Produção esmerada da Barracão
Cultural está indicada ao Prêmio Shell de Teatro pela direção, cenário e música
e ao Prêmio CPT pela direção. Peça será apresentada na Mostra Oficial 2013 do Festival de Curitiba.
Depois de duas temporadas de sucesso
em 2012, o espetáculo Facas nas Galinhas volta ao cartaz
para uma breve temporada no Tucarena.
A reestreia acontece no dia 9 de março, sábado, às 21 horas. Com texto do
escocês David Harrower e direção de Francisco Medeiros, a montagem tem
elenco formado pelos atores Eloisa Elena,
Cláudio Queiroz e Thiago Andreuccetti.
Encenada em 25 países, Facas nas Galinhas é um texto poético e
simbólico sobre uma mulher jovem que se passa em uma aldeia, em um tempo
arcaico, não definido. Casada com um camponês rude e, talvez, adúltero, ela tem
um encontro com o odiado moleiro (dono do moinho) que a impulsiona no percurso
da descoberta de si mesma. Essa mulher perfaz uma trilha que a leva da
ignorância à consciência, do literal ao imaginário, da escravidão à libertação.
Segundo o diretor Francisco
Medeiros, “o percurso da personagem, num contexto cheio de intrigas e elementos
inusitados, é a construção de uma identidade, o desvendamento de um ser. É
conquista de uma individualidade”. Essa mulher apresentada por Harrower é o
arquétipo da mulher servil ao marido e que ainda não tem aflorado o exercício
da metáfora, do simbólico. De forma brilhante e singular o autor a conduz ao
encontro consigo mesma, como se fosse a construção de um ser.
Considerado por muitos um texto
difícil de encenar, Facas nas Galinhas
exige dos atores sua máxima potência cênica. Quanto a isto o diretor confessa:
“a peça é de uma simplicidade desconcertante, tão absurda que nos desafia na
visualização de uma encenação”. Ele ainda explica que a comunicação calcada na
simplicidade não é a mais fácil de encenar. “Esta ficção dramática é descamada
de truques, desprovida de efeitos e de golpes de teatro, mas tem fortes e
potentes ingredientes narrativos”. A direção não se desprende desta
simplicidade e explora a força das palavras e situações.“Nosso
propósito é evitar a ilustração, a redundância, e convocar o espectador para
ser parceiro ativo para que, só assim, a obra se complete.”
A solução cenográfica foi outro
desafio. Ela possibilita o jogo multifacetado proposto por Harrower, numa
cronologia não linear, e apela para a imaginação do espectador diante de uma
lógica bem particular. Nesta montagem brasileira o cenário (de Marco Lima) é abstrato e provocativo,
em combinação com a luz (de Marisa
Bentivegna), importante, inclusive, nas referencias de tempo e nos recortes
para criar múltiplos ambientes e atmosferas. No cenário, uma estrutura circular
(como a pedra de moinho, cercada por caminhos forrados por grãos, como o trigo
de que se faz a farinha) abre várias possibilidades para situar cada cena. E a
concretude desse cenário dá forma e magia a um campo, uma casa, um moinho...
A trilha (de Dr Morris) é um “complexo sonoplástico”, uma instalação sonora que
combina sons primitivos e naturais, em sua maioria executados ao vivo pelos
atores, propondo a harmonia entre o texto e natureza bucólica rural.
Eloisa Elena, atriz e diretora da
Barracão Cultural, conta que a “escolha por este texto foi quase sensorial”.
Procurava por um autor contemporâneo, leu a sinopse na Internet e descobriu que
uma amiga havia montado a peça, em Portugal. Entrou em contato com ela e envolveu-se
por este universo rústico, poético e transbordante de simplicidade. “O que mais
me atraiu foi essa possibilidade de poesia permanente, simples, que não aparece
à primeira vista e precisa ser descoberta.”
Sinopse
Um dia essa mulher sai da cabana e
vai levar o almoço para o marido no campo e, pela primeira vez, ela para por um
momento e tem sua primeira experiência de contato, de relação, com o mundo.
Passa a observar e refletir sobre os fenômenos e as coisas da natureza. Começa
aí sua transformação, seu despertar.
Sua relação com o moleiro se dá
quando o marido, ocupado com o parto de uma égua, incumbe-a de levar os grãos até
o moinho, dizendo que ela só precisa entregar os sacos, aguardar pela farinha e
odiar o moleiro. Mas ela encontra um homem que é o oposto do marido, que lhe
observa e oferece ajuda. Esse homem colabora para o seu despertar para a vida.
É ele quem lhe apresenta, por exemplo, uma caneta. Ela, até então, só usara o
giz e as palavras pronunciadas.
Com o desgaste da pedra do moinho a
população resolve levar uma pedra nova para agilizar o serviço, quando o
moleiro lhes oferece uma bebida. Isto resulta numa série de desdobramentos e
envolvimentos entre ele, a mulher e o marido. O desfecho se dá quando vão
guardar a pedra velha nos fundos da casa do moleiro e algo inesperado acontece.
Espetáculo:
Facas
nas Galinhas
Texto:
David Harrower Tradução: Fábio Ferretti
Direção: Francisco Medeiros
Elenco: Eloisa Elena, Cláudio Queiroz e Thiago Andreuccetti
Trilha sonora: Dr Morris
Cenário e figurino: Marco Lima
Iluminação: Marisa Bentivegna
Coordenação técnica: Maurício Mateus
Instalação sonora: Dr Morris e Maurício Mateus
Preparação corporal: Fabricio Licursi
Designer gráfico: Teresa Maita
Fotografias: João Caldas
Construção de cenário: Ono-Zone Estúdio
Costureira: Benedita Calixtro
Produção executiva: Geondes Antonio
Administração: Marina Porto
Realização: Barracão Cultural - www.barracaocultural.com.br
Temporada: 9 de março a 28 de abril
Não haverá espetáculo nos dias 30 e 31/3 (grupo estará no Festival de Curitiba)
Tucarena - http://www.teatrotuca.com.br
Rua Monte Alegre, 1024 (entrada pela Rua Bartira) – Perdizes/SP
Horários: sábados (às 21 horas) e domingos (às 19 horas) - Tel: (11) 3670-8455
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00). Bilheteria: terça a domingo (14h às 20h)
Gênero: Drama - Duração: 70 min - Classificação: 12 anos
Ingressos antecipados: www.ingressorapido.com.br e tel: (11) 4003-1212
Estacionamento: R. Monte Alegre, 835 (R$ 15,00).
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