click de Alessandra Fratus |
novo trabalho Casa, que tem a sonoridade e o companhamento da orquestra curitibana.
A mineira Consuelo de Paula
é convidada da orquestra À Base de Corda
para um concerto no Teatro da Reitoria, em Curitiba, nos
dias 20 e 21 de abril, sábado (20 horas) e domingo (19 horas). O espetáculo registra o lançamento do CD Casa, cujo repertório é formado por
canções de Consuelo, em parceria com Rubens
Nogueira, falecido em fevereiro de 2012. O show será em homenagem ao
violonista.
A música de Consuelo de Paula chega muito bem amparada neste
trabalho, onde assina concepção, direção, produção e todas as letras (que foram
musicadas por Rubens Nogueira): o acompanhamento da orquestra curitibana À Base
de Corda, formada por nove instrumentistas, confere ainda mais frescor para o
personalíssimo trabalho da artista.
foto de Rosano Mauro Jr |
Surpresas vão permeando todo o CD. Cada canção, um toque, um
tempero diferente. É que Consuelo convidou não apenas um arranjador para a “construção”
de
sua Casa: além de João Egashira, André Prodóssimo e Luís Otávio Almeida (integrantes
da orquestra), os músicos Dante Ozzetti, Chico Saraiva, Weber Lopes e Luiz
Ribeiro assinam os belos e delicados arranjos deste trabalho. São arranjos
diferentes para conduzir com unidade a poesia e o canto de Consuelo.
A trajetória desta artista é marcada pela trilogia Samba, Seresta e Baião (1998), Tambor e Flor (2002) e Dança das Rosas (2004). Discos que
consolidaram sua carreira como compositora e intérprete, conferindo-lhe
respeito e reconhecimento pela musicalidade e sensibilidade, perpetuando sua
arte na cultura brasileira. Após o período dedicado aos CDs citados, Consuelo
lançou um livro de poemas e imagens - A Poesia
dos Descuidos, em parceria com Lúcia
Arrais Morales, em julho de 2011 – e o DVD Negra, em outubro de 2011. Simultaneamente ao CD Casa, está sendo lançado o CD Negra, este somente na
versão digital.
A cantora declara: “Casa é um recomeço após a trilogia, é a
continuidade da minha obra agora com outra textura, um aprofundamento e ao
mesmo tempo um vôo mais amplo”. Ela ainda explica que o DVD Negra foi um condutor para esta nova
fase, aquecendo os caminhos para este CD. É inevitável considerar que ele
mantém a mesma coerência e equilíbrio observado em toda sua arte: ritmos,
melodias e poesias em perfeita harmonia.
Neste disco a mineira se apresenta
com diálogos sensoriais, canto livre e pleno; registra seu afeto e admiração por
Rubens Nogueira e a incalculável dor de sua perda: “Rubão traduzia em notas
musicais a expressão contida na letra, por mais metafórica que fosse. Ele fazia
a música certeira para elevar e respeitar a poesia. E fazia isso de forma
genial”.
Consuelo tem outro álbum pronto para
ser gravado e lançado. Das 13 canções, 11 são em parceria com Rubens Nogueira e
duas são apenas dela. O trabalho já tem nome: O Tempo e o Branco.
As canções
O samba “Marinheiro” reafirma
o convite à música de Consuelo, com arranjo brejeiro e faceiro, também de Egashira. A composição ganha molejo e cadência para a recepção – o cavaquinho
de Julião Boêmio, a viola de Junior Bier e o violão de Hestevan Prado marcam o
gingado irresistível desta música. Na terceira faixa, “Desafio”, o
mineiro Weber Lopes assina o arranjo, que começa grandioso enaltecendo a música
de Rubens Nogueira (em andamento 6x8), e a letra anuncia: “ramo de acácia / bailado
de rio / canto trocado / feito desafio”, versos que nos conduzem ao passeio por
esta obra, por esta Casa. O tema da próxima canção, “Notícias”
(arranjo alegre de Chico Saraiva), brinca com o que pode vir pela frente e com
o acolhimento: “coração de elefante dentro de mim”. E termina com um belo solo
de bandolim de Rodrigo Simões.
