Fotos: Cacá Bernardes |
O Grupo Arte Simples de Teatro estreia o
espetáculo itinerante Utopia no dia
16 de abril (sábado, às 16 horas), tendo ruas, becos, vielas e lajes da
comunidade de Heliópolis como palco para a encenação.
As personagens foram
extraídas de relatos de moradoras do bairro e tem como suporte dramatúrgico a imersão
em obras de Ítalo Calvino (As Cidades
Invisíveis) e Bertolt Brecht (Mãe
Coragem e Ópera dos Três Vinténs).
O fio temático que interliga as histórias é a busca pela vida ideal, pelo lugar
ideal - uma cidade, um bairro, uma casa.
O espetáculo é
dirigido por Tatiana Rehder e Tatiana Eivazian, integrantes do grupo
formado só por mulheres, com 10 anos de fundação e sete de atuação em
Heliópolis. A dramaturgia é assinada conjuntamente por Verônica Gentilin e pelo Arte Simples. O elenco é formado pelas
atrizes Andrea Serrano, Eugenia Cecchini, Isadora Petrin, Marcela Arce
e Marília Miyazawa.
Desde 2013, a companhia
vem percorrendo ruas, frequentando casas e movimentos sociais locais em busca
de uma realidade pouco dramatizada, traçada entre a arquitetura local e a vida
real dessas pessoas. “Não queremos dar uma conotação poética e romântica para a
comunidade, mas mostrar o abandono dessas mulheres, sua força e independência para,
diante das dificuldades e tragédias, dar a volta por cima, tocar a vida e
cuidar dos filhos”, comenta Tatiana Rehder.
Utopia traz relatos de ficção documental,
tendo a personagem Paulo Luz (Marcela
Arce) permeando todo o trajeto com sua escada e seus equipamentos. Os fios que
ele carrega são simbólicos nesse entrelaçado de histórias. “Histórias que até
parecem teatro”. O técnico da companhia de luz vai interligando uma história à
outra, como os “gatos” que ligam as casas do bairro.
As histórias vão
surgindo pelo caminho. Ruth (Eugenia
Cecchini) não gosta de morar em Heliópolis, quer ir embora. Drica (Isadora Petrin) é uma menina que sonha em ser jogadora de
futebol. Salete (Andrea Serrano) é
analfabeta e quer ser cantora. Mãe
Coragem (Andréa Serrano) ouviu da polícia que tinha duas escolhas: atirar
ela mesma no filho infrator ou deixá-lo morrer cruelmente nas mãos deles (esta
história surgiu no momento em que o Grupo Arte Simples estudava o texto Mãe Coragem, de Brecht).
Rita (Marília Miyazawa) conta
como levou uma facada do marido durante a final da Copa do Mundo de 1994. Claudinha (Marcela Arce) vende crianças
e Artificial (Isadora Petrin) vende
fama: personagens inspirados na Ópera dos
Três Vinténs, na qual o personagem esmolava e vendia coisas para
sobreviver. Maria do Socorro (Isadora
Petrin) pariu nove filhos, somente três “vingaram”; ela conta que falava para
Deus: “se for seu, leva; se for meu, dê condição
de eu criar”. Nise (Marília Miyazawa),
que se casou pela primeira vez aos 13 anos, tem a vida marcada por sofrimentos,
mas ela sempre se levanta e segue em frente. Com exceção de Claudinha e Artificial, todas as outras personagens são histórias reais de
mulheres de Heliópolis.
Segundo Tatiana
Eivazian, “o livro de Ítalo Calvino tem grande identificação com Heliópolis,
comunidade que transcende a definição de cidade, seja na geografia, na
arquitetura ou na forma de se organizar”. Ela explica que Utopia não deixa de lado
o olhar ingênuo e simples da comunidade ao mostrar que a busca pelo ideal é de
todos, que cair é fácil, mas é preciso se levantar. “Para ser leve, é preciso
ser forte. Como diz Calvino, o inferno vai estar sempre aqui, temos que
encontrar os respiros”. Reflete a diretora.
Esta montagem é mais
um encontro entre o Grupo Arte Simples de Teatro e a comunidade de Heliópolis, maior
favela da cidade de São Paulo com cerca de 225 mil habitantes, aonde faz
residência artística há sete anos. Utopia permitiu - a partir dos
diferentes olhares dos integrantes do grupo - a imersão na biografia da
comunidade por meio das histórias de vida, dos relatos de memórias, da oralidade,
da improvisação da arquitetura, das relações dos moradores com o poder público,
a polícia e os problemas locais e para onde eles iriam se pudessem sair dali.
O espetáculo Utopia
faz parte do projeto Teatro na Laje,
contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz.
Ficha técnica
Espetáculo: Utopia
Com: Grupo Arte Simples de Teatro
Direção: Tatiana Rehder e
Tatiana Eivazian
Elenco: Andrea Serrano, Eugenia
Cecchini, Isadora Petrin, Marcela Arce e Marília Miyazawa
Dramaturgia: Grupo Arte Simples
de Teatro e Verônica Gentilin
Figurino: Kleber Montanheiro
Preparação
corporal:
Antonio Salvador
Supervisão
musical:
Adilson Rodrigues
Músicas
originais:
Adilson Rodrigues e Grupo Arte Simples de Teatro
Produtor
articulador:
Daniel Gaggini / MUK
Produção
executiva:
Andrea Serrano e Tatiana Rehder
Contrarregra
/ assistência de produção: Larissa Souza
Fotografias: Cacá Bernardes
Teaser divulgação: Bruta Flor - direção:
Bruna Lessa; câmera: Cacá Bernardes
Design
gráfico:
Eugenia Cecchini
Redes
sociais:
Luh Moreira
Carro
de som:
Ary da Costa / A&A Musical
Casas /
cenários:
Tony Cabelereiro, Casa do Divino, Loja da Lúcia, Casa da Quitéria,
Laje da Ana, Bar Mandacaru, Casa da Tereza, Casa da Francisca e Laje da Fran
Assessoria
de imprensa:
Verbena Comunicação
Produção
geral / realização:
Grupo Arte Simples de Teatro
Apoio: Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz
Serviço
Estreia: dia 16 de abril - Sábado, às 16 horas
Local: saída do CEU
Heliópolis (pátio) - Itinerante
Av. Estrada das
Lágrimas, 2385. Heliópolis/SP
Temporada: 16/04 a 12/06. Sábados e domingos, às 16 horas
Grátis. Duração: 100 min.
Classificação: Adulto (livre). Gênero: Drama
Informações: (11) 96848-6554. Capacidade: 20 pessoas
Transporte grátis: Van disponível na Estação Sacomã do Metrô
(R. Silva Bueno) - até o local da apresentação. Reservas pelo (11) 96848-6554
ou reserva@artesimples.com.br.
Recomendação: usar sapatos confortáveis. Em caso
de chuva não haverá apresentação.
Não haverá espetáculo, excepcionalmente, nos dias 24/04 e 05/06
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