Álbum com faixas inéditas
traz participação de Rolando Boldrin e Tavinho Moura. Livro foi escrito em parceria com Fábio
Sombra
O violeiro, cantor e compositor
mineiro Chico Lobo, expressão
nacional no universo da viola, tem projetos literário e musical lançados
pela gravadora e editora Kuarup. Escrito
em parceria com o autor e pesquisador carioca Fábio Sombra, o livro Conversa de Violeiro - Viola Caipira: Tradição,
Mistérios e Crenças de um Instrumento com a
Alma do Brasil, cujo prefácio é assinado pelo jornalista e especialista em cultura popular Assis
Ângelo , entra no mercado simultaneamente ao CD Cantigas de
Violeiro. O disco, que revisita os 30
anos de carreira de Chico Lobo, traz sua releitura para Calix Bento, clássico da música popular brasileira além de canções
inéditas criadas especialmente para o projeto.
Chico Lobo – cujo primeiro CD foi
indicado ao Prêmio Sharp de Revelação, em 1996, e que recentemente, teve uma
canção sua escolhida por Maria Bethânia para integrar o show e DVD comemorativo
dos seus 50 anos de carreira - conta que o livro reflete anos de vivência no
mundo da viola e dos violeiros. “Conversa de Violeiro nada tem a ver
com aprendizado do instrumento. É um sonho antigo, desde a época em que eu era
colunista da revista Viola Caipira, aonde cheguei a registrar algumas
curiosidades que vivenciei de perto. Não é ficção, é vivência popular”,
explica.
A obra mostra em detalhes o
folclore que envolve as origens da viola, instrumento que melhor reflete a alma do Brasil raiz,
explorando essa matéria-prima mística
por meio de causos, crendices e demais tradições populares. Segundo
Fábio Sombra: "Esse trabalho traz uma visão ampla do universo mágico da
viola caipira. O livro está repleto dessas curiosidades que recolhemos
pessoalmente nos rincões mais remotos do Brasil. É o trabalho de quem foi
pesquisar nas fontes e não se limitou a reproduzir o que outros pesquisadores
escreveram. Deu um trabalhão, mas acho que temos em mãos um livro que nos enche
de orgulho e satisfação." Os
autores buscaram preservar na obra o mesmo tom das conversas interioranas, o
mesmo clima tranqüilo e descontraído de onde vieram as histórias. O leitor vai
descobrir, por exemplo, que o nome Diabo tem mais de 200 variações no
vocabulário popular ou porque alguns violeiros usam o guizo da
cobra cascavel dentro da viola ou, ainda, como é feito o pacto com o “coisa
ruim” para adquirir destreza no instrumento. “Esses
conhecimentos são bens imateriais e precisam ser preservados no século XXI”,
comenta Chico Lobo.
O álbum Cantigas de Violeiro
‘conversa’ com o livro e mostra a rica sonoridade da cultura popular com as folias, modas, batuques, catiras, folguedos,
bois e toques de viola, sons inspiradores que fazem o músico mergulhar, assim
como no livro, na cultura regional, resultado de suas andanças
por Minas Gerais e pelo Brasil. O trabalho reúne 14 canções do
violeiro, mais duas músicas inéditas autorais,
além de convidados especiais: Rolando
Boldrin (recitando em Simpatia da Cobra Coral ),
Tavinho Moura (Breu) e participações do músico Xangai (Boi Carreador),
do violeiro Pena Branca (Tropa) e de Aldo Lobo (Criação), pai
de Chico.
Serviço – http://www.kuarup.com.br/
CD: Chico Lobo – Cantigas de Violeiro (2015)
Faixas: 1. Brasil Violeiro / 2. Beira de
Mato / 3. Morena / 4. Ciranda de Roda / 5. Calix Bento / 6. Louvação / 7.
Criação / 8. Palmeira Seca / 9. Alma Caipira / 10. Juriti Madrugadeira / 11.
