alberto Cavalcanti
passou a fazer parte do quadro de colaboradores da empresa. Nos estúdios do
Jaçanã, Cavalcanti dirigiu um dos seus mais emblemáticos trabalhos no Brasil: Simão,
o Caolho (1952).
Depois vieram Canto do Mar (1953) e Mulher
de Verdade (1954). Em seguida, Cavalcanti foi convidado para trabalhar na
TV Record como diretor de teatro, chagando a dirigir a atriz Madalena Nicol na
peça Electra, de Sófocles. Em dezembro de 1954, voltou para a Europa a
convite de um estúdio austríaco de cinema e só retornou ao Brasil em 1969, como
membro do júri do Festival Internacional do Filme no Rio de Janeiro. Em 1970,
deu aula no Film Studio Center de Cambridge, Massachussets e recebeu, em 1972, a American Medal for
Superior Artistic Achievement. Só retornaria de novo ao Brasil em 1976, quando
conseguiu realizar a antologia Um Homem e o Cinema. Naquela oportunidade
foi agraciado com o troféu Coruja de Ouro-Personalidade. No ano
seguinte, o British Film Institute, homenageou-o com uma retrospectiva. No dia
23 de agosto de 1982, aos 85 anos de idade, Alberto Cavalcanti faleceu em uma
clínica da Rue de Passy em Paris, após sofrer uma crise cardíaca.
Serviço
Série: Memória do Cinema Paulista
Abertura: 3 de julho. Sexta, às 19h30
·
Filme: Simão, o Caolho
·
Exposição: Memória do Cinema Paulista -
abertura
De 4
a 31 de julho. Segunda a sexta, das 10h às 17h
·
Exposição: Memória do Cinema Paulista
– em cartaz
Local: Sede da AMECAMPOS
Rua
Dr. Reid nº 68 - Vila Abernéssia - Campos do
Jordão/SP
Informações: (12) 3662-2611
Grátis.
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