Quando Nietzsche Chorou Canakkale 1915
Em
agosto, o projeto Cineclube Araucária –
O Cinema de Volta a Campos do Jordão apresenta três mostras de
inquestionável relevância para o cinema mundial, além de quatro sessões (nos
dias 15 e 16/8) para alunos de escolas municipais com premiados curtas de
animação da série Juro Que Vi
(Folclore Brasileiro), de Humberto Avelar e Sérgio Glene. Todas as exibições
acontecem no Espaço Cultural Dr. Além,
com entrada franca.
Ainda
nos dias 15 e 16/8, acontece a 15ª
Mostra do Filme Livre em Campos do Jordão, iniciativa do Ministério da Cultura,
com a exibição dos filmes que entraram para o circuito Cineclubes Livres,
premiados pela Mostra em 2016. O Panorama do Cinema Turco ocorre entre 18 e 21/8 com exibição de longas-metragens
de Selim
Günes (Branco Como a Neve), Yesim
Sezgin (Canakkale 1915), Ahmet Ulukay
(Barcos de Casca de Melancia) e Semih
Kaplanoglu (Um Doce Olhar). E a
mostra Reflexos do Pensamento Filosófico
(de 25 a 28/8) traz reflexivas obras primas da sétima arte: A Batalha Pelo Império (de Mei Hu), Quando
Nietzsche Chorou (de Pinchas Perry), O
Destino (de Youssef Chahine) e Violette
(de Martin Provost), cujos personagens em foco são, respectivamente, Confúcio,
Friedrich Nietzsche, Averróes e Simone de Beauvoir.
Realizado
com o apoio do ProAC, o projeto Cineclube Araucária – O Cinema de Volta a
Campos do Jordão teve início em fevereiro e segue até novembro, promovendo um
total 20 mostras de cinema. A cada mês, além das tradicionais mostras
temáticas, um país diferente tem a sua filmografia exibida para o público
jordanense, entre eles: Brasil, França, Finlândia, Continente Africano e, os já
contemplados, Polônia, Irã, Índia, Argentina, China e Turquia.
A
programação de 2016 conta ainda uma série de Palestras e Seminários, visando à formação profissional de novos
cineastas, com produção de curtas-metragens que estarão na segunda edição do Festival Curta Campos do Jordão,
previsto para ocorrer em dezembro no Espaço Cultural Dr. Além. Outros destaques
são a realização do 6º Encontro
Cinemúsica de Campos do Jordão e da exposição Cinema Ilustrado: A Oitava Arte, realizados em julho, na sede da
AMECampos.
15ª Mostra do Filme
Livre em Campos do Jordão
A
Mostra do Filme Livre foi criada pelo Ministério da Cultura, em 2002, e é hoje
um importante evento na área do audiovisual brasileiro. Aberta a todo tipo de
produção, desde as mais elaboradas às mais experimentais, a mostra permite
reinventar-se a cada ano, alargando cada vez mais as possibilidades de criação
e inserção de novos realizadores no universo da produção cinematográfica e
buscando abrir espaço para a democratização do cinema pela seleção de filmes
com linguagens e narrativas originais, além de receber produções nos mais
diversos formatos, gêneros, durações e épocas, valorizando, assim, as obras
realizadas com ou sem apoio de qualquer natureza. Além de exibir, debater e
premiar os curtas livres que se destacam, a Mostra contribui para a difusão,
promovendo sessões em praticamente todo o território nacional. Desde 2006, são
realizadas sessões da Mostra do Filme Livre em Cineclubes. As primeiras
parcerias foram com os Cineclubes da cidade do Rio de Janeiro. Em 2011 essa
parceria chegou a sete estados o que levou à criação da ação Cineclubes Livres,
em 2014, quando os filmes selecionados foram levados para 17 estados. Em 2015,
alcançou-se a participação de 70 cineclubes, distribuídos em 60 cidades espalhadas
por 22 estados. Desde o ano passado, Campos do Jordão, por iniciativa do
Cineclube Araucária, passou a fazer parte do circuito.
