quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Companhia de Danças de Diadema apresenta espetáculo infantojuvenil no Sesc Vila Mariana

O Sesc Vila Mariana recebe o espetáculo infantojuvenil A Mão do Meio (Sinfonia Lúdica) com a Companhia de Danças de Diadema, no dia 1º de fevereiro, domingo, às 15h30. A montagem tem concepção e coreografia assinadas por Michael Bugdahn e Denise Namura e direção geral de Ana Bottosso. Grátis para crianças até 12 anos.

O enredo retrata a experiência da descoberta do próprio corpo, das mãos e dos pés. É uma história de gestos contada por meio da dança, incluindo algumas cenas com o artifício da luz negra. Na encenação, bailarinos exploram a fabulosa aventura de uma “mão” que - fascinada por todo tipo de movimento - parte em busca da descoberta do corpo e, pouco a pouco, torna-se uma verdadeira colecionadora de gestos.

Segundo os coreógrafos, o espetáculo é uma sinfonia lúdica composta por movimentos, sons e luzes que faz o público mergulhar em um mundo feito poesia, onde situações do cotidiano se transformam em mágica num piscar de olhos, onde gestos simples provocam imagens surpreendentes e sensações inéditas.

Michael Bugdahn explica que A Mão do Meio (Sinfonia Lúdica) conta uma história que envolve o nascimento, a descoberta do corpo e da vida. Também fala sobre as diferenças físicas entre as pessoas, que nem sempre são relevantes. “Todos vão compreender que não é preciso ser um super-herói para viver experiências incríveis e enriquecedoras”, comenta.

Michael Bugdahn é alemão e Denise Namura brasileira. O casal, convidado para esta montagem, vive em Paris, onde tem uma companhia de dança. Este é o segundo trabalho que eles assinam para a Companhia de Danças de Diadema (o primeiro foi La Vie en Rose???, que foi apresentado em Paris, recentemente)  “Eles têm uma estética primorosa que explora a mímica, os detalhes minimalistas, os gestos, os movimentos do cotidiano: características ideais para um espetáculo infantil”, afirma Ana Bottosso, ao comentar sobre o convite à dupla de coreógrafos.

A Mão do Meio (Sinfonia Lúdica) é a segunda montagem da companhia voltada para o público infantil. Em 2010, produziu Meio em Jogo (de Ivan Bernardelli e Francisco Júnior).

Ficha técnica
Concepção e coreografia: Michael Bugdahn e Denise Namura
Ideia original, texto e dramaturgia: Michael Bugdahn
Direção geral: Ana Bottosso
Assistente de coreografia: Carolini Piovani
Vozes off: Denise Namura, Roberto Mainieri
Elenco: Carolini Piovani, Danielle Rodrigues, Daniele Santos, Elton de Souza ou Rafael Abreu, Fernando Gomes ou Jean Valber, Thaís Lima, Ton Carbones e Zezinho Alves.
Serviço
A Mão do Meio (Sinfonia Lúdica)
Dia 1º de fevereiro, domingo, às 15h30
Sesc Vila Mariana – www.sescsp.org.br
Rua Pelotas, 141. Informações: 5080-3000
Teatro - 451 lugares. 60 minutos. Livre
R$ 17,00 (inteira); R$ 8,50 (aposentado, pessoa com + de 60, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública); R$ 5,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculados no Sesc e dependentes); Grátis (crianças até 12 anos)
Bilheteria: Terça a sexta-feira, das 9h às 21h30; sábado, das 10h às 21h; domingo e feriado, das 10h às 18h30 (ingressos à venda em todas as unidades do Sesc).

Estacionamento: R$ 3,00 (1ª h) + R$ 1,00 a hora adicional (comerciários); R$ 6,00 (1ª h) + R$ 2 a hora adicional (outros).

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Banda Sinfônica do Estado de São Paulo comemora 25 anos com dois CDs inéditos

A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo comemora 25 anos de história, completados em outubro de 2014, com um lançamento musical duplo que chega ao mercado pela gravadora Kuarup. Tendo o maestro Marcos Sadao Shirakawa como diretor artístico e regente titular e Mônica Giardini como regente adjunta, a Banda está festejando o jubileu de prata com dois novos álbuns: o primeiro - Maxixe Urbano - foi gravado, em 2014, sob a batuta do atual regente; o segundo - Sinfonia Latina – é um registro do ano de 2006, época em que a Banda Sinfônica era regida pelo maestro Abel Rocha.

A parceria da BSESP com a Kuarup também é novidade. Pela primeira vez uma gravadora será responsável pela distribuição dos lançamentos em lojas de todo o Brasil, além de realizar vendas pela Internet.

A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo é um equipamento da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, administrado pelo Instituto Pensarte, uma Organização Social da Cultura (OS), focada na promoção da atividade sociocultural no Brasil. Referência nacional no setor, o Instituto atua pelo desenvolvimento de padrões avançados de gestão, fomento, operacionalização e execução de importantes equipamentos e programas culturais do Estado – entre eles estão também o Theatro São Pedro e a Orquestra Jazz Sinfônica.

Marcos Sadao Shirakawa – que começou na Banda como trombonista e foi maestro assistente, antes de assumir a regência em 2010 – comenta sobre a importância de lançar esses CDs com músicas de compositores brasileiros. “É uma alegria comemorar esse momento histórico com dois discos que registram, em momentos diferentes, o principal papel artístico da Banda Sinfônica, que é levar a música brasileira para o mundo, de forma original e criativa”.

