quarta-feira, 20 de abril de 2022

Filhas da Dita leva ‘Canto das Ditas’ aos teatros Flávio Império e Alfredo Mesquita

Canto das Ditas (credito Areta Padma)

O espetáculo Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes, montagem do núcleo Filhas da Dita, tem apresentações gratuitas em teatro da zona leste e zona norte da capital paulista. Com direção e dramaturgia de Antonia Mattos, a montagem entrelaça a força ancestral de orixás femininas com a força de mulheres negras na construção do bairro Cidade Tiradentes.

No Teatro Flávio Império (ZL) as sessões ocorrem nos dias 29 e 30 de abril e 01, 05 e 06 de maio (sexta a domingo, quinta e sexta, às 18h). Já no Teatro Alfredo Mesquita (ZN) a encenação acontece nos dias 13, 14 e 15 de maio (sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h). Essas apresentações integram o projeto das Filhas da Dita, Insistência Periférica: Uma Possibilidade Teatral de Reparação História, contemplado pela 35ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

Para refletir sobre como a África se manifesta no dia a dia das moradoras de Cidade Tiradentes, as Filhas da Dita encararam o desafio de ‘afrografar’ o bairro - referência ao termo ‘afrografias’ da poetisa e ensaista Dra. Leda Maria Martins, que coloca em evidência e consciência a nossa herança africana. O trabalho do grupo mapeou esse legado ancestral por vários ângulos: ao próprio redor, junto a parentes, pessoas próximas e até mulheres desconhecidas que caminham pelo bairro.

A partir da investigação proposta, Canto das Ditas coloca em cena histórias de mulheres pretas de Cidade Tiradentes que se entrecruzam com histórias de Yabás (orixás femininas). A montagem busca o reflexo das histórias do cotidiano em um espelho ‘mítico’ das personagens sagradas. A diretora Antonia Mattos explica que os depoimentos colhidos pelo grupo aparecem no texto e na dramaturgia de forma não linear e fragmentada. “A narrativa é espiralada, pois procura se relacionar com um tempo mítico, da memória e da ancestralidade. As personagens reais correspondem, de forma arquetípica, às personagens míticas. Recorremos ao ‘espírito ancestral feminino’, às ‘grandes mães da humanidade’, às yabás para contar e cantar as histórias dessas mulheres, as Ditas, que fundaram Cidade Tiradentes”.

As atrizes que interpretam as quatro mulheres - Bendita/Nanã, Marta/Iemanjá Maria/Iansã, e Joana Nega Su/Obá - são Ellen Rio Branco, Lua Lucas, Luara Sanches e Thábata Letícia, respectivamente. Segundo Antonia, “a poética cênica é atravessada por elementos e saberes ancestrais, dentro de um tempo/espaço espiralado que aponta para as reminiscências de um passado sagrado, buscando fortalecer o presente e deslumbrar o futuro”. A origem da humanidade na África e a fundação de Cidade Tiradentes são contadas simultaneamente: o passado sagrado se revela no presente e no passado recente.

A origem do bairro passa pela força dessas mulheres negras que alí chegaram, se instalaram e fizeram a história local. E são delas as histórias contadas na encenação Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes, onde a música tem papel fundamental, trazendo a voz e o canto dessas mulheres em um cenário lúdico que se estabelece entre o ritual e o urbano contemporâneo. “Tempos e lugares diferentes mostram que, apesar de toda a repressão sofrida, as mulheres sempre se reuniram em grupos para buscar alternativas, para desafiar o sistema patriarcal e mudar sua condição, seja na sociedade secreta africana de Eleko, seja na Casa Anastácia (Centro de Defesa e Convivência da Mulher) em Cidade Tiradentes”, reflete Antonia Mattos.

FICHA TÉCNICA - Direção e dramaturgia: Antonia Mattos. Elenco: Ellen Rio Branco, Lua Lucas, Luara Sanches, Thábata Letícia e Cláudio Pavão. Direção musical: Jonathan Silva. Concepção de luz: Antonia Mattos e Fernando Alves. Cenário e figurino: Eliseu Weide. Contrarregra: Gley Santos. Fotógrafa: Sheila Signário. Assessoria de Imprensa: Verbena Comunicação. Produção executiva: Dandara Kuntê. Assistência de produção: Ariel Muniz. Idealização: Filhas da Dita.  Estreou: 12/07/2019. Realização: Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.

O grupo - Filhas da Dita nasceu em Cidade Tiradentes, em 2007, e vem mantendo contínuo processo de criação artística.  Em seu repertório estão os espetáculos: Os Tronconenses (2007), A Guerra (2013), Sonho de Tatiane - Uma Poética Sobre Juventudes (2017) e Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes (2019). Em 2015, brotou a faísca de um desejo: a construção do fazer artístico novo, mas que mantivesse a memória progenitora. “Afinal, se somos Filhas, nossas mães têm cara, voz e corpo nos nossos processos. Dessa constatação desembocam estudos aprofundados sobre a feminilidade e suas subjetividades com recorte de raça/etnia”, relatam as integrantes do grupo. Em sua montagem mais recente, Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes, buscam visibilizar narrativas que sempre foram e ainda são negligenciadas. Em 14 anos de trabalho é evidente o aprofundamento de uma prática artística com e no território, além da articulação em rede com outras coletividades periféricas.

Espetáculo: Canto das Ditas - Fragmentos Afrografados de Cidade Tiradentes
Com: Filhas da Dita
Gênero: Drama. Duração: 70 min. Classificação: 14 anos. Ingressos: Gratuitos.

29 e 30 de abril e 01, 05 e 06 de maio - Sexta a domingo | quinta e sexta – às 18h
Teatro Flávio Império
Rua Prof. Alves Pedroso, 600 - Cangaíba. SP/SP. Tel: (11) 2621-2719.
Acessibilidade: tradução em Libras e audiodescrição.

13 e 14 de Maio, às 21h e 15 de maio - Sexta e sábado, às 21h | Domingo, às 19h
Teatro Alfredo Mesquita
Av. Santos Dumont, 1770 - Santana. SP/SP. Tel: (11) 2221-3657.

 

Informações à imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
Tel: (11) 2548-8409 / 99373-0181- verbena@verbena.com.br

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