quarta-feira, 21 de março de 2012

SESC Santana apresenta “João Pacífico, o Poeta do Sertão”

Grupo de Teatro Pingo D’Água faz três únicas apresentações em São Paulo dias 13, 14 e 15 de abril, sob direção de Roberto Vignati que comemora 50 anos de carreira. O projeto tem apoio do Ministério da Cultura – PRONAC.

O SESC Santana apresenta o musical em dois atos João Pacífico, o Poeta do Sertão – do Grupo de Teatro Pingo D’Água, de Cordeirópolis, SP - nos dias 13, 14 e 15 de abril, sexta e sábado (às 21 horas) e domingo (às 18 horas). O diretor Roberto Vignati, que também assina o texto da montagem, está comemorando 50 anos de vida artística.

Vignati, premiado diretor nas décadas de 70, 80 e 90, ganhou destaque por trabalhos memoráveis como Bent, de Martin Sherman, Bella Ciao, de Luiz Alberto de Abreu, e Brincando em Cima Daquilo, de Dario Fo e Franca Rame, com Marília Pêra no elenco. Sua biografia registra direção de mais de 150 peças, além de novelas e seriados e passagens por todas as emissoras de televisão brasileiras.

João Pacífico, o Poeta do Sertão apresenta a vida e a obra (poética e musical) de um dos mais importantes ícones sertanejos, uma das figuras mais populares do cancioneiro brasileiro dos anos 50, 60 e 70 do século XX. João Pacífico é homenageado e celebrado neste musical, tendo como protagonista Célio Nascimento, além de outros 22 intérpretes, três músicos e cinco atores mirins. O elenco se reveza no palco, interpretando vários papéis e revivendo, com emoção e humor, as histórias que permearam a vida do compositor.

Os números musicais, executados ao vivo, revivem 28 das principais músicas deste que é considerado por muitos como o “Noel Rosa da música caipira” ou “Tom Jobim da música sertaneja“. O roteiro traz suas canções mais conhecidas e outras inéditas, que acabaram ganhando arranjos especiais para o espetáculo.

Paulista, João Pacífico nasceu em 1910, em Cordeirópolis, e morreu em 1989, em Guararema, totalmente esquecido. Sem conhecer partitura ou tocar qualquer instrumento, o compositor escreveu e musicou mais de 500 canções; cerca de 1.450 gravações de obras suas foram registradas por vários artistas.

Em cartaz desde 2006, o espetáculo chega à Capital depois de percorrer várias cidades do interior e ter sido apresentado no Rio de Janeiro, em Campo Grande e no Paraná. A montagem já recebeu 25 prêmios, entre eles o Prêmio Mapa Cultural do Estado de São Paulo, em 2008, e Célio Nascimento foi eleito o melhor ator, por quatro vezes, em festivais nacionais de teatro.

O enredo

O musical João Pacífico, o Poeta do Sertão narra fatos engraçados e emocionantes da história desse quase perdedor, nascido embaixo de um pé de café, filho de ex-escrava e de pai desconhecido. O público vai se emocionar com a trajetória de luta e perseverança de Pacífico, até ele atingir o sucesso e se transformar em um dos mais reverenciados nomes da nossa música de raiz.

Segundo Roberto Vignati, a peça não se prende a uma ordem cronológica rigorosa, acontece em vários planos e se passa na memória do protagonista, durante um programa de televisão popular com o título de Isto é a Sua Vida. “O principal objetivo do texto é colocar no palco o rico universo do criador da toada histórica”, comenta o diretor/autor.

A montagem retrata momentos como o seu primeiro trabalho como lavador de pratos nos trens da Cia. Paulista, sua passagem pela casa da irmã de Carlos Gomes, onde a mãe trabalhou como empregada, sua ida para São Paulo nas primeiras décadas do século passado, seu casamento com Deolinda, que lhe deu o filho Juca, e sua carreira de sucesso ao lado do parceiro, também compositor e cantor, Raul Torres.