O maestro Abel Rocha afirma que o emprenho para editar as duas obras mostra a vitalidade da Banda. “A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo é o grupo que mais investiu na criação de obras de que tenho conhecimento; e isso vem de encontro à importância de fazer os devidos registros, principalmente sendo esse o marco histórico de seus 25 anos”.

O CD Maxixe Urbano é formado por músicas autorais, compostas por integrantes da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo. O repertório é marcado por uma leitura mais contemporânea da musicalidade tradicional das bandas sinfônicas, a partir de elementos e referências da cultura musical brasileira, a saber: Festival Overture (Daniel Havens), Dança do Autômato (Alexandre Travassos), Maxixe Urbano (Fernando de Oliveira), Frevo Rasgado (André Mehmari), Gonzagueana (Cyro Pereira), Suíte Carmem Miranda (Alexandre Daloia) e Jubileu de Prata (Hudson Nogueira). “Peças para bandas sinfônicas são muito solicitadas em todo o mundo, pois esse repertório é relativamente recente, tendo surgido a menos de um século”, explica Marcos Sadao para elucidar a efetiva importância das novas criações.

Abel Rocha explica que o CD Sinfonia Latina registra a versatilidade dos compositores brasileiros. Todas as peças foram criadas sob encomenda para a Banda Sinfônica e estreadas por ela. Os autores - Wagner Tiso, Osvaldo Lacerda, José Carli (em arranjo para Astor Piazzolla), João Guilherme Ripper e Mario Ficarelli – escreveram com variações de ritmos, conferindo riqueza de sonoridade ao disco. “Esses compositores, não envolvidos diretamente com a Banda Sinfônica, mostram aqui sua maneira particular de entender o grupo, dando um perfil particular a esse repertório sem descaracterizar a tradição que vem da banda de coreto”, explica o maestro.

CD MAXIXE URBANO
Banda Sinfônica do Estado de São Paulo & Marcos Sadao Shirakawa

Repertório

Festival Overture - Daniel Havens (1946): Escrita, inicialmente para orquestra sinfônica, em meados dos anos 80, Havens fez uma transcrição para a banda. É uma obra bem sinfônica que explora de forma breve e virtuosa todos os timbres dos instrumentos e as diferentes sonoridades que uma banda sinfônica pode oferecer. Radicado no Brasil desde a década de 70, o regente e compositor norte-americano liderou a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo entre 2000 e 2003.

Dança do Autômato - Alexandre Travassos (1970): Peça do compositor paulista, ex-integrante da Banda Sinfônica, foi encomendada pelo maestro Abel Rocha. A literatura e o cinema sempre exploram potencial criativo dos robôs. Travassos imagina como seria a música desses seres e realiza uma alegre fantasia orquestral, na qual padrões rítmicos inteiramente novos e precisos remetem ao admirável mundo novo sonoro que poderíamos associar a essas máquinas.

Maxixe Urbano - Fernando de Oliveira (1972): Misturando elementos da polca, do tango, da habanera e do lundu, o maxixe é, ainda hoje, um dos mais característicos ritmos brasileiros. Nesta partitura do clarinetista da BSESP o gênero é revisitado à luz de uma elegante escrita para banda sinfônica que evoca de forma direta os bailes populares que tomavam conta de bares e cabarés no bairro da Lapa carioca, berço do maxixe, desde o final do século XIX.

Frevo Rasgado - André Mehmari (1977): Um dos mais inventivos compositores da nova música popular brasileira instrumental, Mehmari foi compositor residente na Banda Sinfônica. Nesta música ele realiza um caleidoscópio estilístico tendo como ponto de partida o frevo nordestino, imbuído de um sabor intensamente stravinskyano. O título se refere à ideia de fazer da peça uma espécie de reconstrução musical, a partir de pedaços rasgados e espalhados de uma partitura de frevo, arranjadas de forma livre, criando uma nova estrutura musical.

Gonzagueana - Cyro Pereira (1929-2011) – Tomando como matéria-prima as mais conhecidas melodias criadas por Luiz Gonzaga, o maestro e arranjador dá nova roupagem para temas do “Rei do Baião” que são apresentados, muitas vezes, de forma inusitada. O resultado é um habilidoso e originalíssimo discurso orquestral. Cyro, compositor convidado da Banda Sinfônica, é considerado um dos grandes arranjadores do país, desde a época em que as emissoras de rádios e de televisão tinham a música orquestral como parte de sua programação.

Suíte Carmem Miranda – Alexandre Daloia (1969): Uma dos ícones da cultura popular brasileira, Carmen Miranda imortalizou com sua voz canções como O Que É Que a Baiana Tem?, Tico-tico no Fubá, Chica Chica Boom e Mamãe eu quero, entre outras. Nesta peça, o compositor integrante da Banda Sinfônica reúne alguns desses sucessos, conferindo à sua escritura sonoridade expansiva e confessadamente carnavalesca.

Jubileu de Prata - Hudson Nogueira (1968) – Nesta composição encomendada para celebrar os 25 anos da Banda Sinfônica, o músico – que na condição de clarinetista escreve com maestria para sopros – escolheu o dobrado sinfônico para esta empreitada. Gênero tipicamente brasileiro, ele é o resultado do desenvolvimento do dobrado tradicional (marcha que por muito tempo alimentou o repertório de coretos). Conferindo uma orquestração dinâmica, a obra marca com alegria e grandiosidade o jubileu desta importante instituição cultural brasileira.

