quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Integridade Garantida, peça de Alberto Santoz sobre violência urbana estreia no Cacilda Becker

Integridade Garantida, Jonnata Doll e Thauana Renardi (foto/Tarsila Coury)

A peça Integridade Garantida, texto inédito de Alberto Santoz, estreia no dia 5 de novembro no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo, onde cumpre temporada até 28 de novembro, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 19h. Os ingressos são gratuitos com distribuição 1 hora antes das sessões, mediante apresentação do comprovante de vacinação contra covid-19.

Integridade Garantida é uma montagem da NPC-Artes que apresenta uma tragédia brasileira sobre a dura realidade das chacinas em nosso País, propondo reflexão e debate sobre a violência urbana e sobre a questão das pessoas em situação de rua, principalmente da população infantil e adolescente em situação de risco. Em cena, os atores Arnaldo D’Ávila, Claudiane Carvalho, Jonnata Doll, João Angello, Marcelo Andrade, Marcelo Cozza, Silvia Pecegueiro, Thauana Renardi e Zé Carlos Freyria.

No enredo, o adolescente Jair, de 16 anos, enfrenta a fúria do pai Vicente, após ter sido obrigado a esconder drogas para um traficante, livrando-o de ser preso em uma batida policial na escola. O pai, além de não acreditar no filho, queima a droga e sente-se capaz de enfrentar os marginais com sua arma de fogo. O jovem então precisa enfrentar o trauma de ver o pai e a mãe mortos, restando-lhe somente a vida nas ruas. Vivendo na rua, ele escapa de uma chacina articulada para expulsar um grupo de pessoas que dormia na calçada de um restaurante, mas é perseguido pelo policial Antônio, contratado para a missão. Na fuga ele faz uma refém, Carmen, que é obrigada a escondê-lo em sua residência, levando a um trágico desfecho onde a vítima é sempre o mais fraco.

A dramaturgia rege-se pelo princípio da ação, da decisão de um personagem que desencadeia uma tragédia em torno dele próprio. A proposta de montagem traz em seu bojo o diálogo entre a arte do teatro e os problemas sociais contemporâneos, dando continuidade a uma linha de pesquisa artística, desenvolvida nos últimos anos pela companhia, sobre discriminação racial, violência urbana, pessoas em situação de rua e chacina de menores infratores. Para abordar as questões, o diretor propõe um caminho estético dialético e provocador, tanto do ponto de vista da encenação quanto do trabalho do ator.

Na encenação – fragmentada e não realista - o diretor Alberto Santoz lança mão de músicas e dos arquétipos da vida, da morte e do burlesco para comunicar o efetivo e esclarecedor, diante do jogo contraditório dos atos individuais, nos quais a dramaturgia incide, e para enfatizar a opressão, a dominação e a luta de classes. Esses arquétipos aparecem como figuras lúdicas em breves cenas que interligam os fatos, trazendo suavidade e leitura estética em contraponto ao peso da trama. “É comum ignorarmos a realidade dos jovens que vivem nas ruas, tornando-os criaturas invisíveis aos olhos da multidão e do poder público, ignorando o fato de que esta vulnerabilidade pode ser um sinal extremo de pedido de socorro. O propósito do espetáculo é desnudar o real por meio da fantasia”, comenta ao diretor.

A cenografia de Integridade Garantida é demarcada por portas e janelas, sem paredes, dividindo o palco em três espaços de tempo onde o enredo se desenvolve: a casa da refém, a casa dos pais do adolescente e os espaços públicos. O desenho de luz (de Arnaldo D'Ávila) colabora com a demarcação dos ambientes e elucida as transições de espaço-tempo, projetando sensações e criando climas, conforme a intensidade das cenas. Os figurinos são signos representativos de classes sem considerar a realidade cotidiana, acentuando nas cores, nos ornamentos e nos objetos cênicos para reforçar a dualidade opressor/oprimido. A trilha sonora foi pesquisada por Alberto Santoz, que criou letras para as versões das canções apresentadas.

Sobre o texto, o diretor argumenta que “os discursos sobre o armamento da população como forma de proteção vêm sendo difundidos com ênfase nos últimos anos, o que nos parece o caminho para uma tragédia anunciada. Mesmo com todas as informações contrárias, observamos que grande parte da sociedade apoia ações repressivas e elege políticos que têm como bandeira a violência para coibir crimes”. Integridade Garantida faz um alerta para a ausência de políticas públicas que protejam crianças e jovens em situação de risco, oferecendo educação e oportunidades para encontrar caminhos dignos de sobrevivência. E também alerta para a necessidade de reflexão sobre o crescimento da violência urbana e o extermínio de adolescentes. “Para a Cia. NPC-Artes é urgente expor a situação limite da prática repressiva em um Brasil que se opõe à legislação penal liberal e aos princípios constitucionais, impedindo a efetividade dos direitos humanos”, finaliza Alberto Santoz.