Moda Caipira / 12. Couro de Boi / 13. Tropa / 14. Boi Carreador / 15. Breu /
16. Simpatia da Cobra Coral.
Preço
sugerido: R$ 24,90
Livro: Chico Lobo e Fábio Sombra – Conversa de Violeiro (2015)
Especificações: Idioma: português - Encadernação Brochura - 1ª
Edição - 144 Páginas - Peso: 260
Gramas - Largura: 14 cm - Altura: 21 cm - Editora: Kuarup - Autores: Chico Lobo e Fábio Sombra - Ano de lançamento: 2015 - ISBN:
978-85-68494-02-8. Preço sugerido: R$ 45,00
Faixa a faixa – Cantigas de Violeiro
O trabalho abre com a faixa Brasil
Violeiro (parceria com Tadeu Martins, do CD Viva a Viola - Viva a
Cantoria), uma ode ao Brasil que revela os caminhos traçados por Chico Lobo
e as cordas de sua viola caipira. Ele canta o Brasil com sua geografia, cultura,
folguedos, tradições e a força da miscigenação do seu povo. Quatro canções: Beira de Mato, Morena,
Couro de Boi e Criação - fazem parte de
seu disco de estreia, No Braço Dessa Viola (1995). Beira de Mato
mostra a beleza das manifestações interioranas como catira, guaiano, fandango,
danças de palmeado e sapateado. Morena é um batuque de
beira de rio e expressa o cotidiano do ribeirinho que, para encontrar seu amor,
enfrenta o rio com sua canoa. Couro de Boi fala das festas de boi
espalhadas pelo Brasil. Com participação especial de seu pai, o seresteiro Aldo
Lobo, Criação mergulha no místico universo que cerca a viola, no
qual, a partir do amor do violeiro com a lua, nascem os bichos, as matas, os
seres. Essa moda de viola foi revisitada por Maria Bethânia e integra o
repertório do espetáculo Festejar e Agradecer que celebra os 50 anos de
carreira da cantora.
De autoria de Fábio Sombra, parceiro
de Chico no livro Conversa de Violeiro, Ciranda de Roda
(do CD Manheceu - Fábio Sombra nas Violas de Chico Lobo) é uma divertida
cantiga que convida o ouvinte a brincar de roda. Cálix Bento (de
domínio público, recolhida por Tavinho Moura, do CD Paixão e Fé na Canção
Brasileira) é uma bela versão para o principal canto da tradição das folias
de reis. Também na esteira da folia vem Louvação (gravada
no CD homônimo do poeta Paulinho de Andrade) que retrata a fé do homem
interiorano brasileiro diante das dificuldades do cotidiano. Destaque para o
acordeom de Célio Balona. Palmeira Seca e Alma Caipira
(parcerias com o escritor Jorge Fernando dos Santos, de CD Chico Lobo e
Convidados) fizeram parte da trilha da minissérie Palmeira Seca,
inspirada no premiado romance do autor, nas quais observamos clara influência
do universo de Guimarães Rosa.
Da relação de Chico Lobo com
Portugal, em shows e pesquisas, nasceram as cantigas Juriti Madrugadeira
e Moda Caipira (do CD Encontro de Violas, gravado em
terras lusitanas). Executadas somente na viola caipira, que tem origem na viola
de arame portuguesa, elas buscam a familiaridade com esses instrumentos
ancestrais. A faixa Boi Carreador (gravada ao vivo em Viola Popular
Brasileira ) traz participação de Xangai - cantador do
sertão baiano que tem forte ligação com a música dos sertões mineiros. A
música Tropa (CD Reinado,
2000), uma homenagem de Chico ao ícone da música de raiz Pena Branca
(1939-2010), deu origem a uma parceria de 10 anos entre os artistas com o show Encontro
de Raízes, que fizeram por todo o Brasil.
