quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Texto inédito de Sebastian Barry estreia na Verniz Galeria com direção de Darson Ribeiro

Foto de Eliana Souza
A violência contra a mulher é o mote do projeto idealizado por Darson Ribeiro, que traduziu e apresenta pela primeira vez no Brasil o autor Sebastian Barry, inglês radicado na Irlanda.

O espetáculo inédito no Brasil O Orgulho da Rua Parnell, do dramaturgo inglês Sebastian Barry, estreia no dia 14 de janeiro (sábado, às 20h) na Verniz Galeria com direção de Darson Ribeiro.

A peça é uma compilação de monólogos interconectados, nos quais um casal – interpretado por Alexandre Tigano e Claudiane Carvalho - relata minuciosamente o resultado caótico de uma relação de amor que foi ceifada por um ato medonho de violência por parte do marido. A encenação - que tem ainda participação especial do garoto Enrico Bezerra (de nove anos) com intérprete de uma canção - utiliza a ambientação natural da galeria como cenário e plateia (o público senta-se nos próprios móveis do antiquário, que também podem ser adquiridos).

O Orgulho da Rua Parnell narra 10 anos dessa complicada e também bela história de amor. Em movimentos delicados – quase paralisados – as personagens descrevem entre lágrimas, risos, tesão e orgulho tudo o que os levou à situação atual. São lembranças pesadas e até insanas, mas permeadas de um amor sem igual. A peça revela o grau de perigo, quase sempre perniciosamente velado, que existe na paixão e o estrago que isso pode provocar, caso esse sentimento seja sublimado ou potencializado em substituição às vontades próprias, fazendo do egoísmo uma arma fatal.

Na obra de Barry as limitações e o controle das emoções vêm no formato de prosa, ao mesmo tempo áspera e macia. Joe Brady é um ladrãozinho insignificante que tem o apelido de “homem-meio-dia”. Ele e sua esposa Janet vivem na periferia de Dublin, na Irlanda, e apesar da vida marginalizada mantêm orgulho de seu lifestyle, como ocorre com a maioria das personagens de Sebastian Barry.

No enredo, a derrota que marcou a desmoralizante desclassificação da Irlanda na Copa do Mundo de 1990, na Itália, cobrou seu preço. E parece que para o casal Joe e Janet a cobrança veio com juros altíssimos. O déficit desses dois foi maior do que o da seleção naquela noite. Alguns anos se passaram e agora eles revelam a intimidade de um amor eterno, mas também a ruptura desastrosa do casamento.

É um início de relação pobre, mas feliz. Ela, mãe aos 16 anos, sofre para criar os três filhos. Ele, apelidado de “midday man”, vive à sombra e água fresca, roubando carros. Eles vão se aturando até que o primogênito Billy morre atropelado por um caminhão de cerveja. Este é talvez o início do fim, não só da relação, mas até mesmo do amor pela Irlanda. Será? Ao voltar para casa, após a quarta de final dos jogos, Joe quase mata a esposa, espancando-a. Desfacelada, ela foge para um abrigo de mulheres, levando as crianças. Apesar da ausência do marido - e pai - ela vai reconstruindo sua vida, enquanto ele se afunda na heroína, nas prisões e sofre com a AIDS.

Segundo o diretor Darson Ribeiro, “O Orgulho Da Rua Parnell se encaixa perfeitamente no contexto teórico e estético de montagens realizadas por ele, como a recente Os Guarda-Chuvas, que discutia a degradação da família culminada com a morte da esposa e mãe, interpretada por Maria Fernanda Cândido”. Ele argumenta que a peça de Barry traz a simplicidade como aliada, respeitando o não naturalismo indicado pelo autor, principalmente na relação interpretativa dos atores. E a direção, então, se apropria da precisão para contar essa trágica história de amor, brincando com o imagético e criando camadas no arquétipo das personagens. “A história é narrada como se ‘esfregássemos’ as situações na cara do espectador. E tudo isso em meio ao acervo da Verniz, uma Galeria que garimpa e recupera mobiliário industrial, localizada no Centro velho de São Paulo, hoje point entre os  descolados”.

Sobre o tema “violência contra a mulher”, o diretor ressalta os altos índices e o número de prisões e de mortes que vêm aumentando em vários países, incluindo o Brasil, culminando no dilaceramento familiar. “A sociedade dá pouca atenção para o fato. O teatro tem a função de alertá-la. Desta forma, o Conselho Estadual de Defesa da Mulher, por meio de sua Presidente Rosmary Correa foi o primeiro a credenciar esse projeto”, comenta Darson.

