segunda-feira, 31 de julho de 2017

Exposição ILUMINADOS leva cinema expandido ao Sesc Belenzinho a partir de 17 de agosto

Stan VanDerBeek. Movie Drome. Cortesia Estate of Stan VanDerBeek
Foto de Stefan Altenburger Photography. Zurich 
A mostra reúne filmeinstalações e multiprojeções de Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Stan VanDerBeek, Tunga, Gill Eatherley, Lis Rhodes,Regina Vater, Annabel Nicolson e Valie Export, além dos filmes experimentais da FluxFilm Anthology.

O Sesc Belenzinho inaugura, no dia 17 de agosto (quinta-feira), ILUMINADOS - Experiências Pioneiras em Cinema Expandido, exposição que fica em cartaz até o dia 15 de outubro.

A mostra - com curadoria de Roberto Moreira S. Cruz - é uma antologia de obras pioneiras do cinema expandido, resultantes da experimentação da linguagem audiovisual, realizada entre os anos de 1960 e 1980, período em que os artistas se interessavam pelo entrecruzamento entre as artes visuais e o desenvolvimento das novas mídias.

Segundo o curador, “ILUMINADOS traz uma seleção de trabalhos, de fundamental importância histórica, que utilizam o cinema como forma de expressão artística, relacionando possibilidades de explorar os recursos da imagem em movimento, da linguagem audiovisual e os diversos dispositivos de projeção, elaborados pelos artistas no contexto embrionário da arte contemporânea”.

Cinema expandido é o termo utilizado para tratar as muitas maneiras de trabalhar essa linguagem, ampliando-a e multiplicando-a para além da tela. Ao ser projetado em um espaço onde o espectador circula livremente, o filme ganha nova perspectiva, propondo narrativas descontínuas com outras formas de estímulos visuais e sonoros. E rompe com a obrigatoriedade de uma tela única e frontal, de um discurso audiovisual linear e sequencial.

O curador comenta: “Nestas condições, abrem-se possibilidades para se romper com a linearidade temporal da narrativa mais comumente realizada nos filmes para projeção em salas de cinema tradicionais. Na galeria ou no museu, o tempo de duração da exibição não segue a convenção do mercado institucionalizado do cinema. Contando com um espectador que transita livremente por este espaço, sem uma previsão de quanto tempo durará a sua audiência, o cinema expandido implica em filmes que podem não ter um tempo de duração padronizado, por sua ação dramática ou por uma história que transcorre com princípio, meio e fim. O filme pode, assim, ser elaborado para projeção em looping ou até mesmo para que seja assistido em parte, sem que isso comprometa a sua compreensão”.

A exposição é composta por nove trabalhos que formam um mosaico de informação visual de artistas que pesquisavam essas interfaces, propondo formas originais, incomuns, não arbitrárias de criação, experimentando com a técnica e a forma da imagem e do som. Todas as obras foram produzidas em película.

Gill Eatherley.Hand Grenade.cortesia Gill Eatherley/LUX.Londres
São elas: Lupe, de Andy Warhol; Slides, de Annabel Nicolson; Light Music, de Lis Rhodes; Hand Grenade, de Gill EatherleyConselhos de Uma Lagarta, de Regina VaterThree Landscapes, de Roy Lichtenstein; Movie Drome, de Stan VanDerBeek; ÃO, de Tunga; Adjugated Dislocation, de Valie Export. Completando esta seleção, está a antologia de 35 curtas experimentais, produzidos pelos artistas do movimento Fluxus, reunidos por George Maciunas na Fluxfilm Anthology.

Para a execução de ILUMINADOS - Experiências Pioneiras em Cinema Expandido, além dos projetores de vídeo, foram necessários 11 projetores 16 mm com um sistema de projeção em lopping e uma diversidade de lentes que não se encontram mais disponíveis no mercado brasileiro.

Roberto Moreira S. Cruz comenta que a exposição ILUMINADOS oferece ao visitante a oportunidade de apreciar, em suas configurações originais, obras produzidas em formatos pouco usuais no campo do cinema experimental. “Algumas foram restauradas recentemente, apresentadas em raríssimas oportunidades e, certamente, exibidas pela primeira vez no Brasil nesta ocasião. Em alguns casos, os filmes foram transferidos para mídias digitais para uma melhor adaptação aos modos de exibição ininterrupta, durante vários dias”.

Serviço

Exposição: ILUMINADOS - Experiências Pioneiras em Cinema Expandido
Visitação: 17 de agosto a 15 de outubro de 2017
Terça a sábado, das 10h às 21h. Domingos e feriados, das 10h às 19h30.
Local: Galpão e Espaço Expositivo
Agendamento / visitas educativas: tel. (11) 2076-9704 (das 10h às 17h) ou agendamento@belenzinho.sescsp.org.br.

Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho – SP/SP. Tel: (11) 2076-9700
Estacionamento: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional (credencial plena); R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora (Credencial Atividade, MIS e visitantes).

O curador

Roberto Moreira S. Cruz (curador) Pós-doutorando em Estética e História da Arte (Interunidades USP); Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ. Desde 2012, é o curador da Coleção Itaú Cultural de Filmes e Vídeos, tendo apresentado a exposição em diversas cidades do país. Foi curador, entre outras, das exposições: Cinema Sim: Narrativas e Projeções (2008), no Itaú Cultural; Fluxus Black and White (2012), no Oi Futuro; e, em parceria com Aracy Amaral, realizou Expoprojeção 1973-2013, Sesc Pinheiros, em São Paulo. Idealizou e coordenou a produção executiva de Iconoclássicos, série de cinco longas-metragens sobre artistas brasileiros. Atualmente, atua como consultor da Enciclopédia de Cinema do Itaú Cultural e é Diretor Executivo da SAC - Sociedade Amigos da Cinemateca.

