Foto de Danilo Batista |
O espetáculo João da Cruz - inspirado nos escritos de São João da Cruz,
poeta e místico espanhol do século XVI - encerra sua temporada no dia 23 de
fevereiro (sexta), na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos, às 20
horas.
A
montagem é um solo de Conrado Caputo com dramaturgia e encenação de Helder
Mariani. A ação se passa durante nove meses em que o Frei João da Cruz -
canonizado São João da Cruz pela Igreja Católica, em 1726 - foi prisioneiro
dos Carmelitas Calçados, seus próprios confrades, numa cela minúscula do
Convento de Toledo.
Com
uma poesia e uma mística que ultrapassaram os limites do discurso religioso, a
obra escrita do Frei João Cruz faz parte da literatura clássica espanhola. O
monólogo retrata sua obra literária do santo com suas ideias radicais,
expressas pela palavra escrita e pela sua prática de vida. Ele também carrega
as contradições existenciais da humanidade que, depois da Idade Moderna, se
tornam cada vez maiores. Consumido por uma sede de infinito, de Deus, vivendo
numa “noite escura” espiritual, o poeta carmelita se recusa a abrir mão da luta
para renovar a sua ordem religiosa e a própria Igreja do seu tempo.
O
texto teatral João da Cruz parte de uma colagem de textos
traduzidos de várias obras do santo. A proposta do encenador Helder Mariani é
discutir sobre o homem, o poeta e o místico; sobre a vivência radical de suas
ideias, sentimentos e paixões. “Nosso propósito não é apresentar uma narrativa
biográfica de cunho didático”, afirma. A dramaturgia traz um João da Cruz
consumido pela sede de infinito nos tempos de prisão, solitário e humilhado,
sofrendo altos e baixos emocionais. “Ele reencontra sua pacificação na criação
de poemas, num abandono contemplativo e na recusa a uma resposta meramente
racional às questões existenciais e, principalmente, foca nos seus planos de
fuga – a imaginação artística de um homem que ultrapassa a limitação da
realidade e se lança numa contemplação do divino, invisível, silencioso e
misterioso”.
João
da Cruz ficou preso no Convento Carmelita de Toledo, de meados de dezembro de
1576 a agosto de 1577. Boa parte desse tempo ele ficou numa cela, que era uma
cavidade na parede que servia de latrina para hóspedes do convento. Sem condições
de higiene, com parca comida, recebendo torturas físicas e psicológicas
(inclusive diante da comunidade religiosa do Carmelo), a única ideia que lhe
vinha à cabeça, obsessivamente como uma inspiração divina, era a de fugir. Nos
interrogatórios, o santo permaneceu firme nas suas convicções de “carmelita
descalço”, termo que bem sintetiza as questões éticas e de poder que estavam em
jogo, não só os pés no chão, mas o desprendimento e a real pobreza evangélica,
preconizada pelo cristianismo. “Consta que João da Cruz, o poeta da noite
escura, tinha um temperamento dócil, mas bem intenso, o que o torna um
personagem cenicamente interessante. Suas buscas espirituais apaixonadas e suas
dúvidas martirizantes tão humanas são vividas numa situação limite: a prisão e
a ideia fixa de fuga”. Finaliza o encenador Helder Mariani.
Ficha técnica / serviço
Dramaturgia
e encenação: Helder Mariani. Interpretação:
Conrado Caputo. Direção
de arte: Pedro Faraldo. Trilha
sonora: Dagoberto Feliz. Fotos:
Danilo Batista. Vídeo:
Orion Produtora / Nidowilliam Spadotto. Produção
executiva: Paloma Rocha. Realização:
Cia. da Palavra
Espetáculo: João da Cruz
Local:
Casa das Rosas
Av. Paulista, 37 - Paraíso, São
Paulo/SP. Telefone: (11) 3285-6986
Temporada:
19 de janeiro a 23 de fevereiro de 2018. Sextas, às 20h
Ingressos:
R$ 40,00 (meia: R$ 20,00). Bilheteria: 1h antes da sessão.
Duração:
60 min. Gênero: Drama. Classificação: 14 anos.
Capacidade:
25 lugares. Acessibilidade. Site: http://www.casadasrosas.org.br/
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