Panorama do Cinema Turco
O cinema turco começou a se projetar para o mundo,
em 1914, com o documentário A Demolição
do Monumento Russo em St. Stephen, por Fuat Uzkinay, seguido de O Casamento de Himmet Aga, concluído em
1919. Nesse começo, os poucos filmes produzidos na Turquia eram rodados
paralelamente aos noticiários relacionados à Primeira Guerra Mundial. A
primeira empresa cinematográfica nacional estabeleceu-se em 1922 e se manteve
até 1950. Nesse período, a influência do teatro foi decisiva, tanto que o
dramaturgo Muhsin Ertugrul escreveu e dirigiu mais de 30 filmes, entre eles Camisa de Fogo (1923), que relata a
guerra de independência nacional, e A
Nação Está Acordando (1932). A partir da década de 60, tornou-se mais
cinematográfico, especialmente com os filmes de Lütfi Akad, chegando a uma
média de 60 títulos por ano. Nessa fase, o destaque é para Verão Seco, de Metin Erksan, focado na realidade rural, premiado no
Festival de Berlim em 1964 (primeiro filme turco a receber reconhecimento
internacional). Na década de 70, com a popularização da televisão, o prestigio
do cinema na Turquia sofreu forte declínio que só foi recuperado na década de
90 pelo trabalho de jovens cineastas que o colocaram definitivamente no
circuito mundial com temas psicológicos, sociais e sobre os direitos da mulher.
Com uma
história de pouco mais de 100 anos, o cinema turco produz em torno de 200
títulos por ano e tem sua produção reconhecida em festivais internacionais como
Berlim, Cannes e Veneza. Esse salto qualitativo se deve, principalmente, à
criação de cursos especializados em cinema e ao suporte do governo aos novos
projetos audiovisuais. Os diretores turcos mais reverenciados
internacionalmente são: Fatih Akin (As
Margens da Vida), Yilmaz Güney (Yol),
Nuri Bilge Ceylan (Distantes / Três Macacos); Semih Kaplanoglu (Um Doce Olhar), Ahmet Uluçay (Barcos de Casca de Melancia), Selim
Günes (Branco Como a Neve) e Yesin
Sezgin (Canakkale 1915), entre
outros.
Reflexos do
Pensamento Filosófico
Que
o Cinema, em seus 120 anos de existência, já tenha demonstrado ser uma poderosa
ferramenta para o desenvolvimento da capacidade de raciocínio de uma parcela
significativa da humanidade, não há a menor dúvida. A história da sétima arte
nos confirma essa premissa, pelo volume sempre crescente dos temas escancarados
nas telas de todo o mundo e das discussões trazidas à baila por escritores,
cineastas, roteiristas, contadores de histórias, produtores e técnicos
cinematográficos, que nos fazem refletir sobre a realidade vivida pelos
diferentes agrupamentos dos seres que disputam o espaço cada vez mais limitado
no universo em que vivemos. Para nos atualizarmos e ampliarmos a nossa
compreensão do pensamento humano, cabe a nós buscar imagens que nos induzam à
reflexão contínua, e não há melhores vias do que a literatura e o cinema que
sempre caminharam juntos, para a felicidade geral de quem ainda respira.
Segundo o filósofo Gilles Deleuze, o cinema pensa por meio de seus autores e
nos faz pensar por seu intermédio e com ele nos apropriamos de conhecimentos
que podem nos levar a rever conceitos. Justamente com a intenção de mergulhar
um pouco mais profundamente nessa dinâmica, o Cineclube Araucária propõe uma
seleção de filmes que nos coloca mais próximos do ambiente intelectual que
favoreceu as reflexões de figuras como Confúcio, Nietzsche, Averroes e Simone
de Beauvoir, além de proporcionar aos pequenos uma divertida viagem à central
criadora dos nossos pensamentos.
Programação - Agosto/2016
Especial Infantil
para Escolas Municipais
15 e 16 de agosto (segunda e terça, 9h
e 14h)
Juro Que Vi (Série Folclore
Brasileiro)
De
Humberto Avelar e Sérgio Glenes. Brasil. 2003 a 2009. 66’. Livre.
Descrição: Série de curtas-metragens
de animação que conta a história de personagens do folclore brasileiro como
Curupira, Saci, Iara, Boto e Matinta Perera. Os filmes da série receberam
prêmios em importantes festivais nacionais e internacionais como o Anima Mundi
e o Festival de Toronto no Canadá. Destinada às crianças das escolas municipais,
a mostra celebra o mês do folclore.
