Montagem reflete sobre as diferenças em encenação lúdica
e bem humorada, onde a música ao vivo, criada por Dr Morris, tem papel de
destaque na dramaturgia.
Inspirado em obra homônima de Eva Furnari, com dramaturgia de Sérgio Pires e direção de Cris Lozano, a Cia. Barracão Cultural -
após circular por alguns locais da cidade - estreia o espetáculo NÓS,
no dia 8 de junho, sábado, no Parque da Aclimação. As apresentações ocorrem na Área de
Eventos em dois horários: às 11h e às 15h.
A montagem - que
narra a trajetória de Mel, uma garota que tinha
nós pelo corpo e não conseguia chorar - tem Eloisa
Elena,
Leandro Goulart, Lucas Nuti e William Simplício no elenco, direção musical de Dr Morris, cenografia de Marco Lima e figurino de Marichilene
Artisevskis. Este é o terceiro espetáculo de rua da companhia, que já realizou
os bem sucedidos O Tribunal de Salomão,
em 2011, e A Condessa e o Bandoleiro,
em 2014.
Foram programadas
30 apresentações de NÓS em
espaços públicos, ao ar livre, com entrada franca. Em junho, além do
Parque da Aclimação (dias 8 e 9), o Parque do Povo (dia 29) e Jardim da Luz
(dia 30) serão os palcos para a encenação.
NÓS conta a história de Mel, uma garota
que nasceu em um repolho mofado, na pequena Pamongas, onde vivia feliz e
rodeada por borboletas, motivo de brincadeiras e zombarias por parte dos
habitantes 'normais' da cidade. Um dia, de tanto segurar as mágoas e o choro, que
não caia nem mesmo descascando cebolas, Mel acabou com o corpo cheio de nós, cada um mais apertado que o
outro. Diante disso, ela convenceu seus pés de ir embora para um lugar
distante, e saiu de Pamongas disfarçada de geladeira. Mel não sabia que havia
tantas coisas para conhecer. Cinco nós foram necessários para que ela se
aventurasse. Andou, cruzou montanhas e rios, encotrou animais, carroças e
bicicletas pelo caminho. À medida que se permitiu vivenciar cada coisa diferente
na jornada, seus nós foram se desfazendo e ela encontrou alguém que ganhou sua
confiança. E Mel conheceu uma cidade onde cada um tinha seu próprio nó e ninguém ligava para isso.
O principal argumento para a Barracão
Cultural montar um espetáculo a partir de um livro de Eva Furnari é sua
habilidade em abordar temas sensíveis e polêmicos de forma objetiva, lúdica e
fantástica. Em NÓS, ela propõe uma reflexão sobre temas como diversidade,
intolerância, respeito e alteridade. A relação que se estabelece entre as
características peculiares de Mel e a relação com o ambiente onde vive gera
“nós” em seu corpo e a obriga a realizar uma jornada de autodescoberta.
“Essa menina traz uma coisa bela e poética
para o mundo, que são as borboletas, mas a consequência por ser diferente é se
tornar uma pessoa deslocada e com marcas no corpo”; comenta a atriz Eloisa
Elena, que vive a personagem. “Acreditamos que falar sobre os temas propostos por
Eva é uma questão urgente, com potencial para encontrar ressonância entre os
mais diversos públicos e estimular a convivência e o respeito”, completa Eloisa.
Ela também ressalta que o espetáculo não mostra somente o lugar da dificuldade,
nem retrata a resignação na dor. “Mel representa a força de vontade, a busca.
Ela não esmorece no desejo de encontrar o seu lugar no mundo”.
Para a diretora Cris Lozano, “o
micro-bullying, aquele que pode ser praticado quase sem perceber, não é
apresentado como julgamenteo ou denúncia, mas como propulsor da autorreflexão”.
Isso é colocado em cena de forma leve, em uma encenação lúdica e cheia de
humor. A narrativa passa pelo realismo fantástico, deixando livre o imaginário
do público. Lozano explica que a encenação busca inserir o espectador na
história, fazê-lo pensar sobre como agiria diante daquela situação e também entender
que não se deve tratar com naturalidade a banalização das diferenças.
O espetáculo tem um coro de vozes masculinas
que, segundo a diretora, pode representar o patriarcado, mostrando como essa
menina é vista, a partir de uma questão bem mais forte que a poética. “Esse
coro traz a herança polifônica do coletivo masculino que espera da mulher um comportamento
limitado do que não é poético”. Os atores-músicos se revezam nas personagens
que vão surgindo durante a trajetória da menina: adolescentes, homens de
negócios e trio de vacas malhadas, entre outros. Mas um dos garotos não se
encaixa, exatamente, na posição de antagonista,
ele tem afeição pela garota, mas não vai contra a posição dos colegas.
