O espetáculo Amor em 79:05” é uma
adaptação do diretor Elias Andreato para
o livro homônimo de Vinícius Márquez. Estrelada por Josemir Kowalick, a peça estreia no dia 6 de julho, quarta-feira,
na Sala Experimental do Teatro Augusta,
às 21 horas.
Com abordagem contemporânea, a montagem
apresenta um escritor de meia idade em momentos de solidão, vivenciando o amor
em seus múltiplos sentidos. Amor em 79:05” mostra os
sentimentos, as frustrações, os desejos e as derrotas da personagem sob intensa
égide poética.
E em pleno momento criativo, o homem imagina seu
encontro com um jovem e belo rapaz (Eduardo Ximenes) e
relata um cotidiano fictício desse relacionamento homoafetivo. Ele expõe as
dificuldades da relação, alternando devaneios, discussões e momentos de
ternura. As imagens são difusas. O jogo entre imaginação e realidade sugere
também a possibilidade de ser o jovem quem está escrevendo a história. Fica a
dúvida. “O que fica claro na peça é a certeza de que o artista é capaz de todas
as fantasias. Para falar de uma dor é preciso inventar uma história”, comenta o
diretor Elias Andreato.
A participação do jovem não tira o caráter de
monólogo da peça (sua presença é quase etérea). Os diálogos não chegam a
ocorrer, são solitários. A presença do interlocutor - imaginário ou não - reforça
o sentido das palavras e atinge de forma eficaz aquele a quem são destinadas. “O
jovem representa a presença da ausência nesse momento de amor e dor”, explica
Josemir Kowalick. “Esse jovem pode representar também um desejo do escritor,
projetado em sua cama”, completa o diretor.
Andreato argumenta que Amor em 79:05” discute a relação do tempo com o amor e
a solidão. “O texto mostra a intensidade de um relacionamento, independente da
opção sexual, e nos faz pensar nas relações afetivas que, hoje, são tão
efêmeras, quando não se valoriza o contato direto, quando a tecnologia pode
substituir a intensidade do toque, do olhar próximo. Há falta de tempo para
falar de si, das angústias: muitos querem mesmo é provar, publicamente nas
redes sociais, o quanto são felizes.”
A trilha sonora original do espetáculo -
assinada por Fábio Sá - traz duas canções
com letras de Elias Andreato, interpretadas (em gravação) por Josemir Kowalick.
O diretor também criou o cenário da peça, o quarto do escritor, com poucos objetos como poltrona, uma cama e uma
persiana (que possibilita frestas e transparências sem delimitar ou fechar o
ambiente). A cenografia é composta também por projeções que reportam à natureza,
sugerindo um universo lúdico em contaste com as dores expostas pela personagem. A ficha técnica tem ainda Leo Sgarbo no figurino, Rodrigo
Alves “Salsicha” na iluminação e Daniel
Torrieri Baldi na produção.
Para Josemir Kowalick, a montagem propõe
cumplicidade com o público, ao apresentar questões afetivas inerentes a todas
as pessoas de forma sensível e, ao mesmo tempo, dura e direta. “Sempre é
importante falar de amor, em todos os tempos, principalmente agora”.
Este é um momento ímpar para Josemir Kowalick
em 25 anos de carreira como ator e diretor teatral, 15 deles dedicados também à
docência em artes cênicas. Seus trabalhos mais recentes foram Abajur Lilás (de Plínio Marcos, direção de André Garolli), Os Anjos da Praga (de Marcelo Marcus
Fonseca) e Pano de Boca (de Fauzi
Arap, direção de Marcelo Marcus Fonseca). O artista lembra também com afeto que
dirigiu ator e crítico teatral Alberto Guzik (1944-2010) em O Monólogo da Velha Apresentadora, sua
última incursão em cena.
Quando
li o livro de Vinícius Márquez pensei em todos os amores que perdi e tantos que
não tive coragem de viver intensamente por medo ou preconceito meu ou dos
outros. Senti um profundo desprezo por mim mesmo. Chorei até sentir dó de mim.
Busquei Oscar Wilde, Clarice Lispector e Pessoa, quando diz que a vida chega a
ranger... A dor de quem ama é imensa... Mas a felicidade do enquanto dure é
eterna. Mesmo sendo a solidão o fim de quem ama, preciso me arriscar mais e não
importa a idade do meu coração. E daí se eu ouvir um não? Quero amar e isto
basta. Amar ainda é melhor do que não amar e não ser amado. O teatro sobrevive
há séculos falando de amor. Como artista, tenho estudado esta matéria
obcecadamente... Não é possível que eu fique de recuperação para sempre.
(Elias Andreato)
Ficha técnica
Espetáculo:
Amor
em 79:05”
Autor:
Vinícius Marquez
Direção
e adaptação: Elias Andreato
Elenco:
Josemir Kowalick e Eduardo Ximenes
Cenografia:
Elias Andreato
Figurino
e preparação corporal: Leo Sgarbo
Iluminação:
Rodrigo Alves (Salsicha)
Canções: Elias Andreato e
Fábio Sá
Trilha
composta: Fábio Sá
Direção
de produção: Daniel Torrieri Baldi
Produção
executiva: Nicolau Ayer
Operação
de luz: Rodrigo
Alves (Salsicha)
Operação
de som: Nunila
Katz
Cenotécnica:
Armazém Cenográfico
Design
gráfico e fotografia: Francisco Júnior
Assessoria
de imprensa: Verbena Comunicação
Realização:
Desembuxa Entretenimento
Serviço
Estreia:
6 de julho - Quarta, às 21 horas
Teatro Augusta (Sala Experimental)
Rua Augusta, 943 – Cerqueira
César/SP - Tel: (11) 3151- 4141
Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00).
