Proponhomix é pop e minimalismo em harmonia
Catarinense radicado em São Paulo, Luiz Gayotto apresenta seu quarto CD solo, Proponhomix, produzido pelo guitarrista Estevan Sinkovitz e por Alfredo Bello (o DJ Tudo). O show de lançamento acontece dia 3 de maio (terça-feira), no Auditório do SESC Vila Mariana, às 20h30. No palco, Luiz Gayotto (voz, violão e percussão) é acompanhado por Estevan Sinkovitz (violão e guitarra), Ricardo Prado (baixo e teclados) e Guilherme Kastrup e Marcelo Effori (percussões e programações).
Além das composições do novo disco, Gayotto interpreta músicas de CDs anteriores, como Vazio e Medo. Outro destaque no show é o reencontro com Xarlô e Mafalda Pequenino, parceiros na fundação do grupo Makumbacyber, que fazem participação especial no espetáculo.
Em Proponhomix Gayotto foi fundo na busca pela sua própria estética musical, partindo de suas pesquisas para aliar à canção os elementos da percussão corporal e instrumental, a voz como instrumento (melódico e harmônico) e as possibilidades de edição da música eletrônica. “pode-se dizer que é o orgânico/acústico processado pelo eletrônico”. Define o músico, e completa: “Este disco representa tudo o que eu acredito na música, atualmente”.
O CD traz participação especial do pianista Marcelo Jeneci e de Ricardo Prado. No repertório, parcerias com poetas como o mineiro Flávio Boaventura e o paulista Luiz Pinheiro, além de Lúcia Romano, Kléber Albuquerque e Vanessa Bumagny.
A sonoridade transita entre o minimalismo e o pop. Há humor e intimismo, leveza e densidade. São propostas musicais ecléticas, mas com um acabamento sonoro bem definido. “São diferentes climas e possibilidades para uma canção”, explica o autor. “Em um trabalho artístico o que vale mesmo é a ideia. A função de todo artista é propor, gerar movimento, incomodar, fazer refletir. E, nesse sentido, acredito ter dado minha contribuição”, afirma.
Proponhomix é o CD mais autoral de Gayotto no quesito “sonoridade”, afinal ele é o principal instrumentista, seja no violão, percussão corporal e/ou instrumental, teclados ou vocais. Completamente diferente de seus discos anteriores, este CD é uma nova proposta que resulta da relação do artista com outras artes (cinema, teatro) e projetos artísticos. Sobre a parceria com Sinkovitz, ele diz: “o Estevan buscou retratar a minha linguagem no disco, então são poucos instrumentos e eu toco violão, percussão e canto em todas as faixas. A palavra que me vem à cabeça para justificar o resultado é ‘brincadeira’; eu queria que soasse criativo. Espero que tenhamos atingido o objetivo”, finaliza Luiz Gayotto.
O CD Proponhomix
A faixa Inventar (parceria com Flávio Boaventura) abre o CD com delicada sonoridade, nascida da química entre sintetizador moog, guitarra, violão e percussões inusitadas (frigideiras, vidros, gritos, shake vocal etc): eis o aceno sobre a viagem sonora proposta por Gayotto neste disco. Em outra parceria com Boaventura, Aventureiros, ele ousa repaginar a sonoridade dos anos 80 com seus teclados poly six e contagia com uma brega nostalgia à qual ninguém está imune, redimida pela forte poesia.
A terceira faixa, a romântica e suave Pra Quê (com letra de Luiz Pinheiro), traz Marcelo Jeneci em participação especial ao piano e percussões de Gayotto para questionar o fazer poético. Seguindo, Broto Bruto (também com Luiz Pinheiro), mistura vozes, instrumentos (destaque para a guitarra de Estevan Sinkovitz) e percussões corporais (chimbau de voz, bochecha) para incrementar a harmonia desta canção que beira a um desafio ou a uma oração.
A composição Canibal (parceria com Lúcia Romano) nasceu da trilha sonora que Gayotto fez para a peça Vem Vai – O Caminho dos Mortos (da Cia. Livre, dirigida por Cibele Forjaz). A letra fala de rituais indígenas onde os vivos comem partes dos corpos dos mortos para renascerem; a sonoridade sugere (com uma genial mistura de timbres) a loucura e a devoção acerca do tema. Chorocanto é um lamento, no qual várias vozes sobrepostas e o violão do autor-intérprete “reproduzem” o ato de chorar, cantando.
A sétima faixa é a bem humorada e ritmada Dê o Ar da Sua Graça (parceria com Kléber Albuquerque e Vanessa Bumagny): boa letra que faz um belo par com os vários sons explorados no instrumental. Elementos eletrônicos e percussivos são forte presença em, Mim, cuja letra brinca com a gramática: “pra mim compor uma canção pra ela” (...) e “mim não compõe”. Fechando o CD, Luiz Gayotto declara, ou seja, registra seu fascínio por aviões: Num Avião. Ele percebeu que o som das turbinas produzia uma série harmônica. É o que tenta passar para o ouvinte. A composição sugere um alçar vôo; pelo espaço ou pela obra do artista?
Série Lançamentos: Luiz Gayotto
Dia 3 de maio – terça-feira – às 20h30
SESC Vila Mariana (Auditório) - http://www.sescsp.org.br/
Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana/SP – Tel: (11) 5080-3000
Ingressos em todas as unidades do SESC: R$ 3,00 a R$ 12,00s).
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