Ficha técnica

Artista: Banda Sinfônica do Estado de São Paulo
Título: Maxixe Urbano
Produção: Instituto Pensarte
Direção artística: Marcos Sadao Shirakawa
Regente adjunta: Mônica Giardini
Direção de produção: Paulo Gomes
Textos/faixa: Leonardo Martinelli
Fotos: Otávio Sousa
Coordenação do projeto: Carla Figlia para Kuarup Produções
Gravadora: Kuarup – www.kuarup.com.br

Instrumentistas: Spallas: Marcos Pedroso (saxofone) e Marisa Lui (clarinete). Flautas: Renato Corrêa e Amanda Bomfim (solistas), Alexandre Daloia, Ana Amélia Wingeter, Hélcio de Latorre, Otávio Blóes. Flautas piccolo: Adriana Coronato, Gabriela Machado. Oboés: Martin Lazarov, Gizele Sales*, Rodrigo Muller. Corne-inglês: Rosana Moret. Clarinetes: Epitácio Rodrigues e Samuel Derewlany (solistas), Cleyton Tomazela, Daniel Cornejo, Eduardo Freitas, Felipe Marcelino dos Reis, Fernando de Oliveira, Itamar Arão, José Ivo da Silva, Lindemberg Silva, Márcia Guirra, Rodinei Lourenço, Sérgio Wontroba. Requinta: Joelson Menezes. Clarinete-alto: José Luiz Braz, Gleyton Pinto. Clarones: João Geraldo Alves, Isabel de Latorre. Fagotes: Erick Ariga (solista), Luis Ramoska, Renato Perez. Contrafagote: Nara Martins. Saxofones: Milton Vito (solista), Douglas Braga, Ederson Marques, Mirailton Fausto, Ramiro Marques, César Roversi. Trompas: Flávio Faria e Joaquim das Dores (solistas), Adriano Bueno, Eraldo Araújo, Ricardo Cruz, Vítor Neves. Trompetes: Albert Santos, Edmilson Gomes e Rodrigo Burgo (solistas), Edílson Nery, Jean Pierre Ryckebusch, Roberto Gastaldi, Rodrigo Santos, Sílvio Flórido Jr.. Trombones: Donizetti Fonseca e Marcelo da Silva (solistas), Agnelson Gonçalves, Marco Antonio Lauro. Trombone-baixo: Marcos Pacheco. Eufônios: Marco Antonio de Almeida Jr.*, Ricardo Camargo. Tubas: Luciano Vieira (solista), Camilo Alcântara, Gustavo Campos, Rubens Mattos. Contrabaixos: Fernando Freitas e Alexandro de Oliveira (solistas), Frank Herzberg, Valgério Gianotto. Piano: Miroslav Georgiev. Harpa: Suélem Sampaio. Tímpanos: Marco Antonio Monteiro (solista). Percussão: José Carlos da Silva (solista), Alexandre Biondi, Décio Gioielli, Jonatas Silva, Priscila Balciunas, Marcel Balciunas, Saulo Camargo.
(*) Instrumentistas convidados.

CD SINFONIA LATINA
Banda Sinfônica do Estado de São Paulo & Abel Rocha

Repertório

 

Fantasia Sobre Mandu-Çarará & Fantasia Sobre Choros Nº 10 para banda sinfônica (sobre frase musical de Villa-Lobos) - Wagner Tiso (1945) / Heitor Villa-Lobos (1898-1956): As obras “irmãs” do compositor mineiro fazem uma leitura original de obras de Villa-Lobos. Tiso deixa explícito nessas re-composições a influência desse gênio na música brasileira, bem como em sua própria obra. Em ambas, a voz de Villa é acentuada por um tempero confessadamente jazzístico, ambas em adaptação para banda sinfônica realizadas por Paulo Aragão.

Suíte Guanabara - Osvaldo Lacerda (1927-2011) - Com origens na música barroca francesa, uma suíte é geralmente constituída pela exposição sequenciada de um conjunto de danças estilizadas. O gênero foi resgatado no início do século XX. É o que ocorre com a Suíte Guanabara de Osvaldo Lacerda, que nos presenteia com uma deliciosa sequência de danças urbanas do antigo Estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro), na seguinte ordem: I - Dobrado, II - Modinha, III - Valsa, IV - Invocação e V - Marcha de rancho. A sonoridade reporta às bandas de coreto, origem das bandas sinfônicas.

Adiós Noniño - Astor Piazzolla (1921-1992), arranjo José Carli: Há muito o tango deixou de ser um gênero popular exclusivamente argentino e passou a ser uma expressão musical mundial. Da mesma forma, a música de Piazzolla não se limita aos fãs do ritmo portenho, configurando-se hoje um verdadeiro clássico. Ícone do “nuevo tango” – movimento renovou o ritmo ao enfatizar uma escrita instrumental mais complexa e virtuosística – este é um dos mais famosos temas do compositor, que ganhou uma original versão a partir do arranjo realizado por José Carli.

Cervantinas - João Guilherme Ripper (1959): Vários compositores prestaram homenagem à obra Don Quixote, livro clássico de Miguel de Cervantes, como o faz aqui o brasileiro João Guilherme Ripper. Dividida em três movimentos, cada parte da composição é referência a um de seus personagens: I - Elegia a Don Quijote (solista Regina Elena Mesquita), II - Canción Sin Palabras a Dulcinea e III - Rondó a Sancho Panza. Com destreza, o compositor mescla sua personalíssima identidade musical a elementos que nos remete a sonoridade da música ibérica.