Artistas e obras

Andy Warhol - Lupe (1965. 2 projetores 16 mm. Versão digital. Coleção Warhol Foundation) - Andy Warhol foi um dos mais profícuos cineastas da geração do cinema underground americano, na década de 1960. No seu ateliê em Nova Iorque, a Factory, fabricava imagens a partir de exercícios de câmera e da encenação de artistas e performers com quem convivia rotineiramente. O cinema para ele era uma ferramenta de celebração deste ambiente contracultural e dionisíaco. As dezenas de filmes e vídeos que realizou nesta época eram ensaios experimentais que adequavam as limitações de suas câmeras de super-8, 16 mm e do portapack, primeiro equipamento de vídeo disponível no mercado, às possibilidades de criar imagens que dialogassem com o espírito coletivo e afetivo daqueles com quem convivia em seu estúdio. Uma destas personalidades era Edie Sedgwick. Jovem, bonita e com estilo muito próprio, atuou em vários dos filmes de Warhol, de quem se tornou amiga e uma espécie de musa do desbunde daquela época. Nesta exposição o público confere um destes filmes, Lupe (1965), feito para dupla projeção e interpretado por Edie Sedgwick. Lupe foi uma atriz mexicana que fez carreira em Hollywood na década de 1940. Ela se suicidou ainda jovem. No filme Warhol e Edie recriam os instantes solitários da artista, representados simbolicamente na atmosfera blasé e nas cores esmaecidas da película 16 mm.

Annabel NicolsonSlides (1971 - 1 projetor de 16 mm sem audio  8 min. - Exibição em looping - Distribuição Lux. Copyright Annabel Nicolson). Uma sequência contínua de fragmentos de películas de 8 mm e 16 mm, diapositivos (slides) e filme velado, foram emendados pela artista, compondo uma longa e ininterrupta tira. Este material foi manipulado simulando o movimento da película enquanto era registrado através da câmera, compondo assim um novo filme passível de ser projetado. As imagens são em grande parte abstratas, com cores vibrantes pulsantes, sequências pintadas à mão, fragmentos figurativos reconhecíveis como o rosto de uma mulher, movendo-se freneticamente dentro e fora da moldura do quadro da película. Um filme feito a mão, cuja estrutura plástica e formal é resultado da manipulação do próprio substrato da imagem. Esta obra foi criada nos laboratórios do Film Co-op (London Film Makers Cooperative), em Londres, uma cooperativa criada em 1966 por um grupo de cineastas independentes. Grande parte destes realizadores era oriunda das escolas de arte, se interessando, portanto, muito mais pelos aspectos materiais e formais da produção e projeção da imagem fílmica do que pelo seu apelo naturalista e narrativo. A Film Co-op se estabeleceu como um espaço para a prática do filme experimental, dispondo de infraestrutura de produção e promovendo mostras e festivais nos quais estes projetos eram difundidos.

Lis Rhodes - Light Music (1975. 2 projetores de 16mm. 2 caixas acústicas. Distribuição Lux Film. Copyright Lis Rhodes) - Constituída de duas projeções voltadas uma para a outra e em telas opostas, esta filmeinstalação estabelece uma relação direta entre a imagem e o som. Os feixes de luz que atravessam o espaço, levemente esfumaçado, tornam-se formas etéreas escultóricas, sombrias e teatrais. O espectador está livre para circular entre as telas, envolvendo-se diretamente na instalação, transformando a projeção em um fenômeno coletivo, de sociabilidade. Neste trabalho a artista compôs um diagrama de desenhos que formam padrões abstratos de linhas pretas e brancas em cada um dos fotogramas. Este diagrama foi impressos em toda a borda óptica da película de 16 mm. A medida que as faixas de luz são projetadas, o que se vê e o que se ouve são representações exatas do que está indexado no filme. Forma-se uma relação direta entre o sonoro e o visual, um equivalente audiovisual concreto entre a banda sonora e os padrões gráficos da imagem que cintilam nas telas.

Gill Eatherley - Hand Grenade (1971. 3 projetores 16 mm com áudio. 8 min. Exibição em looping. Distribuição Lux. Copyright de Gill Eatherley) - Filme resultante de um trabalhoso processo de elaboração das imagens, a partir da captura do movimento da luz de uma lanterna. A sucessiva sobreposição da película criou um imprevisível desenho de cores e formas abstratas compondo um sugestivo ritmo visual. Os primeiros registros da imagem se originaram desta sensibilização da película, produzindo cerca de três minutos de linhas em preto e branco. A partir desse substrato de imagens, a artista criou em laboratório um novo contraste em preto e branco e o reimprimiu em filme colorido, usando filtros de cor que transformaram as linhas do desenho de luz em cores fortes. O filme é composto, essencialmente, de linhas e desenhos abstratos que se movimentam vertiginosamente. A artista ampliou a experiência da percepção visual das imagens, projetando a obra como uma filmeinstalação em três telas e sincronizado-as com a trilha sonora do grupo de rock experimental alemão NEU!.

Regina Vater - Conselhos de Uma Lagarta (Advice From a Caterpillar. 1976. 2 Projetores Versão Digital) - Conselhos de uma lagarta é uma filmeinstalação montada de forma a relacionar duas telas dispostas em ângulo, uma em frente à outra. Numa tela há uma sucessão de imagens de pessoas filmadas em primeiro plano e olhando diretamente para a câmera. Numa outra, também olhando para a câmera, a própria artista é filmada em situações prosaicas – maquiada, despenteada, vestida para o trabalho etc. Intercalando às imagens, ela mostra anotações em inglês em uma agenda, que se referem ao texto de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carol. Ao indagar “Quem é você?” em voice over, a artista cria uma curiosa relação entre as imagens e o próprio espectador, que está inserido no campo da projeção, se tornando também um personagem da narrativa. Regina é uma das primeiras artistas no Brasil a trabalhar em suas obras a integração entre o audiovisual e as instalações, tendo realizado posteriormente vários trabalhos em vídeo, entre 1980 e 1990.