“Vivemos numa época em que cada vez mais o homem, ainda que inconscientemente, vem tentando contar com seus sentidos. É nesse estado que ele, paradoxalmente, provoca em si atitudes que ultrapassam limites da consciência. Só depois, já com o ato consumado, é que busca a qualquer custo se livrar das armadilhas de seu próprio desejo. Assim, empenha-se desmedidamente em valorizar o que era simples, belo e eficaz: o viver... Quase numa espécie de sublimação. Por esse motivo escolhi a Galeria Verniz - um antiquário que tem a delicadeza de misturar objetos com a força de peças e mobiliário industrial, que vai de encontro à ‘cenografia desmantelada’, e ao mesmo tempo aconchegante, do casal protagonista. As pessoas entram e se sentam em pequenos lounges com poltronas e mesas em ambientes íntimos, podendo inclusive comprar não só as peças onde estão sentadas, mas obras de arte, relíquias, sofás, tapeçarias e vasos.” Finaliza o diretor.

Sebastian Barry e O Orgulho da Rua Parnell

Depois de ter sido interrogado sobre a razão pela qual ainda não tinha escrito uma peça tendo como tema a violência contra a mulher, Barry alegou que vinha insatisfeito com textos sem embocadura para os atores. Mas, no final de 2004, atendendo ao pedido do diretor artístico do Dublin Fishamble Theatre Company, Jim Culleton, trouxe ao papel as lembranças da Copa de 1990, quando vivia em Dublin, na Irlanda, mais particularmente na Rua Parnell. Segundo a pesquisa do autor, após as partidas de futebol, principalmente as derrotadas, os maridos ainda sob uma espécie de “euforia futebolística” chegavam em casa e espancavam violentamente suas esposas. Estas mulheres superlotavam os abrigos femininos.

Assim, com o texto, Barry tenta encontrar a razão de tamanha violência, que ainda impera nos dias de hoje, valendo citar os altos índices do Brasil. Com ou sem futebol. Em 2006, numa de suas aulas de teatro, a inspiração para aprimorar o texto veio com veemência. E, assim, iniciou uma série de trocas de emails com Culleton, o primeiro diretor da peça, retomando “o quão verdadeiro e preciso – ao mesmo tempo misterioso – o teatro pode ser”. Ele completa: “quando você vai ao teatro e vê uma peça qualquer, ainda que simples sobre pais e filhos, ela vai te fazer avaliar o que a vida é de fato, e o quão curta ela é”. Em 2007, com a resposta positiva do público e da crítica no Festival de Teatro de Dublin, Sebastian Barry teve a certeza de que The Pride Of Parnell Street o havia reconectado definitivamente com o palco.

Ficha técnica / serviço

Texto: Sebastian Barry
Direção, tradução, Trilha, cenografia e figurino: Darson Ribeiro
Elenco: Alexandre Tigano (Joe) e Claudiane Carvalho como (Janet)
Participação especial: Enrico Bezerra
Iluminação: Rodrigo Souza
Iluminotécnica: LPL Lighting Designer
Consultoria técnica: Capitão Marcelo Nogueira
Edição/trilha: Lalá Moreira DJ
Design gráfico: Iago Sartini
Fotografia: Eliana Souza
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Suporte de movimento: Gustavo Torres
Assistente de direção 1: Arnaldo D’Avila
Assistente de direção 2: Camila Carneiro
Auxiliar de produção: Eli Barcellos
  
Espetáculo: O Orgulho da Rua Parnell
Local: Verniz Galeria
Rua Álvaro de Carvalho, 318. Centro/SP
Temporada: 14 de janeiro a 20 de fevereiro de 2017
Horários: sábados e segundas (às 20h) e domingos (às 19h)
Ingressos: R$ 60,00 (meia: 30,00)
Bilheteria: 1h antes das sessões (aceita cheque e dinheiro). Reservas: (11) 97655-3687
Classificação: 12 anos. Duração: 75 minutos. Gênero: drama. Capacidade: 50 lugares.