Mostra do Filme Livre
15 de agosto (segunda, 19h30)
Ruby - de Jorge Loureiro,
Guilherme Soster e Luciano Scherer. 17’. 2014. RS.
Subsolos - de Simone Cortezão.
33’. 2015. MG.
Carruagem Rajante - de Lívia de Paiva
e Jorge Polo. 22’. 2016. RJ.
Total:
72 minutos. 12 anos.
Descrição: Primeira parte da
seleção de filmes premiados pela curadoria da 15ª Mostra do Filme Livre – 2016,
realizada pelo Ministério da Cultura.
16 de agosto (terça, 19h30)
O Rosto da Mulher
Endividada
- de Renato Sircilli e Rodrigo Batista. 30’. 2015. SP
Outubro Acabou - de Karen Akermnan
e Miguel Seabra Lopes. 24’. 2015. RJ.
Monstro - de Breno Baptista.
20’. 2015. CE.
Total:
74 minutos. 16 anos.
Descrição: Segunda parte da
seleção de filmes premiados pela curadoria da 15ª Mostra do Filme Livre – 2016,
realizada pelo Ministério da Cultura.
Panorama do Cinema Turco
18/08 (quinta, 19h30) - Branco Como a Neve (Kar Beyaz). De
Selim Günes. Turquia. 2010. 82’. 10 anos.
Sinopse: Nas montanhas da
Turquia, Hasan, de nove anos, cuida de seus dois irmãos mais novos enquanto sua
mãe trabalha numa cidade distante. Com seu pai preso e a família passando por
dificuldades, ele ajuda na renda vendendo bebida para viajantes que passam pela
região. Em um dia de inverno, sob forte neve, Hasan faz uma longa viagem para
tentar vender bebidas, mas na volta, acaba se perdendo na floresta.
19/08 (sexta, 19h30) - Canakkale 1915 (Çanakkale 1915). De
Yesim Sezgin. Turquia. 2012. 100’. 12 anos.
Sinopse: Ao final da Guerra
do Balkãs, os otomanos sofreram uma grande derrota. Todos tiveram que deixar
suas casas e partir para Istambul ou para a Anatólia. Logo em seguida, o começo
da primeira guerra mundial dá origem à convocação dos jovens para o serviço militar.
Entre eles estão Veli e Mehmet Ali. Alinhados na 19ª divisão, lideram contra as
tropas britânicas uma das maiores lutas da História turca, provando ao mundo
que nenhum inimigo, nenhum exército e nenhuma arma é mais poderosa que o
patriotismo.
20/08 (sábado, 19h30) - Barcos de Casca de Melancia (Karpuz
Kabugundan Gemiler Yapmak). De Ahmet Ulukay. Turquia. 2004. 97’. Livre.
Sinopse: Dois adolescentes
vivem no interior da Turquia ganhando a vida em trabalhos temporários. Um como
aprendiz em uma barbearia e o outro vendendo melancias em um quiosque. À noite
eles tentam montar uma máquina de projetar filmes. A única pessoa que os apoia
nessa empreitada é um demente que perambula pela vila. Enquanto a ambiciosa
ideia de fazer cinema persegue um dos garotos, ele se apaixona e sua vida quase
toma outro rumo. O filme, inspirado na paixão do diretor pela sétima arte, foi
todo rodado no seu vilarejo natal, com pessoas da comunidade, o que torna a
história ainda mais verdadeira e interessante.
MATINÊ - 21/08 (domingo, 15h) - Sinbad: A Lenda dos Sete Mares (Sinbad:
The Legend of Seven Seas). De Patrick Gilmore e Tim Johnson. EUA. 2003. 86’.
Livre.
Sinopse: Sinbad, o
aventureiro famoso que cruzou os sete mares, passou a vida correndo riscos e
por fim encontra-se num perigo maior. Acusado de roubar o Livro da Paz, Sinbad
deve encontrá-lo e recuperá-lo se não quiser que matem o seu melhor amigo. Mas
Éris, a deusa da discórdia, coloca Sinbad em uma situação difícil: ele deve ir
até o Tártaro buscar o precioso artefato.