Roy Lichtenstein - Three Landscapes (1971. 3 projetores 35 mm. 3 telas back projection. Versão digital. Coleção Whitney Museum) - Uma obra pouco conhecida de Roy Lichtenstein, exibida em uma única ocasião em 1971 e só recentemente restaurada pelo Whitney Museum em seu formato 35mm original. Esta filmeinstalação é um exemplo excepcional da experimentação de Lichtenstein com a forma e a matéria da imagem, utilizando o dispositivo cinematográfico para representar e redimensionar a impressão visual sobre fenômenos da natureza. É possível perceber uma relação entre o filme e a série de colagens-paisagens realizadas por ele nos anos 1964 e 1965, nas quais utilizava um processo de criação com materiais heterogêneos: texturas plásticas e metálicas que refletiam a luz, gerando efeitos semelhantes aos raios de sol e das ondas no mar. Aqui estes elementos são justapostos às imagens cinematográficas captadas da própria natureza, compondo paisagens sintetizadas como simulacros do real.

Stan Vanderbeek - Movie Drome (1968-2013. 10 projetores de vídeo. 3 projetores 16 mm. 4 projetores de slides. Copyright Stan VanDerBeek Estate) - Instalação que recupera as imagens do Movie Drome de 1965 e recria o espaço de exibição em formato de cúpula de 180 graus, semelhante ao projeto original de VanDerBeek. Na época, as exibições utilizavam projetores de 16 mm dispostos em superfícies giratórias, que permitiam mover o foco de luz em várias direções. Sem uma narrativa pré-definida ou uma orientação linear objetiva, estas imagens projetadas eram associadas a outras projeções de slides, efeitos de iluminação e de sons previamente gravados. Na versão atual, parte das imagens são exibidas em formato digital em combinação com as projeções em 16 mm e diapositivos (slides), como concebido pelo artista originalmente. VanDerBeek se interessava essencialmente em propor formas experimentais de linguagem e comunicação, tendo inclusive publicado em 1965 o manifesto Culture Intercom, no qual ele utiliza a expressão cinema expandido, que se tornaria um conceito próprio do gênero no campo do cinema e das artes visuais. 

Tunga ÃO (1981. 1 projetor de 16mm. Filme em looping. 12 hastes. 2 caixas acústicas. Copyright Agnut Produções) - O cinema foi uma linguagem não muito frequente no repertório de Tunga, mas mesmo assim esta obra se insere integralmente no vocabulário estético do artista. Da mesma forma em que a matéria plástica do aço, do vidro, da madeira, do cobre, da argila, tão frequente em suas esculturas e instalações, era moldada em formas simbólicas e orgânicas, representando questões filosóficas e antropológicas da cultura brasileira, a filmeinstalação ÃO cria uma transmutação entre a imagem, o som e o próprio dispositivo da projeção. No espaço da instalação o espectador assiste ao interminável plano-sequência que exibe o percurso circular por dentro de um túnel sem saída. Este trajeto contínuo tem como trilha sonora um fragmento da canção Night and Day de Cole Porter, interpretada por Frank Sinatra, que repete também infindavelmente a frase que dá título à canção. Esta experiência visual e sonora também se estende para uma percepção física, para o próprio espaço da exibição, no qual a película de 16 mm circula além do carretel do projetor, transformando a sala em cenário da representação. A obra de Tunga transporta a percepção do espectador para uma dimensão sobrenatural, onírica. Cria outros significados para a imagem, o som e o próprio devaneio do corpo, presente numa mediação dos sentidos que se estabelece entre a experiência de ver, ouvir e estar.

Valie Export - Adjugated Dislocation (1973. 2 projeções em 8 mm. 1 projeção em 16 mm. Versão digital. Copyright Sixpack Film) - Valie Export realizou nas décadas de 1960 e 1970 inúmeras experiências com o cinema e a fotografia, relacionando o corpo, o espaço e a dimensão plástica da imagem. Neste filme a percepção do ambiente e da continuidade do movimento é captada por duas câmeras super-8 fixadas no peito e nas costas da artista. Uma terceira câmera documenta o deslocamento que a artista realiza no processo de captação das imagens, numa posição paralela e diametralmente oposta, movendo-se em espaços diversos. Uma obra em que o corpo e não o olhar é o agente da imagem, criando uma relação indissociável entre um e outro. O resultado final compõe a obra que exibe as três perspectivas, projetadas em paralelo, de modo que o processo da filmagem é apresentado ao lado da representação fílmica do ambiente. Dislocation = distribuição espacial. Adjugated = união do que é separado.  

