terça-feira, 2 de abril de 2013

As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo, no Viga

 Foto de Lígia Jardim

Após temporada de sucesso no Sesc Consolação, a Cia. Provisório-Definitivo reestreia As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo no Viga Espaço Cênico, no dia 2 de abril, terça-feira, às 21 horas. Com direção de Nelson Baskerville, O espetáculo é inspirado em relatos de guerra, contidos nos livros Diários de Guerra - Vozes Roubadas (de Zlata Filipovic e Melanie Challenger) e Diário de Anne Frank.
 
Sem obedecer a uma narrativa linear e cronológica, a peça utiliza trechos de 12 diários escritos por crianças e jovens durante conflitos de guerra. A narrativa fragmentada retrata passagens ocorridas desde Primeira Guerra Mundial até a mais recente invasão do Iraque, passando pelo Vietnã, pela Intifada palestina e por vários momentos da Segunda Guerra Mundial; como é o caso da jovem russa que ingressou no front, em 1940, atrás de um grande amor, ou da menina de Cingapura que narrou agruras de sua vida durante esta guerra. O diretor explica que “o olhar puro, sem interferência sobre a guerra, não mascara ideologicamente a verdade do que acontece”.

As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo nasceu de um processo colaborativo entre os atores-criadores da Cia. Provisório-Definitivo (Carlos Baldim, Paula Arruda, Pedro Guilherme e Thaís Medeiros) e Nelson Baskerville. Esta peça-documentário (termo que o grupo adotou por considerar mais apropriado) faz recortes teatrais dos relatos das crianças e jovens – com direito a licenças poéticas, onde o rigor histórico cede lugar à liberdade de criação. “Esta foi a melhor forma que encontramos para contar as histórias, mais do que uma cópia fiel dos fatos históricos, nos interessou a leitura artística que poderíamos fazer sobre esses fatos”, argumenta Pedro Guilherme. Além dos textos inspirados nos diários, outros foram escritos pelos próprios atores e pelo diretor.

O Brasil não ficou de fora. O diretor e o grupo decidiram inserir também um personagem da guerra do tráfico na periferia paulistana. Neste caso, o jovem (Washington) teve sua história retratada no documentário Jardim Ângela, de Evaldo Mocarzel. “Era importante trazer esse tema da guerra também para os trópicos; é importante questionarmos sobre qual é a guerra de cada um”, comenta o diretor.

A montagem tem linguagem épica e, para reforçar o quadro cênico, iluminação não convencional (concebida por Aline Santini e Nelson Baskerville), bonecos cenográficos confeccionados especialmente para a peça e projeções em vídeos (cenas de filmes, reportagens de guerra, imagens abstratas e cenas com os atores criadas com o auxílio de Lucas Bêda). A cenografia (de Cynthia Sansevero e Baskerville) estabelece uma atmosfera onírica que busca o distanciamento da crueza da realidade do que está sendo dito. “O cenário é lúdico para expor uma camada de ilusão sobre a verdade”, explica Baskerville, que completa: “composta por caixas que vão se alternando formas e funções, em um ambiente tomado pela neve e fumaça, a cenografia exibe um quadro pouco nítido, garantindo uma encenação não apelativa”.

Ao espectador cabe refletir e “encontrar” respostas para as perguntas desses jovens, vítimas dos conflitos de guerra. Para a Cia. Provisório-Definitivo, “a busca do entendimento sem maniqueísmos ou manipulações é um importante instrumento da arte e da educação”. Os atores ainda vêem o panorama das guerras - refletido pelos olhos de crianças - como um importante ponto de reflexão sobre o mundo atual: ainda existem utopias transformadoras? Temos como interferir na marcha real da história? “O espectador, colocado dentro desta ‘caixa de guerra’, é levado pensar sobre os conflitos. Quem causa a guerra somos nós, pela posse, pela propriedade. Queremos algo que é do outro e vamos tomar à força”. Afirma o diretor.

Esse espetáculo foi contemplado pelo 4º Concurso de Montagem Teatral do Centro da Cultura Judaica e ProAC ICMS (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo).

Espetáculo: As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo
Dramaturgia: Carlos Baldim, Paula Arruda, Pedro Guilherme, Thaís Medeiros e Nelson Baskerville
Direção: Nelson Baskerville
Elenco: Carlos Baldim, Paula Arruda, Pedro Guilherme, Thaís Medeiros e Victor Merseguel.
Assistência de direção: Sandra Modesto
Preparação corporal: Neca Zarvos
Cenário: Cynthia Sansevero e Nelson Baskerville
Figurino: Marichilene Artisevskis
Iluminação: Aline Santini e Nelson Baskerville
Trilha sonora: Gregory Slivar
Projeto audiovisual: Lucas Bêda
Visagismo: Emi Sato
Assistência de produção: Maria Medeiros
Fotos: Ligia Jardim e Douglas Renné
Registro em vídeo: Edson Kumasaka
Contabilidade: Paula Romano e Raquel Chaves
Coordenação geral: Paula Arruda
Produção executiva: Cia. Provisório-Definitivo
Reestreia: 2 de abril - terça-feira – às 21 horas
Viga Espaço Cênico – Sala Viga
R. Capote Valente, 1323 – Tel: (11) 38011843
Temporada: terças, quartas e quintas-feiras – às 21 horas – Até 16/05
Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00) – Ingressos 1h antes da sessão
Duração: 60 min. Classificação: 14 anos. Gênero: Drama.

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