Foto de João Caldas |
Com texto e direção de Samir
Yazbek , o espetáculo "O
Fingidor" (Prêmio Shell 1999 de Melhor Autor), uma das mais festejadas
montagens da Companhia Teatral Arnesto
nos Convidou, reestreia no dia 7 de março, sábado, no Tucarena, às 21 horas.
Inspirado na vida e obra de Fernando
Pessoa, o espetáculo está comemorando 15 anos, juntamente com os 80 anos de morte do poeta. A temporada também
integra a programação de 50 anos do TUCA, festejados em
setembro.
A peça, que segue em cartaz até o dia
19 de abril (com exceção dos dias 27, 28 e 29 de março), é uma obra de ficção. “O Fingidor” apresenta o poeta em seus
últimos dias, quando se candidata disfarçado a uma vaga de datilógrafo, oferecida
por um crítico literário, profundo conhecedor de sua obra. Envolvendo
personagens reais e fictícios, inclusive os heterônimos de Pessoa, o espetáculo
traz uma visão bem-humorada sobre a poética do autor.
Este retorno ao palco traz parte do
elenco da montagem original, encabeçado por Helio Cicero que divide o palco com Daniela Duarte, Douglas
Simon, Fause Haten, Fernando Oliveira, Fernando Trauer, Gabriela
Flores, Luiz Eduardo Frin e Marcelo Cozza.
Esta é a sexta temporada de “O
Fingidor” em São Paulo, tendo ainda se apresentado com sucesso em Portugal (XXV FITEI ,
no Porto, e no I Encontro Luso-brasileiro de Cultura, em Serpa), além de outras
cidades brasileiras. O texto também foi adaptado para a televisão (Rede
Cultura, projeto “Direções”), publicado duas vezes em português e traduzido
para outros idiomas, como o francês e o espanhol. Para 2015, está previsto o
lançamento de uma nova edição de “O Fingidor", pela Editora Giostri, e está
em andamento um projeto de recriá-lo no cinema, pelo diretor Ugo Giorgetti.
A Companhia Teatral Arnesto nos
Convidou é responsável também pela
montagem de “As Folhas do Cedro” (Prêmio APCA 2010 de melhor autor), entre
outras, e já prepara a estreia de “Post Scriptum” (texto e direção de Samir Yazbek ) na Mostra
Oficial da próxima edição do Festival de Curitiba.
O enredo
Foto de Fernando Stankuns |
Segundo Samir Yazbek , "O Fingidor" não pretende ser
um recital de poesia, tampouco uma biografia teatralizada do poeta. A peça
serve-se da heteronímia, recurso por meio do qual Pessoa criava personalidades
literárias, para apresentar, em carne e osso, uma personagem que Pessoa nunca
imaginou: um “certo” Jorge Madeira (Helio Cicero).
No enredo,
Fernando Pessoa, vivendo seus últimos dias, disfarça-se como o datilógrafo
Madeira, para conhecer José Américo, o crítico literário que o admira e prepara
uma conferência sobre a sua obra. A partir daí, temos uma história com
muitas surpresas. As situações se desenrolam com personagens reais e fictícias,
tais como a governanta Amália, de quem Pessoa enamora-se, a irmã do poeta, o
editor de uma revista literária, um jovem estudante de literatura e os
principais heterônimos de Pessoa, resultando numa parábola sobre papel do artista
na sociedade moderna.
A montagem
A direção de Yazbek valoriza o trabalho
do elenco por meio da trajetória das personagens, investindo na comunicação com
o público, abarcando desde a comédia de costumes até o drama existencial,
revelando os aspectos mais sombrios da personalidade do poeta. Inspirada nas
múltiplas vozes de Pessoa, a encenação transita entre a realidade e a imaginação,
fazendo com que a crítica Mariângela Alves de Lima dissesse à época da estreia,
no jornal O Estado de São Paulo: “Samir Yazbek faz um espetáculo encantador pela simplicidade com que
trama o imaginário e o ‘real’”.
