O
espetáculo do NUO, cuja música é assinada por Jean Baptist Lully, tem
inspiração na sedutora estética da commedia dell’arte.
O NUO
(Núcleo Universitário de Ópera), dirigido pelo maestro Paulo Maron,
inaugura o Espaço Núcleo (em sua sede própria) com encenação do
espetáculo O Burguês Nobre (Le Bourgeois Gentilhomme), de Molière,
nos dias 29 e 30 de novembro, sábado e domingo, às 19n30. Com música
composta por Jean-Baptiste
Lully, a montagem é uma semi-ópera, peça de teatro
cujos diálogos são intercalados por música erudita
barroca e dança.
O
Burguês Nobre
satiriza as tentativas de ascendência
social da classe burguesa, ridicularizando tanto a classe média vulgar
e pretensiosa quanto a esnobe e vaidosa aristocracia.
O título já é uma contradição, pois na França de
Molière, um "gentilhomme" (cavalheiro) era, por
definição, um nascido nobre,
e era improvavel existir um burguês com caráter nobre. Este espetáculo foi
encenado pela primeira vez, em 1670, diante da corte do rei Luís XIV.
Na versão do
NUO, tanto os atores-cantores como os instrumentistas fazem parte da cena. A
música é cantada em francês (legendada) com os diálogos em português. Na
concepção de Paulo Maron, a encenação se aproxima da movimentação cênica da
época em que a o texto foi escrito (século XVII). “Buscamos inspiração na commedia
dell’arte para elucidar o clima de época. Os figurinos também foram
concebidos como se fossem esboços das roupas da época e a iluminação foi
condicionada a alguns espaços, procurando reproduzir o clima da luz de velas”.
Comenta o diretor.
Pioneiro no
trabalho operístico com jovens, oriundos das mais diversas faculdades de
música, o NUO é reconhecido pela interpretação e pelo forte trabalho corporal.
O trabalho de formação artística vai além da música. Os jovens estudam
interpretação e passam por preparação corporal para formar um grupo atuante com performance totalmente particular.
Anualmente, duas montagens operísticas são realizadas com sucesso pela
companhia.
Sinopse
A peça se
passa inteiramente na casa de Jourdain, um burgues de
meia idade cujo pai enriqueceu como comerciante de tecidos. Sua única meta é
ascender seu status e ser aceito como um cavaleiro aristocrata.
Para isto, encomenda roupas espalhafatosas, acreditando ser assim que um nobre
se veste, e se empenha para aprender tudo que um nobre supostamente saberia,
contratando professores de dança, música, filosofia e esgrima,
apesar de sua idade avançada. Em suas tentativas, ele acaba sempre por fazer um
papel ridículo, para desgosto de seus professores.
A Sra.
Jourdain, sua esposa, vê a situação constrangedora do marido e pede-lhe, sem
obter sucesso, que retorne à vida despretensiosa de classe média. Um nobre
aproveitador e sem dinheiro, chamado Dorante,
associa-se a Jourdain, a quem odeia secretamente, mas adula em público,
estimulando seus sonhos aristocráticos para conseguir que ele pague suas
dívidas. Os sonhos de ascensão social do protagonista ficam cada vez maiores e
ele deseja casar sua filha Lucille com um nobre, mas ela está apaixonada por
Cléonte, um rapaz de classe média.
Proibido de
se casar com sua amada e com a ajuda de seu criado Covielle, Cléonte se
disfarça de filho do sultão da Turquia e se apresenta a Jourdain que,
envaidecido, consente o casamento da filha com um “monarca estrangeiro”. E fica
ainda mais embevecido quando o "príncipe turco" diz que, como pai da
noiva, também receberá um título de nobreza.
Personagens
/ intérpretes
Monsieur
Jourdain: Pedro Ometto (barítono). Madame Jourdain: Angélica Menezes (mezzo).
Cleonte: Caio Oliveira (tenor). Covielle: Luis Fidelis (barítono). Lucille: Andrezza
Reis (soprano). Dorimene: Isis Cunha (soprano). Conde Dorante: Ricardo Moraes
(tenor). Professor de esgrima: Rodrigo Theodoro (baixo). Professor de dança:
André Estevez (tenor). Professor de Filosofia: Paulo Bezzule (tenor). E
participação de Eliane Gama (Nicole), Wesley Fernandez (Alfaiate), Paulo Maron
(Professor de música) e Renata Matsuo (bailarina).
Espaço
Núcleo
O Espaço
Núcleo fica na Rua Belas Artes, 135, no Ipiranga, e tem uma área cênica capaz para
acomodar 100 pessoas. Além de ser a sede oficial do Núcleo Universitário de Ópera (NUO) o
espaço cultural está apto a receber trabalhos de outros grupos, sendo propício
às pequenas montagens, aos pequenos concertos e recitais, além ensaios de
espetáculos. Em princípio, foi idealizado para abrigar as montagens do próprio
NUO, ao perceber a necessidade de espaços cênicos não convencionais para
avançar com suas pesquisas e experimentos. “Identificamos que o desejo de levar
espetáculos para locais diferentes dos tradicionais, especialmente no meio musical
erudito, é um desejo compartilhado por muitos, por isso o Espaço Núcleo está
aberto a todos”, comenta o diretor Paulo Maron.
