Por Maria Lúcia Candeias
Que “Fogo Fátuo” é um texto
excelente não é novidade para ninguém, pois é assinado pelo premiado Samir
Yazbek (“O Fingidor” e “As Folhas de Cedro”). As novidades são a maneira extremamente
delicada com a qual ele lida com a consciência da constante mutação de nosso
tempo e a dificuldade com que até mesmo Mefisto lida com a questão. Outra
surpresa é que o autor interpreta sua própria obra ao lado do consagrado Hélio
Cícero (que palpitou também na dramaturgia) e se dá muito bem nessa estreia. Hélio
faz um Mefisto moderno, mas que parece uma visão, e não se tem certeza que é de
carne e osso. O diálogo entre eles é primoroso, nem uma palavra de sobra.
Todos esses acertos são mérito
inclusive da ótima direção do conhecido (nas áreas universitárias) Janô (Antônio
Januzelli) professor da São Judas e da USP que torna tudo isso muito singelo,
sem dramalhões. Muito comunicativo e impactante, a despeito da dificuldade do
tema. O visual da montagem agrada muito, obedecendo ao mesmo tom dos
interpretes: A discretíssima cenografia é de Laura Carone, os figurinos de
Telumi Hellen, a ótima trilha original é de Marcello Amalfi e a iluminação nota
dez é de Osvaldo Gazotti.
Quem gosta de teatro muito bom
não deve perder, lá no SESC Santana.
Maria Lúcia Candeias (Doutora
em teatro pela USP e Livre Docente pela UNICAMP
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