Dialoga com
essa concepção o cenário de Marisa Rebolo, formado por painéis deslizantes que,
conforme a condução do elenco, ora se apresentam de forma opaca, com os escritos de
Fernando Pessoa, compondo os ambientes realistas, ora de forma
transparente, revelando outros planos de ação.
O figurino
de Elena Toscano é inspirado na linguagem de época, mas, no caso dos
heterônimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis , aproxima-se do
expressionismo, traduzindo as contradições da poética de Pessoa. Em se tratando
do heterônimo vivo, Jorge Madeira, o figurino revela uma identidade farsesca,
remetendo a um referencial brasileiro de cultura popular. A sonoplastia de
Raul Teixeira e a iluminação de Celso Marques intensificam as ambigüidades
presentes na encenação.
Ficha técnica
Espetáculo: “O Fingidor”
Texto e direção: Samir
Yazbek
Elenco: Helio Cicero (Fernando Pessoa e Jorge Madeira), Daniela Duarte (Amália Conceição), Douglas Simon (José Américo), Fause Haten (Álvaro de Campos), Fernando Oliveira (Afonso Camargo), Fernando Trauer (Alberto Caeiro), Gabriela Flores (Henriqueta Madalena), Luiz Eduardo Frin (Ricardo Reis ) e Marcelo Cozza (Miguel Escudero).
Dramaturgismo: Maucir Campanholi
Direção original de movimento: Dani
Hu
Cenografia: Marisa Rebolo
Figurino: Elena Toscano
Concepção de luz original: Celso
Marques
Iluminação e operação de luz: Guilherme
Trindade
Sonoplastia: Raul Teixeira
Assistência de direção e operação de
som: Izabel Hart
Programação visual: Carlos Henrique Lopes
de Araújo
Assistência de produção: Marília Yazbek
Assistência de palco: Umberto Alves David
Produção executiva: Marcela Sanchez
Direção de produção: Silvia
Marcondes Machado
Administração: Mecenato Moderno
Apoio Cultural: Porto Seguro
Realização: Companhia Teatral
Arnesto nos Convidou
Site: www.arnesto.art.br
Facebook: facebook.com/arnestonosconvidou
Serviço
Reestreia: Dia 7 de março - sábado -
às 21h
Local: Tucarena - www.teatrotuca.com.br
Rua Monte Alegre,
1024 - Perdizes/SP (entrada pela R. Bartira). Tel: (11) 3670-8455
Temporada:
Sexta (às 21h30), sábado (às 21h) e domingo (às 19h) - Até 19/04/2015
Não haverá espetáculo nos dias 27, 28 e 29 de março.
Ingressos:
R$ 50,00; R$ 25,00 (meia); R$ 10,00 (estudantes,
professores e funcionários da PUC-SP). Antecipados: www.ingressorapido.com.br (4003-1212).
Grupos: (11) 5571-1407
Duração:
1h40. Gênero: Drama cômico. Classificação etária: 14 anos. 170 lugares.
Ar condicionado. Acesso universal. Estacionamento: R$ 14,00 (R. Monte Alegre, 835)
Histórico de “O Fingidor”
Desde a sua estreia, em 20 de agosto
de 1999, após cinco temporadas em
São Paulo (1999, 2002, 2006, 2009 e 2013), apresentando-se no
Rio de Janeiro (2002) e participando
do Porto Alegre em Cena (2007), “O Fingidor” acumulou uma série de distinções.