Trilha, cenário e
figurino
Fotos de Henk Nieman |
Mesmo sendo realizado em espaços sem nenhuma
infraestrutura teatral, o NÓS traz um apurado rigor técnico e
estético, com todos os elementos do teatro numa produção bem cuidada que
integra com originalidade os diversos aspectos que compõem a cena: cenografia,
figurinos, adereços e trilha sonora.
A trilha sonora original, criada por Dr
Morris, é tocada ao vivo pelos atores. A Barracão Cultural tem o privilégio de
ter como integrante um diretor musical. A cada espetáculo, a sonoridade vem
sendo um dos fatores determinantes nas montagens. Em NÓS, reverencia o artista
popular de rua que, além de interpretar e narrar, também canta e toca os
instrumentos. “Algumas canções têm papel fundamental na trama, seja
dramatúgico, poético ou narrativo”, comenta Dr Morris. Ele ainda acrescenta que
buscou por uma sonoridade que fosse além do popular e trouxesse originalidade e
graça. “Conseguimos isso com o violão de nylon, os tambores, a marimba de
porcelanato e a marímbula, uma espécie de calimba grave e grande, que foi construída
pelo ator Leandro Goulart”, explica o músico.
A diretora reforça a importância da
dramaturgia musical para um espetáculo apresentado em local público. “A
dinâmica da música precisa atrair os olhos e ouvidos do espectador. O ritmo, a
sonoridade e as letras das canções devem se sobrepor aos eventuais ruídos do
ambiente de rua e seduzir as pessoas com seriedade, leveza e encanto”.
O cenário é uma microarena com uma ‘estação’
para os músicos e seus instrumentos, possibilitando ao público ver o espetáculo
de vários pontos de vista, de acordo com a posição em que se encontra. “Desta
forma, aproximamos as pessoas da história, com seus olhares externos, cúmplices
ou não desse ato de bullying”, comenta Cris Lozano. O cenógrafo Marco Lima
conta que se inspirou no repertório imagético da literatura de Eva Furnari para
criar um cenário alegórico. “As ilustrações foram fundamentais para compor os
elementos bidimensionais como metáforas que traduzem sua linguagem. Fizemos um
recorte que transporta o universo da autora para o palco, tirando o espectador
do cotidiano e situando-o em outro espaço”, explica o cenógrafo.
Nada realista também é o figurino. “Temos um
pezinho no circense”, brinca Marichilene Artisevskis. A figurinista diz que
buscou exaltar a fantasia tanto nas vestes e adereços como nas cores
utilizadas.
Origem
Eloisa Elena, além de ser mãe de um
adolescente, trabalha, há mais de 14 anos, com jovens da periferia de São
Paulo. “Essa vivência
com adolescentes, cujos corpos são desafios nessa fase, veio de encontro à
temática do livro. A personagem Mel representa o que cada um tem de diferente.
E o corpo, pela dificuldade em lidar com a situação e falar sobre o que
incomoda , carrega as questões emocionais, os nós” – comenta a atriz.
O processo para montagem de NÓS
iniciu-se há três anos. A Barracão Cultural
promoveu, nesse período, cinco encontros com jovens entre 14 e 18 anos, de
diferentes lugares e classes sociasis (a diversidade estava presente nas
identidades desses jovens), para troca de olhares sobre os diferentes nós que
cada um tem em si. Essas provocações e vivências foram registaradas em vídeo,
resultando em um minidocumentário que será
disponibilizado na Internet, oportunamente. A produção mantém também o
compromisso de levar a montagem NÓS até locais de convívio próximos
às regiões onde moram esses jovens que participaram dos encontros.
Ficha técnica
Texto: Livre adaptação
da obra de Eva Furnari. Dramaturgia: Sérgio Pires. Direção: Cris Lozano. Elenco:
Eloisa Elena, Leandro Goulart, Lucas Nuti e William Simplício. Direção musical
e canções originais: Dr Morris. Cenografia: Marco Lima. Figurinos:
Marichilene Artisevskis. Coordenação técnica: Maurício Mateus.