Perfis

Darson Ribeiro - Formado em Artes Cênicas pela PUC/Fundação Teatro Guairá do Paraná, tem especialização em direção, cenografia, figurino e produção. Passou pelos dois mais importantes teatros do país, o Municipal de SP e do RJ, nas funções de Diretor Técnico, de Cena, de Produção e Operacional. Trabalhou com todos os mais importantes diretores brasileiros e alguns internacionais, valendo citar Bob Wilson, Pina Bausch e Strehler, e Jorge Takla, Gabriel Vilella, e Ulysses Cruz – de quem foi assistente por anos. Foi o principal consultor para a obra do Teatro Bradesco, onde realizou a abertura com um memorável evento unindo Bibi Ferreira, Ana Botafogo, artistas convidados num show com Café De Los Maestros e Marisa Monte. Lá, permaneceu como diretor artístico por dois anos e meio. Fundador e diretor da Dr. Darson Ribeiro Produçõs, seus trabalhos não se resumem somente no ator, mas em cenografia e figurino, além de produção e direção, como em alguns deles: 8Mulheres, suspense cômico de Robert Thomas, dirigindo Miriam Pires e  Ruth de Souza; Oberosterreich, de Franz Kroetz, tendo parceria com Ney Matogrosso, pelo Goethe RJ e Consulado da Áustria; Maratona, de Naum Alves de Souza; Boeing Boeing, de Marc Camoletti, sucesso também no Rio com Heloisa Perisse e temporada em SP com Mônica Martelli e Cássio Scapin; A Prova, com Andréa Beltrão; O Mundo É Um Moinho, de Fauzi Arap, com Caio Blat, Claudio Cavalcanti e Maria Ribeiro; A Bofetada, com a Cia Baiana de Patifaria; O Mistério do Fantasma Apavorado, de Walcyr Carrasco; Ballet Kirov e Bolshoi, Stomp, Orquestra de Berlin e outras. Com As Mentiras Que os Homens Contam, de Veríssimo, em cartaz por quatro anos incluindo temporada em Portugal. Como ator, foi vencedor do Troféu Gralha Azul de Melhor Ator pelo espetáculo Tu & Eu, de Friedrich Wachter, em Curitiba-PR, além de se destacar em peças como O Eucalipto e os Porcos, texto e direção do argentino Hugo Mengarelli; Bodas De Sangue, de Garcia Lorca, e Senhora dos Afogados de Nelson Rodrigues. No Rio, atuou na montagem de La Ronde, dirigida por Marcus Alvisi. Foi destaque na mídia nacional pela reinauguração do Teatro Glória do RJ, onde por iniciativa própria o reformou e reinaugurou-o com Paulo Autran, que lhe rendeu uma homenagem em cena aberta. Na TV, novelas como Torre de Babel, Malhação, Kubanacan e A Favorita (Rede Globo), Jamais Te Esquecerei, Corações Feridos e Cúmplices de um Resgate (SBT) e Prova de Amor (Record). Sangue Na Barbearia, um de seus mais importantes trabalhos, reuniu dois autores argentinos e convidou Antonio Petrin para contracenar e, de novo, em parceria com Ney Matogrosso, inaugurou o Auditório do SESC Pinheiros. É o responsável pela vinda anual da Cia Armazém de Teatro para SP, para a qual realizou recente temporada no SESC Bom Retiro com Inútil A Chuva. Realizou por dois anos, entre temporadas e festivais, Disney Killer, texto de Philip Ridley que traduziu, produziu, dirigiu e protagonizou, com destaque pela crítica nacional, incluindo Bárbara Heliodora. Foi o responsável pelo projeto Logos-Dialogos (Sesc SP), unindo Bach (executado ao vivo pelo cello barroco Dimos Goudaroulis) e dança contemporânea (Déborah Colker, Ismael Ivo, Luis Arrieta e outros). Homens No Divã, sua comédia que discute o homem na psicanálise, permaneceu três anos em cartaz com mais de 250 mil espectadores. Em outubro de 2015 estreou Os Guarda-Chuvas, adaptado e dirigido por ele do original de Luccas Papp. Recentemente, a convite da Royal Caribbean, coordenou por um mês as atividades culturais do navio Independence of the Seas, que incluíram concertos de piano, o musical Greese, shows e o Jam Rock Reggae Cruise com participação dos filhos de Bob Marley.

Alexandre Tigano - Além de ator formado pela Escola Macunaíma, é Bacharel em Educação Física. Entre os espetáculos teatrais de que participou destacam-se: Disney Killer, de Philip Ridley, e Um Cruel, de Rafa Ramos, ambos dirigidos por Darson Ribeiro; Macaco Peludo, de Eugéne O‘Neil com direção de André Garolli; O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues com direção de Sérgio Ferrara; Macbeth, de Shakespeare com direção de Zé Henrique de Paula; Eleutheria, de Becket com direção de Ariel Moshe; Outsiders, de Tennessee Williams, com direção de Simone Sallas. Participou também do processo de montagem de Oresteia-O Canto do Bode (Grupo Folias D`Arte), e do processo de criação da peça Timão de Atenas, de Renato Borghi. Estudou A Gestualidade na Cena Contemporânea, com Tiche Vianna e Ésio Magalhães; Universos Arrabalescos, com Reginaldo Nascimento, e Corpos e Gestuais, pelo Folias com Renata Zhanetta. Atualmente, integra o Grupo de Estudos do TAPA. No cinema, atuou em: Magal e as Formigas, de Newton Cannito; Mundo Cão, de Marcos Jorge; Crô, de Bruno Barreto; Colegas (Vencedor do Festival de Gramado em 2012) e Rinha, dirigidos por Marcelo Galvão; Quer Saber?, de Paulo de Tarso Disca; e Tríade, de Amilcar Claro. Cursou ainda Interpretação para cinema com Fátima Toledo. Na TV, participou das novelas A Favorita e Tititi (Rede Globo) e A Terra Prometida (Rede Record).