Esse espetáculo foi realizado com recursos da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, do Ministério do Turismo do Governo Federal, por meio de Edital da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, Prêmio Maria Alice Vergueiro.

FICHA TÉCNICA - Texto e direção: Alberto Santoz. Elenco: Arnaldo D’Ávila (policial Antônio), Claudiane Carvalho (Mãe e cantora cabaré), Jonnata Doll (Jair), João Angello (Vicente), Marcelo Andrade (ajudante de Antônio), Marcelo Cozza (comerciante Marcelo Ilha), Silvia Pecegueiro (Carmen), Thauana Renardi (moradora de rua) e Zé Carlos Freyria (traficante Djalma). Desenho de luz: Arnaldo D’Ávila. Cenografia, figurinos, visagismo e trilha sonora: Alberto Santoz. Produção executiva: Thauana Renardi. Direção de produção: Alberto Santoz e Silvia Pecegueiro. Fotografia e vídeo: Tarsila Coury. Arte gráfica: Erlon Junior - Viver Comunicação. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização e produção: Cia NPC-Artes. Realização: Governo Federal, Ministério do Turismo, Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo – Lei Aldir Blanc.

Serviço

Espetáculo: Integridade Garantida
Estreia: 5 de novembro – sexta, às 21h
Temporada: 5 a 28 de novembro. Sextas e sábados, às 21h | Domingos, às 19h.
Duração: 90 min. Classificação: 10 anos. Gênero: Drama.
Ingressos: Grátis – Retirar 1h antes das sessões, mediante apresentação do comprovante de vacinação contra covid-19. 

Teatro Cacilda Becker
Rua Tito, 295 - Lapa, São Paulo/SP

Tel: (11) 3864-4513. 198 lugares
Facebook: @TeatroCacildaBeckerSP | Instagram: @teatrocacildabecker

Alberto Santoz & Cia. NPC-Artes

Alberto Santoz é jornalista, dramaturgo, diretor de teatro e cinema e ator.  Participou de produções e de diversos cursos, workshops e palestras sobre teatro e dramaturgia com importantes nomes da cena teatral como Gerald Thomas, Jerzy Grotowski, José Celso Martinez Correia, Gabriel Vilela, Cacá Rosset e outros. Como ator, trabalhou em Boca de Ouro (de Nelson Rodrigues, direção de Armando Sergio da Silva, 1977), Galileu, Galilei (de Bertolt Brecht, direção de Armando Sergio da Silva, 1978), Eles Não Usam Black-Tie (de Gianfrancesco Guarnieri, direção de Mario Elias, 1981), O Avarento (de Moliére, 1987), Fred & Jack (de sua autoria, 1991), Kafka - O Julgamento (sua autoria, 1997) e outros. Como diretor, Para Acabar Com o Julgamento de Deus (inspirando na obra de Antonin Artaud, 1990), Labirinto Kafka (dança-teatro com Déborah Furquim, 1994), Você Nunca Viu Nada Igual e Demonstrativo para Simples Conferência (texto e direção, 2007, 2009, 2010) e Docka Rey (texto e direção, 2018), além de várias montagens com o Núcleo de Pesquisa Cênica, nas quais assina também o texto e a dramaturgia: Fred & Jack (1991 e 2000), A Maçã Mágica (1989), O Olho do Herege (inspirado na obra de Lord Byron, 1992), Dia Sim, Dia Não (1995 e 2002), Tirando o Pé da Lama (1997) e Kafka o Julgamento (1998). Seu currículo traz ainda a criação, produção e realização do 1º Festival Paulista de Jogos Teatrais com apoio do ProAC – LAB - Secretaria de Economia Criativa de São Paulo e Governo Federal. Fundou a NPC-Artes, em 1990, com a abertura da primeira sede à Rua 13 de Maio, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, onde permaneceu por cinco anos com apresentação de mais de 20 peças, entre outras atividades, e também iniciou uma linha de pesquisa que passou a centralizar os trabalhos do grupo. Há mais de 30 anos, a NPC-Artes vem se dedicando a projetos, produzindo e promovendo espetáculos de teatro e de dança, audiovisuais, exposições, mostras institucionais, cursos, seminários, debates, publicações e intercâmbios culturais.  

Informações à imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena / João Pedro
(11) 2548-38409 / 99373-0181 - verbena@verbena.com.br

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