Fluxfilm Anthology - 35 filmes experimentais de curta-metragem (Distribuição Electronic Arts Intermix. Copyright Anthology Film Archive) - Realizados nos anos 1960 e compilados por George Maciunas (1931-1978), fundador do Fluxus, Fluxfilm Anthology é um seleção composta por 37 curtas-metragens que variam de 10 segundos a 10 minutos de duração. Esses filmes, alguns feitos para serem em exibidos em looping, foram realizados como parte de happenings e performances no contexto da arte experimental produzida em Nova Iorque. Feito por artistas como Wolf Vostell, Yoko Ono, Dick Higgins, Pauls Sharits, entre outros, esses filmes celebram a iconoclastia própria do movimento Fluxus. As sinopses foram escritas originalmente por George Maciunas. Filmes experimentais transferidos de formatos variados para suporte de vídeo:

Fluxfilm #2: Invocation Of Canyons And Boulders (For Stan Brakhage) - Dick Higgins, 1966, 20s, p&b, sem som. Boca, movimentos de mastigação.
Fluxfilm #3: End After 9 - George Maciunas, 1966, 1min, p&b, sem som. Imagem com as palavras e o número do título, sem câmera.
Fluxfilm #4: Disappearing Music For Face - Chieko Shiomi, 1966, 11min15s, p&b, sem som. Transição de um sorriso para um não sorriso, filmado a 2000 quadros por segundo. A câmera mostra apenas o close de uma parte da boca.
Fluxfilm #5: Blink - John Cavanaugh, 1966, 2min20s, p&b, sem som, Flicagem: alternância de quadros pretos e brancos.
Fluxfilm #6: 9 Minutes - James Riddle, 1966, 9min45s, p&b, sem som. Contador de tempo, em segundos e minutos.
Fluxfilm #7: 10 Feet - George Maciunas, 1966, 23s, p&b, sem som. Números de fita métrica em película não revelada, 3 metros de comprimento. Sem câmera. Ao final de cada metro de filme aparecem os números 1, 2, e assim por diante, até 10.
Fluxfilm #8: 1000 Frames - George Maciunas, 1966, 43s, p&b, sem som. Números de 1 a 1000 em película não revelada.
Fluxfilm #9: Eye Blink - Yoko Ono, 1966, 15s, p&b, sem som. Câmera de alta velocidade, 200 quadros por segundo. Imagem de um piscar de olhos.
Fluxfilm #10: Entrance To Exit - George Brecht, 1965, 7min, p&b. Transição suave e linear do branco para o preto, passando por tons cinza, produzidos no tanque de revelação. Desvanecimento da palavra ENTRADA escrita em fundo preto, na placa de uma porta. As letras surgem por alguns segundos e, depois, desaparecem lentamente, fundindo-se na cor branca. Cinco minutos de desvanecimento da cor preta e a palavra SAÍDA surge, por alguns segundos, para também desaparecer dentro do branco.
Fluxfilm #11: Trace #22 - Robert Watts, 1965, 3min, p&b, sem som. O filme começa com uma fotografia de Marilyn Monroe e, em seguida, mostra um corpo feminino, filmado do umbigo para baixo, contorcendo-se sob camadas de papel celofane.
Fluxfilm #12: Trace #23 - Robert Watts, 1965, 3min, p&b, sem som. Começa com a imagem de uma linha de demarcação de uma quadra de tênis de cimento. Uma mão aponta para uma paisagem distante, em seguida, aparece o número 408 e depois 409 pintados em um busto feminino. Uma mulher passa, insinuantemente, por entre as pernas e debaixo do braço, diferentes objetos de plástico em formato de banana e de salsicha. O filme termina com um ovo flutuando sobre a água.
Fluxfilm #13: Trace #24 - Robert Watts, 1965, 4min20s, p&b, sem som. Sequência de imagens de raios-X de uma boca e uma garganta comendo, salivando e falando.
Fluxfilm #14: One - Yoko Ono, 1966, 5min, p&b, sem som. Câmera de alta velocidade, 2000 quadros por segundo. Fósforo pegando fogo.
Fluxfilm #15: Eye Blink - Yoko Ono, 1966, 35s, p&b, sem som. Provavelmente, igual ao Nº 9.
Fluxfilm #16: Four - Yoko Ono, 1967, 6min15s, p&b, sem som. Sequências mostrando os movimentos das nádegas de performers caminhando. Filmado a uma distância constante.
Fluxfilm #17: Five O'clock In The Morning - Pieter Vanderbeck, 1966, 5min20s, p&b, sem som. Imagens de um punhado de pedras e castanhas caindo, filmadas com uma câmera de alta velocidade.
Fluxfilm #18: Smoking - Joe Jones, 1966, 5min10s, p&b. Imagens da fumaça de um cigarro filmadas com uma câmera de alta velocidade, 2000 quadros por segundo.
Fluxfilm #19: Opus 74 - Version 2, Erik Andersen, 1966, 1min35s, p&b e cor. Exposição de fotogramas coloridos. Surgem diferentes imagens em cada fotograma, vários objetos em uma sala etc.
Fluxfilm #20: Artype - George Maciunas, 1966, 2min40s, p&b. Desenhos artísticos de símbolos e signos projetando loops. Padrões de pontos de impressão do tipo Benday. Pontos, linhas. Telas, linhas onduladas, linhas paralelas e outras em película não revelada. Sem câmera.
Fluxfilm #22: Shout - Jeff Perkins, 1966, 2min10s, p&b, sem som. Close de dois rostos gritando um com o outro.
Fluxfilm #23: Sun In Your Head (Television Decollage) - Wolf Vostell, 1963, 7min10s, p&b, sem som. Sequências de fotogramas de imagens de cinema ou televisão, com distorções periódicas. São imagens de aeronaves, homens e mulheres intercaladas por textos como: ‘silêncio, gênio trabalhando,’ e ‘eu te amo.’ O crédito final é: "Televisão, décollage, Colônia, 1963". 
Fluxfilm #24: Readymade - Albert Fine, 1966, 2min20s, p&b e cor, sem som. Tiras de teste de cor do tanque de revelação.
Fluxfilm #25: The Evil Faerie - George Landow, 1966, 28s, p&b, sem som. Um homem no telhado fazendo gestos ondulantes com as mãos. O filme é precedido pela foto de um objeto em formato da letra ‘L’ em movimento. Ao final, surge a imagem breve de uma ‘menina Kodak’.
Fluxfilm #26: Sears Catalogue 1-3 - Paul Sharits, 1965, 28s, p&b, sem som. Páginas animadas de um catálogo da Sears.
Fluxfilm #27: Dots 1 & 2 - Paul Sharits, 1965, 35s, p&b, sem som. Projeção de um único plano de pontos animados na tela.
Fluxfilm #28: Wrist Trick - Paul Sharits, 1965, 28s, p&b, sem som. Vários gestos de uma mão com uma lâmina de barbear sobrepostos.
Fluxfilm #29: Word Movie - Paul Sharits, 1966, 3min50s, p&b e cor. Plano único com animação de palavras.
Fluxfilm #30: Dance - Albert Fine, 1966, 2min23s, p&b, sem som. Rosto sorridente. Martelando um tijolo. Close de um ouvido (em movimento?). Rosto se contraindo. Dançando em uma perna. Rolando, contorcendo-se no chão. Socando a parede.
Fluxfilm #31: Police Car - John Cale, 1966, 1min17s, p&b e cor, sem som. Sequência subexposta das luzes intermitentes de um carro de polícia.
Fluxfilm #36: Fluxfilm Nº 36 - Peter Kennedy; Mike Parr, 1970, 2min30s, p&b. Imagem de pés caminhando nas bordas ao redor de todo plano.
Fluxfilm #37: Fluxfilm No. 37 - Peter Kennedy; Mike Parr, 1970, 1min30s, p&b, sem som. Rosto sendo desfocado por camadas de fitas adesivas entre ele e a câmera.
Fluxfilm #38: Je Ne Vois Rien Je N'entends Rien Je Ne Dis Rien - Ben Vautier, 1966, 7min32s, p&b, sem som. Nada ver, ouvir e dizer. Ben está com a boca, os olhos e os ouvidos tapados.
Fluxfilm #39: La Traversée Du Port De Nice Á La Nage - Ben Vautier, 1963, 3min15s, p&b, sem som. Ben atravessa uma baía do porto de Nice, nadando completamente vestido.
Fluxfilm #40: Faire Un Effort - Ben Vautier, 1969, 2min13s, p&b, sem som. Erguer e segurar uma cômoda.
Fluxfilm #41: Regardez Moi Cela Suffit - Ben Vautier, 1962, 6min48s, p&b, sem som. Sentado em um agradável passeio público com o seguinte cartaz: Observe-me: isso é tudo.


