O espetáculo, cuja música é assinada
por Jean Baptist Lully, tem inspiração na sedutora estética da commedia
dell’arte.
O NUO (Núcleo Universitário de Ópera), dirigido pelo maestro Paulo
Maron, reestreia o espetáculo O Burguês Nobre (Le Bourgeois Gentilhomme), de Molière, no dia 14 de março, sábado,
às 20 horas, no Espaço Núcleo. Com música composta
por Jean-Baptiste Lully,
a montagem é uma semi-ópera, peça de teatro cujos diálogos são intercalados
por música erudita
barroca e por dança.
O Burguês Nobre satiriza as tentativas
de ascendência social da classe burguesa, ridicularizando
tanto a classe média vulgar
e pretensiosa quanto a esnobe e vaidosa aristocracia. O título já é uma contradição,
pois na França de
Molière, um "gentilhomme" (cavalheiro) era, por
definição, um nascido nobre, sendo improvável existir um burguês de
caráter nobre. Este espetáculo foi encenado pela primeira vez, em 1670, diante
da corte do rei Luís XIV.
Na versão do NUO, tanto
os atores-cantores como os instrumentistas fazem parte da cena. A música é
cantada em francês (legendada) com os diálogos em português. Na concepção de
Paulo Maron, a encenação se aproxima da movimentação cênica da época em que a o
texto foi escrito (século XVII). “Buscamos inspiração na commedia dell’arte
para elucidar essa estética. Os figurinos também foram concebidos como esboços
das roupas da época e a iluminação foi condicionada a alguns espaços,
procurando reproduzir o clima da luz de velas”. Comenta o diretor.
Pioneiro no trabalho
operístico com jovens, oriundos das mais diversas faculdades e escolas de
música, o NUO é reconhecido pela interpretação e pelo
forte trabalho corporal. O trabalho de formação artística vai além da música.
Os jovens estudam interpretação e passam por preparação corporal para formar um
grupo atuante com performance totalmente particular. Anualmente, duas
montagens operísticas são realizadas com sucesso pela companhia.
Sinopse
A
peça se passa inteiramente na casa de Jourdain, um burguês de
meia idade cujo pai enriqueceu como comerciante de tecidos. Sua única meta é
ascender socialmente e ser aceito como um cavalheiro aristocrata. Para isso encomenda roupas
espalhafatosas, acreditando ser assim que um nobre se veste, e se empenha para
aprender tudo que um nobre supostamente saberia, contratando professores de dança, música, filosofia e esgrima, apesar de sua idade avançada. Em suas
tentativas, ele acaba sempre por fazer um papel ridículo, para desgosto de seus
professores.
A
Sra. Jourdain, sua esposa, vê a situação constrangedora do marido e lhe pede,
sem obter sucesso, que retorne à vida despretensiosa de classe média. Um nobre
aproveitador e sem dinheiro, chamado Dorante, associa-se a Jourdain, a quem odeia
secretamente e adula em público, estimulando seus sonhos aristocráticos para
conseguir que ele pague suas dívidas. Os sonhos de ascensão do protagonista
ficam cada vez maiores e ele deseja casar sua filha Lucille com um nobre, mas
ela está apaixonada por Cléonte, um rapaz de classe média. Proibido de se casar
com sua amada, Cléonte, com a ajuda de seu
criado Covielle, disfarça-se de filho do sultão da Turquia, apresenta-se
a Jourdain e lhe promete um título de nobreza. Envaidecido, consente o
casamento da filha com esse “monarca estrangeiro”.
Personagens / intérpretes
Monsieur Jourdain: Pedro Ometto (barítono). Madame Jourdain: Angélica
Menezes (mezzo). Cleonte: Caio Oliveira (tenor). Covielle: Luis Fidelis
(barítono). Lucille: Andrezza Reis (soprano). Dorimene: Isis Cunha (soprano).
Conde Dorante: Ricardo Moraes (tenor). Professor de esgrima: Rodrigo Theodoro
(baixo). Professor de dança: André Estevez (tenor). Professor de Filosofia:
Paulo Bezzule (tenor). E participação de Eliane Gama (Nicole), Wesley Fernandez
(Alfaiate), Paulo Maron (Professor de música) e Renata Matsuo (bailarina).
Espaço Núcleo
O Espaço Núcleo foi
inaugurado em novembro de 2014,
no Ipiranga. Em princípio, foi idealizado para abrigar as produções do
próprio Núcleo Universitário de Ópera (NUO), diante a necessidade de espaços
cênicos não convencionais para avançar com suas pesquisas e experimentos, mas o
espaço está apto a receber trabalhos de outros grupos, como concertos, recitais
e montagens de pequeno porte, além ensaios de espetáculos. “Identificamos que o
desejo de levar espetáculos para locais diferentes dos tradicionais,
especialmente no meio musical erudito, é um desejo compartilhado por muitos,
por isso o Espaço Núcleo está aberto a todos”, comenta o diretor Paulo Maron.
Mais de 600 mil reais foram investidos na construção da sede, soma advinda de
recursos próprios de integrantes do NUO, além de apoio conquistado por
financiamento coletivo (Catarse) feito pela Internet.
Ficha técnica
Espetáculo: O Burguês
Nobre
Autor: Molière e Lully
Direção geral: Paulo Maron
Com: NUO - Núcleo Universitário de Ópera
Fugurinos, cenário e luz: Paulo Maron
Preparação corporal: Marília Velardi
Coreografia: Wesley Fernandez
Músicos: Camerata do Núcleo Universitário de Ópera
Solistas e coro: Núcleo Universitário de Ópera
Realização: NUO - http://nucleodeopera.blogspot.com
Dias 14, 15, 21 e 22 de março
Sábado (às 20 horas) e domingo (às 18 horas)
Espaço Núcleo
Rua Belas Artes, 135. Ipiranga/SP (Metrô Alto do
Ipiranga). Tel: (11) 99571-2947
Ingresso (preço único): R$ 25,00. Bilheteria: 1h antes da sessão
(dinheiro e cheque).
Duração: 90 min.
Classificação etária: 12 anos. Capacidade: 100 lugares
Acesso universal. Ar
condicionado. www.facebook.com/nucleodeopera.
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