Claudiane Carvalho - É atriz formada pelo Centro de Pesquisa Teatral - CPT, coordenado por Antunes Filho e é bailarina (balé clássico, flamenco e pole dance). Foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz no Festival de Teatro Catarinense por Amor por Anexins, de Artur Azevedo. Atuou em peças como: Amor por Anexins; Seis Personagens à Procura de um Autor; O Defunto; A Casa de Bernarda Alba; Luar sobre o Caribe; Fogo Cruel em Lua-de-Mel; Perfídia Quase Perfeita; Neny Hotel Inn; Romeu e Julieta; Sussurros (Mostra de Teatro Contemporâneo SESI/SP); Solilóquios de Shakespeare; e Questão de Direito. Integrou o elenco da web série Mulheres de Cássia, sob direção de Hermano Leitão, do curta Dúdú e o Lápis de Cor, de Miguel Rodrigues, e do longa Do lado de Fora, de Alexandre Carvalho. Atuou nas novelas Amor e Revolução, Carrossel e Chiquititas, todas no SBT. Graduada em Letras pela USP (Espanhol e Tupi) e Univille (Português) e pós-graduada em Ciências Humanas – Língua Portuguesa e Teatro Brasileiro – pelo Instituto Internacional de Ciências Sociais. É também Maquiadora profissional e Instrutora de Yoga. Atualmente, leciona Literatura Brasileira, Gramática e Redação no Ensino Médio da rede particular de ensino. Estudou interpretação para TV na Escola Wolf Maya, além de participar de workshops com o Grupo TAPA e diretores como Luiz Antonio Rocha, Luciano Sabino, Ignácio Coqueiro, Roberto Lage, Francisco Medeiros, Celso Nunes e Jair Assunção. É formada em canto popular pela Escola de Música e Tecnologia e integrou o Grupo de Pesquisa em Cinema AP 43, de Nara Sakarê e o Núcleo Criativo de TV e Cinema de Miguel Rodrigues.

Verniz Galeria 


Verniz é o nome do novo projeto de Paulo Bega, Fábio Matheiski e Luciano Tartalia, um galpão com 400m2, localizado na estreita Rua Álvaro de Carvalho, 318, no centro de São Paulo. Verniz reúne “achados” decorativos vindos de pesquisas dos sócios em lugares como família vende tudo, depósitos, leilões, bazares, feiras e beiras de estradas. Fora do circuito de garimpo de móveis e objetos de decoração da cidade, com peças requintadas a objetos de uso industrial, o acervo exposto no galpão é rotativo e não tem restrição de estilo. A Verniz oferece, principalmente a profissionais da área de decoração, serviço de curadoria de garimpo a portas fechadas, com horário marcado. As peças expostas, encontradas em lugares improváveis, podem ser restauradas, reutilizadas ou recriadas. Os móveis e objetos de decoração também são alugados para cenografia. No extenso espaço do galpão é possível observar o contraste entre as peças industriais inacabadas e a conservação dos detalhes em objetos de valor histórico. As peças restauradas já estão disponíveis para compra imediata, entre elas, uma farmácia da década de 40. Sob o olhar dos sócios, algumas peças ganham novas formas de uso. Por entre estantes repletas de pequenos objetos, mesas de madeira diversas, luminárias de ferro e grandes poltronas é possível encontrar peças - que normalmente possuem forma tradicional de uso - instaladas de maneira subversiva, como molas de um colchão antigo penduradas na parede. A essência da Verniz, em suas recriações, passa pela exploração,  de diferentes possibilidades de intervenções no contexto natural dos objetos.

Três Homens Baixos volta ao palco com Walter Breda, Vicentini Gomez e Orlando Vieira

Walter Breda e Orlando Vieira (por Bianchi Jr.)
Espetáculo entra em cartaz no Tetaro Santo Agostinho comemorando 15 anos de história. Em cinco temporadas, já integraram o elenco os atores Herson Capri, Jonas Bloch, Gracindo Jr., Francisco Cuoco, Flávio Galvão, Rogério Cardoso, Anselmo Vasconcellos, Carlo Briani e Chico Tenreiro.

A comédia Três Homens Baixos, dirigida por Jonas Bloch, reestreia dia 21 de janeiro, sábado, no Teatro Santo Agostinho, às 21 horas. O elenco é formado por  Walter Breda, Vicentini Gomez e Orlando Vieira, e as sessões ocorrem aos sábados (21h) e domingos (18h).

Escrita por Rodrigo Murat, a peça é uma comédia de costumes sobre as facetas do universo masculino, revelada a partir do ponto de vista dos personagens Ciro (professor universitário em caracterização hilária de Breda), Samuca (banqueiro de jogo do bicho interpretado por Vicentini) e Titi (publicitário gay "clichê" vivido por Orlando).

