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Luiz Campos - foto de Arô Ribeiro |
A Cia. Los Puercos reestreia o espetáculo Verme na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho (sede da Cia. de Teatro Heliópolis), no dia 7 de março, sexta, às 20h. A temporada segue até o dia 30 de março, às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h, com ingressos gratuitos.
Com direção de Nathalia Nigro, Verme é uma criação dramatúrgica assinada por Luiz Campos (um dos fundadores do
coletivo) e por Josemir Medeiros. A
montagem leva ao palco um relato documental de autoficção, baseado em
experiências de Campos durante os sete anos em que esteve no militarismo. O
enredo expõe as agressões, os traumas e as injustiças que presenciou e sofreu,
contrastando essas vivências com a pureza e a inocência de sua infância. Verme
traz uma ferida aberta, um desabafo necessário, um grito do autor que precisa
ser ouvido.
A
produção é assinada pela Cia. Los Puercos, conhecida pelo compromisso com o
teatro engajado e crítico realizado na capital. O elenco é composto por Clarice
Ambrozio, Eluane Fagundes, Giovanna Marcomini e Luiz
Campos.
A
montagem chega à cena em um momento propício, quando discutir o militarismo em
nossa sociedade é urgente. Verme é apresentado sob uma
perspectiva humana e crítica para provocar o expectador a refletir sobre os
mecanismos de formação e atuação dessas instituições e sobre a importância de
debater o assunto.
O enredo da autoficção se constrói como retalhos de memórias do autor que são alinhavados pelo jogo teatral. As passagens duras do treinamento militar, ornado não raramente pela humilhação, a brutalidade, a disciplina e a prática autoritária, contrastam com o sonho do menino que alimentava a visão fantasiosa do quartel, e queria ser soldado, afinal o avô e o irmão ostentavam a alcunha de serem militares. Os momentos lúdicos do garoto na escola, as brincadeiras com os amigos, as travessuras que quebravam a rotina da casa e da rua são respiros na encenação. As abordagens irregulares, a conivência ativa e passiva com práticas questionáveis, a autopunição imposta pela corporação e a obediência inconteste são fatos que Luiz Campos traz não apenas como forma de denúncia, mas ainda como artifício de libertação.
O Autor revela que a frustração o levou a procurar por uma outra paixão, o teatro, e o levou a abandonar a carreira. “Comecei a fazer faculdade de teatro enquanto ainda era soldado da PM, mas não revelava qual era a minha profissão, por vergonha”, confessa. Durante a pandemia, em uma oficina online com o diretor, ator e dramaturgo Nelson Baskerville, surgiu o desafio de criar uma encenação de autoficção para integrar uma mostra. “A carreira militar era uma ferida aberta que me fazia sofrer, não só pelo que vivi, mas também pelo que me calei. No teatro, eu me senti seguro e acolhido para revelar minha história. Foi libertador, foi a forma que encontrei para me perdoar. Também é um desabafo”.
Segundo a diretora Nathalia Nigro (que é a primeira mulher a assinar uma direção na Cia. Los Puercos), a encenação - concebida no formato de arena - lança mão de poucos elementos e objetos de cena para alternar os momentos de infância e de vida no quartel, como praticáveis, estruturas de ferro, fotos em painéis e tecidos. Depoimentos reais da mãe de Luiz Campos e de um ex-soldado compõem o espetáculo. “A iluminação pontua os momentos de aconchego e de rigidez. E o trabalho corporal elucida a força e o lúdico contidos no enredo”. O figurino básico lembra um uniforme, reportando à disciplina e à obediência. “Trabalhamos com cores básicas, o preto, o vermelho, o cinza e o verde-soldado para contar esta história, na qual a arte e o teatro têm papel de redenção do nosso autor/ator, finaliza a diretora.
A realização de Verme foi viabilizada pela 42ª Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, que prevê temporadas com entradas gratuitas e sessões com intérprete de Libras e audiodescrição.
Cia. Los Puercos
A Cia. Los Puercos foi criada, inicialmente, por alunos do Curso Livre de Teatro, na região da zona leste da cidade de São Paulo. De caráter profissional, naquele mesmo período, criaram o solo A Descoberta, selecionado em diversos festivais do Brasil, sendo indicado e premiado. Seu segundo espetáculo, foi o experimento As Mulheres do Guarda-chuva Perdidas Numa Noite Suja", ainda em 2015. Em 2017, o grupo montou A Oração, de Fernando Arrabal, que projetou a companhia no cenário paulistano, com temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade, apresentação no Teatro Municipal de Araxá (MG), no Teatro Guarany (Santos/SP), no FESCETE e no Teatro Sérgio Cardoso (Circuito de Teatro em Português). O apoio do autor, que liberou os direitos para a Los Puercos, foi fundamental nessa trajetória. Esse projeto também contou com apoio de nomes como Sérgio Mamberti e Gregório Duvivier.
