Em comemoração aos 28 anos da companhia, extensa programação faz reverência a Fauzi Arap, cujo trabalho reverbera na estética do Teatro do Incêndio. Montagens inéditas e leituras dramáticas de textos do autor estão na programação, entre outras ações.
Crédito/foto: Leonardo Tumonis |
A breve temporada da montagem integra a programação do projeto Mare Nostrum - Retratos do Invisível que comemora 28 anos do Teatro do Incêndio (12 de janeiro) e reverencia a dramaturgia de Fauzi Arap (1938-2013) e celebra sua influência na formação estética da companhia.
Contemplado pela 41ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, o projeto traz, ainda em 2024, uma nova temporada de Pano de Boca (encenado em 2015 e 2023) e duas montagens inéditas de textos de Arap - Às Margens da Ipiranga e Risco e Paixão. Em 2025, ocorrem leituras dramáticas de quatro textos do autor, dirigidas por nomes importantes da cena paulistana, lançamento de dois documentários: o primeiro, sobre a vida e obra Fauzi, contendo depoimentos de Denise Fraga, Maria Alice Vergueiro, Elias Andreato e outros, ilustrados por imagens de peças suas montadas pelo grupo; o segundo é um registro sobre a trajetória do Teatro do Incêndio. Como contrapartida social, completam as ações o projeto permanente Sol.te (teatro para crianças e adolescentes) e uma Residência Artística para grupo de teatro a ser selecionado, ambos em andamento.
O enredo de Águas Queimam na Encruzilhada, traz histórias de vidas entrelaçadas por um bairro que se despedaça e resiste ao tempo, preservando sua paixão por uma escola de samba. Sob o olhar delirante e atento de Seu Luiz (Gabriela Morato), uma catadora de “lixo”, e a presença amistosa de Wanderley (Marcelo Marcus Fonseca), um compositor da velha guarda do samba, alcoólatra, as dores e pequenas alegrias de moradoras e moradores de um bairro são apresentadas em um desfile de sonhos e perdas.
A peça é uma ode à vida, tendo como pano de fundo a escola de samba que é o ponto de convergência das personagens que trabalham de forma “invisível” para o carnaval. “Esta criação do Teatro do Incêndio é um desafio de linguagem que busca, entre a dramaturgia realista e o surrealismo, um mergulho no lugar mais fundo do cotidiano, traduzindo vidas simples como poesias inconscientes”, argumenta o diretor Marcelo Marcus Fonseca.
No enredo, 10 personagens têm suas trajetórias contadas em uma espécie de novela dostoievskiana em dois atos de movimentos distintos: o interior de suas casas e a rua/quadra da escola. As histórias se cruzam no cotidiano, entre elas: a cartomante enfrenta a doença do filho recém-nascido; um jovem poeta do sul do País transita pelos bares, sem perspectivas; desempregados, o casal Zé e Nina carregam suas dores; a manicure esconde um grave problema de saúde e mantém-se presente na vida da comunidade; uma ex-passista vive as consequências do trauma que a afastou da escola de samba.
“O discurso de Águas Queimam na Encruzilhada é a vida diária. Não há espaço para palavras de ordem. Aqui as opiniões do autor e as denúncias foram eliminadas, cedendo lugar ao enfrentamento das dificuldades por quem está nesse lugar, sem olhar de piedade, indignação ou protesto, mas visando a grandeza do viver”, afirma o diretor e dramaturgo. Segundo ele, a companhia apresenta com uma nova estética, uma nova forma de abordar a vida. “Aqui deixamos a trajetória falar pelas personagens, a realidade da vida ser traduzida pela poesia”. Marcelo explica que a direção buscou “equalizar a voz conjunta do teatro para a excelência da interpretação, para o encantamento”. E diz: “Águas Queimam na Encruzilhada é uma peça sobre a passagem da vida e o nascimento de outras expectativas. Elucida a precariedade de nossa existência, mas também a beleza que habita cada respiração sagrada”.