Amigos de infância e estereótipos masculinos, eles se encontram periodicamente para colocar o papo em dia. Cada personagem vive seu próprio drama existencial. Um deles é casado, o outro é divorciado e também tem o infiel. Segredos guardados a sete chaves vêm à tona. Numa espécie de desabafo coletivo, as máscaras caem: um é homossexual; o outro, impotente; e o terceiro, que é o “corno” da história.

Vicentini Gomez (divulgação)
O diretor Jonas Bloch - foi um dos atores na primeira versão da peça, em 2001 - explica que procurou humanizar os personagens e dinamizar as cenas. “Explorei ao máximo o talento dos atores e fomos construindo essa nova versão em um clima divertido, ideal para se montar uma comédia. Demos muitas gargalhadas e criamos novas gags que a plateia, certamente, irá saborear, além de rir muito”. E completa: “participei como ator da primeira montagem desta peça e, 15 anos depois, creio que conseguimos um excelente aproveitamento do texto para divertir ainda mais o público”. 

Com a finalidade de divertir e fazer rir a plateia, por meio de inúmeros clichês do padrão masculino de comportamento, a peça coloca o espectador diante de um espelho de parque de diversão, que deforma a anatomia e a torna engraçada. Atores e diretor concordam que a função da comédia é fotografar a realidade com uma lente distorcida e esta é também a proposta de Três Homens Baixos.

Ficha técnica / serviço

Espetáculo: Três Homens Baixos
Texto: Rodrigo Murat
Direção: Jonas Bloch
Elenco: Walter Breda, Vicentini Gomez e Orlando Vieira
Cenário: Renato Scripilliti
Figurino: Ellen Cristine
Iluminação: Maurício Jr.
Voz em off (professora): Georgia Gomyde
Trilha sonora: Delfim Moreira
Direção de produção: Orlando Vieira
Apoio cultural: Pisani Plásticos e Franco e Bachot

Reestreia: 21 de janeiro. Sábado, às 21h
Teatro Santo Agostinho
Rua Apeninos, 118. Aclimação/SP (Metrô Vergueiro). Tel: (11) 3209-4858
Temporada: sábado (21 horas) e domingo (18 horas) – Até 16/4
Ingressos: R$ 50,00 (meia: R$ 25,00). Bilheteria: quarta a domingo (14h-20h). Não aceita cartões. Ingressos online: www.ingressorapido.com.br (4003-1212)
Duração: 80 min. Gênero: Comédia. Classificação: 16 anos. 690 lugares.
Estacionamento. Acesso universal. Ar condicionado. 

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Companhia de Danças de Diadema apresenta A Mão do Meio no 4º Natal Iluminado da cidade

Fotos de Silvia Machado
A Companhia de Danças de Diadema apresenta o espetáculo infantojuvenil A Mão do Meio - Sinfonia Lúdica no dia 16 de dezembro (sexta, às 19h), na Praça da Moça, centro de Diadema. A apresentação (grátis) integra a programação do 4º Natal Iluminado da cidade, que nesse ano vem com o tema Vila do Papai Noel.

Com coreografia concebida por Michael Bugdahn e Denise Namura e direção geral de Ana Bottosso, a montagem traz um enredo retrata a experiência da descoberta do corpo, das mãos e dos pés. É uma história de gestos contada por meio da dança, incluindo algumas cenas com o artifício da luz negra. Bailarinos e público embarcam na fabulosa aventura de uma “mão” que - fascinada por todo tipo de movimento - parte em busca de descobrir o corpo e, pouco a pouco, torna-se uma verdadeira colecionadora de gestos.

Segundo os coreógrafos, o espetáculo é uma sinfonia lúdica composta por movimentos, sons e luzes que faz o público mergulhar em um mundo feito poesia, onde situações do cotidiano se transformam em mágica num piscar de olhos, onde gestos simples provocam imagens surpreendentes e sensações inéditas.

Michael Bugdahn explica que A Mão do Meio - Sinfonia Lúdica conta uma história que envolve o nascimento, a descoberta do corpo e da vida. Também fala sobre as diferenças físicas entre as pessoas, que nem sempre são relevantes. “Todos vão compreender que não é preciso ser um super-herói para viver experiências incríveis e enriquecedoras”, comenta.

Michael Bugdahn é alemão e Denise Namura brasileira. O casal, convidado para esta montagem, vive em Paris, onde tem uma companhia de dança. Este é o segundo trabalho que eles assinam para a Companhia de Danças de Diadema (o primeiro foi La Vie en Rose???, que já foi apresentado em Paris).  “Eles têm uma estética primorosa que explora a mímica, os detalhes minimalistas, os gestos, os movimentos do cotidiano: características ideais para um espetáculo infantil”, afirma Ana Bottosso, ao comentar sobre o convite à dupla de coreógrafos.

