O espetáculo OVONO volta em cartaz no
dia 7 de janeiro de 2017 (sábado, às 20 horas) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, onde permanece em cartaz até o dia 30. A montagem tem texto e direção assinados pelo artista multimídia Ricardo Karman, reconhecido por
montagens ousadas e inusitadas, fundador da Kompanhia Centro da Terra.
A peça é uma aventura de ficção científica,
satírica e filosófica, na qual um gigantesco osso vindo do espaço está prestes
a destruir a Terra. A única esperança do planeta é Ovono, o mais perfeito
cérebro artificial já criado, mas esta “máquina” está aprendendo a pensar, a
ter sentimentos, e pode não estar preparada para a difícil missão de destruir o
objeto ameaçador e salvar a humanidade.
Além de Ricardo Karman (texto, direção
e cenografia), a ficha técnica traz Amir Admoni na direção de
animação digital e vídeo, Tito Sabatini como diretor de projeto
multimídia, José de Anchieta no figurino, Domingos Quintiliano na
iluminação e Otávio Donasci em projeto e consultoria de inflável. O
elenco é formado por Gustavo Vaz, Paula Arruda, Paula Spinelli, Fábio Herford, Bruno
Ribeiro e César Brasil.
O enredo discute a ambição pelo progresso
tecnológico no decorrer da evolução da civilização. Com uma linguagem
multimídia inusitada a encenação ousa em técnicas de vídeo maping com
projeções em suportes esféricos e infláveis (seres e imagens criadas
digitalmente por Adnomi, especialmente para a peça). Ricardo Karman e a Kompanhia
do Centro da Terra levam para o teatro uma reflexão fundamental sobre os rumos
do progresso e o ônus do desenvolvimentismo irrefreável em nossa época. OVONO
é híbrido de teatro, mímica, vídeo e animação computadorizada: as personagens
interagem em perfeita sincronia com animações digitais, cujas vozes são
dubladas ao vivo pelos atores na coxia, criando uma dinâmica cênica que mistura
o real e o virtual - linha mestra da pesquisa de 27 anos da Kompanhia. O
cenário é um inflavel, onde fica uma calota (globo) que recebe a projeção de
várias cenas, inclusive a “forma sugerida” do cérebro Ovono. Quase todas as
cenas ocorrem dentro desta estrutura, quando os atores têm a voz amplificada
para que o som seja perfeito.
A
criação de Karman foi inspirada, de forma irônica, na corrida espacial dos anos
60 e 70, em filmes de ficção científica como 2001 - Uma Odisseia no Espaço
(Stanley Kubrick, 1968) e no livro de Gênesis (Bíblia). O osso arremessado para
o alto por um macaco (no filme) como alusão ao brilhante futuro da raça humana,
marca a utopia do final do século XX. O eloquente orgulho da inteligência
humana, das conquistas tecnológicas e da exploração do espaço contrasta aqui
com um futuro perverso, com o ônus do modelo de progresso insustentável. Este é
o contexto da parábola de OVONO: o Osso retorna e ameaça quedar-se,
gigantesco, sobre nossas cabeças com o efeito devastador de uma bomba atômica.
Ovono é um computador
dotado de inteligência artificial; é o paroxismo do intelecto humano, a mais
sofisticada idealização da tecnologia, a mimese da inteligência humana (é uma
criação digital que contracena com os atores, dublado por Paula Spinelli). Segundo
o diretor, a sociedade do consumo confunde evolução tecnológica com
desenvolvimento civilizatório. “Há uma certa hipnose gerada pela tecnologia que
nos ilude, infla nossa autoestima e nos faz sentir orgulho da nossa raça.
Percebemos de forma irrefutável um evolucionismo sempre benéfico. Tecnologia
não deveria ser a única referência para o desenvolvimento da civilização. O
verdadeiro progresso deveria ser o da evolução humana e dos ganhos sociais de
toda a população”, explica Karman.