Assessoria de imprensa – Sesc Belenzinho
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VERBENA COMUNICAÇÃO
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quarta-feira, 26 de julho de 2017

João Donato e Donatinho lançam CD Sintetizamor no Sesc Belenzinho dia 4 de agosto

João Donato, o mago dos pianos, um dos mais importantes artistas brasileiros, lançou recentemente o primeiro álbum Sintetizamor (Deck) junto com seu filho caçula, Donatinho.

O disco traz uma sonoridade pop moderna, na qual o filho leva o pai ao seu universo sonoro. O show de lançamento em São Paulo acontece no dia 4 de agosto (sexta, às 21h30), na Comedoria do Sesc Belenzinho.

O disco foi produzido por Donatinho, que assina também os arranjos, e gravado no seu estúdio Synth Love (Rio de Janeiro). Sintetizamor traz 10 faixas inéditas assinadas por ambos, algumas em parceria também com Davi Moraes, Domenico Lancellotti e Rogê.

No show no Sesc Belenzinho, Donato & Donatinho tocam juntos e mostram os trabalhos individuais. O repertório traz - além das composições inéditas, como “Lei do Amor”, “Luz Negra” e “Ilusão de Nós” - clássicos da carreira de João Donato e músicas do disco Zambê, premiado trabalho autoral de estreia de Donatinho.

Este é um encontro especial e afetivo que reúne o melhor e mais inusitado da interseção criativa entre esses artistas. Uma oportunidade rara para apreciar a força potencializada de dois Donatos juntos, unidos também pelo amor às teclas.

João Donato tinha 50 anos e já era compositor consagrado quando nasceu Donatinho, tido hoje como referência estética no universo dos sintetizadores, pianos elétricos e instrumentos analógicos vintage. Brilhante arranjador, compositor e produtor, o sempre inquieto "Donatão" não parar de nos surpreender com sua versatilidade e genialidade, agora inovando ao apresentar com Donatinho o novo show Sintetizamor.

Serviço

Show: Donato & Donatinho – Lançamento CD Sintetizamor
4 de agosto. Sexta, às 21h30
Local: COMEDORIA (500 pessoas).
Duração: 80 min. Não recomendado para menores de 18.
Ingressos: R$ 20,00 (inteira); 10,00 (aposentado, pessoa com mais de 60, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública) e R$ 6,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado). Venda pelo Portal e unidades do Sesc.

Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho. São Paulo/SP. Tel: (11) 2076-9700
Estacionamento: Para espetáculos com venda de ingressos após as 17h: R$ 15,00 (não matriculado); R$ 7,50 (credencial plena no SESC). 


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Sesc Belenzinho apresenta o canto e a viola de Yassir Chediak

Crédito: Roger Spock
O projeto Música de Raiz do Sesc Belenzinho apresenta o violeiro e compositor Yassir Chediak com o show Mundo Afora que acontece no dia 4 de agosto (sexta, às 21h), no Teatro da unidade.

Mundo Afora é o nome do quarto CD de Chediak, que se prepara para a primeira turnê nos Estados Unidos, em novembro deste ano. Com 20 anos de carreira, o artista se destaca no gênero, sendo um dos responsáveis pela modernização da viola de 10 cordas, à qual ele acrescenta um toque mais sofisticado dando projeção internacional ao estilo.