A Mão do Meio - Sinfonia Lúdica, que estreou em 2015, é a segunda montagem da Companhia de Danças de Diadema criada para o público infantil. Em 2010, produziu Meio em Jogo (de Ivan Bernardelli e Francisco Júnior).

Ficha técnica - Concepção e coreografia: Michael Bugdahn e Denise Namura. Ideia original, texto e dramaturgia: Michael Bugdahn. Direção geral: Ana Bottosso. Elenco: Carolini Piovani, Daniele Santos, Danielle Rodrigues, Dayana Brito, Elton de Souza, Fernando Gomes, Jean Valber, Rafael Abreu, Thaís Lima, Ton Carbones e Zezinho Alves. Ass. de direção e produção administrativa: Ton Carbones. Ass. de coreografia: Carolini Piovani. Desenho de luz e trilha sonora: Michael Bugdahn. Vozes/off: Roberto Mainieri e Denise Namura. Concepção de cenário, adereços e figurino: Michael Bugdahn e Denise Namura. Confecção de cenário e adereços: Fábio Marques. Confecção de figurino: Cleide Aniwa. Operação de luz: Silviane Ticher. Sonoplastia e ass. de produção: Renato Alves. Professor de dança clássica: Eduardo Bonnis. Condicionamento físico: Carolini Piovani. Realização: Companhia de Danças de Diadema.

Serviço
Espetáculo/dança: A Mão do Meio - Sinfonia Lúdica
4º Natal Iluminado – Vila do Papai Noel
Com Companhia de Danças de Diadema
Dia 16 de novembro, sexta-feira, às 19h
Praça da Moça (encontro da Av. Alda com a R. Graciosa). Centro. Diadema/SP.
Grátis. Classificação: Livre. Duração: 60 min. Capacidade: indeterminada.

4º Natal Iluminado – Vila do Papai Noel

O Natal Iluminado - uma realização do Fundo Social de Solidariedade (FSS) de Diadema em parceria com empresas do setor privado - tem nesta edição o tema Vila do Papai Noel. Na decoração, árvore musical de 12m de altura, pórtico de 4m x 12m, casa de Papai e Mamãe Noel e espaço de lazer. A programação vai até o dia 18 de dezembro com apresentações de música, dança e circo. Já a decoração natalina fica até 6 de janeiro. A renda obtida nas barracas da praça de alimentação será em prol das próprias instituições. O Fundo Social utilizará o valor na compra de materiais usados nos cursos gratuitos profissionalizantes e projetos sociais.

10/12 (sábado)
18h. Coral Encanto Melhor Idade
18h40. Apresentação do Circo Escola
19h00. Dança de mágicos e coral do Centro Educacional Meta
20h. Apresentação de Caio Cristo (música gospel)
20h20. Apresentação de dança do Colégio Novo Saber
21h20. Coral Valentes de Davi da Igreja Assembleia de Deus – Ministério Belém

11/12 (domingo)
18h. Musical de Natal
18h40. Apresentação do Circo Escola
19h. Banda BSGI
20h. Coral da Fundação Florestan Fernandes (FFF)
22h20. Banda Jolt
21h20. Apresentação do Tenor Ézio Bonini

16/12 (sexta)
18h. Apresentação de Marcelo de Paula (música gospel)
19h. A Mão do Meio – Sinfonia Lúdica com Cia. de Dança de Diadema
19h40. Banda Sky Blue da Paróquia Bom Jesus de Piraporinha
20h20. Big Band da Igreja Assembleia de Deus – Ministério do Bem
21h20. Tributo a Ray Conniff

17/12 (sábado)
18h. As Marias, apresentação de dança
19h. Grupo de Bem com a vida (Romaria)
20h. Coral da Igreja Batista
20h20. Banda Jolt
21h20. MW Rip Rop Melody

18/12 (domingo)
19h. Banda BSGI
20h20. Seresteiros
21h20. Lira Musical

CCBB SP reestreia teatro futurista de Ricardo Karman em janeiro

O espetáculo OVONO volta em cartaz no dia 7 de janeiro de 2017 (sábado, às 20 horas) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, onde permanece em cartaz até o dia 30. A montagem tem texto e direção assinados pelo artista multimídia Ricardo Karman, reconhecido por montagens ousadas e inusitadas, fundador da Kompanhia Centro da Terra.

A peça é uma aventura de ficção científica, satírica e filosófica, na qual um gigantesco osso vindo do espaço está prestes a destruir a Terra. A única esperança do planeta é Ovono, o mais perfeito cérebro artificial já criado, mas esta “máquina” está aprendendo a pensar, a ter sentimentos, e pode não estar preparada para a difícil missão de destruir o objeto ameaçador e salvar a humanidade. 