Confecção de cenografia e adereços de cenografia e figurino: Tetê Ribeiro,
Lucas Luciano e Fábio Ferretti. Orientação
de movimento e coreografias: Andrea Soares. Aulas de beatbox: Thiago Mautari. Aulas de saxofone: Leonardo Muniz. Construção da marimbula: Leandro Goulart. Confecção de escada e suporte dos instrumentos: Ciro Schu. Costureiras: Judite de Lima e Marinil
Ateliê. Design gráfico: Cláudio
Queiroz. Ilustrações do material gráfico:
Marina Bethanis. Fotos de divulgação: Henk Nieman. Coordenação
e facilitação dos encontros com jovens: Cláudio Queiroz. Direção de vídeo-documentário: Murilo
Alvesso. Assessoria de imprensa:
Eliane Verbena. Produção executiva: Geondes Antônio. Direção de produção: Eloisa Elena. Administração:
Tetê Ribeiro. Produção e realização: Barracão Cultural. Apoio: 7ª edição do Prêmio Zé Renato de
Apoio à Produção e Desenvolvimento da Atividade Teatral para a Cidade de São
Paulo.
Sinopse - Mel é uma garota que nasceu em um repolho mofado, vivia feliz rodeada por borboletas, mas não escapava das brincadeiras e zombarias. De tanto segurar as mágoas e o choro, ela acabou com o corpo cheio de nós e resolveu ir embora para uma cidade distante. À medida que vivenciava cada coisa diferente que encontrava, seus nós iam se desfazendo, até encontrou alguém que ganhou sua confiança e que também tinha um nó. E ela conheceu uma cidade onde cada um tinha seu próprio nó e ninguém ligava para isso.
Sinopse - Mel é uma garota que nasceu em um repolho mofado, vivia feliz rodeada por borboletas, mas não escapava das brincadeiras e zombarias. De tanto segurar as mágoas e o choro, ela acabou com o corpo cheio de nós e resolveu ir embora para uma cidade distante. À medida que vivenciava cada coisa diferente que encontrava, seus nós iam se desfazendo, até encontrou alguém que ganhou sua confiança e que também tinha um nó. E ela conheceu uma cidade onde cada um tinha seu próprio nó e ninguém ligava para isso.
Apresentações – Junho/2019
Espetáculo: NÓS
8 e 9 de junho. Sábado e domingo, às 11h e às
15h
Local: Parque da
Aclimação (Área de Eventos)
Rua
Muniz de Souza, 1119 – Aclimação. Tel: (11) 3208-4042
29 de junho. Sábado, às 11h e às 15h
Local: Parque do
Povo - Mário Pimenta Camargo (Área de Eventos)
Av.
Henrique Chamma, 420 – Pinheiros. Tel:
(11) 3073-1217
30 de junho. Domingo, às 11h e às 15h
Local: Parque
Jardim da Luz (Área de Eventos)
Praça da Luz, s/n - Bom Retiro. Tel:
(11) 3227-3545
Barracão Cultural
A Cia. Barracão Cultural é um núcleo de
criação e produção que tem como proposta realizar projetos que priorizem a
pesquisa de temas e de linguagem, que sejam acessíveis e atendam a diferentes
públicos. Formado por alguns parceiros fixos e outros convidados a integrar
cada trabalho, desenvolve, há 16 anos, um exercício permanente de criação e
produção de espetáculos, que obtiveram excelente acolhida de crítica e público.
Faz parte do repertório da Barracão Cultural espetáculos para o público adulto,
infanto-juvenil e espetáculos concebidos para ruas e espaços abertos. Principais realizações em teatro: Entre (2019) - texto de Eloisa Elena, direção de Yara de Novaes
e Carlos Gradim; On Love (2017) - texto de Mick Gordon,
direção de Francisco Medeiros; Já Pra
Cama! (2015) - texto
de Eloisa Elena, direção de Fernando Escrich; A Condessa e o Bandoleiro (2014) - texto de Angelo Brandini, direção de Fernando
Escrich; Facas nas Galinhas (2012) - texto David Harrower, direção
de Francisco Medeiros; O Tribunal de
Salomão e o julgamento das meias-verdades inteiras (2011) - texto de Paulo Rogério
Lopes, direção de Cuca Bolaffi; Cacoete (2008)
- adaptação de Eloisa Elena para livro de Eva Furnari, direção
Heitor Goldflus; A Mulher que Ri (2008) - texto de Paulo Santoro,
direção Yara de Novaes; Convite para
Jantar (2005) - de
Eloisa Elena e Júlia Ianina; Um
Destino para Julieta e Romeu (2005)
- texto de Marcelo Romagnoli, direção de Cris Lozano; e Caixa Mágica (2004) –
texto de G Petean, direção de Cris Lozano.
Assessoria de imprensa: VERBENA COMUNICAÇÃO
Tel: (11) 2738-3209 /
99373-0181- verbena@verbena.com.br
Eliane Verbena / João
Pedro
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