O Teatro do Incêndio estreia, no dia
24 de fevereiro (sábado, às 20 horas), o espetáculo Rebelião - O Coro de Todos os Santos com texto e direção de Marcelo Marcus Fonseca.
No enredo, Artura (Gabriela
Morato), Cacimba (Elena Vago) e Jí (Francisco Silva) saem do interior do país
com o intuito de salvar o Brasil, devolvendo para Portugal símbolos da
colonização. Para cumprirem a missão eles enfrentam os terríveis
Arranca-línguas, figuras míticas que encontram durante a viagem.
Rebelião – O Coro de Todos
os Santos
é a segunda peça inédita do projeto A Gente Submersa, trabalho de pesquisa do
grupo sobre heranças e descaracterização da cultura e da sabedoria popular pelo
esquecimento das raízes que moldaram o brasileiro. O primeiro espetáculo,
homônimo, fez temporada com lotação esgotada, em
2017. A atual montagem segue no caminho da cultura brasileira. Trata da manifestação popular como revide contra seu
apagamento, como arma de guerra no combate à
intolerância religiosa, à infantilização cultural produzida atualmente e às
ingenuidades que aceitam lutas separadas e compartimentadas na sociedade
moderna.
Esta montagem fecha a trilogia
iniciada com O Santo Dialético, sobre a investigação e valorização da
formação do homem brasileiro, da raça brasileira. Para o autor/diretor Marcelo
Marcus Fonseca, “Rebelião - O Coro de Todos os Santos fala o
que as pessoas querem dizer e não podem. É a revolta de toda a raiz brasileira
que se levanta com direito a protestar contra tudo que não lhe representa nas
culturas oferecidas pela mídia”.
Protagonistas nas três montagens,
Gabriela Morato afirma que o trabalho vem sendo fundamental para sua formação
como cidadã e como artista. “A mulher é a própria terra, é a vida. Hoje ela
descobriu que pode mudar as coisas e que sua força inspira e transforma. Tive a
honra de viver nessa trilogia várias faces e idades da mulher brasileira”.
O projeto A gente Submersa foi
viabilizado pela 29ª Edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São
Paulo.
A
montagem
Com música executada ao vivo -
entre temas inéditos de Bisdré Santos e Marcelo Marcus Fonseca e peças de
compositores esquecidos do Séc. XVIII - a peça traz elementos da cultura
popular traduzidos de forma livre, de forma surrealista ou carnavalesca,
explorando a dialética nos motivos religiosos ou sociais que controlam a razão
do cidadão brasileiro contemporâneo.
A caminhada de Artura e Cacimba é
um levante com destino certo: o ponto exato onde pretendem devolver, para
reparo na Europa, um objeto da época da colonização portuguesa que, apesar da
boa intenção, trouxe desgraça ao ser usado com maus propósitos.
Acompanhadas por Ji (Francisco Silva), um corcunda que carrega o tal objeto como um estandarte, elas
pretendem formar um “exército de fodidos” (pessoas excluídas da sociedade) para
enfrentar os misteriosos Arranca-línguas, criaturas que propagam a miséria
social e humana por meio do controle da liberdade dos viventes.
Nesse tumultuado caminho
encontram João Batista, um ex-pescador sádico e assassino de Arranca-línguas -
interpretado pelo diretor Marcelo Marcus Fonseca que volta à cena depois de
três anos. Eles começam, então, a entender a extensão das barreiras, a
violência que precisam enfrentar para criar um mundo livre e delicado, para
chegar ao recomeço do Brasil. Juntam-se ao “exército” um índio filósofo e
alcoólatra (André Souza), um açougueiro negro monossilábico (Valcrez Siqueira)
e uma dançarina de prostíbulo (Lia Benacon) que teve o filho morto pelos
inimigos dos combatentes.
A cruzada de Artura, que está
grávida do boto, e de sua fiel companheira Cacimba remonta à jornada de Dom
Quixote (personagem de Miguel de Cervantes). O toque surrealista é um artifício
usado pelo diretor Marcelo Marcus Fonseca para jogar com a própria existência
moderna. Figura extraída do folclore, o Arranca-línguas pode se materializar em
forma de pastores alemães (cães ou pregadores?), de lixo cultural, de machismo,
de intolerância religiosa e social; de tudo que cerceia a livre expressão das
pessoas. “Onde tem Arranca-línguas tem ódio”, comenta o diretor.
Sobre seu personagem João
Batista, Fonseca conta que ele se tornou canibal de Arranca-línguas depois de
perder tudo. “Ele perdeu o lugar onde vivia para a devastação da floresta.
Perdeu a família, os bens e a dignidade para o fanatismo religioso de sua
mulher e sua filha. Por isso luta contra tudo que representa aquilo que está
programado para gostarmos ou fazermos”, finaliza.
Ficha
técnica
Texto e direção: Marcelo Marcus Fonseca
Figurinos: Gabriela Morato
Iluminação: Rodrigo Alves
Direção musical: Bisdré Santos, Erick Malccon e Marcelo Marcus
Fonseca
Preparação corporal e coreografias: Gabriela Morato
Operação de som: Ítalo Iago
Música ao vivo: Bisdré Santos, Erick Malccon, Yago Medeiros e
elenco.
Operação de luz: Jonathan Yuri e Bruno
Fotos: Giulia Martins e Ítalo Iago
Designer gráfico: Gustavo Oliveira
Adereços: André Souza e Gabriela Morato
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação
Produção e realização: Teatro do Incêndio
Elenco: Gabriela Morato, Elena Vago, Francisco Silva, Marcelo
Marcus Fonseca, Valcrez Siqueira, André Souza, Lia Benacon e Erick
Malccon.
Coro de guerra (jovens do projeto de vivência artística 2018): Ana
Beatriz do Araújo Borges, Bruno, Giulia Soares, Jonathan Yuri, Luiza Kehdi,
Murilo Rocha, Stela Coelho, Thays Ferreira, Thaina Muniz, Vallessa Fagundes e
Yago Medeiros.
Serviço
Espetáculo: Rebelião - O Coro de Todos os Santos
Estreia: 24 de fevereiro - Sábado, às 20h
Temporada: 24 de fevereiro a 24 de junho
Horários: sábados (às 20h) e domingos (às
19h)
Duração: 90 min. Gênero: Drama/teatro épico.
Classificação: 16 anos
Ingressos: Pague quanto puder
Capacidade: 95 lugares. Acessibilidade. Ar
condicionado.
Sinopse: Artura e Cacimba saem do
interior do país em direção ao mar com o intuito de salvar o Brasil, devolvendo
para Portugal símbolos da colonização. Para cumprirem a missão elas enfrentam
na viagem os terríveis Arranca-línguas que são figuras míticas.
Teatro do Incêndio
Rua Treze de Maio, 48 – Bela Vista – SP/SP
Tel: (11) 2609 3730 / 2609 8561
para quem gosta os coros são deliciosos de ouvir. Não aprecio, sinceramente.
ResponderExcluir.
*Nós dois ... um só coração *
.
Votos de um dia feliz
Caro Gil. Obrigada pelo comentário. No caso de Rebelião, o coro é no sentido de "voz", não necessariamente cantada. É teatro. Um abraço.
Excluir