Sinfonia Para Instrumentos de Sopro - Mario Ficarelli (1935-2014): Abrindo mão do diálogo com os instrumentos de cordas – como numa sinfonia tradicional –, nesta obra o compositor explora de forma habilidosa a rica paleta de cores destes instrumentos, apenas pontualmente contrapostos pela percussão. Melodista nato, Ficarelli nos presenteia aqui com uma série de temas contrastantes, inteligentemente construídos e apresentados ao longo desta peça-chave do repertório de sopro brasileiro.

Ficha técnica

Artista: Banda Sinfônica do Estado de São Paulo & Abel Rocha
Título: Sinfonia Latina
Produção: Instituto Pensarte
Direção artística: Abel Rocha
Regente adjunta: Érica Hindrikson
Direção de produção: Paulo Gomes
Produtor: Giuliano Caratori
Textos/faixa: Leonardo Martinelli
Fotos Otávio Sousa
Coordenação do projeto: Carla Figlia para Kuarup Produções
Gravadora: Kuarup – www.kuarup.com.br

Instrumentistas: Spallas: Marcos Pedroso (saxofone) e Marisa Lui (clarineta). Flautas: Renato Corrêa* e Renato Camargo*, Alexandre Daloia, Ana Amélia Wingeter, Evon Piffer, Hélcio de Latorre, Mônica Camargo. Flautim: Adriana Coronato.  Oboés: Martin Lazarov*, Raquel Gonçalves, Rodrigo Müller. Corne-Inglês: Rosana Moret. Clarinetes: Epitácio Rodrigues* e Samuel Derewlany* Antonio Inácio, Daniel Cornejo, Eduardo Napolitano, Elaine Lopes, Fernando de Oliveira, Itamar Arão, João Francisco Corrêa, José Ivo da Silva, Ramón Pousa, Rodinei Lourenço, Sérgio Wontroba.  Requinta: Joelson Menezes.  Clarinete-alto: José Luiz Braz, Vânia Neves. Clarones: João Geraldo Alves, Isabel de Latorre.  Fagotes: Paulo Andrade*, Erick Ariga, Silvana Razzante. Contrafagote: Nara Martins. Saxofones: Milton Vito*, Benedito Alberto de Paula, Ederson Marques, Mirailton Fausto, Ramiro Marques, Silas Homem. Trompas: Flávio Faria* e Joaquim das Dores* Marcelo Silva, Vítor Neves, Wellington Gabriel. Trompetes: Albert Santos*, Edmilson Gomes* e Rodrigo Burgo*, Edílson Nery, Jean Pierre Ryckebusch, José Torres Menezes, Roberto Gastaldi, Sílvio Flórido Jr.. Trombones: Emerson Teixeira*, Marcos Sadao Shirakawa, Sílvio Giannetti Jr., Marco Antonio Lauro. Trombone-baixo: João Paulo Moreira. Eufônios: Ezequiel Oliveira*, Rafael Mendes. Tubas: Albert Khattar*, Eliezer Silva, Rubens Mattos, Ulysses Damascena. Contrabaixos: Sérgio de Oliveira*, André Beck, Antonio Valdec, Frank Herzberg, Valgério Gianotto. Piano: Stella Almeida*. Tímpanos: Marco Antonio Monteiro*. Percussão: José Carlos da Silva*, Alexandre Biondi, Décio Gioielli, Marcel Balciunas, Marcel Cangiani, Saulo Camargo.
(*) Solistas.

PERFIS

Banda Sinfônica do Estado de São Paulo

A Banda Sinfônica do Estado de São Paulo é uma formação musical na qual predominam instrumentos de sopro e percussão, com piano e contrabaixos. Formada por 82 músicos, dedica-se à difusão da música de concerto e ao incentivo de novas composições e arranjos. Seu principal papel é a divulgação e criação de repertório original, produzindo concertos sinfônicos e populares. Criada em 1989 pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, a Banda conquistou reconhecimento internacional, após participar da 8º Conferência da WASBE (World Association for Symphonic Bands and Ensembles), na Áustria, em 1997. A Banda Sinfônica possui uma agenda oficial de apresentações gratuitas e a preços populares durante todo o ano. Além do repertório original e de transcrições de obras consagradas, a Banda Sinfônica tem a preocupação de executar música genuinamente brasileira e, também, estimula a criação de novas obras para essa formação instrumental diferenciada. Atualmente seu diretor artístico e regente titular é Marcos Sadao Shirakawa e regente adjunta a Maestrina Mônica Giardini. Desde janeiro de 2012 está sob a gestão da Organização Social de Cultura Instituto Pensarte.

