quinta-feira, 4 de março de 2021

Série 8X HILDA tem sessões com leitura das peças As Aves da Noite e O Novo Sistema

O projeto 8X HILDA comemora os 90 anos de nascimento de Hilda Hilst (1930-2004) com um ciclo de leituras dramáticas de toda a sua obra teatral. Nos dias 7 e 14 de março (domingos, às 18h) acontecem, respectivamente, as leituras de As Aves da Noite e O Novo Sistema pelo canal Curadoria Hilst no YouTube. As versões gravadas com tradução em Libras vão ao ar na quarta-feira seguinte e à leitura ao vivo, às 20h, pelo mesmo canal.

O elenco fixo da serie - Kiko Rieser, Flávia Couto, Lavínia Pannunzio e Joca Andreazza - assumem também a direção das sessões, alternando-se semanalmente. As Aves da Noite tem direção de Kiko Rieser e participação dos atores convidados: André Kirmayr,  Fábio Mráz e Ygor Fiori. E Joca Andreazza conduz a leitura de O Novo Sistema, que tem Rodrigo Matheus, Pedro Nero, Vera Bonilha e Maciel Silva completando o elenco.

Escrita em 1968, As Aves da Noite é baseada na história real do padre franciscano Maximilian Kolbe, morto em 1941, no campo nazista de Auschwitz. Ele se apresentou voluntariamente para ocupar o lugar de um judeu pai de família sorteado para morrer no chamado “porão da fome” em represália à fuga de um prisioneiro. No porão da fome, a autora coloca em conflito os prisioneiros – o padre, o carcereiro, o poeta, o estudante, o joalheiro –, visitados pelo comandante da SS, pela mulher que limpa os fornos e por Hans, o ajudante da SS. O processo de beatificação do padre Maximilian Kolbe, iniciado em 1968, resulta na canonização em 1982, pelo papa João Paulo II. Hoje São Maximiliano é considerado padroeiro dos jornalistas e radialistas e protetor da liberdade de expressão.

O Novo Sistema, escrita em 1968, volta ao tema da privação da liberdade e da criatividade por regimes totalitários. O personagem central, o Menino prodígio em física, não se conformará com a execução dos dissidentes em praça pública nem com a opressão – desta vez exercida pela ciência – à evolução espiritual do indivíduo. Assim como em A Empresa, é evidente a afinidade com a literatura distópica de George Orwell e Aldous Huxley.

A estreia de 8X HILDA ocorreu no dia 7 de fevereiro e a programação segue até 31 de março. O projeto - idealizado por Fábio Hilst, também responsável pela curadoria - traz à cena as oito peças de Hilda Hilst, escritas entre os anos de 1967 e 1969. Já foram apresentados os textos A Empresa (A Possessa),  O Rato e o Muro, O Visitante e Auto da Barca de Camiri com direção respectiva de Flávia Couto, Kiko Rieser, Lavínia Pannunzio e Joca Andreazza. As próximas leituras referem-se às peças: As Aves da Noite (7/3 - Libras: 10/3), O Novo Sistema (14/3 - Libras: 17/3), O Verdugo (21/3 - Libras: 24/3) e A Morte do Patriarca (28/3 - Libras: 31/3).

8X HILDA propõe um jogo cênico virtual que celebra e explora a dramaturgia hilstiana, criada em pleno período da ditadura militar brasileira. Segundo o idealizador Fábio Hilst, “a dinâmica consiste no mergulho dos quatro atores/encenadores  no universo de Hilda, desvendando os textos - e subtextos - e os mais de 60 personagens da obra, para mostrar ao público o processo de estudo de uma peça e o início da construção de personagens e cenas”. A ideia de encenar o teatro completo de Hilda Hilst é uma iniciativa que Fábio, pela produtora Três no Tapa, já havia colocado em andamento, em 2020, com a montagem de
As Aves da Noite, cuja estreia foi adiada em decorrência da quarentena imposta pela pandemia do coronavírus.

 

A produção dramatúrgica de Hilda Hilst – concebida no momento em que o teatro e os artistas viviam sob a censura do regime militar - é considerada um ensaio para sua obra em prosa da década de 1970, mais livres nos artifícios da linguagem e nas tramas do cotidiano. Seus textos teatrais traduzem a atmosfera claustrofóbica de opressão e os questionamentos ao sistema, representado pela igreja, pelo Estado ou pela ciência. Os personagens, vítimas ou algozes, aparecem em situações limite, presos às estruturas que escravizam e alienam - celas, porões, colégios religiosos ou locais de julgamento e execução de prisioneiros. As máscaras sociais (juiz, carcereiro, monsenhor, papa, madre superiora) são arrancadas por Hilda, que mostra também personagens dotados de almas, tolhidas do seu verdadeiro voo.

FICHA TÉCNICA: Textos: Hilda Hilst. Curadoria / idealização: Fábio Hilst. Elenco / direção: Lavínia Pannunzio, Joca Andreazza, Flávia Couto e Kiko Rieser. Produção: Três no Tapa Produções Artísticas. Assistência de produção: Fernanda Lorenzoni. Técnico de transmissão: Gustavo Bricks e Henrique Fonseca. Design / gerenciamento de mídia: Ton Prado. Sinopses: Hilda Hilst - Teatro Completo (L&PM / Leusa Araujo). Realização: ProAC Expresso LAB, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. As leituras contam com participação de atores convidados, conforme a demanda de personagens de cada texto.

Ciclo de leituras: 8X HILDA
Quando: 7 de fevereiro a 28 de março/2021 - Domingos, às 18h
Com tradução em Libras (gravado): Quartas, às 20h
Texto: Auto da Barca de Camiri - 28/2 (com Libras: 3/3)
Texto: O Novo Sistema (14/3 - Libras: 17/3)
Onde: YouTube/CuradoriaHilst
Grátis. Duração estimada: 120 min. Classificação: 14 anos.

Hilda Hilst (1930-2004, Jaú/SP) – Hilda Hilst foi ficcionista, cronista, dramaturga e poeta, considerada uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX, com traduções em países como Itália, França, Portugal, Alemanha, Estados Unidos, Canadá e Argentina. Iniciou sua produção literária em São Paulo, com o livro de poemas Presságio (1950). Em 1965, mudou-se para Campinas e iniciou a construção de seu porto de criação literário, a Casa do Sol, espaço que a abrigou durante a realização de 80% de sua obra. Autora de linguagem inovadora, na qual atemporalidade, realidade e imaginação se fundem, a estreia de Hilda na dramaturgia foi em 1967 e, três anos depois, na ficção com Fluxo-floema. Em cerca de 50 anos, ela escreveu mais de 40 títulos, muitos com edições esgotadas, incluindo poesia, teatro e ficção, que lhe renderam prêmios literários importantes no Brasil. Em sua obra nos deparamos com a fragilidade humana que nos surpreende com personagens em profundos questionamentos na viagem de entender e descobrir o essencial. A partir dos anos 2000, a Globo Livros reeditou sua obra completa e, em 2016, os direitos de publicação foram para a Companhia das Letras. Mais recentemente, a L&PM Editores lançou em livro toda a sua dramaturgia. O acervo deixado pela escritora encontra-se na Sala de Memória Casa do Sol e no Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio da Unicamp.

Assessoria de imprensa: VERBENA COMUNICAÇÃO
Eliane Verbena / João Pedro
Tel: (11) 2548-8409 / 99373-0181- verbena@verbena.com.br

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