O Cineclube Araucária abre a nova temporada de cinema em Campos do
Jordão com duas mostras preparadas para festejar seus cinco anos de atuação ininterrupta
na cidade. Assim como em 2015, o projeto Cineclube
Araucária - O Cinema de Volta a Campos do Jordão acontece com o apoio do ProAC
(Programa de Ação Cultural do estado de São Paulo) e parcerias com a Secretaria
Municipal de Cultura e AMECampos (Associação
dos Amigos de Campos do Jordão).
O projeto prevê, entre fevereiro e novembro, a realização de 20 mostras
de cinema. Além das já tradicionais mostras temáticas, a cada mês um país terá
a sua filmografia exibida para o público jordanense, entre eles: Polônia,
Índia, Irã, Turquia, Rússia, Argentina, França, Canadá, China e o continente
africano.
A primeira mostra de 2016 traça um Panorama do
Cinema Polonês, e acontece nos dias 18, 19, 20 e 21 de fevereiro (de
quinta a domingo), incluindo, respectivamente, os filmes A
Pequena Moscou, de Waldemar Krzystek, A
Rosinha, de Jan Kidawa-Blonski, Cinzas e Diamantes, de Andrzej
Wajda, e Tudo o Que Amo, de Jacek Borcuch.
Na sequência, o projeto presta homenagem a um artista genial, Ettore
Scola, que, falecido recentemente, deixou um legado de verdadeiros tesouros da
sétima arte. A Retrospectiva Ettore
Scola apresenta nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro (de quinta a
domingo) os clássicos Um Dia Muito Especial, O
Baile, Que Estranho Chamar-se Federico e O Jantar.
E a garotada também tem vez no Cineclube Araucária - O Cinema de Volta a Campos do Jordão. As
tardes de domingo têm sessões às 15 horas: dia 21, A Espada Era a Lei, de
Wolfgang Reitherman; e dia 28, Alice no País das Maravilhas, de
Clyde Geronimi e Hamilton Luske.
A programação deste ano inclui também uma série de Palestras e Seminários, visando a
formação profissional de novos cineastas, com produção de Curtas Metragens que
serão destaque na segunda edição do Festival
Curta Campos do Jordão, previsto para ocorrer em dezembro deste ano no antigo
Cine Glória (atual Espaço Cultural Dr. Além). Outros destaques são a realização
do 6º Encontro Cinemúsica de Campos do
Jordão e de uma Exposição no mês
de julho, na sede da AMECampos, cujo tema será o trabalho dos ilustradores
brasileiros que se dedicaram à divulgação do cinema no Brasil.
O Cinema
Polonês
A Polônia tem uma relação intensa com o cinema desde os primórdios
da sétima arte. O inventor polonês Kazimierz Prószyński patenteou sua primeira câmera
cinematográfica em 1894, antes mesmo dos irmãos Lumière. O pleógrafo podia filmar e também
projetar, assim como o cinematógrafo dos Lumière que, mais do que construírem a
máquina, tiveram também a ideia de criar as primeiras sessões de cinema com a
cobrança de ingresso, ainda no final do século 19. A Polônia vivia um momento
especialmente conturbado nas décadas que se seguiram ao surgimento do cinema.
Depois de mais de um século passando de mão em mão e tendo suas fronteiras
redesenhadas, o país conquistou a independência após a Primeira Guerra Mundial e
tinha muita coisa para colocar em ordem. Vários talentos cinematográficos
acabaram preferindo fazer carreira no exterior: a atriz Pola Negri, por exemplo, estrelou filmes de Ernst Lubitsch na Alemanha e nos Estados Unidos. Seis
milhões de poloneses morreram durante a Segunda Guerra, sendo que três milhões
eram judeus, incluindo nomes importantes do cinema como o diretor e roteirista Henryk Szaro e Kazimierz Prószyński, o inventor do pleógrafo que
morreu no campo de concentração de Mauthausen. O genocídio não foi apenas
literal, mas também cultural: universidades, bibliotecas, museus, teatros e
cinemas foram fechados ou tiveram a entrada permitida apenas aos germânicos. Os
cinemas exibiam apenas filmes, notícias e materiais de propaganda nazistas.
