quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

NUO reestreia 'O Burguês Nobre' no Espaço Núcleo

O espetáculo, cuja música é assinada por Jean Baptist Lully, tem inspiração na sedutora estética da commedia dell’arte.

O NUO (Núcleo Universitário de Ópera), dirigido pelo maestro Paulo Maron, reestreia o espetáculo O Burguês Nobre (Le Bourgeois Gentilhomme), de Molière, no dia 14 de março, sábado, às 20 horas, no Espaço Núcleo. Com música composta por Jean-Baptiste Lully, a montagem é uma semi-ópera, peça de teatro cujos diálogos são intercalados por música erudita barroca e por dança.

O Burguês Nobre satiriza as tentativas de ascendência social da classe burguesa, ridicularizando tanto a classe média vulgar e pretensiosa quanto a esnobe e vaidosa aristocracia. O título já é uma contradição, pois na França de Molière, um "gentilhomme" (cavalheiro) era, por definição, um nascido nobre, sendo improvável existir um burguês de caráter nobre. Este espetáculo foi encenado pela primeira vez, em 1670, diante da corte do rei  Luís XIV.

Na versão do NUO, tanto os atores-cantores como os instrumentistas fazem parte da cena. A música é cantada em francês (legendada) com os diálogos em português. Na concepção de Paulo Maron, a encenação se aproxima da movimentação cênica da época em que a o texto foi escrito (século XVII). “Buscamos inspiração na commedia dell’arte para elucidar essa estética. Os figurinos também foram concebidos como esboços das roupas da época e a iluminação foi condicionada a alguns espaços, procurando reproduzir o clima da luz de velas”. Comenta o diretor.

Pioneiro no trabalho operístico com jovens, oriundos das mais diversas faculdades e escolas de música, o NUO é reconhecido pela interpretação e pelo forte trabalho corporal. O trabalho de formação artística vai além da música. Os jovens estudam interpretação e passam por preparação corporal para formar um grupo atuante com performance totalmente particular. Anualmente, duas montagens operísticas são realizadas com sucesso pela companhia.

Sinopse

A peça se passa inteiramente na casa de Jourdain, um burguês de meia idade cujo pai enriqueceu como comerciante de tecidos. Sua única meta é ascender socialmente e ser aceito como um cavalheiro aristocrata. Para isso encomenda roupas espalhafatosas, acreditando ser assim que um nobre se veste, e se empenha para aprender tudo que um nobre supostamente saberia, contratando professores de dança, música, filosofia e esgrima, apesar de sua idade avançada. Em suas tentativas, ele acaba sempre por fazer um papel ridículo, para desgosto de seus professores.

A Sra. Jourdain, sua esposa, vê a situação constrangedora do marido e lhe pede, sem obter sucesso, que retorne à vida despretensiosa de classe média. Um nobre aproveitador e sem dinheiro, chamado Dorante, associa-se a Jourdain, a quem odeia secretamente e adula em público, estimulando seus sonhos aristocráticos para conseguir que ele pague suas dívidas. Os sonhos de ascensão do protagonista ficam cada vez maiores e ele deseja casar sua filha Lucille com um nobre, mas ela está apaixonada por Cléonte, um rapaz de classe média. Proibido de se casar com sua amada, Cléonte, com a ajuda de seu criado Covielle, disfarça-se de filho do sultão da Turquia, apresenta-se a Jourdain e lhe promete um título de nobreza. Envaidecido, consente o casamento da filha com esse “monarca estrangeiro”.

Personagens / intérpretes

Monsieur Jourdain: Pedro Ometto (barítono). Madame Jourdain: Angélica Menezes (mezzo). Cleonte: Caio Oliveira (tenor). Covielle: Luis Fidelis (barítono). Lucille: Andrezza Reis (soprano). Dorimene: Isis Cunha (soprano). Conde Dorante: Ricardo Moraes (tenor). Professor de esgrima: Rodrigo Theodoro (baixo). Professor de dança: André Estevez (tenor). Professor de Filosofia: Paulo Bezzule (tenor). E participação de Eliane Gama (Nicole), Wesley Fernandez (Alfaiate), Paulo Maron (Professor de música) e Renata Matsuo (bailarina).

Espaço Núcleo

O Espaço Núcleo foi inaugurado em novembro de 2014, no Ipiranga. Em princípio, foi idealizado para abrigar as produções do próprio Núcleo Universitário de Ópera (NUO), diante a necessidade de espaços cênicos não convencionais para avançar com suas pesquisas e experimentos, mas o espaço está apto a receber trabalhos de outros grupos, como concertos, recitais e montagens de pequeno porte, além ensaios de espetáculos. “Identificamos que o desejo de levar espetáculos para locais diferentes dos tradicionais, especialmente no meio musical erudito, é um desejo compartilhado por muitos, por isso o Espaço Núcleo está aberto a todos”, comenta o diretor Paulo Maron. Mais de 600 mil reais foram investidos na construção da sede, soma advinda de recursos próprios de integrantes do NUO, além de apoio conquistado por financiamento coletivo (Catarse) feito pela Internet.

Ficha técnica

Espetáculo: O Burguês Nobre
Autor: Molière e Lully
Direção geral: Paulo Maron
Com: NUO - Núcleo Universitário de Ópera
Fugurinos, cenário e luz: Paulo Maron
Preparação corporal: Marília Velardi
Coreografia: Wesley Fernandez
Músicos: Camerata do Núcleo Universitário de Ópera
Solistas e coro: Núcleo Universitário de Ópera
Dias 14, 15, 21 e 22 de março
Sábado (às 20 horas) e domingo (às 18 horas)
Espaço Núcleo
Rua Belas Artes, 135. Ipiranga/SP (Metrô Alto do Ipiranga). Tel: (11) 99571-2947
Ingresso (preço único): R$ 25,00. Bilheteria: 1h antes da sessão (dinheiro e cheque).
Duração: 90 min. Classificação etária: 12 anos. Capacidade: 100 lugares
Acesso universal. Ar condicionado. www.facebook.com/nucleodeopera

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