Seu trabalho reúne ritmos brasileiros como samba de roda, xote, toada, chamamés e martelos nordestinos, mesclando harmonia, melodia e virtuosismo. No show, Yassir interpreta clássicos do universo regional brasileiro com sua leitura contemporânea e canções autorais inéditas como “Mistérios”, “Na Força do Patuá”, “Porquê Você Me Espera”, incluindo  parcerias com Jorge Mautner, que lapidou algumas melodias com suas letras modernas e poeticamente ricas, a exemplo de “Malícia da Beleza”, de seu primeiro CD.

A música de Chediak busca expandir as possibilidades da viola na Música Popular Brasileira, retirando o instrumento de seu contexto habitual. “Todo mundo vê a viola como um instrumento do interior. Mas quero mostrar que ela chegou ao Brasil pelo mar, através dos portugueses, e depois ganhou todo o território brasileiro e as influências dos índios, negros e caboclos”, explica o músico.

No palco, Yassir Chediak (voz e viola caipira) apresenta-se acompanhado por Álvaro Orlando (violão e guitarra), Álvaro Couto (sanfona), Joseph Oliveira (contrabaixo) e Luiz Claudio Sandalo (bateria). A produção musical e arranjos ficam a cargo de Marcellus Meirelles (violões, bandolim, vocal e produção musical).

Yassir Chediak é violeiro, cantor, apresentador de televisão, produtor e ator brasileiro. Lançou, em 2015, o seu quarto CD, Mundo Afora - com participação de Sérgio Reis – que vem sendo apresentado pelo Brasil. Em novembro, segue com sua primeira turnê pelos Estados Unidos. Como autor de trilhas sonoras e ator, participou de filmes e novelas. Na Rede Globo, emplacou sua versão de "Anunciação" (de Alceu Valença) na novela Paraíso, "Aroma que Inebria" (parceria sua com Rodrigo Sater) em Morde e Assopra e "Estradas" no seriado Carga Pesada. E sua música "Brasil Caminhoneiro" é tema do programa de mesmo, no SBT, apresentado pelo próprio Yassir. Atualmente, é apresentador também do programa Brasil Regional na rádio Roquette Pinto (RJ), que contempla o repertório das raízes brasileiras excluído da grande mídia, e de projetos especiais do Canal Rural.

O projeto Música de Raiz do Sesc Belenzinho traz ao palco a música regional, apresentada em seus diversos desdobramentos por compositores e intérpretes de moda de viola, música caipira e sertaneja.

Serviço

Show: Yassir Chediak
4 de agosto. Sexta, às 21h
Local: TEATRO (392 pessoas). Duração: 1h30. Não recomendado para menores de 12.
Ingressos: R$ 20,00 (inteira); 10,00 (aposentado, pessoa com mais de 60, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública ) e R$ 6,00 (trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciado ). Venda pelo Portal e unidades do Sesc.

Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1000. Belenzinho. SP/SP. Tel: (11) 2076-9700
Estacionamento: Para espetáculos com venda de ingressos após as 17h: R$ 15,00 (não matriculado); R$ 7,50 (credencial plena no SESC).



Assessoria de imprensa – Sesc Belenzinho
Período: 16/05 a 16/08/2017
VERBENA COMUNICAÇÃO
Eliane Verbena / João Pedro
Tel: (11) 2738-3209 / 99373-0181 -
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Jacqueline Guerra: (11) 2076-9762
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segunda-feira, 24 de julho de 2017

CAIXA Cultural SP promove mesa redonda na abertura da exposição de Fábio Magalhães

No dia 29 de julho (sábado), na inauguração da exposição Além do Visível, Aquém do Intangível com obras de Fábio Magalhães, a CAIXA Cultural São Paulo promove a mesa redonda As Matrizes Tradicionais da Arte e a Pintura Contemporânea

O debate, que tem início às 13h, conta com participação da curadora Alejandra Muñoz e do crítico de arte Jorge Coli. As inscrições são grátis e já estão abertas pelo telefone (11) 3321-4400.

A abertura da exposição ocorre às 11h. O evento conta ainda com o lançamento do livro/catálogo (de mesmo nome da exposição) que reúne obras do artista, produzidas ao longo de 10 anos, e textos de Jorge Coli, Marcelo Campos e Alejandra Muñoz. Neste dia haverá também uma visita guiada pelo próprio artista.

Além do Visível, Aquém do Intangível apresenta 25 trabalhos de óleo sobre tela em grandes formatos, criados entre 2007 e 2017, distribuídos em cinco séries: O Grande Corpo, Retratos Íntimos, Superfícies do Intangível, Latências Atrozes e Limites do Introspecto.

As obras de Fábio Magalhães surgem de metáforas criadas a partir de pulsões, das condições psíquicas e substratos de um imaginário pessoal, até chegar a um estado de imagem/corpo. Os resultados são obtidos por meio de artifícios que nascem de um modus operandi que parte de um ato fotográfico e materializa-se em pintura. O artista apresenta encenações meticulosamente planejadas, capazes de borrar os limites da percepção, configuradas em distorções da realidade e contornos perturbadores.

Release completo da exposição Além do Visível, Aquém do Intangível:


Serviço

Exposição: Além do Visível, Aquém do Intangível
Artista: Fábio Magalhães
Curadoria: Alejandra Muñoz
Abertura: 29 de julho de 2017. Sábado, às 11h
Visita guiada na abertura com o artista Fábio Magalhães.
Período: de 29 de julho a 24 de setembro
Visitação: terça a domingo, das 9h às 19h

Mesa redonda (29/6) - Das 13h às 14h30
Participantes: Alejandra Muñoz e Jorge Coli
Tema: As Matrizes Tradicionais da Arte e a Pintura Contemporânea
Vagas limitadas. Inscrições pelo telefone: (11) 3321-4400
Público alvo: público juvenil e adulto, estudantes e apreciadores de arte.
Local: Auditório - 6º andar

CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 – Centro. SP/SP. Metrô Sé.
Telefone: (11) 3321-4400
Entrada franca. Classificação indicativa: 14 anos
Acesso para pessoas com deficiência

Patrocínio: Caixa Econômica Federal

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Vivo EnCena traz Paulo Betti a São Paulo com o solo Autobiografia Autorizada

Carregado de humor e emoção, o texto foi escrito pelo ator, para comemorar 40 anos de carreira, e dirigido por ele em parceria com Rafael Ponzi.