Além de Ricardo Karman (texto, direção e cenografia), a ficha técnica traz Amir Admoni na direção de animação digital e vídeo, Tito Sabatini como diretor de projeto multimídia, José de Anchieta no figurino, Domingos Quintiliano na iluminação e Otávio Donasci em projeto e consultoria de inflável. O elenco é formado por Gustavo Vaz, Paula Arruda, Paula Spinelli, Fábio Herford, Bruno Ribeiro e César Brasil.

O enredo discute a ambição pelo progresso tecnológico no decorrer da evolução da civilização. Com uma linguagem multimídia inusitada a encenação ousa em técnicas de vídeo maping com projeções em suportes esféricos e infláveis (seres e imagens criadas digitalmente por Adnomi, especialmente para a peça). Ricardo Karman e a Kompanhia do Centro da Terra levam para o teatro uma reflexão fundamental sobre os rumos do progresso e o ônus do desenvolvimentismo irrefreável em nossa época. OVONO é híbrido de teatro, mímica, vídeo e animação computadorizada: as personagens interagem em perfeita sincronia com animações digitais, cujas vozes são dubladas ao vivo pelos atores na coxia, criando uma dinâmica cênica que mistura o real e o virtual - linha mestra da pesquisa de 27 anos da Kompanhia. O cenário é um inflavel, onde fica uma calota (globo) que recebe a projeção de várias cenas, inclusive a “forma sugerida” do cérebro Ovono. Quase todas as cenas ocorrem dentro desta estrutura, quando os atores têm a voz amplificada para que o som seja perfeito.

A criação de Karman foi inspirada, de forma irônica, na corrida espacial dos anos 60 e 70, em filmes de ficção científica como 2001 - Uma Odisseia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968) e no livro de Gênesis (Bíblia). O osso arremessado para o alto por um macaco (no filme) como alusão ao brilhante futuro da raça humana, marca a utopia do final do século XX. O eloquente orgulho da inteligência humana, das conquistas tecnológicas e da exploração do espaço contrasta aqui com um futuro perverso, com o ônus do modelo de progresso insustentável. Este é o contexto da parábola de OVONO: o Osso retorna e ameaça quedar-se, gigantesco, sobre nossas cabeças com o efeito devastador de uma bomba atômica.

Ovono é um computador dotado de inteligência artificial; é o paroxismo do intelecto humano, a mais sofisticada idealização da tecnologia, a mimese da inteligência humana (é uma criação digital que contracena com os atores, dublado por Paula Spinelli). Segundo o diretor, a sociedade do consumo confunde evolução tecnológica com desenvolvimento civilizatório. “Há uma certa hipnose gerada pela tecnologia que nos ilude, infla nossa autoestima e nos faz sentir orgulho da nossa raça. Percebemos de forma irrefutável um evolucionismo sempre benéfico. Tecnologia não deveria ser a única referência para o desenvolvimento da civilização. O verdadeiro progresso deveria ser o da evolução humana e dos ganhos sociais de toda a população”, explica Karman.

O espetáculo procura refletir com bom humor sobre essas questões da evolução. Há dois conflitos dramáticos, duas linhas de discussão no texto. Uma crê no progresso e quer manter o Osso no ar: acredita que a humanidade vai conseguir superar seus problemas e continuar evoluindo (e o osso continuará voando no espaço). A outra quer destruí-lo: não acredita na superação dos problemas (e o Osso cairá e nos destruirá). O computador Ovono defende a primeira hipótese, mas, diferentemente do HAL do filme de Kubrick, ele adquiriu fé no Osso. Afinal, ele seria o seu “pai”, a razão única de sua existência. E, contra todas as evidências científicas, “acredita” que ele não destruirá o planeta.

Para Ricardo Karman “o desafio em OVONO é manter a ‘simplicidade’ teatral sem deixar transparecer o inerente rigor técnico e a sofisticação eletrônica para que a história tenha um curso natural e envolvente, diante de uma dramaturgia que assume meios digitais de comunicação como ponte para a estética contemporânea”. Ele ainda explica o significado do título: “ovon-o” remete a novo, a grafia é o contrário de “o-novo”.

