Fotos de Gustavo Guimarães Gonçalves |
A Companhia
de Teatro Heliópolis estreia o espetáculo Medo no dia 12 de
março, sábado, na Casa de Teatro
Maria José de Carvalho, às 20 horas. A encenação, que fala de medo, baseia-se nos atentados de 2006 da cidade de São
Paulo e traz consigo a memória de mulheres que perderam seus filhos, usando a carga semântica do casarão
de três níveis, que é a sede da companhia, no
bairro do Ipiranga.
Com direção e concepção de Miguel Rocha e texto de Gustavo Guimarães Gonçalves, a montagem conduz o
espectador por diferentes espaços físicos e
sensoriais, pela casa onde viveu a pianista, cantora e ativista cultural Maria
José de Carvalho. Envolvidos por uma atmosfera nebulosa, onde nada se revela
totalmente, o público (de no máximo 15 pessoas) acompanha a encenação de oito
atores ao mesmo tempo em que seus sentidos são estimulados pelas instalações e
sensações provocadas pela escuridão ou pelas luzes, pelas cores, pelos sons ou
pelo silêncio.
O diretor explica que os fragmentos das memórias ocorrem em tempos
diferentes, mas caminham paralelamente possibilitando que os tempos (passado,
presente e futuro) sejam apresentados de forma nebulosa como costuma ser nossas
lembranças. A encenação de Miguel Rocha mergulha com lirismo na subjetividade
de fatos que deixaram marcas e que retornam com frequência de formas
diferentes. “Abordamos o efeito do medo que nos torna refém de uma situação, de
uma lembrança. E quando tratamos do medo da violência esse efeito fica ainda
mais latente, pois nos grandes centros estamos sempre expostos a situações de
risco.” comenta.
Para criar
um ambiente consonante com o medo presente na peça e que ressoe nos espaços da
Casa, a companhia desenvolveu ambientes em tons de preto e cinza,
e uma iluminação em tonalidades claras e escuras, para remeter ao estado de
penumbra, explorando as possibilidades de sombras, vulto e becos.
Ficha técnica
Concepção e encenação: Miguel Rocha
Texto: Gustavo Guimarães Gonçalves
Elenco: Alex Mendes, Dalma Régia, Francyne
Teixeira, Gustavo Rocha, Janete Rodrigues, Klaviany Costa, Lucas Ramos e Walmir
Bess.
Instalação cênica: Samara Costa e Pinturas de
Isabelle Benard
Figurino: Samara Costa
Iluminação: Toninho Rodrigues, Rodrigo Alves
e Miguel Rocha
Sonoplastia: Giovani
Breissanin
Sonorização: Giovani Breissanin e Lucas Breissanin
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Designer gráfico: Camila Teixeira
Realização: Companhia de Teatro Heliópolis
Serviço
Espetáculo: Medo
Estreia: 12 de março. Sábados, às 20h
Casa de Teatro Maria José de Carvalho
Endereço: Rua Silva Bueno, nº 1533,
Ipiranga/SP. Tel: (11) 2060-0318
Temporada: 12 de março a 8 de maio
Horário: sábados e domingos, às 20h
Duração: 70 minutos. Gênero: drama. Classificação: 14 anos
Capacidade: 15 pessoas. Aceita somente dinheiro. Não possui
acessibilidade.
Companhia
de Teatro Heliópolis
A Companhia de Teatro Heliópolis surgiu no
ano 2000, reunindo jovens da comunidade, sob direção de Miguel Rocha com o
objetivo de montar o espetáculo A Queda para o Alto, baseado no romance
homônimo de Sandra Mara Herzer. Entre a primeira peça e os trabalhos mais
recentes, foram 16 anos de conquistas, dificuldades e aprendizados. "O
teatro que optamos fazer está em sintonia com nossas vidas, em profunda conexão
com elas", afirma o diretor.