O Espaço
Núcleo tem estrutura simples e sem requintes. Sua localização é privilegiada:
fica a duas quadras da estação Alto do Ipiranga (Linha Verde do Metrô) que tem
ligação com outras linhas de metrô e trem e fácil acesso a diversas linhas de
ônibus. Mais de 600 mil reais foram investidos na construção da sede, soma
advinda de recursos próprios de integrantes do grupo, além do apoio conquistado
por meio de financiamento coletivo feito pela Internet, através do projeto
Catarse.
Espetáculo:
O Burguês Nobre
Autor: Molière
e Lully
Direção
geral: Paulo Maron
Com: NUO
- Núcleo Universitário de Ópera
Fugurinos,
cenário e luz: Paulo Maron
Preparação
corporal: Marília Velardi
Coreografia:
Wesley Fernandez
Músicos:
Camerata do Núcleo Universitário de Ópera
Solistas
e coro: Núcleo Universitário de Ópera
Realização:
NUO - http://nucleodeopera.blogspot.com
Dias 29 e
30 de novembro
Sábado
(às 20h30) e domingo (às 19h30)
Espaço Núcleo
Rua Belas Artes, 135. Ipiranga/SP (Metrô Alto do Ipiranga).
Tel: (11) 99571-2914
Ingresso
(preço único): R$ 25,00. Bilheteria: 1h antes da sessão (dinheiro e cheque).
Duração:
90 min. Classificação etária: 12 anos. Capacidade: 100 lugares
Acesso
universal. Ar condicionado. www.facebook.com/nucleodeopera.
PERFIS
Molière (dramaturgo)
Jean-Baptiste Poquelin, o renomado dramaturgo francês conhecido Molière (1622-1673), foi também ator e encenador, sendo considerado um dos mestres da comédia satírica. Teve um papel de destaque na história da dramaturgia
da França, até então muito dependente da temática da mitologia
grega. Molière – que usou as suas
obras para criticar os costumes da época - é considerado um dos fundadores da Comédie-Française.
Jean
Baptiste Lully (compositor)
Jean-Baptiste de Lully (em italiano, Giovanni Battista; 1632-1687) foi um compositor
francês, nascido em Itália, que passou a maior parte da vida trabalhando na
corte do rei Luis IV. Compôs
diversos ballets, peças instrumentais e óperas. Considerado o grande
mestre da música barroca francesa, iniciou, em 1664, a parceria com o
dramaturgo Molière.
Núcleo
Universitário de Ópera
e Paulo Maron
No ano de
2003, Paulo Maron criou o Núcleo Universitário de Ópera (NUO), um grupo
que congrega jovens estudantes de canto lírico com grau universitário (recém
formados ou em fase de formação), vindos de diferentes escolas e universidades.
Considerando a escassez de oportunidades de atuação para esses jovens, Maron
acreditou que manter um grupo estável, participando de produções regulares e
com desafios cênicos e vocais, seria a fórmula correta de estimular o
desenvolvimento de seus potenciais. Ao mesmo tempo, a direção do NUO apostou
que o grupo estaria apto para apresentar à cena lírica paulistana não só um
novo repertório, mas uma inovadora forma de montagem operística, valendo-se de
um trabalho cênico diferenciado, devido à junção das técnicas teatrais de
Meyehold com as técnicas corporais de Martha Grahan, Feldenkrais e Laban.
Paulo Maron
coordena todos os projetos realizados pelo Núcleo Universitário de Ópera,
assinando também a cenografia e direção cênica e musical. Atualmente com uma
equipe composta por, aproximadamente, 20 cantores, 15 instrumentistas e 5 profissionais
técnicos e artísticos. Dentre os trabalhos produzidos pelo Núcleo se destacam: O
Mikado, de Willian Gilbert e Arthur Sullivan (2004); Forrobodó, de
Francisco Bittencourt e Chiquinha Gonzaga (2005); Os Piratas de Penzance,
de Willian Gilbert e Arthur Sullivan (2005); A Ópera dos Três Vinténs,
de Bertolt Brecht e Kurt Weill (2006); HMS Pinafore, de Gilbert e
Sullivan (2006); Julgamento com Júri, de Gilbert e Sullivan; Der Mond
(A Lua), de Carl Orff (2007); Patience, de Gilbert e Sullivan
(2007), Moscou, Tcheryomushki, de Dmitri Shostakovich (2008), O
Feiticeiro, de Gilbert e Sullivan (2008), O Falso Filho, de Joaquín
Rodrigo (2009), Utopia, Ilimitada, de Gilbert e Sullivan (2009), A
Jornada do Peregrino, de Ralph Vaughan Williams (2010); Iolanthe, de
Gilbert e Sullivan (2010); Prometheus, de Gabriel Fauré (2011); Os
Gondoleiros, de William Gilbert e Arthur Sullivan (2011); The Fairy
Queen - Sonho de Uma Noite de Verão, de Henry Purcell e William
Shakespeare (2012); King Arthur, de Henry Purcell (2013); e A Ópera
do Mendigo, de John Gay (2013 e 2014).
O NUO é
reconhecido pela Gilbert & Sullivan Society como o único grupo
especializado nesses autores em toda a América Latina. Em 2007, o Núcleo
Universitário de Ópera lançou o DVD HMS Pinafore – uma das mais
populares óperas cômicas de Gilbert e Sullivan, encenada em 2006, no Theatro
São Pedro, em São Paulo. Esta é a primeira produção brasileira lançada em DVD
no circuito comercial com distribuição da LPC Comunicações.
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