Com direção de Fabiana Carlucci, a
montagem Um Passo Atrás é um projeto da atriz Camila Graziano.
O espetáculo Um Passo Atrás, do
dramaturgo João Fábio Cabral, estreia
no dia 25 de setembro, sexta-feira, no Instituto
Cultural Capobianco, às 21h30. Com direção de Fabiana Carlucci, a peça tem em cena os atores Camila Graziano e Zemanuel
Piñero.
O enredo conta a história de Vick que, após a
morte de sua mãe, retorna à casa de sua infância para resolver uma simples
questão burocrática. Seu encontro com o inquilino Jorge, um artista plástico,
traz à tona um passado cheio de segredos e um desfecho com revelações
surpreendentes.
O
texto foi escrito sob encomenda, a partir de um argumento elaborado por Camila
Graziano, em parceria com a diretora. O ponto de partida de Um
Passo Atrás é o luto com suas infinitas possibilidades, inevitável
sempre que há o fim de uma relação, seja ela amorosa, profissional ou familiar.
“O João Fábio conseguiu captar a essência do que Camila queria abordar nesse
trabalho e escreveu uma história que reflete sobre o que é essencial à vida,
como nos momentos em que, para seguirmos adiante, precisamos dar um passo para
trás, rever nossa história e resgatar o que realmente é importante”, comenta
Fabiana Carlucci.
Vick
é uma mulher pragmática que obteve sucesso na carreira profissional fora do
Brasil, mas guarda a frustração de não ter se dedicado também ao lado
artístico. A peça começa no exato momento da morte de sua mãe, quando ela volta
ao Brasil e descobre que está grávida. É preciso resolver questões burocráticas
de herança, motivo que a faz retornar à casa onde viveu sua infância. Ela então
conhece o inquilino Jorge, um artista plástico que a confunde com a dona de uma
galeria com quem conversou ao telefone e que pode ser a sua salvação nesse
momento. A possibilidade de expor as obras lhe devolve o entusiasmo e lhe traz
expectativas. Mas o que parece ser um simples equívoco toma outras proporções:
duas personalidades de universos completamente opostos se encontram, um passado
comum vem à tona e juntos eles podem encontrar um novo caminho.
A
direção de Fabiana busca construir a pulsação, a descoberta dessa relação. “Os
silêncios, o significado de cada gesto, tempo de cada respiração são detalhes
explorados, pois é nesse ‘tempo’ que conhecemos a essência das coisas, a
transição de um estado para outro e construímos nossas conexões”, explica. A
diretora ainda diz que a direção deve fazer com que todas as outras funções
sejam harmônicas para que os atores mergulhem no universo das memórias dessas
personagens. “A peça tem três momentos muito bem construídos: o primeiro da
confusão entre dois estranhos, o segundo de um possível reconhecimento e o
terceiro da revelação”.
O
tom realista de Um Passo atrás não nos afasta de uma construção idílica desse
ambiente, já que o próprio texto condensa muitas reviravoltas e catarses. “A
lacuna da paternidade vivida por Vick, que agora se vê na mesma situação em
relação à sua gravidez e ao pai de seu filho, nos remete à teoria do Eterno
Retorno, de Nietzsche,
que diz respeito aos ciclos repetitivos da vida. Estamos sempre presos a um
número limitado de fatos; fatos esses que marcaram o passado, ocorrem também no
presente e se repetirão no futuro. A opção nesse caso, na obra do
dramaturgo João Fábio Cabral, é o resgate dessa história na possibilidade de
resignar-se e seguir adiante, não sem antes dar um passo atrás”.
Essa
complexa linha da memória que conduz a peça mostra que nenhuma relação é capaz
de definir a totalidade das impressões pelas quais nos afeta. "Quantas
vezes ouvimos alguém, que passa por uma fatalidade, dizer que vive um pesadelo?
É como um se o tempo real se desconstruísse e imediatamente ganhasse outra
forma, outro ritmo. Em Um Passo Atrás, Vick é arrebatada
por um signo de infância que reconstrói sua memória e a coloca em outro lugar,
em outro estado, e é a partir das revelações involuntárias de Jorge que tudo
ganha novo significado”, reflete Fabiana.
A
diretora explica que a concepção da montagem vibra na relação do antigo com o
novo, no choque entre o que fica no tempo em contraponto com o efêmero da
atualidade que é trazido por Vick. O trabalho com os atores passa pela
contradição desses universos para levar à cena a relação das personagens, a
partir de suas histórias pregressas.
A
trilha sonora (de Fernanda Galetti) é composta por boleros, ruídos de chuva e sons não
diegéticos. O cenário (de Rogério Harmitt) é realista, considerando que a ambientação é da casa desse
artista plástico caótico. A luz (de Ricardo Silva) desenha o ambiente e dá temperatura aos climas
estabelecidos nessa relação. “Tudo muito simples no sentido da unicidade. Nada
como ornamento, tudo a serviço dos atores”. Finaliza a diretora.
A relação profissional entre Fabiana Carlucci, João Fábio Cabral e Camila Graziano vem desde o final dos anos 90. A diretora e o dramaturgo já realizaram juntos cinco trabalhos: Notícias de Morte, Flores Brancas, Me Leva Pra Casa e Karina e a Comida do Brasil. Fabiana é também cineasta, sendo que os curtas-metragens que dirigiu têm roteiros assinados por João Fábio.