Marcos Sadao Shirakawa

Diretor artístico e regente titular da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Marcos Sadao Shirakawa é bacharel em Trombone pelo Departamento de Música da ECA-USP, na classe do professor Donizeti Fonseca, o maestro estudou também teoria e instrumento no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e no Conservatório Musical Brooklin Paulista. Atuou como primeiro Trombone da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e integrou a Orquestra Experimental de Repertórios e Orquestra Sinfônica de Santo André. Participou dos Festivais de Música em Campos do Jordão, Tatuí e Prados; do Encontro Latino-Americano de Orquestras Jovens da Argentina e da Conferência Mundial de Bandas Sinfônicas, na Áustria. Estudou regência com o maestro Carlos Moreno. Atuou como Regente Convidado da I Conferência de Bandas Sinfônicas da África do Sul (2005), nos Festivais de Domingos Martins, Painéis da Funarte de Bragança (2013), no V Congresso Ibero Americano de Regentes, Compositores, Arranjadores de Banda Sinfônica de Valência (Espanha, 2013) e na 36º CIVEBRA Curso Internacional de Verão de Brasília (2014). Sadao foi ainda Regente Assistente da Banda Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, entre 2000 e 2009, Regente Assistente da Orquestra Sinfônica da USP, em 2008, e Regente Assistente da Orquestra Sinfônica de Santo André, em 2009. Atualmente é Diretor Artístico e Regente Titular da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e Banda Sinfônica de Cubatão, professor de Música de Câmara na EMESP Tom Jobim e Diretor do Programa Banda Escola de Cubatão (BEC).

Abel Rocha

Abel Rocha é diretor Artístico da OSSA – Orquestra Sinfônica de Santo André – desde março de 2014. Foi diretor artístico do Theatro Municipal de São Paulo nos anos de 2011 e 2012, tendo recebido o Grande Prêmio Concerto 2012, pela temporada lírica da casa. Especialista em ópera, sua posição de destaque no cenário brasileiro se deve a uma atuação versátil e diversificada, no repertório sinfônico e também na direção musical de espetáculos cênicos, como balés, peças de teatro, e de diversos shows e musicais. Responsável pela regência e direção musical de óperas do barroco de Monteverdi à modernidade de Schönberg, Bernstein e Debussy, passando por Handel, Mozart, Rossini, Donizetti, Verdi, Bizet, Puccini, entre outros. Dedica-se à encomenda e estreia mundial de títulos brasileiros como Anjo Negro, de João Guilherme Ripper, e A tempestade, de Ronaldo Miranda. Entre 2004 e 2009, teve atuação marcante como diretor artístico e regente titular da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, onde empreendeu um profundo trabalho de reestruturação artística e administrativa. E, por 20 anos, dirigiu o coral Collegium Musicum de São Paulo, elevando o grupo a um padrão de referência no meio musical. Em sua atividade como regente orquestral, vem conduzindo programas sinfônicos com as principais orquestras brasileiras. Paralelamente, além da carreira artística, Abel Rocha tem atuado professor e regente em diversos festivais de música, e atualmente é professor de regência e diretor da Fábrica de Óperas do IA - Unesp. Fez seu mestrado em regência de ópera na Robert-Schumann Musikhochschule de Düsseldorf, Alemanha, e obteve o doutorado pela Unicamp.

Kuarup Música

Criada em 1977, no Rio de Janeiro, a Kuarup é considerada uma das principais gravadoras independentes do Brasil e acumulou diversas premiações, incluindo dois Grammy Awards. Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral. Site: www.kuarup.com.br.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Livro de Henfil sobre humor político é relançado, 30 anos após primeira edição

Considerado o mais brilhante cartunista de sua geração, Henfil (1944-1988) tem seu último livro – “Como se faz humor político” - relançado pela Editora Kuarup, 30 anos depois da primeira edição. A obra é uma entrevista de Henrique de Souza Filho, o Henfil, concedida ao jornalista e crítico musical Tárik de Souza, que continua pertinente ao momento político atual.

O livro revela os detalhes do ofício desse craque do humor político brasileiro que criou personagens clássicos, como os Fradinhos e a Graúna. Seu relançamento coincide com o aniversário de 70 anos de nascimento do humorista e traz prefácio assinado pelo jornalista e escritor Sérgio Augusto.

Em 1984, a Editora Vozes, em parceria com o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), encomendou a Henfil um livro com o título “Como se faz humor político”, para integrar a Coleção Fazer. Sempre muito atarefado, ao invés de redigir o texto, convidou o jornalista e amigo Tárik de Souza para entrevistá-lo sobre o assunto em questão. Tárik conta que já havia entrevistado o cartunista várias vezes, sendo “quase um especialista na função”.

“Gravador ligado, o que rola neste livro é quase um improviso jazzístico. Não houve pauta, nem quaisquer perguntas combinadas previamente. Saímos tabelando sem deixar a bola cair até o final - que aconteceu exatamente como está no texto. O trabalho de edição foi mínimo: o que saiu do gravador já era o livro. Não fiquei surpreso ao reler “Como se faz humor político” 30 anos depois, e encontrá-lo ainda denso e pertinente. Em parte, porque mudam os nomes, circunstâncias e as mazelas continuam suplantando as virtudes humanas. Mas na maior parte, porque o Henfil é craque. E sua arte - e o modo de fazê-la - atemporal.” Escreveu Tárik na apresentação do livro.

Título: “Como se faz humor político”
Autor: Henfil
Depoimento a Tárik de Souza
Editora: Kuarup - www.kuarup.com.br
Número de páginas: 128. Tamanho: 15 x 23 cm. Peso: 185 g
Edição: 1ª (reedição). Ano de lançamento: 2014
Preço de face: R$ 38,00 (trinta e oito reais)

O MOLEQUE ENGAJADO prefácio, por Sérgio Augusto

Já me perguntei mais de uma vez e não me canso de repetir: o que estaria fazendo hoje o inquieto Henrique de Souza Filho? Se em pleno gozo de suas faculdades físicas e mentais, o setentão Henfil — o mais singular, brilhante, moleque e engajado cartunista de sua geração —, provavelmente estaria atirando em todas as direções, testando as mídias disponíveis; quem sabe confinado a um site na internet onde pudesse dar vazão ao seu humor malicioso, anárquico, raivoso, grotesco – e politicamente incorreto pelos padrões de hoje?