Em 1999, Samir Yazbek
recebeu o Prêmio Shell de melhor autor pela peça. Em 2002, o trabalho representou
o Brasil no XXV FITEI (Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica),
do Porto, em Portugal, e no I Encontro Luso-brasileiro de Cultura, em Serpa, Portugal. Em
2004, a
Editora Ática, por meio do PNBE (Programa Nacional de Biblioteca da Escola), do
Ministério da Educação, distribuiu a peça para 475 mil alunos da rede pública
de ensino. Em 2005 o texto foi traduzido para o francês, teve leitura dramática
no XX Festival de Cádiz, na Espanha, e foi montado por diversos grupos em estados
brasileiros como Amazonas, Ceará, Curitiba etc. Em dezembro de 2005, em sua
edição de número 100, a
Revista Bravo! colocou “O Fingidor” em 16º lugar, entre os 100 melhores
espetáculos de teatro e dança dos últimos oito anos. Em 2006, o Banco Santander
Banespa patrocinou uma temporada da peça em homenagem aos 70 anos de morte de
Fernando Pessoa, no Teatro TUCA. No mesmo ano, a Imprensa Oficial do Estado de
São Paulo lançou pela Coleção Aplauso, além de “O Fingidor”, outros dois textos
premiados do autor: “A Terra Prometida” e “A Entrevista”. Em 2008, Samir Yazbek adaptou “O
Fingidor” para a televisão, com o mesmo elenco da temporada anterior, no
programa “Direções”, uma parceria da TV Cultura com o SESC TV. Em 2009, “O
Fingidor” realizou temporada comemorativa dos dez anos, novamente no Teatro
TUCA. Em 2013, o espetáculo integrou a programação do projeto “Imersão Samir Yazbek ”, realizado
pelo Sesc São Paulo, abarcando o repertório da Companhia Teatral Arnesto nos
Convidou, leituras dramáticas de outros textos do autor, além de workshops de
dramaturgia e interpretação. Nos últimos anos, a peça foi publicada pela
revista cubana Conjunto, da Casa de Las Américas, além da editora mexicana
Libros de Godot, com mais três obras destacadas do autor.
Fortuna crítica de “O Fingidor”
O autor desvenda o íntimo de Fernando Pessoa nessas cenas
divertidas, bem-humoradas e que conseguem atingir, plenamente, o objetivo de
revelar as outras facetas de sua personalidade. (...) E é esse Fernando Pessoa humanizado
pelas suas próprias ações, e não apenas pela sua poesia ou pelos seus textos,
que emerge em ‘O Fingidor’ e encanta o público. Aguinaldo
Ribeiro da Cunha (Diário de São Paulo)
*
Escolha que promete dar dor de cabeça ao júri é a da
categoria autor com Samir
Yazbek pelo ótimo texto de ‘O Fingidor’, cuja montagem
mereceria voltar ao cartaz. (...) O autor constrói sua peça sobre a relação
fictícia entre o poeta Fernando Pessoa, um renomado crítico teatral e sua
empregada, num espetáculo que nada tem de recital, mas provoca uma interessante
discussão sobre o sentido da criação artística. Beth
Néspoli (Estadão)
*
Um momento de poesia e raro refinamento no teatro. Carmelinda Guimarães (A Tribuna de Santos)
*
Texto e direção são originais, ao apresentar um poeta
realmente fingidor, o que é narrado de modo intenso pelo elenco. Jefferson Del Rios (Revista Bravo!)
*
*
’O Fingidor’ contempla o exemplo de ética que pautou a
existência e a carreira de Fernando Pessoa, perseguidor incondicional das mais
recônditas essências do ser humano. E o espetáculo procura fazer o mesmo,
reservando fortes emoções sem jamais desbotar o lirismo. (...) Deliciosa e
instigante ficção sobre Fernando Pessoa. Valmir Santos (Diário de Mogi)
O resultado é cuidadoso e transbordante de admiração e
carinho. Bárbara Heliodora (O Globo / RJ)
*
O achado permite o estabelecimento de uma curiosa relação,
assim como o texto faculta à platéia uma visão abrangente da personalidade do
poeta. Lionel Fischer (Tribuna da Imprensa /
RJ)
*
O texto poderia incorrer no reducionismo do recital poético,
caso Samir Yazbek
não o ampliasse até o plano de um texto teatral que o transforma em biógrafo de
sua poética. Macksen Luiz (Jornal do Brasil / RJ)
Em termos gerais, a encenação de Samir Yazbek recupera de
forma interessante a complexidade interior de Pessoa, através da utilização de
diálogos labirínticos entre o poeta e os heterônimos Ricardo Reis , Álvaro de
Campos e Alberto Caeiro (presenças constantes e geradoras de uma tensão
dramática de agonia, volúvel e mortal) e brilha pelas excelentes interpretações
de Helio Cicero, Douglas Simon e Denise Coutourké. Anastácio Neto (O Comércio / Portugal)
*
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