No dia 24 de outubro (domingo, a partir das 13h), o Teatro do Incêndio promove a primeira Roda de Conversa de uma série de sete encontros com mestres da cultura popular, ligados ao carnaval e a construção da identidade cultural do bairro paulistano Bixiga.
As rodas são mensais, integrando o projeto Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina Cortada: Ave Bixiga! - contemplado pela 36ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura.
O tema que abre a série é Bateria. Com mediação de Fernando Szegeri (fundador da roda de samba do grupo Inimigos do Batente), os convidados do encontro são: Thiago Ferreira Praxedes (Mestre Thiago, ritmista, diretor de bateria e fundador do GRES Quilombo), Mestre Tadeu (diretor de bateria da Vai-Vai) e Bateria 013 (fundada em 13 de maio de 2016, que também treina novos ritmistas). A atividade acontece ao ar livre, na Rua 13 de Maio, nº 48, em frente à sede do Teatro do Incêndio.
O projeto Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina Cortada: Ave Bixiga! - iniciado em abril de 2021 com vivência artística para jovens, residência artística para coletivos teatrais e teatro para crianças e adolescentes - tem como principal atividade a montagem de um espetáculo sobre o Bixiga, que resultará de treinamento e pesquisa dramatúrgica, explorando a prática criativa do grupo, cuja estreia será em 2022. “A estética fica gasta. A linguagem de um grupo também precisa ser questionada constantemente. Assim, nos propusemos o desafio de nos reaprender”, diz Marcelo Marcus Fonseca, diretor e fundador do Teatro do Incêndio. “Na verdade será um espetáculo feito com o Bixiga e não sobre ele”, completa. Desde o início do projeto, o elenco vem participando de aulas de ritmo, trabalhando na formação de uma pequena e simbólica bateria de escola de samba para compor as sonoridades cênicas do espetáculo.
As Rodas de Conversa compreendem vidas que se manifestam no carnaval, artistas de tradição, cujas histórias servem de estímulo para parte importante da dramaturgia e de referencial para a atuação no novo espetáculo da companhia. A presença de mestres de velha guarda e de outros componentes de escolas de samba têm como valor agregador não somente histórias da cultura popular, mas principalmente a vida subterrânea que sustenta as manifestações. Entre os convidados estão expoentes vivos do samba paulista, mas também “pastoras” da velha guarda (na maioria mulheres com outras profissões), responsáveis por alas, trabalhadoras e trabalhadores da harmonia, porta-bandeira, passistas e ritmistas.
Esses encontros funcionam como vivências sobre resistência cultural popular ao confrontar o ontem e o hoje, o Brasil, o bairro e a cidade. Busca debater e orientar o processo, como fluxo e refluxo, sobre a questão da cultura e sabedoria popular diante da transformação social e habitacional. “Como toda ação de diálogo proposta pelo grupo, esses encontros sobre a riqueza inesgotável da raiz, da cultura e da vida brasileira, continuam na trilha da discussão sobre identidade e tensão de um povo em constante construção. Desta vez afunilando o tema para carnaval, cortejos, desfiles e variações do samba”, afirma Marcelo Marcus Fonseca.
Roda
de Conversa: Bateria
Projeto:
Sou Encruzilhada, Sou Porta de Entrada. Sou Correnteza da Vida, Esquina
Cortada: Ave Bixiga!
Mediação:
Fernando Szeger
Convidados:
Mestre Tadeu, Mestre Thiago e Bateria 013
Data:
24 de outubro de 2021. Domingo, a partir
das 13h
Local:
Teatro do Incêndio
Rua
13 de Maio, 48 - Bela Vista / Bixiga. São Paulo/SP.
Gratuito. Livre. Evento ao ar livre.
As próximas Rodas de Conversa acontecem em 21 de novembro, com o tema Porta Bandeira e Mestre Sala, e 19 de dezembro, com o tema Ala dos Compositores.