Depois de passar por várias cidades do Brasil, o ator Paulo Betti estreia o monólogo Autobiografia Autorizada, no dia 11 de agosto (sexta-feira, às 21h30), no Teatro Vivo, em São Paulo. O espetáculo, dirigido pelo próprio ator em parceria com Rafael Ponzi, comemora os 40 anos de carreira de Paulo, que também assina o texto. A montagem está em turnê pelo Brasil por meio do projeto Vivo EnCena.

No palco, Betti interpreta, com muito humor, histórias que viveu e ouviu na infância e adolescência. São passagens que ficaram registradas em sua memória e em anotações que fazia sobre tudo que acontecia à sua volta, em busca de compreender a própria vida. Os textos eram anotados em grandes blocos onde também fazia colagens de fatos da época. Este “livro” de memórias compõe a cena do espetáculo.

A história de Paulo Betti (64 anos) começou no mundo rural onde o avô, um imigrante italiano, trabalhava como meeiro para um fazendeiro negro, em Sorocaba, SP. “Eu via a fazenda da perspectiva da senzala”, relembra. Sua mãe, uma camponesa analfabeta, ao se mudar para a cidade, trabalhou como empregada doméstica, para criar os 15 filhos (Paulo é o décimo quinto, temporão, com 10 anos de diferença de do irmão mais novo). Seu pai era esquizofrênico. Apesar disso, Paulo estudou em boas escolas, cursou um Ginásio Industrial em tempo integral, se formou pela Escola de Arte Dramática da USP e foi professor na Unicamp.

O testemunho do ator, autor e diretor, que interpreta pai, mãe, avó e muitos outros personagens da própria vida, brinda o público com uma peça emocionante. Com bom humor, poesia e dor, Paulo mergulha na vida dessas personagens de sua história e emerge com uma peça edificante que reafirma a importância do ensino publico e do trabalho social para a valorização do ser humano.

Segundo Paulo Betti, lendo as anotações que fez no decorrer de quase uma vida inteira, chegou à conclusão que, todo o tempo, preparava-se para revelar as extraordinárias condições que o levaram a sobreviver e a contar como isso aconteceu. “Minha fixação pela memória da infância e adolescência, passada num ambiente inóspito e ao mesmo tempo poético, talvez mereça ser compartilhada no intuito de provocar emoção, riso, entretenimento e entendimento”, comenta o artista.

Entre as lembranças vividas em Autobiografia Autorizada, estão os momentos em que ouvia radionovelas enquanto ajudava a mãe na tarefa de passar roupas (ela também desempenhava esta função para completar o orçamento). “Lembro-me bem de Adoniran Barbosa na pele de Charutinho em Histórias das Malocas”, relembra o ator. A história do irmão cavaleiro que dormiu montado no cavalo, a memória da carrocinha que recolhia cachorros de rua, os momentos como funcionário do Hospital Votorantim e a descrição do cardápio do bandejão do Centro Residencial da USP, também estão entre as histórias do espetáculo. E não poderiam ficar de fora fatos curiosos dos bastidores da televisão e do cinema, além da revelação sobre o beijo na TV: afinal, ele é técnico ou real?

A encenação é calcada na interpretação e na força do texto. Além da iluminação e do figurino, belas projeções de vídeo integram a ambientação cênica. O ator também manipula alguns objetos como a faca pontiaguda que sua avó usava para matar o porco e o pião que fazia girar quando criança.

Paulo Betti busca inserir o espectador na história, antes mesmo de entrar em cena. Ainda no saguão, o ator se aproxima do público que, ao entrar no teatro, é envolvido pela trilha sonora com músicas dos anos 60 e 70. Assim, inicia-se a cumplicidade entre o artista e sua plateia. Autobiografia Autorizada é um amalgama do Brasil profundo, inspirada pela inusitada historia de superação de Paulo, que percorre o trajeto riquíssimo da roça à cidade, contando um pouco da historia da Imigração Italiana no Brasil.

Paralelamente ao espetáculo, Paulo produziu e dirigiu um novo longa-metragem que será lançado em breve. Trata-se de A Fera na Selva, baseado na obra do escritor norte-americano Henry James, no qual também atua ao lado de Eliane Giardini. O filme é uma adaptação para o cinema do espetáculo que ele encenou com a atriz e ex-mulher, em 1992, que lhe rendeu o Prêmio Shell de Melhor Ator. As filmagens foram realizadas em Sorocaba, sua cidade natal onde conheceu Eliane.

Autobiografia Autorizada estreou em março de 2015, no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro. Recebeu unanimidade de criticas positivas e foi indicada ao Prêmio Shell de Melhor Texto. Dede então, o espetáculo já passou pelas cidades paulistas de Sorocaba, São Carlos, Jundiaí, Araraquara, Piracicaba e Paulínia; Fortaleza/CE, Uberlândia/MG; Brasília/DF; Luanda (África); Niterói, Teresópolis, Barra Mansa e Duque de Caxias (RJ); no sul, em Santa Maria, Passo Fundo, Florianópolis e Porto Alegre; Manaus/AM; Belém/PA; Goiânia/GO; Salvador/BA; e João Pessoa/PA. Também realizou temporadas na Sala Chiquinho Brandão (Casa da Gávea) e no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro.