O
espetáculo procura refletir com bom humor sobre essas questões da evolução. Há
dois conflitos dramáticos, duas linhas de discussão no texto. Uma crê no
progresso e quer manter o Osso no ar: acredita que a humanidade vai conseguir
superar seus problemas e continuar evoluindo (e o osso continuará voando no
espaço). A outra quer destruí-lo: não acredita na superação dos problemas (e o
Osso cairá e nos destruirá). O computador Ovono defende a primeira hipótese,
mas, diferentemente do HAL do filme de Kubrick, ele adquiriu fé no Osso.
Afinal, ele seria o seu “pai”, a razão única de sua existência. E, contra todas
as evidências científicas, “acredita” que ele não destruirá o planeta.
Para
Ricardo Karman “o desafio em OVONO é manter a ‘simplicidade’ teatral sem
deixar transparecer o inerente rigor técnico e a sofisticação eletrônica para
que a história tenha um curso natural e envolvente, diante de uma dramaturgia
que assume meios digitais de comunicação como ponte para a estética
contemporânea”. Ele ainda explica o significado do título: “ovon-o” remete a
novo, a grafia é o contrário de “o-novo”.
Ficha técnica
Texto e direção geral: Ricardo Karman; Direção de animação e vídeo: Amir
Admoni; Direção de projeto
multimídia: Tito Sabatini; Elenco: Gustavo Vaz, Paula Arruda, Paula Spinelli, Fábio Herford, Bruno
Ribeiro e César Brasil; Participação/vídeos:
Lulu Pavarin, Vivian Bertocco, Beatriz Bianco e Vivian Vineyard; Assistência de direção: Bernardo
Galegale; Figurino: José de Anchieta; Iluminação: Domingos Quintiliano; Cenografia: Ricardo Karman; Dramaturgista: Rui Condeixa Xavier; Projeto e consultoria de inflável: Otávio Donasci; Consultoria de imagem: Hugo Mendes e Damian Campos; Equipe
de suporte de projeção: Angelo Bag, Damian Campos e Hugo Rodrigues; Trilha sonora: Raul Teixeira e Rodrigo
Florentino; Operação de som: Rodrigo Florientino; Operação de luz e vídeo: Leonardo Patrevita; Animação: Amir Admoni e Fabrício Melo; Rigging / verme: Leonardo Cadaval; Animação verme: Diego Souza; Videorreportagem:
César Brasil; Assistência de luz para montagem: Marcos Rogério Fávero e Vinícius Requena ; Adereços: Marcela Donato, Paulo Galvão, Josué
Torres; Consultoria
de visagismo: Duda Marcondes; Contrarregragem: César Brasil, Bruno Ribeiro e Moisés Saron
Lopes; Costureira: Lande Figurinos; Confecção de inflável: Juanito Cusicanki; Fabricação
da calota: Marcelo Carlos da Macplast; Coordenação de produção e produção
executiva: Vivian Vineyard; Administração: Norma Lyds e Emerson Mostacco; Projeto gráfico: Keren Ora Karman; Fotografia: Leekyung Kim; Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação; Idealização: Kompanhia do Centro da Terra; Realização: Centro Cultural Banco do Brasil; Patrocínio:
Banco do Brasil; Copatrocínio:
Sabesp.
Estreou dia 5 de novembro de 2016
Serviço
Espetáculo:
OVONO
Reestreia:
dia 7 de janeiro de 2017
Temporada:
Sábado e segunda (às 20h) e domingo (às 19h) – Até 30/1
Ingressos:
R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia)
Duração: 90 minutos. Recomendação: 16 anos.
Gênero: Ficção científica (drama).
Centro
Cultural Banco do Brasil
Rua
Álvares Penteado, 112. Centro/SP
Tel: (11) 3113-3651 / 3113-3652. Capacidade:
130 lugares.
Acessos:
Estações Sé e São Bento do Metrô.
Acessibilidade.
Ar condicionado. Loja. Café Cafezal.
Estacionamento: Estapar – Rua Santo
Amaro, 272 – R$ 15,00 pelo período de 5h. É necessário carimbar tíquete na
bilheteria do CCBB. Transporte gratuito: uma van faz o
traslado gratuito (estacionamento/CCBB). Na volta, parada também no Metrô
República.
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