foto de Bob Sousa |
Com direção de Miguel
Rocha e dramaturgia de Evill Rebouças, a Companhia de Teatro
Heliópolis encerra no dia 4 de outubro, domingo,
a temporada do espetáculo A Inocência do
Que Eu (Não) Sei, na Casa de Teatro Maria José de Carvalho, no bairro
Ipiranga, às 19 horas. Os ingressos (grátis) devem ser retirados 1 hora antes das sessões.
O
espetáculo é resultante do projeto Onde O Percurso Começa? Princípios de
Identidade e Alteridade no Campo da Educação, que envolve uma intensa
pesquisa teatral e de campo em três escolas públicas de Heliópolis, viabilizado
pela Lei do Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo. O processo contou com
a colaboração Alexandre Mate como provocador de teatro épico e de Carminda
André como provocadora de teatro performático.
O enredo apresenta
quatro trajetos que mostram os desejos e as contradições de pessoas em busca de
aprendizagem: o Menino Rapaz que vence; a Feliz Mulher que se adapta; o
Caminhante em busca do saber; e a Mulher que come maçãs. De modo poético e
irônico a peça extrapola o universo escolar para discutir relações humanas
mediadas por dispositivos de controle social e econômico.
Ainda
que tenha o universo escolar como tema, a peça vai para além do caráter
arqueológico encontrado em campo, pois traz para a cena personagens que vivem
situações de aprendizado na vida. Assim chega à cena um painel que revela as
humanidades de personagens. O diretor Miguel Rocha explica que “a experiência dos atores está em cena e
mostra o que eles querem dizer ao mundo a partir do tema escolhido”.
O Menino Rapaz que
vence (David Guimarães) é um jovem ingênuo que vive as primeiras
experiências na escola. Seu perfil é o do garoto ‘certinho’ que passa a
reproduzir os parâmetros sociais que vivenciou. A Feliz Mulher que se adapta (Klaviany
Costa) registra fortes experiências diante das ‘pauladas’ e dos traumas
vividos, restando-lhe apenas adaptar-se e moldar a sua personalidade para
sobreviver em um sistema educacional perverso.
O Caminhante em busca
do saber (Donizete Bomfim) é um andarilho que vem, provavelmente, do
sertão nordestino. Ele entende sua vida mais pela experiência que pela educação
formal. Seu pai, um homem simples, dizia-lhe que ‘precisava correr em busca do
saber’. O percurso da Mulher que come maçã (Dalma Régia) não é
apresentado somente pela dramaturgia da fala. São as ações que traçam sua
trajetória e geram seu discurso. Nos “movimentos” dessa personagem o espectador
se depara com as questões da mulher que tem sede pelo conhecimento popular em
detrimento do conhecimento acadêmico.
A encenação usa de
expedientes épicos e performáticos para construir as cenas aos olhos do
espectador. Cada elemento apresentado tem como elo os “movimentos” seguintes de
cada trajetória, sendo apresentados por códigos sonoros descritos,
alternadamente, pelos atores. Evill Rebouças – que atuou em conjunto com a Cia.
de Teatro Heliópolis desde a escrita do projeto - explica que escolheu
apresentar a estrutura da peça como uma obra musical e seus vários movimentos.
E ainda argumenta que a dramaturgia se apoiou nas questões propostas pelos
atores, em suas provocações, juntamente com as importantes contribuições de
partituras corporais e musicais de Lucia Kakazu e William Paiva,
respectivamente. “O meu papel foi tecer narrativas e criar figuras que pudessem
juntar as contribuições do coletivo, criando outras camadas estéticas e
ideológicas para as ações soltas e fragmentadas que chegavam”.
O
cenário (de Clau Carmo) foi criado a partir da perspectiva do preto e
branco, tendo como base um piso preto e um grande painel em quadro negro, além
dos elementos de cena. Também assinado por Carmo, o figurino tem a proposta de
trabalhar o caráter de uniformidade nas cores e nos modelos, deixando de lado
as características individuais das personagens. Segundo Miguel Rocha, “A
Inocência do Que Eu (Não) Sei propõe janelas para o espectador
construir perspectivas próprias sobre o tema investigado, e para que isso
aconteça foi necessário estabelecer lacunas na dramaturgia e na encenação”.
Ficha técnica
Espetáculo: A
Inocência do Que Eu (Não) Sei
Criação
em processo colaborativo
Com
a Companhia de Teatro Heliópolis
Dramaturgia:
Evill Rebouças
Direção:
Miguel Rocha
Direção
musical e preparação vocal: William Paiva
Elenco:
Dalma Régia, David Guimarães, Donizete Bomfim e Klaviany Costa.
Músicos:
William Paiva e Caio Madeira (piano), Marcos Mota e Fabio Machado (violoncelo)
e Giovani Liberato (guitarra e sonoplastia).
Cenário
e figurino: Clau Carmo
Iluminação:
Toninho Rodrigues
Provocação
- teatro épico: Alexandre Mate
Provocação
- teatro performático: Carminda André
Colaboração
no processo provocativo: Diego Marques (palestra/performatividade), Luciano
Mendes de Jesus e Fabiana Monsalú (corpo) e Maria Fernanda Vomero.
Assistente
de direção e preparação corporal: Lucia Kakazu
Direção
de produção: Dalma Régia
Assistente
de produção: Fabiana Josefa
Designer
gráfico: Camila Teixeira
Assessoria
de imprensa: Eliane Verbena
Serviço
Temporada:
20 de agosto a 4 de outubro
Local:
Casa de Teatro Maria José de Carvalho
Endereço: Rua Silva Bueno 1533, Ipiranga/SP. Tel: (11) 2060-0318
Gênero: Drama. Duração: 90 min. Classificação: 14 anos
Ingressos: Grátis (retirar 1h antes das sessões)
Horários:
sábados (às 20 horas) e domingos (às 19 horas)
80 lugares. Apresentações para escolas públicas: quintas
e sextas-feiras – informações pelo telefone ou ctheliopolis@ig.com.br.
Não possui acessibilidade, estacionamento e ar
condicionado.
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