Vivo EnCena - Autobiografia Autorizada é apresentado pelo projeto Vivo EnCena, uma iniciativa da Vivo que promove a democratização do aceso à cultura. A operadora é a única empresa privada a manter ininterruptamente o apoio ao teatro brasileiro. Ao longo de 13 anos de existência, o Vivo EnCena beneficiou mais de 1 milhão de espectadores em mais de 3 mil sessões de teatro em diferentes regiões do País.

Ficha técnica

Texto e interpretação: Paulo Betti
Direção: Paulo Betti e Rafael Ponzi
Elenco: Paulo Betti
Cenário: Mana Bernardes
Figurino: Leticia Ponzi
Iluminação: Dani Sanchez e Luiz Paulo Neném
Direção de movimento: Miriam Weitzman
Programação visual: Mana Bernardes
Trilha sonora: Pedro Bernardes
Fotografia: Mauro Khouri
Assistente de direção: Juliana Betti
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação
Direção de produção: Lya Baptista
Produção São Paulo: DR Produções - Darson Ribeiro

Serviço

Espetáculo: Autobiografia Autorizada
Estreia: 11 de agosto. Sexta, às 21h30
Temporada: de 11 de agosto a 1º de outubro de 2017
Horários: Sexta (21h30), sábado (21h) e domingo (18h)
Duração: 110 minutos. Gênero: Comédia. Classificação: 12 anos.
Ingressos: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)
Bilheteria: terça a quinta (14h às 20h), sexta a domingo (14h até o início das sessões). Aceita todos os cartões de crédito e débito.
Vendas online: 
www.ingressorapido.com.br (tel: 4003-1212).

Teatro Vivo
Av. Dr. Chucri Zaidan, 2460. Vila Cordeiro. São Paulo/ SP.
Tel(11) 3279-1520. Capacidade: 274 pessoas.
Acessibilidade. Ar condicionado. Estacionamento/valet: R$ 25,00.

Críticas

“Memórias com narrativa delicada” / “O título bem humorado indica o que a peça pode oferecer” / “Uma viagem afetiva por geografia emocional que explora regiões de contornos fantasticamente realistas” / “não há qualquer complacência queixosa ou saudosismo.” / “o ator Paulo Betti demonstra a mesma sinceridade e despojamento do autor.” / “uma vida áspera, mas encantatória, de um caipira que chegou com dificuldades ao mundo.”
(Macksen Luis - O Globo)

“Deixa gostinho de quero mais.” / “muitos méritos no desenvolvimento da dramaturgia e da encenação.” / “uma pérola na programação do teatro carioca.” / “repleto de lirismo” / “os assuntos evoluem de forma surpreendente” / “pelas nobres intenções, mas também pela alta qualidade do resultado, Autobiografia Autorizada, merece efusivos aplausos”.
(Rodrigo Monteiro – Veja Rio) 

Paulo Betti

Natural de Rafard, SP, Paulo Betti viveu em Sorocaba até os 20 anos. Formou-se pela Escola de Arte Dramática da USP, foi professor da Escola de Arte Dramática da Unicamp e bolsista na norte-americana Fullbhrigt (Distingueshed artist Fellowship). Presidente da Associação Cultural Casa da Gávea, no Rio de Janeiro, Paulo é ator, diretor e produtor. O artista foi agraciado vários prêmios Molière, APCA, Mambembe, Governador do Estado e Kikito.

Dirigiu 12 espetáculos teatrais e atuou em outros 26, com destaque para Na Carreira do Divino (também diretor), Cerimonia Para um Negro Assassinado (de Fernando Arrabal), Os Iks (també diretor), O Inimigo do Povo (dir. Domingos de Oliveira), O Homem que Viu o Disco Voador (dir. Aderbal Freire Filho), Feliz Ano Velho (também diretor), A Tartaruga de Darwin (dir. Rafael Ponzi e Paulo Betti) e Deus da Carnificina (dir. Emilio de Mello). No cinema, atuou em mais de 20 filmes, sucessos como Mauá, Ed Mort, O Toque do Oboé, Guerra de Canudos e A Casa da Mãe Joana. Na televisão, foram 26 novelas (como Tieta, Mulheres de Areia, A Indomada, A Próxima Vitima, O Clone, Império e a recente Rock Story) e cerca de 20 papeis em especiais de TV e minisséries (Engraçadinha, Chiquinha Gonzaga, Os Maias, Lara com Z etc.).

Como melhor diretor teatral ganhou os prêmios Governador do Estado de SP, APCA e Mambembe pela peça Cerimônia para um Negro Assassinado; e prêmios APCA, Mambembe e Molière pelos espetáculos Na Carreira do Divino e Feliz Ano Velho. Como melhor ator, venceu os prêmios Governador do Estado de SP (por O Pagador de Promessas) e Shell / RJ (por A Fera Na Selva), além do Prêmio APCA de Melhor Iluminador por Feliz Ano Velho. No cinema, ganhou os prêmios Cidade de São Paulo e APCA pela atuação em Lamarca, além de dois Kikitos pelos filmes Infância (de Domingos Oliveira) e Cafundó (que dirigiu junto com Clóvis Bueno, premiado em quatro categorias). Também ganhou o Prêmio Contigo de Melhor Ator Cômico de Novela (A Indomada) e Prêmio Oscarito - Sindicato dos Artistas de Melhor Ator. Foi ainda indicado ao Prêmio Shell por Deus da Carnificina e O Homem que Viu o Disco Voador (este também indicado ao Prêmio Governador do Estado do RJ).


Assessoria de Imprensa - VERBENA COMUNICAÇÃO
Eliane Verbena / João Pedro
Tel: (11) 2738-3209 / 99373-0181 - verbena@verbena.com.br