Os convidados
Fernando Szegeri - É fundador da roda
de samba do grupo Inimigos do Batente, com 22 anos de atividades ininterruptas.
Pesquisador, compositor e cantor, sempre buscou o contato com o samba genuíno.
A reverência à velha-guarda e a atenção à produção autoral é uma constante na
vida do artista que é também jornalista. Em mais de duas décadas seu grupo
realizou projetos de preservação da memória do samba na Barra Funda, Bom
Retiro, Vila Madalena e região da Luz, sempre prezando pelos rituais da roda e
pela valorização do sambista e do universo que origina esse canto do povo.
Entre os nomes recebidos pelos Inimigos do Batente estão Wilson Moreira,
Monarco, Moacyr Luz, Roberto Silva, Noca da Portela, Ideval, Zelão, Toniquinho
Batuqueiro, Germano Mathias e Osvaldinho da Cuíca.
Mestre Tadeu - No comando da bateria da Vai-Vai, desde o carnaval de 1973, está Antônio Carlos Tadeu, o Mestre Tadeu, considerado patrimônio vivo da escola e do carnaval paulistano. Chegou à Vai-Vai no final da década de 1960, vindo da Escola de Samba Lavapés, uma das mais antigas do de São Paulo, e pouco tempo depois assumiria o posto de mestre de bateria, onde permanece. Mestre Tadeu tem 16 títulos de campeão do carnaval, o primeiro como ritmista quando, em 1970, o Vai-Vai se consagraria campeão do grupo dos cordões, e os outros 15 como mestre de bateria da escola no grupo de elite. Participou de todos os títulos da história do Vai-Vai, depois que se tornou escola de samba em 1972, sendo o maior colecionador de títulos do carnaval. Tadeu também detém o recorde de mestre a mais tempo comandando uma mesma bateria na história do carnaval, tanto de São Paulo quanto do Rio de Janeiro. Das suas mãos e dessa bateria saíram vários diretores de bateria de São Paulo como Magui, Tornado, Negativo, Thiago Praxedes, Beto Repinique e outros.
Bateria 013 - Foi fundada no dia 13 de maio de 2016 pelos ritmistas Marcos Santos (Guinho), Paulo Rogério (Paulo África), Robson Luiz (Robinho), Anderson Jesus (Nikiba), Bruno Gomes, Bruno Nascimento, Gabriel Rodrigues, Luis Paulo (Kbraw), André Tavares (Dé), Adriano Tavares (Di), Richard Silveira, Claudio Costa e Ruben Abeijon (Rubinho), Adriano Borges (Fuco), Antonio Mori e Valmir Vicente (Gordo). O projeto nasceu da vontade de praticarem seu próprio batuque, seu próprio samba, quando estavam afastados da Escola de Samba Vai-Vai. Usando os próprios instrumentos, começaram a se encontrar aos domingos nos baixos do Viaduto Júlio de Mesquita (Rua Major Diogo), atraindo antigos ritmistas, que estavam sem tocar e viram nesses encontros uma maneira de fazer samba e encontrar amigos. Logo, a garotada passou a frequentar os encontros com desejo de aprender e participar, deixando nítido que o Bixiga precisava de uma escola de formação e reformulação de ritmistas. Com o aumento de participantes os fundadores começaram arrecadar instrumentos e peças de instrumentos (o Bloco Fuzuê e a Faculdade do Samba Barroca Zona Sul foram as primeiras entidades a doar com instrumentos), e as aulas começaram atraindo todas as faixas etárias do Bixiga. Já virou tradição. Todo domingo, às 14h, debaixo do mesmo viaduto, caixas, surdos, repiques, tamborins, chocalhos e agogôs ecoam o som da Bateria 013.
Informações à imprensa:
VERBENA Assessoria
Eliane Verbena / João Pedro
Tel: (11) 2548-8409 / 99373-0181- verbena@verbena.com.br
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