quinta-feira, 2 de julho de 2015

Cineclube Araucária reverencia Alberto Cavalcanti na série Memória do Cinema Paulista


Abrindo a série Memória do Cinema Paulista, que acontece durante o mês de julho, o Cineclube Araucária, em parceria com a AmeCampos - Associação dos Amigos de Campos do Jordão, presta homenagem ao cinema paulista e ao cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti.

A abertura acontece no dia 3 de julho, na sede da AmeCampos, com inauguração da exposição Memória do Cinema Paulista e exibição do filme Simão, o Caolho, de Alberto Cavalcanti, rodado, em 1952, nos estúdios da Companhia Cinematográfica Maristela que ficavam no Bairro do Jaçanã em São Paulo.

A exposição – que reúne cartazes, fotos, ilustrações e painéis com textos explicativos, documentos representativos do cinema paulista e nacional - permanece aberta ao público até o dia 31 de julho. O homenageado da série, Alberto Cavalcanti é cultuado por cinéfilos do mundo todo pela importância de suas realizações na França, Espanha, Reino Unido, Áustria, Itália, Portugal e Brasil. Ele foi considerado por Glauber Rocha como o mentor do novo cinema nacional.

Para Cervantes Souto Sobrinho, curador da série, “o brasileiro Alberto Cavalcanti, em sua longa trajetória artística, de 1923 a 1978, foi, na verdade, uma personalidade do cinema mundial, razão mais que suficiente, para receber esta homenagem do Cineclube Araucária de Campos do Jordão”. O evento Memória do Cinema Paulista integra o projeto Cineclube Araucária – O Poder do Cinema em Campos do Jordão, realizado com o apoio do ProAC - Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo.

Alberto Cavalcanti – Um Cineasta do Mundo

Alberto de Almeida Cavalcanti nasceu no Rio de Janeiro, no dia 6 de fevereiro de 1897. Em 1908, entrou para o Colégio Militar de onde saiu para a Faculdade de Direito da Escola Politécnica. Em 1914, Cavalcanti chegou à Suíça e se matriculou na escola Técnica de Friburgo, escolhendo o curso preparatório de Arquitetura. Diplomado, resolveu ir para Paris, onde passou a frequentar as aulas de Deglane na escola de Belas-Artes e depois, o curso de estética de Victor Basch na Sorbonne. Projetou cenários para o cinema experimental francês na década de 20. Em 1926, Cavalcanti estreou como diretor de cinema em Le Train sans Yeux. Os filmes subsequentes, En Rade, Capitain Fracasse e Rien que les Heures, incluídos, pela crítica especializada, na lista dos mais importantes filmes do movimento vanguardista francês, firmaram-lhe a reputação.

Nos anos trinta, um dos seus filmes mais conhecidos no Brasil, foi a versão portuguesa do filme americano Sarah and Son (1930), com o título A Canção do Berço, primeiro filme totalmente falado em português. Em 1934, mudou-se para a Inglaterra onde realizou os melhores filmes de sua carreira na Europa. Entre eles: 48 hours, Went the Day Well (1942), Chanpagne Charlie (1944), Dead of Night (1945), The Life and Adventures of Nicholas Nickleby (1943), They Made Me a Fugitive ((1947), The First Gentleman (1947) e For Them That Trespass (1948). Dead of Night é, até hoje, considerado pelos críticos internacionais como um dos dez mais importantes filmes de suspense da história do cinema britânico. Em 1949, convidado por Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi para proferir uma série de conferências no Seminário de Cinema do Museu de Arte de São Paulo, Cavalcanti voltou ao Brasil e acabou assumindo o cargo de Produtor Geral da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, em São Bernardo do Campo.

Nela, produziu três importantes filmes: Caiçara (1950), Terra É Sempre Terra (1951) e Ângela (1951), além de três documentários. Apesar de curta, a passagem de Alberto Cavalcanti pela empresa de Franco Zampari, muito contribuiu para o desenvolvimento do cinema nacional. No mesmo ano em que se desligou da Vera Cruz, se ocupou da elaboração do projeto de criação do Instituto Nacional de Cinema. Convidado por Mario Audrá Junior, proprietário da Cinematográfica Maristela em São Paulo, Alberto Cavalcanti passou a fazer parte do quadro de colaboradores da empresa. Nos estúdios do Jaçanã, Cavalcanti dirigiu um dos seus mais emblemáticos trabalhos no Brasil: Simão, o Caolho (1952).

Depois vieram Canto do Mar (1953) e Mulher de Verdade (1954). Em seguida, Cavalcanti foi convidado para trabalhar na TV Record como diretor de teatro, chagando a dirigir a atriz Madalena Nicol na peça Electra, de Sófocles. Em dezembro de 1954, voltou para a Europa a convite de um estúdio austríaco de cinema e só retornou ao Brasil em 1969, como membro do júri do Festival Internacional do Filme no Rio de Janeiro. Em 1970, deu aula no Film Studio Center de Cambridge, Massachussets e recebeu, em 1972, a American Medal for Superior Artistic Achievement. Só retornaria de novo ao Brasil em 1976, quando conseguiu realizar a antologia Um Homem e o Cinema. Naquela oportunidade foi agraciado com o troféu Coruja de Ouro-Personalidade. No ano seguinte, o British Film Institute, homenageou-o com uma retrospectiva. No dia 23 de agosto de 1982, aos 85 anos de idade, Alberto Cavalcanti faleceu em uma clínica da Rue de Passy em Paris, após sofrer uma crise cardíaca.

Serviço

Série: Memória do Cinema Paulista
Abertura: 3 de julho. Sexta, às 19h30
·         Filme: Simão, o Caolho
·         Exposição: Memória do Cinema Paulista - abertura
De 4 a 31 de julho. Segunda a sexta, das 10h às 17h
·         Exposição: Memória do Cinema Paulista – em cartaz

Local: Sede da AMECAMPOS
Rua Dr. Reid nº 68 - Vila Abernéssia - Campos do Jordão/SP
Informações: (12) 3662-2611
Grátis.

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