sexta-feira, 27 de abril de 2012

Crítica "Fogo-Fátuo - ATÉ O ESPETÁCULO É FLUIDO COMO O TEXTO


Por Maria Lúcia Candeias

Que “Fogo Fátuo” é um texto excelente não é novidade para ninguém, pois é assinado pelo premiado Samir Yazbek (“O Fingidor” e “As Folhas de Cedro”).  As novidades são a maneira extremamente delicada com a qual ele lida com a consciência da constante mutação de nosso tempo e a dificuldade com que até mesmo Mefisto lida com a questão. Outra surpresa é que o autor interpreta sua própria obra ao lado do consagrado Hélio Cícero (que palpitou também na dramaturgia) e se dá muito bem nessa estreia. Hélio faz um Mefisto moderno, mas que parece uma visão, e não se tem certeza que é de carne e osso. O diálogo entre eles é primoroso, nem uma palavra de sobra.

Todos esses acertos são mérito inclusive da ótima direção do conhecido (nas áreas universitárias) Janô (Antônio Januzelli) professor da São Judas e da USP que torna tudo isso muito singelo, sem dramalhões. Muito comunicativo e impactante, a despeito da dificuldade do tema. O visual da montagem agrada muito, obedecendo ao mesmo tom dos interpretes: A discretíssima cenografia é de Laura Carone, os figurinos de Telumi Hellen, a ótima trilha original é de Marcello Amalfi e a iluminação nota dez é de Osvaldo Gazotti.

Quem gosta de teatro muito bom não deve perder, lá no SESC Santana.

Maria Lúcia Candeias (Doutora em teatro pela USP e Livre Docente pela UNICAMP  


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