Infelizmente, não podemos senão imaginar o tratamento que suas charges, seus cartuns e quadrinhos teriam dado à eleição direta para presidente no Brasil (pela qual tanto lutou), à Guerra do Golfo, à invasão do Iraque e demais desatinos cometidos pelos dois Bush, ao desgoverno Collor, à queda do Muro de Berlim, à ascensão de Lula e Obama à Presidência, à histeria em torno do bug do milênio, à montante evangélica, à praga do celular, ao processo do mensalão, ao desperdício de dinheiro público para atender ao “padrão Fifa”, à instalação das upps nas favelas cariocas, ao estrago causado pelos vazamentos do WikiLeaks, aos protestos de rua de 2013 – eventos, fenômenos e epifenômenos que ele, morto há 25 anos, não pôde acompanhar, celebrar ou, como era mais do seu feitio, escrachar.

Que novos personagens teria criado? E quais dos antigos teria abandonado? Os Fradinhos? A Graúna? (Esta, jamais. Prodígio de design minimalista, pouco mais que um ponto de exclamação, nenhuma outra figura criada por ele superou-a em argúcia, empatia e popularidade.) Desconfio que ele, só de molecagem, teria rebatizado O Preto que Ri de O Afrodescendente que Ri e arrumado outro tipo de paranoico para pôr no lugar do Ubaldo – um petista envergonhado com o partido que ajudara a fundar, por exemplo. Desconfio também que, apesar de mineiro e decepcionado com o PT, Henfil não teria votado em Aécio.

De todas as suas criações, nenhuma, a meu ver, superou a turma da caatinga, formada por um cangaceiro beberrão e machista (Zeferino), um bode intelectual (Orelana), uma graúna (ou melhor, a Graúna) e uma onça anarquista (Glorinha). Num árido cenário de Glauber Rocha - solo crestado pelo sol inclemente, vez por outra adornado por um cacto solitário e o resto de uma ossada - Henfil montou um cordel gráfico astuciosamente subversivo sobre as mazelas do Brasil: a indústria da seca, a desigualdade social, o mandonismo latifundiário, o fundo falso do milagre econômico patrocinado pela ditadura, a censura, a opressão masculina, o crescimento parasitário do Sul Maravilha, e o que mais se prestasse à sátira, à paródia, à alegoria.

Sua criação mais polêmica, porém, foi o metropolitano Cabôco Mamadô. Misto de exu e babalorixá, ele comandava o Cemitério dos Mortos-Vivos, onde só enterrava pessoas que a imprevidência divina ainda mantinha vivas. Impedido de confrontar diretamente os donos do poder concentrou sua ira naqueles que de algum modo serviam ou haviam servido ao regime militar. Antes de enterrar seus mortos-vivos, entregava-os à sanha de um Tamanduá (“a besta do apocalipse que assola nosso torrão”), que se alimentava de cérebros humanos, chupando-os implacavelmente: “Xuip!”. O cantor Wilson Simonal inaugurou a mórbida e pândega sucção. Outras vítimas: Nelson Rodrigues, Gustavo Corção, o animador de TV Flávio Cavalcanti. Até Roberto Carlos teve o miolo chupado.

Para Caetano Veloso sobrou a Patrulha Odara. Contraponto às patrulhas ideológicas, não deixava em paz quem fechasse os olhos ou desse mole para os abusos da ditadura, quem, enfim, ficasse “odara”, neologismo inventado por Caetano Veloso, que Henfil entendia como um convite à abstinência política, para ele, não o maior, mas o único pecado.

HENFIL perfil, por Tárik de Souza

Mesmo sob a artilharia pesada da ditadura, foi o indômito mineiro Henrique de Souza Filho, o Henfil (1944-1988) o desenhista que mais dialogou politicamente com as massas, a ponto de transformar-se num raro popstar, num ramo onde poucos sobressaem por trás das pranchetas e (hoje) computadores. No tempo em que os estádios, a preços razoáveis, superlotavam e as torcidas ainda digladiavam-se dentro de limites civilizados, seus personagens futebolísticos como o Urubu (Flamengo), Bacalhau (Vasco), Cri-Cri (Botafogo) Pó-pó (Fluminense) foram adotados em substituição aos Popeyes e outros símbolos importados anteriores.

No jornal carioca O Dia, Henfil lançou o personagem Orelhão, que além de servir-se do aparelho de rua mais acessível na era pré-celular, operava como uma espécie de ouvidor das causas populares. Egresso da Juventude Católica e um dos fundadores do PT, Henfil também colaborou intensamente (e de graça, claro) em publicações sindicais. Mas sua projeção nacional ocorreu através do estouro do semanário Pasquim, onde se tornou um dos principais impulsionadores de vendas com sua galeria de personagens agressivos, politizados, humanistas e iconoclastas.

