Após temporada de sucesso no Sesc Consolação, a Cia.
Provisório-Definitivo reestreia As Estrelas Cadentes do Meu Céu São
Feitas de Bombas do Inimigo no Viga Espaço Cênico, no dia 2
de abril, terça-feira, às 21 horas. Com direção de Nelson Baskerville,
O espetáculo é inspirado em relatos de guerra, contidos nos livros Diários
de Guerra - Vozes Roubadas (de Zlata Filipovic e Melanie Challenger)
e Diário de Anne Frank.
Sem obedecer a uma narrativa linear e cronológica, a peça
utiliza trechos de 12 diários escritos por crianças e jovens durante conflitos
de guerra. A narrativa fragmentada retrata passagens ocorridas desde Primeira
Guerra Mundial até a mais recente invasão do Iraque, passando pelo Vietnã, pela
Intifada palestina e por vários momentos da Segunda Guerra Mundial; como é o
caso da jovem russa que ingressou no front, em 1940, atrás de um grande amor,
ou da menina de Cingapura que narrou agruras de sua vida durante esta guerra. O
diretor explica que “o olhar puro, sem interferência sobre a guerra, não
mascara ideologicamente a verdade do que acontece”.
As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas
do Inimigo
nasceu de um processo colaborativo entre os atores-criadores da Cia.
Provisório-Definitivo (Carlos Baldim, Paula Arruda, Pedro
Guilherme e Thaís Medeiros) e Nelson Baskerville. Esta
peça-documentário (termo que o grupo adotou por considerar mais apropriado) faz
recortes teatrais dos relatos das crianças e jovens – com direito a licenças
poéticas, onde o rigor histórico cede lugar à liberdade de criação. “Esta foi a
melhor forma que encontramos para contar as histórias, mais do que uma cópia
fiel dos fatos históricos, nos interessou a leitura artística que poderíamos
fazer sobre esses fatos”, argumenta Pedro Guilherme. Além dos textos inspirados
nos diários, outros foram escritos pelos próprios atores e pelo diretor.
O Brasil não ficou de fora. O diretor e o grupo decidiram
inserir também um personagem da guerra do tráfico na periferia paulistana.
Neste caso, o jovem (Washington) teve sua história retratada no documentário Jardim
Ângela, de Evaldo Mocarzel. “Era importante trazer esse tema da guerra
também para os trópicos; é importante questionarmos sobre qual é a guerra de
cada um”, comenta o diretor.
A montagem tem linguagem épica e, para reforçar o quadro
cênico, iluminação não convencional (concebida por Aline Santini e Nelson
Baskerville), bonecos cenográficos confeccionados especialmente para a peça
e projeções em vídeos (cenas de filmes, reportagens de guerra, imagens
abstratas e cenas com os atores criadas com o auxílio de Lucas Bêda). A
cenografia (de Cynthia Sansevero e Baskerville) estabelece uma
atmosfera onírica que busca o distanciamento da crueza da realidade do que está
sendo dito. “O cenário é lúdico para expor uma camada de ilusão sobre a
verdade”, explica Baskerville, que completa: “composta por caixas que vão se
alternando formas e funções, em um ambiente tomado pela neve e fumaça, a
cenografia exibe um quadro pouco nítido, garantindo uma encenação não
apelativa”.
Ao espectador cabe refletir e “encontrar” respostas para as
perguntas desses jovens, vítimas dos conflitos de guerra. Para a Cia.
Provisório-Definitivo, “a busca do entendimento sem maniqueísmos ou
manipulações é um importante instrumento da arte e da educação”. Os atores
ainda vêem o panorama das guerras - refletido pelos olhos de crianças - como um
importante ponto de reflexão sobre o mundo atual: ainda existem utopias
transformadoras? Temos como interferir na marcha real da história? “O espectador, colocado dentro desta
‘caixa de guerra’, é levado pensar sobre os conflitos. Quem causa a guerra
somos nós, pela posse, pela propriedade. Queremos algo que é do outro e vamos
tomar à força”. Afirma o diretor.
Esse espetáculo foi contemplado pelo 4º Concurso de Montagem
Teatral do Centro da Cultura Judaica e ProAC ICMS (Programa de Ação Cultural do
Estado de São Paulo).
Espetáculo:
As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo
Dramaturgia:
Carlos Baldim, Paula Arruda, Pedro Guilherme, Thaís Medeiros e Nelson
Baskerville Direção: Nelson Baskerville
Elenco: Carlos Baldim, Paula Arruda, Pedro Guilherme, Thaís Medeiros e Victor Merseguel.
Assistência de direção: Sandra Modesto
Preparação corporal: Neca Zarvos
Cenário: Cynthia Sansevero e Nelson Baskerville
Figurino: Marichilene Artisevskis
Iluminação: Aline Santini e Nelson Baskerville
Trilha sonora: Gregory Slivar
Projeto audiovisual: Lucas Bêda
Visagismo: Emi Sato
Assistência de produção: Maria Medeiros
Fotos: Ligia Jardim e Douglas Renné
Registro em vídeo: Edson Kumasaka
Contabilidade: Paula Romano e Raquel Chaves
Coordenação geral: Paula Arruda
Produção executiva: Cia. Provisório-Definitivo
Reestreia: 2 de abril - terça-feira – às 21 horas
Viga Espaço Cênico – Sala Viga
R. Capote Valente, 1323 – Tel: (11) 38011843
Temporada: terças, quartas e quintas-feiras – às 21 horas – Até 16/05
Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00) – Ingressos 1h antes da sessão
Duração: 60 min. Classificação: 14 anos. Gênero: Drama.
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