Com o documento cênico Caecus (2018), a companhia festejou indicações e premiações em festivais de fora da capital; fez temporadas no Teatro de Contêiner, na Casa do Teatro Documentário e na SP Escola de Teatro. Em 2020, após interrupção da produção do espetáculo O Chão de Dentro É Minha Terra, devido à pandemia, o coletivo foi contemplado pela Lei Emergencial Aldir Blanc, estreando a peça em 2022, nos teatros Arthur Azevedo e Cacilda Becker, além de apresentações no Acampamento do MST “Marielle Vive” (Valinhos/SP), na Escola Nacional Florestan Fernandes (Guararema/SP), no V Festival Ocupacena (Cubatão/SP), na 11ª Mostra de Referências Teatrais (Suzano/SP), no 20º aniversário do acampamento Comuna da Terra Irmã Alberta e no 44º Festival Nacional de Teatro (Pindamonhangaba/SP, onde receberam o prêmio de melhor espetáculo). Em 2023, o espetáculo foi convidado para integrar a IV Feira Nacional da Reforma Agrária do MST e também a Jornada em Defesa da Reforma Agrária da Unicamp. O espetáculo Atual, Verme, é resultado de pesquisa criativa, viabilizada pela 42ª Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo.
Luiz Campos (autor/ator) - Luiz começou sua carreira artística em Santos, SP, com os movimentos de Teatro de Grupo. Atua na capital paulistana há mais de 12 anos, sendo um dos fundadores da Cia. Los Puercos. É doutor, mestre e graduado na área de Teatro. É autor dos livros Ghigonetto, Um Homem de Teatro e Grupo Decisão: O grupo político teatral paulistano que estava entre o Teatro de Arena e o Teatro Oficina. Entre atuação e direção teatral, soma mais de 40 espetáculos trabalhados.
Nathalia Nigro (diretora) - É atriz, diretora e arte-educadora formada em Licenciatura em Arte-Teatro, pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Possui experiência profissional em diversos espetáculos teatrais infantis e adultos, com destaque para produções da Cia. Los Puercos, que fundou junto com amigos, com a qual trabalha há mais de nove anos como atriz, assistente de direção e, agora, como diretora. Na área da educação, ministrou aulas de Artes, arte para vestibular e teatro para turmas do ensino fundamental e médio.
FICHA TÉCNICA - Texto: Luiz Campos e Josemir Medeiros. Direção: Nathalia Nigro. Elenco: Clarice Ambrozio, Eluane Fagundes, Giovanna Marcomini e Luiz Campos. Produção executiva: Manu Guizé. Assistência de direção: Clarice Ambrozio. Dramaturgia corporal: Giovanna Marcomini. Cenário e figurino: Eluane Fagundes. Concepção de iluminação: Plinio Flima. Assistência de iluminação: Jennifer Ramos. Concepção de som: Pedro das Oliveiras e Juan Luís. Provocação dramatúrgica: Nelson Baskerville e Alexandre Mate. Operação de som: Juan Luís. Operação de luz: Plinio Flima. Arte gráfica: Giovanna Marcomini. Fotos: Arô Ribeiro e Bob Sousa. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização, realização e produção: Cia. Los Puercos. Estreia oficial: 29/8/2024 (Teatro Arthur Azevedo). Projeto contemplado: 42ª Edição do Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.
Serviço
Espetáculo: Verme
Horários: Sexta e sábado, às 20h. Domingos, às 19h.
Duração: 70 minutos. Classificação: 16 anos. Gênero: Drama.
Sessões com intérprete de Libras: dias 07, 15, 16, 21, 29 e 30/03.
Sessão com audiodescrição: 29/03/2025
Casa de Teatro Maria José de Carvalho
Rua Silva Bueno,
1533, Ipiranga - SP/SP (próximo ao Metrô Sacomã).
Tel.: (11) 2060-0318. Capacidade: 60 lugares.
Sinopse: Relato autoficcional documental escrito por Luiz Campos em colaboração com Josemir Medeiros, que traz como forma de denúncia sua experiência de sete anos no militarismo, presenciando, sofrendo agressões e traumas. Verme é uma ferida em aberto, um desabafo, um grito que precisa ecoar.
Contatos: Site
- Cia. Los Puercos. Instagram - @cialospuercos
Informações à imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
Tel: (11) 99373-0181- verbena@verbena.com.br
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