foto de Cisco Vasque |
O Sesc Campo Limpo apresenta A
Casa Amarela – solo teatral com o ator Gero Camilo – nos dias
27 e 28 de fevereiro, sexta e sábado, às 20h30, com entrada franca. O
espetáculo, dirigido por Márcia Abujamra, é uma reflexão sobre o sonho
do pintor Vincent van Gogh (1853-1890) em fundar uma comunidade de artistas,
cuja casa foi inaugurada, tendo como companheiro de trabalho o também pintor
Paul Gauguin (1848-1903).
A peça
faz parte do projeto Solos e Monólogos, que tem como objetivo estimular
a discussão sobre os processos criativos neste tipo de montagem, com a proposta
de um bate-papo ao final de cada espetáculo.
Na encenação, Gero encarna os dois
artistas que juntos viveram uma das mais intensas e espantosas oportunidades
criativas da história. O ator conta que, em
dezembro de 2010, viajou para Amsterdam com o propósito de conhecer melhor essa
história, e revela: “o texto ficou pronto exatamente nesse período; a última
frase foi escrita com o táxi na porta, esperando para me conduzir ao aeroporto,
de volta ao Brasil".
O
texto de A Casa Amarela explora esse desejo de Van Gogh em reunir vários
e diferentes artistas, onde todos pudessem pintar, trocar ideias e informações,
compartilhar técnicas e inspirações e também dividir as despesas. Ele desejava
um lugar onde os pinceis dos artistas trabalhassem incessantemente, como armas,
testemunhando a necessária mudança dos tempos. Tinha um sonho revolucionário:
inaugurar um momento de inovação no olhar do homem.
A
casa foi inaugurada em 1888 por Vincent van Gogh, Em Arles, no sul da França, e
recebeu apenas um parceiro: Paul Gauguin. Na época, dois artistas ainda
desconhecidos, criadores de temperamento igualmente fortes que viveram uma das
mais polêmicas e tumultuadas relações da história da pintura moderna. Emile
Bernard também participou desse projeto, mesmo à distância, e outros ainda
fizeram parte deste pensamento colaborativo, embora nem soubessem (dos mais
jovens: Seurat, Signac, Henri de Toulouse-Lautrec, Charles Laval, aos mais
velhos: Monet, Renoir, Pissarro), pois discutiam constantemente, trocavam
olhares como fortes "pedreiros" da arte e punham tijolos amarelos na
construção de um castelo ou de uma fortaleza. Exatamente como foram aquelas
paredes d’A Casa Amarela nos meses de setembro a dezembro de 1888.
A Casa Amarela de Vincent van Gogh
Por
Márcia Abujamra
Tudo começa com um sonho. O sonho de criar uma comunidade de
artistas numa pequena cidade ensolarada no Sul da França, Arles, em 1888. A cidade era um lugar
que impressionava Vincent van Gogh pelas paisagens e cores, e a sua casa, A
Casa Amarela, era o lugar onde esperava que outros artistas fossem se juntar a
ele. Um lugar para pintarem juntos, diferentes no estilo individual, mas com um
objetivo comum, trocando ideias e comentando o trabalho uns dos outros, como
tantas vezes fizeram por carta Van Gogh, Emile Bernard e Paul Gauguin. Dos
artistas que deixara em Paris, Gauguin respondeu ao convite feito para lá se
instalar.
Na Provença, Vincent estava embrenhado em uma das mais
espantosas maratonas criativas da arte ocidental. Durante o ano e pouco que
passou em Arles, pintou perto de 200 quadros. Embora alguns deles tivessem sido
despachados para seu irmão Theo que vivia em Paris, a grande maioria continuava
ali, na Casa Amarela. Havia quadros por todos os lados – pregados diretamente
na parede, emoldurados e pendurados, arrumados em pilhas. Havia muita matéria
para conversa quando nasceu o sol no dia 23 de Outubro de 1888 na chegada de
Gauguin.
Foram nove semanas de convivência entre dois pintores que se
admiravam profundamente. Nove semanas de uma relação que estava longe de ser
pacífica, muito pelo contrário, suas discussões eram frequentes, os argumentos,
intermináveis. E no fundo pouco sabemos da revolução íntima e emocional pela
qual passaram os dois durante esse período. Vincent, na noite de 23 de dezembro
de 1888, cortou um pedaço de sua orelha esquerda e mandou a uma prostituta,
Rachel. Mistério ainda hoje não revelado. Quando isso acontece, Gauguin avisa
Theo por telegrama e volta imediatamente a Paris, sem ao menos visitar o amigo
no hospital. Foi o fim do sonho de Vincent van Gogh de criar uma comunidade de
artistas, de receber seus companheiros, pintores, na casa que ficava na Place
Lamartine nº 2, alugada a 15 francos por mês, pintada de amarelo que, para ele,
era a mais importante e simbólica das cores, mobiliada modestamente e para onde
se mudara apenas um mês antes da chegada de Gauguin: A Casa Amarela.
FICHA
TÉCNICA
Espetáculo:
A Casa Amarela
Texto e atuação: Gero Camilo
Direção: Márcia Abujamra
Cenário: Karina Ades
Figurino: Paula Cohen
Iluminação: Karine Spuri
Trilha
sonora: Eugênio La Salvia e Rubi
Preparação corporal: Cristiano
Karnas
Trilha sonora: Eugenio La Salvia e
Rubi
SERVIÇO
Dias 27 e 28 de fevereiro
Sexta e sábado, às 20h30
Grátis. Duração: 70 minutos.
Classificação: 14 anos
Sesc Campo Limpo
Horário da Unidade: Terça a sábado (13h
às 22h); domingos e feriados (11h às 20h)
Endereço: Rua Nossa Senhora do Bom
Conselho, 120.
Campo Limpo – São Paulo/SP. Tel.:
(11) 5510-2700
sescsp.org.br/campolimpo
facebook.com/sesccampolimpo |
twitter.com/sesccampolimpo
Nenhum comentário:
Postar um comentário