“Quero que sua obra cheia de poesia e simplicidade, perpetue em nossos corações a urgente necessidade de convivermos mais com o belo, nesses amargos tempos em que estamos vivendo”. Finaliza o diretor Roberto Vignati

Dias 13 e 14 e 15 de abril
SESC Santana (Teatro)
Av. Luiz Dumont Villares, 579 – Santana/SP - Tel: (11) 2971-8700
Horários: sexta e sábado (às 21 horas) e domingo (às 18 horas)
Classificação etária: 12 anos. Duração: 2h30 (c/ intervalo de 15 min).
Ingressos: Grátis (em todas as unidades SESC e CineSESC, a partir de 14h do dia 30/3)
Acesso universal. Ar condicionado. Estacionamento por período: R$ 7,00 (desconto de 50% para matriculados no SESC). Site: www.sescsp.org.br.

Espetáculo: João Pacífico, o Poeta do Sertão
Com: Grupo de Teatro Pingo d’Água
Texto e direção geral: Roberto Vignati
Direção musical, arranjos e partituras: Emanuel Massaro
Figurinos e adereços: Vladimir Corrêa, a direção e o grupo
Criação de luz, efeitos sonoros e seleção musical: Roberto Vignati
Criação de vídeo: Danilo Fernandes
Apoio cultural: MinC - Ministério da Cultura - PRONAC

Elenco: Célio Nascimento (Pacífico mais velho), Erick de Souza (Pacífico adulto), Vinícius Vilela (Pacífico menino), Ana Magalhães (Apresentadora), Angelo Ferreira (Guilherme de Almeida e Freddy), Denise Silva (Nhá Domingas, Fã Dengosa, Musa e Maria Antônia), Pamela Rodrigues (Deda mais velha), Emilly Cavalcanti (Deda mais nova e Neta), Camila Hespanhol (Marta e Fã Maluca), Pietra Tomazela e/ou Bianca Baroza (Menina da “Cabocla Tereza”), Emanuel Massaro (Boiadeiro de Barretos), Débora Vidoretti (Cantora), Tatiane Merelles (Lua e Empregada), Sílvia Hespanhol (Fã cantora), Gabriela Gomes (Fã conhecedora), Zé Carlos (Paraguassu e Provocador de Barretos), Marcos Barrocas (Raul Torres e Delegado Nogueira) e Lucas Vieira (Policial)
Participações: Amanda Rosa, Bianca Barboza, Gabriela Gomes, Grace Kelly, Lorayne Larissa, Natália Lemos, Pietra Tomazela, Lucas Vieira e Zé Carlos.
Músicos: Emanuel Massaro (violão e viola caipira), Débora Vidoretti (violão e flauta e percussão) e Rui Kleiner (bandolim, escaleta e percussão).

Músicas

1º Ato: Mourão da Porteira, Seu João Nogueira, Chico Mulato, Pingo D’Água, Cobra Venenosa e Ranchinho Abandonado (todas parcerias de João Pacífico e Raul Torres), Pirangi (de J. Pacífico e Freddy Mogentale), Doce de Coco (J. P. e Jacob do Bandolim), Gostinho de Saudade (J. P. e Piraci), Tomando Quentão (J. P. e Arnaldo Meirelles), Goteira, Vai se Chamar Saudade, Doce de Cidra, No Banquinho, Distante, Belezas do Sertão, Minha Rua e Tapera Caída.
 
2º Ato: Viola Cor de Vinho (J. P. e Emanuel Massaro), Cabocla Tereza (J. P. e Raul Torres), Aiá, Cadê o Lírio?, Três Nascentes, História de um Prego, No Fim da Estrada, Vai se Chamar Saudade e Um Tal João.

João Pacífico

João Batista da Silva ficou conhecido como João Pacífico graças ao seu temperamento apaziguador, seu caráter íntegro e por compor músicas sobre as coisas simples da vida. Segundo Inezita Barroso, que conviveu musicalmente com ele durante várias décadas, “de tudo ele fazia música”. Muitos o chamavam de o “Noel Rosa da música caipira” ou “Tom Jobim da música sertaneja.” Ele representa a autêntica música sertaneja. Pacífico faleceu em 1998, aos 89 anos, em Guararema onde recebia ajuda de um casal de amigos.