O álbum Cantigas de Violeiro traz ainda duas faixas inéditas que mergulham
nas crenças e nos “causos” que envolvem o universo da viola, abordados no livro
Conversa de Violeiro, de
Chico Lobo e Fábio Sombra. A primeira, Breu, com participação
especial de Tavinho Moura, fala da dramática história do
pactário, aquele que, para conseguir o dom de tocar a viola, faz um o pacto com
o capeta. A segunda, Simpatia da Cobra Coral, tem Rolando Boldrin
como convidado recitando uma “simpatia” muito usada no interior para o violeiro
adquirir destreza, agilidade no toque da viola (fato já presenciado por Chico
Lobo em suas andanças nas Minas Gerais).
Chico Lobo
Considerado pela crítica como um dos
violeiros mais ativos e importantes no processo de valorização e divulgação da
cultura da viola caipira no Brasil, Chico Lobo é um incansável artista barroco
que mantém em seu trabalho a simplicidade e a leveza dos sons e culturas
regionais. Mineiro de São João Del Rey, ele já
se apresentou na Itália, Canadá, Chile, Colômbia, Argentina, Áustria,
Portugal e China, entre outros. É
apresentador dos programas Canto da Viola (Rádio Inconfidência FM) e Viola
Brasil (TV Horizonte), além de ter sido colunista revista Viola Caipira. Herdou do pai, o seresteiro Aldo Lobo, o amor pela música. Preocupado com a valorização, divulgação da cultura regional e da viola
caipira, Chico Lobo fundou em sua cidade natal, o Instituto Sócio Cultural
Chico Lobo, entidade que leva o ensino das tradições e do
instrumento em duas escolas da zona rural da região com apoio da prefeitura. Em
1997, foi indicado ao Prêmio Sharp como Revelação da Música Regional Brasileira
pelo disco No Braço Dessa Viola
(1995). Em 1998, lançou com o cantor Jackson Antunes o disco Nosso Coração Caipira (Atração). Em
2000, gravou o terceiro trabalho, Reinado
(Kuarup), com participações de Jackson Antunes, Caju e Castanha, Renato
Borghetti e Pena Branca. No ano seguinte veio Palmeira Seca - Chico Lobo e Convidados, resultado da trilha sonora
do seriado Palmeira Seca, de Breno
Milagres; seguido por Viola Caipira -
Tradição, Causos e Crenças (Kuarup). Em 2004, lançou O Violeiro e a Cantora, com participação de Dea Trancoso, Os Bambas da Viola, coletânea da Kuarup
que reuniu seis violeiros, e participou do disco Nóis é Jeca Mas é Joia, de Xangai e Juraíldes da Cruz. Chico lançou
seu primeiro DVD Viola Popular Brasileira,
em 2005. Dois CDs foram lançados pela Kuarup nos anos de 2013 e 2014: o
instrumental 3 Brasis (com duas
indicações ao Prêmio da Música Brasileira) e Folias de um Natal Brasileiro, respectivamente. Em 2015, lança pela
Kuarupo o CD Cantigas
de Violeiro junto
como o livro Conversa de Violeiro (este em parceria com Fábio Sombra ).
Fábio
Sombra
O carioca
Fábio Sombra é escritor, ilustrador e pesquisador da cultura popular
brasileira. Possui 38 livros publicados e suas obras para crianças e jovens
frequentemente abordam temas da cultura popular brasileira como folias de reis,
desafios em versos e cantorias de viola. Seus livros A Lenda do Violeiro
Invejoso (2005) e Vladimir e o Navio Voador (2013) foram premiados
pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) com o selo
“Altamente recomendável para o jovem”. Fábio Sombra faz parte da ABLC –
Academia Brasileira de Literatura de Cordel e nas horas vagas se dedica a tocar
seu instrumento preferido: a viola de 10 cordas. Em 2006, em parceria com o
violeiro Chico Lobo lançou o CD autoral Manheceu com toadas, modas e
ritmos de viola do Brasil central.
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