Foto de Rick Barnesk |
No dia 14 de julho, sexta-feira, a Companhia de Teatro Heliópolis apresenta o espetáculo CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos no Teatro Clara Nunes - Centro Cultural Diadema, às 20 horas, com ingressos gratuitos. E no dia 13/07, quarta-feira, o elenco da companhia ministra uma Oficina de Teatro, também gratuita, das 16h às 18h, no mesmo local.
Esta é a primeira de uma série de sete apresentações, integrando o projeto CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos – Circulação, contemplado pelo Edital nº 02/2022 do ProAC - Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.
Com encenação de Miguel Rocha e texto de Dione Carlos, a montagem aborda a forte presença feminina no contexto do cárcere. O enredo parte da história de duas irmãs gêmeas - Maria dos Prazeres e Maria das Dores - com vidas marcadas pelo encarceramento dos homens da família para apresentar as estratégias de sobrevivência, sobretudo, das mulheres em suas comunidades. Quanto ao título, a dramaturga explica que “faz referência às mulheres que transmutam as energias de violência e morte e reinventam realidades”.
CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, foi agraciado com os prêmios: APCA 2022 na categoria Dramaturgia, indicado também em Direção; Prêmio SHELL de Teatro 2022 nas categorias Dramaturgia e Música, indicado também em Direção; VI Prêmio Leda Maria Martins na categoria Ancestralidade; e ainda indicado pela Folha de S.Paulo como um dos Melhores Espetáculos de 2022.
A encenação de Miguel Rocha tem as mulheres - mães, esposas, companheiras, irmãs - no centro da abordagem. “São elas que carregam o fardo, que são acometidas pelos desdobramentos do encarceramento de seus parceiros ou familiares, tendo a vida emocional, a segurança física e a situação financeira abalada. A mulher se torna a força e o sustentáculo da família, e também daquele que está em situação de cárcere”, argumenta o encenador.
A história das duas irmãs é um disparador no enredo de CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos para revelar o quão difícil é se desvincular de uma estrutura tão complexa quanto o encarceramento. Enquanto a mãe enfrenta o sistema jurídico na tentativa de libertar o filho preso injustamente, lutando pela subsistência da família e do filho, sua irmã é refém do ex-companheiro, também encarcerado, a quem deve garantir suporte no presídio, sem direito a uma nova vida conjugal pelo risco de perder a própria vida. Presas a um histórico circular, pois também tiveram o pai preso, elas lutam para quebrar o ciclo em um percurso espinhoso.
A ancestralidade está presente na dramaturgia e permeia a encenação de forma arquetípica. O coro aparece tanto como uma representação da coletividade quanto um exercício da voz ancestral, cujos saberes resistiram à barbárie e atravessaram séculos nos corpos, nas memórias e nas crenças do(a)s africano(a)s que, escravizado(a)s, fizeram a travessia do Atlântico. Vale ressaltar que a maioria dos encarcerados é de ascendência negra, além de pobres e periféricos. “Nosso propósito é apresentar uma obra que trace o percurso dessas mulheres, pretas e pobres, cujo destino é atrelado ao cárcere, e refletir sobre a situação limite em que o condenado se insere, além de mostrar que o modelo prisional vigente é cruel, discriminatório e não presta à ressocialização”, argumenta o encenador.
Como é característico nas encenações da Companhia, o espetáculo explora as ações físicas para construir um discurso poético e expressionista das relações de poder e da situação de cárcere. A música ao vivo (violino, viola, cello e percussão) potencializa esse discurso nas cenas coreografadas que denunciam e evidenciam o cotidiano em questão. O futebol, a comida, as humilhações, a disciplina imposta são passagens que elucidam a ambiguidade da proposta do sistema para a reabilitação daquele que, supostamente, infringiu as regras da sociedade. O encenador explica que “a música e a coreografia têm a força de expor a concretude, a precariedade e a desestrutura do espaço onde o enredo se desenvolve”. O espaço cênico é neutro (predominando o cinza). Apenas alguns elementos cenográficos são contextualizados de forma poética, a exemplo das gaiolas que representam a prisão emocional e psicológica da mulher que sofre indiretamente as consequências do cárcere.
Essa montagem resultou do projeto CÁRCERE - Aprisionamento em Massa e Seus Desdobramentos, que comemorou os 20 anos da Companhia de Teatro Heliópolis, completados em 2020, viabilizado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo. A estreia foi em 12/3/2022, na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho, cumprindo temporada também no Sesc Belenzinho, além de participação em vários festivais, entre eles o Festival de Teatro de Curitiba.
FICHA TÉCNICA - Encenação: Miguel Rocha. Assistência de direção: Davi Guimarães. Texto: Dione Carlos. Elenco: Antônio
Valdevino, Dalma Régia, Danyel Freitas, Davi Guimarães, Jefferson Matias,
Jucimara Canteiro, Priscila Modesto e Walmir Bess. Direção musical:
Renato Navarro. Assistência de
direção musical: César Martini. Musicistas:
Alisson Amador (percussão), Amanda Abá (violoncelo), Denise Oliveira (violino)
e Jennifer Cardoso (viola). Cenografia:
Eliseu Weide. Iluminação: Miguel
Rocha e Toninho Rodrigues. Figurino:
Samara Costa. Assistência de figurino:
Clara Njambela. Costureira: Yaisa
Bispo. Operação de som: Lucas
Bressanin. Operação de luz: Nicholas
Matheus. Cenotecnia: Wanderley Silva.
Provocação vocal, arranjos e composição
da música do ‘manifesto das mulheres’: Bel Borges. Provocação vocal, orientação em atuação-musicalidade e arranjos -
percussão ‘chamado de Iansã’: Luciano Mendes de Jesus. Estudo da prática corporal e direção de movimento: Érika Moura. Provocação cênica: Bernadeth Alves,
Carminda Mendes André e Maria Fernanda Vomero. Comentadores: Bruno Paes Manso e Salloma Salomão. Mesas de debates: Juliana Borges, Preta
Ferreira, Roberto da Silva e Salloma Salomão - mediação de Maria Fernanda
Vomero. Orientação de dança afro:
Janete Santiago. Direção de produção:
Dalma Régia. Fotos: Rick Barneschi,
Tiggaz e Weslei Barba. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena.
Idealização e produção: Companhia de
Teatro Heliópolis.
Serviço
Espetáculo:
CÁRCERE
ou Porque as Mulheres Viram Búfalos
Com a Companhia de Teatro Heliópolis
Dia 14 de julho de
2023 – Sexta, às 20h
Ingressos:
Gratuitos - Retirar 1h antes no
local.
Duração:
120 min. Classificação: 12 anos. Gênero: Experimental.
Teatro Clara Nunes - Centro Cultural Diadema
Rua
Graciosa, 300 - Centro. Diadema/SP.
Tel: (11) 4056-3366. 377 lugares.
Facebook - @companhiadeteatro.heliopolis | Instagram - @ciadeteatroheliopolis
Informações à
imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
(11) 2548-38409 / 99373-0181 - verbena@verbena.com.br
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