Bilheteria: qua a sex. (14h às 21h30), sáb. (13h às 23h30) e dom. (13h às 20h).
Gênero: Drama. Duração: 60 min.
Classificação: 14 anos. Capacidade: 50 lugares
Aceita dinheiro e cartões. Ar condicionado. Estacionamento conveniado no local.
PERFIS
Elias Andreato (diretor) - Elias Andreato é ator e diretor. Como intérprete,
transita com desenvoltura nos variados estilos da cena contemporânea,
destacando-se nas atuações em personagens densas, comprometidas com o ato de
viver. Como diretor, distingue-se, sobretudo, nas produções de comédias,
buscando efeitos de leveza e entretenimento. Seus principais trabalhos como diretor
de teatro são: Não Tenha Medo de Virgínia
Woolf (com Esther Góes), Arte Oculta
(de Cristina Mutarelli, com Carlos Moreno e Cristina Mutarelli), Rimbaud - Fragmentos da Obra e Vida de
Rambaud (roteiro de Andreato, com Ariel Borghi, Nilton Bicudo e Vitória
Camargo), A Lista de Alice” (de
Betinho, com Ângelo Antônio), Visitando o
Sr. Green (de Jeff Baron, com Paulo Autran e Cassio Scapin), Eu Não Sou Cachorro (de Fernando
Bonassi, com Celso Frateschi), A Filha da
... (de Carlos Eduardo Silva, com Marília Pêra, Luciana Coutinho, Nina
Morena e Luciano Barbalho), Elas Cantam
Chico (show com Ana Carolina, Zizi Possi, Elba Ramalho, Zélia Duncan,
Sandra de Sá, Fernanda Abreu, Jane Duboc, Wanderléa, Mart’nália, Alcione e Elza
Soares), 3 Versões da Vida (de
Yasmina Reza, com Denise Fraga, Marco Ricca, Mário Schoemberger e Ilana Kaplan),
O Rim (de Patrícia Melo, com Carolina
Ferraz, Ivone Hoffmann, Marcelo Serrado e Heitor Martinez), Adivinhe Quem Vem Para Rezar (de Dib
Carneiro Neto, com Paulo Autran e Cláudio Fontana), Operação Abafa (de Jandira Martini e Marcos Caruso, com Miguel
Magno, Jandira Martini, Marcos Caruso, Tânia Bondezan, Noemi Marinho,
Francarlos Reis e Diego Leiva), Andaime
(de Sérgio Roveri, com Cassio Scapin e Cláudio Fontana) e Florilégio (de Carlos Moreno e Mira Haar, com os autores e Jonatan
Harold). Nos últimos anos, dirigiu importantes montagens, em cartaz no eixo
Rio-São Paulo, entre elas Cruel (com
Reynaldo Gianecchini, Maria Manoella e Erik Marmo), Meu Deus (com Irene Ravache e Dan Stulbach), A Casa de Bernarda Alba (com Walderez de Barros e grande elenco) e Rei Lear (com Juca de Oliveira).
Josemir
Kowalick (ator)
- Josemir Kowalick é ator formado em artes cênicas, com especialização no Método
Stanislawski pela Escola de Arte Dramática de Moscou. Como Diretor, desenvolveu
projetos e montagens como Toda Nudez Será
Castigada, O Monólogo da Velha
Apresentadora, Atire a Primeira Pedra,
Traições, As Mulheres de Shakespeare, A
Margem do Desejo e Gritos Andaluzes.
É professor, desde 1998, tendo passado pela reformulação pedagógica de uma
escola de teatro de São Paulo e acompanhado, desde o princípio, o surgimento da
Escola de Atores Wolf Maya. Atuou em peças como Mulher Sem Pecado, Diálogos,
O Despertar da Primavera, Fogo Morto, A Gaivota, Aurora da Minha
Vida, O Sol Está Quente e a Água Esta
Ótima, O Grande Dia, O Inspetor, Os Anjos da Praga, Abajur
Lilás e Pano de Boca, entre
outros. Atualmente, é o Coordenador Pedagógico da Escola Wolf Maya e professor
das disciplinas de Interpretação Teatral e Improvisação.
Eduardo
Ximenes
(ator) - Eduardo Ximenes é formado nos cursos
de especialização em Interpretação para Televisão (nível profissional) e
Profissionalizante de Ator, ambos pela Escola de Atores Wolf Maya, além de ser
formado e em Administração com ênfase em Comércio Exterior. Estudou também
atuação para cinema e participou de oficinas ministradas por Ariane Mnouchkine,
Jair Assumpção, Erick Gallani e Eve Doe Bruce (Théâtre du Soleil ), em espaços
como Teatro Escola Macunaima e Indac. Eduardo é protagonista no curta-metragem Caerostris Darwini, dirigido por Jair
Assumpção, e, atualmente, atua na peça Amor
em 79:05", de Vinícius Marquez e direção de Elias Andreato, ao lado de
Josemir Kowalick.
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