21/08 (domingo, 18h) - Um Doce Olhar (Bal). De Semih
Kaplanoglu. Turquia. 2010. 103’. Livre.
Sinopse: Yusuf é um garoto
turco que está aprendendo a ler e a escrever. Nas horas vagas ele ajuda o pai,
um apicultor que guarda as colmeias nos galhos mais altos de uma misteriosa
floresta. Até que um dia seu pai parte para um local mais distante, já que
perto de casa as abelhas repentinamente sumiram. A demora do pai em retornar
causa estranheza em Yusuf e sua mãe.
Reflexos do
Pensamento Filosófico
25/08 (quinta, 19h30) - A Batalha Pelo Império (Kong Zi). De
Mei Hu. China. 2010. 120’. 14 anos.
Sinopse: Confúcio é um
influente ministro que se destaca pela clareza de pensamento, prestígio e
autoridade em um dos impérios da China antiga. Mas, uma traição política coloca
o imperador contra Confúcio que é injustamente deposto e mandado para o exílio.
Desde então, a sua luta não só contribuirá para a unificação da China, como
mudará a história da humanidade.
26/08 (sexta, 19h30) - Quando Nietzsche Chorou (When Nietzsche
Wept). De Pinchas Perry. EUA. 2007. 104’. 14 anos.
Sinopse: A história de um
fictício encontro entre o filósofo alemão Friedrich Nietzsche e o médico Josef
Breuer, professor de Sigmund Freud, quando Nietzsche ainda era um pensador
desconhecido, pobre e com tendências suicidas. Breuer é procurado por uma amiga
de Nietzsche para que o médico o trate com a sua controversa terapia das
palavras.
27/08 (sábado, 19h30) - O Destino (Al-Massir). De Youssef
Chahine. Egito/França. 1997. 125’. 14 anos.
Sinopse: No século XII, em
Córdoba, o filósofo Averroes cria uma escola de Pensamento que até hoje
influencia todo o Ocidente. No entanto, o Califa Al-Mansur ordena que todos os
seus livros sejam queimados. Familiares e discípulos resolvem então copiar os
manuscritos e enviá-los para além das fronteiras do Islã. O longa não é apenas
um relato sobre a vida de Averroes. Com surpreendente coragem, Chahine faz uma
verdadeira sátira à intolerância e um manifesto à liberdade.
MATINÊ - 28/08 (domingo, 15h) - Divertida Mente (Inside Out). De Pete
Docter. EUA. 2015. 95’. Livre.
Sinopse: Riley é uma garota
de 11 anos que deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais
decidem se mudar para San Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem
várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojinho e a
Tristeza. A líder deles é Alegria, que se esforça bastante para fazer com que a
vida de Riley seja sempre feliz. Entretanto, nem sempre as coisas se passam
como ela gostaria.
28/06 (domingo, 18h) - Violette (Violette). De Martin Provost.
França. 2014. 126’. 14 anos.
Sinopse: Em Paris, nos
agitados anos entre as duas guerras, Violette Leduc encontra Simone de
Beauvoir. Entre elas, começa uma intensa amizade baseada na busca pela
liberdade e pela escrita por parte de Violette e na convicção de Simone de ter
nas mãos o destino de uma escritora muito além do comum. O filme coloca em destaque
o pensamento de uma época, quando os protagonistas do existencialismo sugerem
outros caminhos mentais e comportamentais.
Serviço
Projeto
Cineclube Araucária – O Cinema de Volta a Campos do Jordão
Local: Espaço Cultural Dr.
Além
Av. Dr.
Januário Miráglia, 1582, na Vila Abernéssia. Campos do Jordão/SP
Grátis. Informações: (12)
3664-2300
15 e 16/8 - Especial Infantil para Escolas Municipais
Segunda
e terça (às 9h e às 14h)
15 e 16/8 - 15ª Mostra do Filme Livre em Campos do Jordão
Segunda e terça (às 19h30)
18 a 21/8 - Panorama do Cinema Turco
Quinta a sábado (às 19h30) e domingo
(às 15h e às 18h)
25 a 28/8
- Reflexos do Pensamento Filosófico
Quinta a sábado (às 19h30) e domingo
(às 15h e às 18h)
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