“Borboleta” foi inspirada no poema Elegia a Uma Pequena Borboleta, de
Cecília Meireles. “Esta faixa expressa bem o que o CD significa para mim e os
vários sentidos que o título propõe”, confessa Consuelo de Paula. O arranjo para
esta faixa - alma do disco – vem cheio de contrastes e deixa a canção sobrevoar;
é arrojado e ritmado como o bater das asas das borboletas. Dante Ozzetti criou certa
estranheza para a orquestração e a intérprete passeia com a poesia entre os
contrapontos. Na sexta música,
“Espera”, o arranjo sofisticado e
delicado de Chico Saraiva valoriza a linda interpretação de Consuelo, que
canta: “minha casa te espera, desde sempre...”. Esta canção cheia de afeto coloca
o ouvinte no centro desta Casa.
Com arranjo coletivo da Orquestra À Base de Corda e de Consuelo,
“Navegações” tem piano de Fábio Cardoso
e batuque afro de Luís Rolim para falar do mar, de saudades e sentimentos. É a
única música em que a orquestra não está completa, aqui soam apenas o piano, o baixo,
o violão e a percussão . Em seguida, “Destino”
é considerada pela cantora como a canção mais atávica e fluente deste CD. Com
arranjo de André Prodóssimo, a letra trata de amorosidades e heranças com forte
refrão: “amor de longe, amor de perto / meu coração tem rumo certo”. Destaque
para o solo de violino de Helena Bel. E chegamos à faixa que nos conta sobre a
cor que guiou o CD: “Azul” é repleta
de simbologia e sintetiza bem o conceito do disco. É o tom que está presente em
toda a obra e nos acompanha durante a audição. “O
arranjo de Luiz Otávio Almeida dá movimento à música, como o próprio vento”,
diz.
Um samba delicioso que muito bem combina com Consuelo: “Fé” é popular e traz uma gota de
melancolia (Egashira novamente). Ela conta que fez o canto inicial desta faixa –
“rosas pra senhora passar...” – e juntou a ele o texto que escreveu para a abertura
da canção “Portela na Avenida” de seu CD Samba,
Seresta e Baião - “a cor da santa é a mesma da folia num dia de carnaval”.
Continuando o último bloco, inspirado no “Réquiem” de Mozart, o arranjo de
Dante Ozzetti para o “Réquiem” de
Rubens e Consuelo não poderia deixar de conter o dolorido tom da despedida. Mas,
como tudo na obra desta artista (repleta de contrastes), aqui ela inicia
falando de sol. E nos despedimos de Casa
com “Estrela” (arranjo de Luiz
Ribeiro), uma homenagem ao talento de Rubens Nogueira como compositor e
instrumentista. É a derradeira melodia da obra que ele enviou para Consuelo: “esta
melodia chegou para mim como um presente porque era inspirada em meus universos
musicais, em minha casa, e agora retribuo apenas ouvindo-a, com a certeza de
que o silêncio é outro poema acertado em nossa parceria”.
Show: À Base de Corda
convida Consuelo de
Paula
Dias 20 e 21 de abril – sábado (20 horas) e domingo (19
horas)
Teatro da Reitoria
Rua XV de novembro,
1299 - Centro – Curitiba/PR – Informações/produção: tel: 41 33212855
Ingressos: R$ 20,00 (meia: R$ 10,00) – Duração: 1h30 - Classificação: livre
Lançamento de CD Casa
Artista: Consuelo de Paula
Distribuição: Tratore
Mais informações: www.consuelodepaula.com.br
Loja virtual: www.consuelodepaula.com.br/lojavirtual
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