A cenografia é composta por pequenos cenários em ‘carrinhos’ que se movem pelo espaço cênico, bem próximos do chão, numa referência aos rios que correm sob a cidade com seus cursos irregulares, como o destino das personagens que habitam esse espaço, que pode ser o Bixiga ou qualquer outro lugar. “É quase o chão que se movimenta, o que muda é ao ponto de vista. Os lugares são identificados pela interpretação: casa, rua, escola de samba ou carros alegóricos”, comenta o diretor. A direção musical assinada por Renato Pereira traz nuances de uma ópera popular. A trilha sonora é executada ao vivo, com músicas compostas por Marcelo Marcus Fonseca, algumas em parcerias com Paulinho Pontes, e sambas (da velha guarda) cantados em quadras de escola.
FICHA
TÉCNICA
- Texto e direção geral: Marcelo
Marcus Fonseca. Elenco: Gabriela
Morato, Elena Vago, Bia Sabiá, Francisco Silva, Rafael Américo, Marcelo Marcus
Fonseca, André Souza, Cintia Chen, Vic Bense, Laura Nobrega, Jhenifer Delphino,
Amanda Marcondes, Isabela Heloisa, Moiisés, Rafael Mariposa e Valcrez Siqueira.
Direção de produção: Gabriela
Morato. Direção musical e trilha
original: Renato Pereira. Música ao vivo:
Lucas Brogiollo, Giovani Di Ganzá, Guigo Silva, Marcos Vinícius
Assunção, Rafael Mariposa e Ricardo Perito. Adaptação de trilha original: Lucas Brogiollo, Giovani Di Ganzá e Ricardo
Perito. Músicas: “Minha Tese”, “Deus
É Maior” e “Pra Quem Viu Subir Poeira” (Marcelo M. Fonseca e Paulinho Pontes);
“Zé da Nina” e “A Máscara da Escola” (Marcelo M. Fonseca); “Carnaval da Agonia”
(Cezinha Oliveira e Eliane Verbena). Orientação
musical - bateria de escola de samba: Alysson Bruno. Iluminação: Rodrigo Alves “Salsicha”. Orientação de movimento: Vera Passos. Orientação vocal: Edi Montecchi. Assistência de iluminação e operação de luz:
Valcrez Siqueira. Figurinos:
Gabriela Morato. Espaço cênico e
cenografia: Gabriela Morato e Isabela Heloisa. Adereços: André Souza, Rafael Mariposa e Gabriela Morato. Confecção de figurinos, adereços e
cenografia: Cia. Teatro do Incêndio. Técnico
e operador de som: Thiago Juremeira. Fotos/divulgação: Alécio Cezar e Leonardo
Tumonis. Assessoria de imprensa:
Eliane Verbena. Design gráfico: Gus
Oliveira. Idealização e produção: Cia.
Teatro do Incêndio. Projeto: Mare
Nostrum - Retratos do Invisível. Realização:
Secretaria Municipal de Cultura - 41ª Edição da Lei de Fomento ao Teatro Para a
Cidade de São Paulo.
Serviço
Espetáculo:
Águas
Queimam na Encruzilhada
Temporada:
02 a 25 de março de 2024
Dias/horário:
sábado, domingo e segunda, às 19h
Ingressos:
R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia) e Grátis (moradores da Bela Vista com
comprovante de residência) - Vendas online www.sympla.com.br.
Duração:
180 min (dois atos com intervalo).
Classificação:
14 anos. Gênero: Drama. Capacidade: 60 lugares.
Teatro do Incêndio
Rua
Treze de Maio, 48 - Bela Vista / Bixiga. SP/SP.
Espaço
com acessibilidade para PCD. Banheiro adaptado para cadeirante.
www.teatrodoincendio.com
| @teatrodoincendio. Tel.: (11) 2609-3730
Estacionamento
pago em frente: Rua Treze de Maio, 47.
INFORMAÇÕES
À IMPRENSA: VERBENA Assessoria
Eliane
Verbena
(11) 99373-0181 - verbena@verbena.com.br
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