Quase 10 anos após o fim da guerra e um ano depois da morte de Stálin, surgiu
aquele que talvez seja o mais importante cineasta polonês: Andrzej Wajda, que
fez sua estreia com Geração (Pokolenie, 1955), um drama sobre
jovens que se juntam à resistência contra a Alemanha durante a ocupação da
Polônia e que tinha no elenco o ator principiante Roman Polanski. Seu longa
seguinte, Kanal (1957), tem como cenário o sistema de
esgoto de Varsóvia, mostrando a malfadada revolta polonesa contra os nazistas
em 1944. Cinzas e Diamantes (Popiól i Diament, 1958) completou a
trilogia da guerra com uma trama que se passa em 8 de maio de 1945, o último
dia da guerra na Europa, contando com um com Zbigniew Cybulski
como protagonista, por quem Marlene Dietrich se
declarou encantada. A Polônia lança uma média de 50 longas por
ano e, embora a grande maioria não chegue ao circuito brasileiro, existem
iniciativas como esta do Cineclube Araucária, que permitem que esta arte
polonesa possa ser apreciada por aqui.
O gênio de
Ettore Scola
O diretor italiano Ettore Scola (1931-2016) estreou em 1964, com Fala-me de Mulheres e se consagrou com o
sucesso de Perdidos na África, de
1969. Uma de suas paixões, que também norteou o tema de vários de seus
trabalhos, era explorar a história. Aliás, não existe melhor registro histórico
do que o sentido que cada um dá a ela por quem se põe a contá-la, e isso está especialmente
evidente no derradeiro trabalho do italiano: Che Strano Chiamarsi Federico, no qual Scola fala da admiração e
amizade pelo seu mentor artístico Federico Fellini. Nascido na comuna de
Trevico, região da Campania, Scola é, sem dúvida, uma das maiores lendas
italianas. Dirigiu quase 40 obras, entre longas e curtas. Antes do cinema,
enveredou-se pelo jornalismo após ter se formado em direito. Conhecido por
obras-primas - como Nós que Nos Amávamos
Tanto (1974), Feios, Sujos e Malvados
(1976), Um Dia Muito Especial (1977),
O Baile (1983), A Família (1987) e O Jantar
(1998) - o cineasta lançou seu último trabalho em 2013, Que Estranho Chamar-se Federico, que preconiza o seu reencontro com
Fellini.
PROGRAMAÇÃO
– FEVEREIRO/2016
Panorama do Cinema
Polonês
- 18/2
(quinta, 19h30)
- A Pequena Moscou
Mala Moskwa, de Waldemar Krzystek.
Polônia. 2008. 114’. 14 anos.
Em uma base militar soviética, a maior na Polônia, uma jovem russa
casada com um piloto de caça, inicia um romance clandestino com um tenente
polonês. O encontro acontece durante a cerimônia do 50° aniversário da
Revolução de Outubro. A história é agravada pela invasão das tropas do Pacto de
Varsóvia na Tchecoslováquia em 1968.
- 19/2
(quinta, 19h30)
- A Rosinha
Rózyczka, de Jan Kidawa-Blonski. Polônia. 2010. 118’. 16
anos.
Após a guerra dos seis dias entre Israel e os
países árabes, os estados do Pacto de Varsóvia cortam relações diplomáticas com
Israel. O serviço de segurança comunista intensifica a espionagem entre os
cidadãos de origem judaica. Um renomado escritor inicia um caso com uma linda
mulher que é, na verdade, uma ferramenta nas mãos do serviço secreto.
- 20/2
(sábado, 19h30)
- Cinzas e Diamantes
Popiól i Diament, de Andrzej Wajda.
Polônia. 1958. 105’. 14 anos.