A dupla dialética de Fradins, o “Cumprido” (baseado em seu amigo, o jornalista mineiro Humberto Pereira) reprimido e conservador e “Baixinho” (um indisfarçável auto-retrato), um sádico libertário, nasceram ainda na Belo Horizonte, onde se formou emigrado da periférica Ribeirão das Neves. Na revista Alterosas, o desenhista de bonequinhos pornográficos da oficina, foi compelido a criar personagens, já que o diretor achava seu traço parecido com o do francês Bosc. Mais tarde, o comparariam ao ativista Wolinski, mas o fato é que Henfil desenvolveu um percurso único. Limitado fisicamente pela hemofilia, como seus irmãos, o sociólogo Betinho (imortalizado em “O bêbado e a equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc), que o influenciou politicamente, e o violonista e compositor Francisco Mário (“Terra”, “Revolta dos palhaços”, “Pijama de seda”), que realizava seu lado musical, ele lutava contra dores diárias. E fazia periódicas transfusões de sangue, que acabariam custando-lhe a vida. O início da epidemia de AIDS desnudou mais uma tragédia da péssima administração da medicina no país, a falta de fiscalização da qualidade do sangue, que acabaria decretando a sentença de morte dos irmãos Souza.

Além dos Fradinhos, protagonistas de uma revista periódica independente de larga tiragem, Henfil criou o cangaceiro Zeferino (publicado inicialmente no Jornal do Brasil), moldado na figura bonachona e um tanto coronelesca do pai, um livre atirador que ocupou diversos cargos, de diretor de penitenciária a agente funerário. Havia ainda o Bode Orellana, o intelectual da tira, que ele ironizava sem dó, inspirado no arisco cantador erudito baiano Elomar. A Graúna, era a personagem feminina da trama, que oscilava entre a submissão e o ativismo. Graficamente, talvez fosse sua mais genial e sucinta criação: o corpo da ave era pouco mais que um ponto de exclamação. Ainda no Pasquim, Henfil disparava sua máquina inventiva sem cessar. Ilustrava uma tira de crítica musical e paria personagens que operavam como uma espécie de termômetro do momento político, à medida que a ditadura avançava. Do didático Caboco Mamadô, que no cemitério dos mortos-vivos enterrava os colaboracionistas, ao Tamanduá Chupador de Cérebros, a Patrulha Odara (em contraponto às patrulhas ideológicas) e o espinhoso Ubaldo, o Paranóico. Bolado com o redator destas linhas, que o nomeou num final de semana, em Arraial do Cabo, ele surgia em sincronia com o assassinato de nosso amigo e colega jornalista Wladimir Herzog, o Wlado, nos porões do DOI-CODI paulistano. A paranóia grassava. E, infelizmente, não era imaginária.

O enorme sucesso de Henfil também estava associado à sua absurda capacidade de trabalho. E para cada nova frente aberta ele criava uma linguagem, como ao preencher a página final da revista Isto É com as “Cartas da Mãe”. Utilizando a foto da própria D. Maria Souza como uma espécie de escudo, ele desafiava os poderosos da vez, incluindo o então presidente-general, João Batista Figueiredo, a quem chamava de primo por conta de um longínquo parentesco. Criou a anárquica TV-Homem, dentro da TV Mulher, apresentada pela jornalista Marília Gabriela, em plena onipotente Globo. No teatro, escreveu a “Revista do Henfil”, em parceria com Oswaldo Mendes, musical com alguns de seus personagens. O ator Paulo César Pereio ficou com o papel de Bode Orelana, Sonia Mamede encarnou a Graúna, Rafael de Carvalho, Zeferino, e Sergio Ropperto, Ubaldo, o paranóico. Entre a chanchada e o protesto, a peça teria a trilha lançada em disco. No cinema, dirigiu o não menos inconformista “Tanga _ Deu no New York Times”, a partir da experiência de tentar publicar seus quadrinhos nos EUA. Aceitos, a princípio, pelos sindicatos que os distribuíram para dezenas de jornais, os Fradinhos (The Mad Monks) logo foram rechaçados pelo conservadorismo da pátria da (estátua da) liberdade, sob a pecha de “sicks” (doentios).

Mas, de certa forma, anteciparam os corrosivos e hoje abençoados Simpsons. Das cartas que enviava para os amigos a partir da matriz, escreveu o livro “Diário de um Cucaracha” (Editora Record, 1983), do ponto de vista de um subdesenvolvido no chamado Primeiro Mundo. Da mesma forma, uma viagem à China, ainda comunista e excomungada pelo regime militar, rendeu outro “best-seller” literário, o histórico “Henfil na China (antes da Coca-Cola)”. O livro saiu em 1980 pela Codecri (Comando de Defesa do Crioléu), editora que fundou dentro do Pasquim, e se tornou propulsora das finanças do jornal. Mais que uma sigla, que os políticamente corretos poderiam hoje interpretar mal, ao pé da letra, o título era uma espécie de divisa de quem deu a vida em defesa dos oprimidos - crioléus de todas as cores, gêneros e credos.

KUARUP MÚSICA

Criada em 1977, no Rio de Janeiro, a Kuarup é considerada uma das principais gravadoras independentes do Brasil e acumulou diversas premiações, incluindo dois Grammy Awards. Especializada em música brasileira de alta qualidade, o seu acervo concentra a maior coleção de Villa-Lobos em catálogo no país, além dos principais e mais importantes trabalhos de choro, música nordestina, caipira e sertaneja, MPB, samba e música instrumental em geral. A Kuarup passa a fazer parte do mercado editorial com o lançamento do livro Os Outubros de Taiguara, obra dedicada ao cantor mais censurado da MPB.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Teatro do Incêndio reestreia musical provocativo

Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=54E_u0dH1vU&feature=youtu.be&channel=ZiegBR

O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica mescla linguagens teatrais com arte de vanguarda a serviço da cultura musical verdadeira do Brasil.