Ele foi um homem simples, que nasceu de uma ex-escrava, embaixo de um pé de café numa fazenda em Cascalho, bairro de Cordeirópolis. Trabalhou lavando pratos nos trens da antiga Cia. Paulista, morou na casa da irmã de Carlos Gomes, em Campinas, onde sua mãe era empregada doméstica. Foi para São Paulo, casou-se com Deolinda e teve um filho, Juca.   

Passou por dificuldades e perseverou até ingressar nas rádios paulistas e gravar disco pela RCA, única gravadora da época. Viveu quase 90 anos, atravessou com sucesso os mais importantes movimentos musicais brasileiros, só perdendo força e caindo no esquecimento da mídia com a ascensão das duplas “sertanejas” atuais, trajadas de caipira americano.

João Pacífico compôs mais de 500 obras que receberam 1.450 gravações. Poeta de primeira qualidade foi elogiado por Guilherme de Almeida (o príncipe dos poetas brasileiros), Raul Torres (cantor e compositor), Paulo Vanzolini (compositor paulista), José Ramos Tinhorão (historiador), Samuel Kerr (maestro) e Renato Teixeira (cantor e compositor). Ainda continua sendo reverenciado por meio de “Cabocla Tereza”, música considerada como “o hino do cancioneiro sertanejo.”

Roberto Vignati – autor e diretor

Em 50 anos de carreira, o autor e diretor de João Pacífico, o Poeta do Sertão tem seu nome ligado a grandes sucessos no teatro e na televisão (novela Pai Herói, vários episódios do Sítio do Pica-pau Amarelo, na TV Globo, e Mundo da Lua, há 20 anos no ar na TV Cultura de São Paulo).

No teatro, acumula sucessos como Bent, de Martin Sherman (12 prêmios em 1981); Bella Ciao, de Luiz Alberto de Abreu (18 prêmios e único espetáculo brasileiro até hoje a ganhar da crítica especializada o Prêmio de Melhor Ator do Ano para todos os atores do elenco); Brincando em cima Daquilo, de Dario Fo e Franca Rame (que deu todos prêmios de melhor atriz de 1984 para Marília Pêra): Uma Rosa Para Hitler, em co-autoria com Greghi Filho, em 1994 (pelo qual Osmar Prado recebeu o prêmio de melhor ator e  Vignati de melhor diretor do ano); Rose, Rose, de Martin Sherman, indicação ao Prêmio Shell de melhor atriz de 2001, para Ana Lúcia Torre); João Pacífico, o Poeta do Sertão, de sua autoria que, desde 2006, recebeu 25 prêmios, incluindo o Mapa Cultural do Estado em 2008, e Célio Nascimento como melhor ator em vários festivais nacionais de teatro.

Das 150 peças que já dirigiu, lembra com carinho de A Casa de Bernarda Alba, de Garcia Lorca, que também traduziu e fez ótima carreira no Rio de Janeiro, tendo Maria Fernanda e Nicete Bruno à frente de um grande elenco; A Hora da Estrela, que adaptou da obra de Clarice Lispector e representou São Paulo no 5º Porto Alegre em Cena, onde obteve sucesso ao lado de 40 representantes de outros países.

Fora do eixo Rio-São Paulo, dirigiu em Curitiba, Porto Alegre, João Pessoa e Belo Horizonte. Nesta última cidade trabalhou, na sua opinião, com a ”maior atriz brasileira: Andréia Garavello, que dança, canta, é atriz cômica e trágica”. Com ela, dirigiu Um Casal Aberto (1988), de Dario Fo e Franca Rame, que ganhou vários prêmios e ficou mais de cinco anos em cartaz na capital mineira, além de fazer temporada em Portugal.  Há sete anos é o diretor do Grupo de Teatro Pingo D’Água, da cidade paulista de Cordeirópolis.

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