A
companhia já realizou sete espetáculos, todos criados em diálogo com os anseios
e as vivências que permeiam a realidade de Heliópolis. Depois de A Queda
Para o Alto, vieram as peças Coração de Vidro (2004) e Os Meninos
do Brasil (2007). Entre 2008 e 2009, com o patrocínio da Petrobras,
foi iniciado o Projeto Arte e Cidadania em Heliópolis, visando o aprimoramento
artístico dos jovens atores, que se constituiu de quatro fases (formação,
pesquisa, criação e apresentação), com encontros diários e aulas dadas por
profissionais convidados. O projeto teve três módulos e cada um resultou em um
espetáculo: O Dia em que Túlio Descobriu a África (2009);
Nordeste/Heliópolis/Brasil – Primeiro Ato (indicado ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2011,
categoria Grupo Revelação) e Um Lugar ao Sol (indicado ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2013, categoria Grupo Revelação, e
Prêmio de 3º Melhor Espetáculo e Melhor
Atriz no IX Festival Nacional de Limeira).
Com
a remontagem do espetáculo O Dia em que Túlio Descobriu a África
ganhou o Prêmio Cooperativa
Paulista de Teatro 2012 na categoria Ocupação de Espaço. Passaram pelo
processo nomes como Silvana Abreu, Paulo Fabiano, Raquel Ornellas e Marcelo
Lazzarato, entre outros. Nesse período, a companhia também montou a peça Eu
Quero Sexo... Será que Vai Rolar? (2010).
Depois de várias formações, a Companhia de
Teatro Heliópolis tem núcleo central constituído por Dalma Régia, David
Guimarães, Donizete Bomfim e Klaviany Costa, além do diretor Miguel Rocha,
todos moradores da comunidade. Desde 2010, a trupe ocupa sede própria: a Casa
de Teatro Maria José de Carvalho, um imóvel cedido pela Secretaria Estadual de
Cultura e situado no Ipiranga, bairro vizinho a Heliópolis. Foi ali que a
companhia recebeu o diretor Mike van Alfen, do grupo holandês MC Theater,
formado por jovens descendentes de imigrantes, para uma série de workshops como
parte de um intercâmbio artístico internacional. O projeto resultou no
espetáculo A Hora Final, apresentado por atores brasileiros e holandeses
na sede do MC Theater, em Amsterdã.
O
grupo - que se tornou Ponto de Cultura (Programa
Cultura Viva no Município de São Paulo) – comemorou, em 2015, 15 anos de
trajetória, marcada pela resistência artística e pela perseverança, quando
realizou a 1ª Mostra de Teatro de Heliópolis, em parceria com MUK Produções e
Ação comunitária Nova Heliópolis com o apoio do ProAC. A mostra traçou um panorama dos espetáculos criados por
grupos periféricos que desenvolvem suas atividades em comunidades populares de
São Paulo.
Em 2015, a Companhia de Teatro Heliópolis foi contemplada pela 25ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo com o projeto Onde o Percurso Começa? Princípios de Identidade e Alteridade no Campo da Educação, que resultou na montagem A Inocência do Que Eu (Não) Sei. A peça recebeu duas indicações ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Melhor Espetáculo Jovem e Prêmio Especial (pelo teatro comprometido com a comunidade de Heliópolis e a pesquisa temática em escolas públicas). Evill Rebouças foi o dramaturgista convidado; os pesquisadores Carminda Mendes André e Alexandre Mate conduziram os ciclos de estudos teóricos com o grupo. Em 2016, estreia o espetáculo Medo, que evidencia a questão da violência subliminar, aquela que não está visível, mas se mantém contínua e velada.
Em 2015, a Companhia de Teatro Heliópolis foi contemplada pela 25ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo com o projeto Onde o Percurso Começa? Princípios de Identidade e Alteridade no Campo da Educação, que resultou na montagem A Inocência do Que Eu (Não) Sei. A peça recebeu duas indicações ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Melhor Espetáculo Jovem e Prêmio Especial (pelo teatro comprometido com a comunidade de Heliópolis e a pesquisa temática em escolas públicas). Evill Rebouças foi o dramaturgista convidado; os pesquisadores Carminda Mendes André e Alexandre Mate conduziram os ciclos de estudos teóricos com o grupo. Em 2016, estreia o espetáculo Medo, que evidencia a questão da violência subliminar, aquela que não está visível, mas se mantém contínua e velada.
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