Com textos de Schopenhauer, Umberto Eco e diálogos criados pelo diretor Marcelo Marcus Fonseca o musical O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica, reestreia no dia 24 de janeiro, sábado, na sede da Cia. Teatro do Incêndio, às 21 horas. O espetáculo foi criado em sala de ensaio por experimentos de associação livre e sugestões sonoras.

A música popular brasileira, como rito de morte e renascimento, é apresentada por meio do expressionismo, naturalismo e outras vanguardas. O espetáculo cria uma atmosfera sonora que busca inserir o espectador no espírito do samba e da bossa nova, de forma provocativa e interativa. Segundo o diretor, “trata-se de um espetáculo, em grande parte, auditivo que procura ‘recuperar’ o ouvido para o chiado do disco e a qualidade incomparável da música popular brasileira, revivendo mestres do samba e da bossa nova por meio de seus sentimentos”.

Marcelo Fonseca explica que o título é uma citação do poeta Roberto Piva, “padroeiro” do grupo e amigo em vida do diretor, que faz uma analogia do samba com a pornografia no sentido de que o “bom ouvido” não dá lucro às gravadoras. “Sendo assim, a boa música passa a ser pornográfica e metafísica dentro do processo de embrutecimento da sensibilidade pela necessidade de vendas, desestimulando o jovem a conhecer compositores como Tom Jobim e Geraldo Pereira, para consumir fórmulas cada vez mais pobres de ‘produtos’ de três acordes”, argumenta.

Carregada de símbolos, a encenação de O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica conta com uma primeira parte expressionista, conduzida por Carmen Miranda (Gabriela Morato) e Ismael Silva (Diogo Cintra). Nesta, gravações originais sintetizam uma parte da história do Brasil até “a morte” do samba junto com sua embaixatriz em crise de depressão, amparada por milhares de comprimidos.


Cenas também recriam fatos reais sobre compositores que se tornaram lendas da música brasileira, como o suicídio de Assis Valente, o soco de Madame Satã (Valcrez Siqueira) em Geraldo Pereira, que o levou à morte, e a partida precoce de Noel Rosa (Gustavo Oliveira) e sua relação com a cantora Aracy de Almeida (Rebeca Ristoff).

O Pornosamba e a Bossa Nova Metafísica lança mão ainda de outras linhas de vanguarda como Dadaísmo, Modernismo e Naturalismo para contar a trajetória da MPB e a influência da música estrangeira no comportamento e no “ouvido” do brasileiro, em cadente interatividade com o espectador.

Figura ímpar da arte musical brasileira, Vinícius de Moraes (Marcelo Marcus Fonseca) está presente em toda a encenação, transitando com leveza pelas cenas como se fosse o próprio espírito do samba, da bossa nova. Em um dado momento, por exemplo, junto com um coro de Iemanjás, ele convida a plateia a se deitar na Praia de Itapuã.

Várias outras cenas também merecem destaque. Em uma delas Ary Barroso realiza um show de calouros em um canteiro de obra; outra recria a noite em que Baden Powell (Victor Dallmann) e Vinícius compuseram o “Samba em Prelúdio”; as mortes de Maysa e Dolores Duran são retratadas em uma única cena; e a encenação da partida de Nara Leão (Elena Vago) é conduzida por um “coro de morte” que envolve sua cabeça quando o tumor explode, dando fim à sua vida.

Coma a sede do Teatro do Incêndio corre risco de desapropriação para obras do Metrô, a peça em plena Rua da Consolação, em frente ao teatro, como forma de protesto.

Ficha técnica
Espetáculo: O Pornosamba e a Bossa Nova Metafisica
Com: Cia. Teatro do Incêndio
Direção e dramaturgia: Marcelo Marcus Fonseca
Direção Musical: Wanderley Martins
Co-direção musical: Vlad Rocha, Bisdré Santos e Marcelo Marcus Fonseca
Iluminação: Alex Sandro Duarte e Marcelo Marcus Fonseca
Figurinos: Gabriela Morato e Sérgio Ricardo
Fotografia e registro de processo: Don Fernando
Produção: Gabriela Morato e Cia. Teatro do Incêndio
Estreou em 15/11/2014.
Elenco: Gabriela Morato, Marcelo Marcus Fonseca, Sergio Ricardo, Diogo Cintra, Gustavo Oliveira, Valcrez Siqueira, Rebeca Ristoff, Victor Dallmann, Elena Vago, Ana Beatriz Pereira, Vlad Rocha (bateria) e Francisco Lacerda e Bisdré Santos (violão de 7 cordas). 
Serviço
Temporada 2014: de 24 de janeiro a 31 de maio
Teatro do Incêndio
Rua da Consolação, 1219. Telefones: (11) 2609-8561 e 2609-3730
Temporada: sábados às 21h e domingos às 20h
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00) – Bilheteria 2h antes da sessão
Duração: 80 min. Gênero: Musical. Classificação: 16 anos.
99 lugares. Aceita dinheiro e cartão de débito. Estreou: 15/11/14