Ficha técnica
Espetáculo: Um
Passo Atrás
Texto:
João Fábio Cabral
Direção: Fabiana Carlucci
Elenco: Camila Graziano e Zemanuel Piñero
Cenário e figurinos: Rogério Harmitt
Som: Fernanda Galetti
Luz: Ricardo Silva
Direção de movimento: Vinicius Francês
Projeto gráfico: Alex Missaka
Fotos: Fernando Gardinali
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Direção: Fabiana Carlucci
Elenco: Camila Graziano e Zemanuel Piñero
Cenário e figurinos: Rogério Harmitt
Som: Fernanda Galetti
Luz: Ricardo Silva
Direção de movimento: Vinicius Francês
Projeto gráfico: Alex Missaka
Fotos: Fernando Gardinali
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Produção:
Camila Graziano
Serviço
Estreia: 25 de
setembro. Sexta, às 21h30
Instituto Cultural
Capobianco
- Teatro da Memória
Rua
Álvaro de Carvalho, 97 – Centro/SP – Tel: (11) 3237-1187
Temporada:
quintas e sextas (às 21h30) – Até 30/10
Ingressos:
R$ 40,00. Duração: 60 min. Gênero: Drama. Classificação: 12 anos
Capacidade - 80 lugares. Site: www.institutocapobianco.org.br
Capacidade - 80 lugares. Site: www.institutocapobianco.org.br
Bilheteria: 1h antes do espetáculo. Ar condicionado.
PERFIS
Fabiana Carlucci - diretora
Fabiana
Carlucci, 34 anos, estudou teatro no CPT – Centro de Pesquisa Teatral Antunes
Filho, na Escola de Teatro Ewerton de Castro e Teatro Escola Célia Helena. Foi
fundadora da Companhia Em Nome das Coisas Boas com a qual atuou realizou três
espetáculos adultos e seis infanto-juvenis.
Atuou como produtora de elenco na Mamberti Produções no espetáculo Os Penetras, de Mike Leigh, e no
festival Ticket é Cultura. Como sócia proprietária do espaço Fuá Cultural
organizou intervenções artísticas como shows, peças teatrais, vernissages,
lançamentos de livros e leituras dramáticas. Como atriz, atuou em Medéia (de Eurípedes, direção Antunes
Filho), No Recreio… Garotos e Garotas
Procuram, Cena Jovem e E Agora, é a Hora? (textos autorais, escritos
em parceria com João Fábio Cabral, direção Rogério Harmitt), Em Nome das Coisas Boas, Distante e Um Inesquecível Presente de Quinze Andares (direção Rogério
Harmitt, textos de João Fábio Cabral), Bem
de Longe um Bolero (direção Régis Trovão, texto de João Fábio Cabral), A Festa de Abigaiu (direção Mauro
Baptista Védia, texto de Mike Leigh), Piscina
(sem água) (direção Felícia Johansson, texto de Mark Ravenhill; montagem
vencedora do 14º Cultura Inglesa Festival de Teatro de São Paulo) e Quem Tem Medo do Escuro? (direção
Evandro Rigonatti, texto de Márcio Araújo e Fernanda Morais). Como diretora,
seus trabalhos são: Flores Brancas
(2008, direção em parceria com Rogério Harmitt), O Tempo, O Não e Eu! (2009), Karina
e a Comida do Brasil (2010), Me Leva Pra Casa (2010), Notícias de Morte (2012) – todos de João Fábio Cabral. No campo do
cinema dirigiu os curtas-metragens Vazio
(experimento vídeo dança), Gotas e Triste Felicidade (roteiros de João
Fábio Cabral) e Do Outro Lado (de
Victória Dafner). Atualmente, Fabiana curas Cinema e Áudio Visual da Faculdade
Anhembi Morumbi.
João Fábio Cabral – autor
Natural de Ipanguaçu/RN, João Fábio Cabral - dramaturgo,
ator, diretor e roteirista – reside em São Paulo. Foi integrante do grupo
Cemitério de Automóveis, onde participou de vários espetáculos. Reconhecido
representante da dramaturgia contemporânea, mais de 20 textos seus já fora
encenados, entre eles: Rosa de Vidro,
Flores Brancas, Um lugar Que Nunca Tive, Delicadeza,
Tanto, Um Verão Familiar, Aguardo Notícias da Polônia, Sobre a Neve em Frente à Torre Eiffel, Me Leva Pra Casa e Distante. Lançou pela
NVersos Editora o livro Cinzeiro - 17
Obras de João Fábio Cabral,
que reúne algumas de seus textos teatrais mais importantes. Como
roteirista, assina, ao lado de Leandro Godinho, o curta-metragem Darluz - adaptação da obra de Marcelino
Freire com direção de Leandro Godinho, ganhador de 35 prêmios, entre eles de
Melhor Roteiro nos Festival de Pernambuco e Rio Grande do Sul. Entre outros,
dois curtas foram roteirizados por ele, Gotas e Triste Felicidade, dirigidos por
Fabiana Carlucci.
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