No último dia da Segunda Guerra Mundial, Maciek,
um jovem rebelde ligado à frente nacionalista, recebe a missão de assassinar um
líder comunista. Perturbado pela transformação repentina de aliados em
inimigos, ele decide aproveitar a vida por uma noite e pensa em desistir da
luta.
- 21/2
(domingo, 18h) - Tudo
o Que Amo
Wszystko, co Kocham, de Jacek Borcuch.
Polônia. 2010. 95’. 16 anos.
Em 1981, o Movimento Solidariedade ganha força, e
os rumores de uma revolução na Polônia crescem. Neste turbilhão, os
adolescentes Janek e Basia se apaixonam e enfrentam todas as dificuldades
políticas do período.
- MATINÊ – 21/2 (domingo, 15h) - A
Espada Era a Lei
De Wolfgang Reitherman
Arthur é um jovem menino que sonha em se tornar
cavaleiro. Reza a lenda que aquele que conseguir tirar a espada mágica da pedra
se tornará o rei da Inglaterra. Merlin, um poderoso, mas atrapalhado mago, sabe
que Arthur será o novo rei e por isso, vai até o castelo onde o garoto trabalha
prepará-lo para o futuro.
Retrospectiva
Ettore Scola
- 25/2
(quinta, 19h30)
- Um Dia Muito Especial
Una Giornata Particolare, de Ettore Scola. Itália.
1977. 106’. 16 anos.
Roma, 6 de maio de 1938. Benito Mussolini e Adolf
Hitler se encontraram para selar a união política que, no ano seguinte, levaria
o mundo à 2ª Guerra Mundial. Praticamente toda a população vai ver este
acontecimento, inclusive o marido fascista de Antonietta, uma solitária dona de
casa que conhece acidentalmente seu vizinho Gabriele. Gradativamente os dois
desenvolvem um tipo muito especial de amizade.
- 26/2
(sexta, 19h30) - O Baile
Le Bal, de Ettore Scola.
Itália/França. 1983. 112’. 14 anos.
A história
da França, dos anos 30 aos anos 80, é contada sem diálogos. Num salão de baile
de Paris, casais se conhecem e se desfazem. Figurinos, cenário e música montam
a época de cada número, e cada nova dança reflete a situação política e
cultural em que vivem os personagens.
- 27/2
(sábado, 19h30)
- Que Estranho Chamar-se Federico
Che Strano Chiamarsi
Federico,
de Ettore Scola. Itália. 2013. 90. 12 anos.
Ettore Scola retrata a vida e obra de Federico
Fellini. Com imagens de arquivo e uma retrospectiva desde a estreia do cineasta
em 1939, como jovem designer, até seu quinto Oscar em 1993, o filme é feito de
fragmentos, impressões e momentos reconstruídos através da imagem.
- 28/2
(domingo, 18h) - O
Jantar
La Cena, de Ettore Scola. Itália/França.
1998. 108’. 12 anos.
O filme se passa em um restaurante. No tempo de
um jantar, os dramas de vários personagens se revelam, entre eles os da dona do
restaurante, de um culto professor que gosta de jogar cartas, de uma quarentona
que tem problemas com a filha, e de um professor universitário preso numa
complicada relação amorosa com uma de suas alunas.
- MATINÊ – 28/2 (domingo, 15h) – Alice
no País das Maravilhas
De Clyde Geronimi e Hamilton
Luske.
Alice é uma garota curiosa e cansada da monotonia
de sua vida. Um dia, ao seguir o apressado Coelho Branco, ela entra no País das
Maravilhas. Lá ela conhece diversos seres incríveis, como o Chapeleiro Louco, o
Mestre Gato, a Lagarta e a Rainha de Copas.
Serviço
18 a 21/2 - Panorama do Cinema Polonês
25 a 28/2 - Retrospectiva
Ettore Scola
Projeto
Cineclube Araucária – O Cinema de Volta a Campos do Jordão
Local: Espaço Cultural Dr. Além
Av. Dr. Januário
Miráglia, 1582, na Vila Abernéssia. Campos do Jordão/SP
Informações: (12) 3664-2300 – Grátis
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