Montagem calcada nas ações corporais, nos movimentos coreográficos e na música discute as barbáries praticadas pelo Estado, desde a colonização até os dias atuais.
Foto de Rick Barneschi |
O espetáculo é resultado de pesquisa da Companhia de Teatro Heliópolis sobre como o Estado brasileiro, há mais de cinco séculos, desde o início da colonização portuguesa até o atual cenário político-social, vem autorizando a barbárie e seus atravessamentos, justificando privilégios, hierarquias e opressões. A Companhia compreende que investigar as origens da violência social implica compreender como a história se repete: primeiro, como tragédia; depois, como farsa, conforme Karl Marx já assinalara.
Quando o discurso autoriza a barbárie desvela, em cena, muito desse conjunto de visualidades e enunciados que sustenta a violência estatal e institucional no Brasil contemporâneo. Ao radicalizar a pesquisa ético-estética desenvolvida nos últimos anos, a Companhia de Teatro Heliópolis aposta numa encenação híbrida, apoiada no desdobramento de imagens-síntese, em que os corpos das atrizes e dos atores em diálogo com o próprio espaço cênico e suas materialidades compõem o eixo dramatúrgico principal. E assim põe em xeque a organização lógica de eventos que compõem a história oficial do Brasil.
O desafio de construir uma dramaturgia sem o texto, propriamente dito, traz uma abordagem nova para essa reflexão. Enquanto criadores, os integrantes da companhia aprofundam na linguagem do corpo, constroem partituras com ações corporais e jogo relacional que potencializa a simbologia da violência, considerando que apenas a palavra pode já não ser elemento suficiente para expor o discurso de forma contundente.
A construção poética das cenas, em narrativa não linear, surpreendem pela concretude, pela força e sutileza ao conjugar ações físicas, atitudes, gestos e sequências corográficas, onde a iluminação (Guilherme Bonfanti) em perfeita harmonia com a música e o canto (trilha sonora original criada por Peri Pane e Otávio Ortega) têm papel fundamental. A encenação lança mão também de artifícios como vídeos e áudios gravados para compor a dramaturgia.
“A investigação do espetáculo constata que a barbárie e a violência sempre foram patrocinada pelo Estado, desde a exploração e dizimação dos indígenas, do uso mão escrava, da exploração das riquezas naturais a qualquer custo e da repressão na ditadura militar. Para discutirmos essas e outras questões sociais, culturais e políticas contemporâneas, precisamos voltar o olhar para o passado, para a origem, pois elas sempre estiveram presentes”, comenta o encenador Miguel Rocha.
A Companhia de Teatro Heliópolis - Com 13 trabalhos no repertório, a Companhia de Teatro Heliópolis é um grupo atuante, reconhecido nacionalmente, que realiza trabalho ininterrupto e consistente, desde o ano 2000, em Heliópolis, uma das maiores favelas da capital paulistana. Em 2022, o espetáculo CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, foi agraciado com os prêmios: APCA - categoria Dramaturgia, indicado também em Direção; Prêmio SHELL de Teatro - categorias Dramaturgia e Música, indicado também em Direção; VI Prêmio Leda Maria Martins - categoria Ancestralidade; e ainda indicado pela Folha de S.Paulo como um dos Melhores Espetáculos de 2022. O grupo, como artistas e também moradores da região, tem estabelecido diálogo vivo e dinâmico com o local onde atua.
FICHA TÉCNICA - Concepção e encenação: Miguel Rocha. Provocação dramatúrgica: Alexandre Mate. Provocação cênica e texto para programa: Maria Fernanda Vomero. Elenco: Álex Mendes, Anderson Sales, Dalma Régia, Davi Guimarães, Fernanda Faran, Isabelle Rocha e Walmir Bess. Direção de movimento e estudo da Ideokinesis: Érika Moura. Direção musical: Peri Pane. Trilha sonora: Peri Pane e Otávio Ortega. Músicos (ao vivo): Alisson Amador e Jennifer Cardoso. Iluminação: Guilherme Bonfanti. Assistência de iluminação: Giorgia Tolaini. Cenografia: Eliseu Weidi. Figurino: Samara Costa. Assistência de figurino: Paula Knop. Preparação vocal: Bel Borges e Edileuza Ribeiro. Dança: Sayô Pereira e Flávia Scheye. Organização de roteiro e edição de vídeo: Gabriel Fausztino. Animação: Teidy Nakao. Sonoplastia e operação de som: Lucas Bressanin. Operação de luz: Nicholas Matheus. Operação de vídeo: Allysson do Nascimento. Canções originais: “Invento” (Eunice Arruda e Peri Pane), “Canto da Partida” (Lucina e Peri Pane), “Liquidação Total” (Peri Pane), “Sobre os Ossos” (Marion Hesser e Peri Pane), “Coro” (Edileuza Ribeiro). Participações: Catarina Nimbopy’rua, Edileuza Ribeiro e Tata Orokzala. Estúdio / gravação de trilha: Estúdio 100 Grilos, por Otávio Ortega. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Assessoria Jurídica: Martha Macrus de Sá. Fotografia: Rick Barneschi. Direção de produção: Dalma Régia. Idealização e produção: Companhia de Teatro Heliópolis. Realização: Sesc São Paulo.
Serviço
Espetáculo: Quando o Discurso Autoriza a Barbárie
Com: Companhia de Teatro Heliópolis
Temporada: 01 de setembro a 01 de outubro de 2023
Horários: sextas e sábados, às 20h; domingos
e feriado (7/9), às 17h
Local: Sala I (120 lugares) – com
acessibilidade.
Ingressos: R$
30,00 (inteira), R$ 15,00 (meia-entrada) e R$ 10,00 (credencial Sesc)
Duração: 90 minutos. Classificação: 16 anos.
Gênero: Experimental.
Instagram: @ciadeteatroheliopolis | Facebook:
@companhiadeteatro.heliopolis
Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo / SP.
Telefone: (11) 2076-9700 |
sescsp.org.br/Belenzinho.
Na rede: @sescbelenzinho. Acessibilidade: Sim.
Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às
21h. Domingos e feriados, das 9h às 18h.
Valores: Credenciados plenos
do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados
no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional.
Transporte Público
Metro Belém (550m) | Estação
Tatuapé (1400m)
Informações à imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane
Verbena
(11) 2548-38409 / 99373-0181 - verbena@verbena.com.br
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