Ficha técnica

Texto e direção geral: Ricardo Karman; Direção de animação e vídeo: Amir Admoni; Direção de projeto multimídia: Tito Sabatini; Elenco: Gustavo Vaz, Paula Arruda, Paula Spinelli, Fábio Herford, Bruno Ribeiro e César Brasil; Participação/vídeos: Lulu Pavarin, Vivian Bertocco, Beatriz Bianco e Vivian Vineyard; Assistência de direção: Bernardo Galegale; Figurino: José de Anchieta; Iluminação: Domingos Quintiliano; Cenografia: Ricardo Karman; Dramaturgista: Rui Condeixa Xavier; Projeto e consultoria de inflável: Otávio Donasci; Consultoria de imagem: Hugo Mendes e ​Damian Campos; Equipe de suporte de projeção: Angelo Bag, Damian Campos e Hugo Rodrigues; Trilha sonora: Raul Teixeira e Rodrigo Florentino; Operação de som: Rodrigo Florientino; Operação de luz e vídeo: Leonardo Patrevita; Animação: Amir Admoni e Fabrício Melo; Rigging / verme: Leonardo Cadaval; Animação verme: Diego Souza; Videorreportagem: César Brasil; Assistência de luz para montagem: Marcos Rogério Fávero e Vinícius Requena ; Adereços: Marcela Donato, Paulo Galvão, Josué Torres; Consultoria de visagismo: Duda Marcondes; Contrarregragem: César Brasil, Bruno Ribeiro e Moisés Saron Lopes; Costureira: Lande Figurinos; Confecção de inflável: Juanito Cusicanki; Fabricação da calota: Marcelo Carlos da Macplast; Coordenação de produção e produção executiva: Vivian Vineyard; Administração: Norma Lyds e Emerson Mostacco; Projeto gráfico: Keren Ora Karman; Fotografia: Leekyung Kim; Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação; Idealização: Kompanhia do Centro da Terra; Realização: Centro Cultural Banco do Brasil; Patrocínio: Banco do Brasil; Copatrocínio: Sabesp.

Estreou dia 5 de novembro de 2016

Serviço

Espetáculo: OVONO
Reestreia: dia 7 de janeiro de 2017
Temporada: Sábado e segunda (às 20h) e domingo (às 19h) – Até 30/1
Ingressos: R$ 20,00 e R$ 10,00 (meia)
Bilheteria: 9h às 21h (quarta a segunda) ou: www.ingressorapido.com.br
Duração: 90 minutos. Recomendação: 16 anos. Gênero: Ficção científica (drama). 

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112. Centro/SP
Tel: (11) 3113-3651 / 3113-3652. Capacidade: 130 lugares.
Acessos: Estações Sé e São Bento do Metrô.
Acessibilidade. Ar condicionado. Loja. Café Cafezal.
Estacionamento: Estapar – Rua Santo Amaro, 272 – R$ 15,00 pelo período de 5h. É necessário carimbar tíquete na bilheteria do CCBB.  Transporte gratuito: uma van faz o traslado gratuito (estacionamento/CCBB). Na volta, parada também no Metrô República.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Teatro do Incêndio abre espaço para Coletivos sem apoio de editais

A residência artísitica contempla dois grupos teatrais e os recebe em sua sede no primeiro semestre de 2017. As inscrições começam no dia 15 de dezembro.

O Teatro do Incêndio vai abrir sua sede para receber dois coletivos teatrais, durante quatro meses de 2017, para que possam desenvolver trabalhos de pesquisa e ensaios. Os grupos poderão utilizar uma das salas da sede da companhia, por período acordado, e terão apoio financeiro no valor de 16 mil reais pelo período.

Esta residência artística, A Aurora é Coletiva, integra o projeto A Gente Submersa, contemplado pela 29ª edição da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, e destina-se exclusivamente a grupos que, há pelo menos seis meses, não tenham sido contemplados por nenhum edital. “O intuito é possibilitar que os grupos continuem organizados, sem paralisarem suas atividades, já que o número de coletivos que realizam um trabalho de pesquisa continuada é muito maior que o total de editais oferecidos atualmente em todas as esferas”, argumenta Marcelo Marcus Fonseca, diretor e fundador da Companhia Teatro do Incêndio.

As inscrições para A Aurora é Coletiva devem ser feitas no período de 15 de dezembro de 2016 a 10 de janeiro de 2017, unicamente pelo portal SP Cultura, http://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/projeto/2194/#tab=inscricoes, onde pode ser acessado o regulamento e o edital completo de A Gente Submersa.

Os grupos selecionados serão informados até o dia 27 de janeiro, quando serão convocados para reunião no Teatro do Incêndio a fim de formalizar a parceria. O período da residência artística será de 1º de fevereiro a 2 de junho. As datas não serão prorrogadas, dando lugar a outros coletivos em novo período de ocupação que deverá ocorrer após o encerramento deste edital.

Como parte da parceira, ao final da residência, os coletivos contemplados participarão de uma semana de experimentação com os atores do Teatro do Incêndio, dentro do projeto Poesia Cênica Conjugada, aberto gratuitamente ao público.

Maiores informações
Telefones: (11) 2609-3730 e (11) 99587-1971.
Teatro do Incêndio: Rua 13 de Maio, 53. Bixiga. São Paulo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

ExCompanhia de Teatro lança aplicativo com dramaturgia em áudio 3D para celulares

Grafite digital de Achiles Luciano
Bernardo Galegale e Gustavo Vaz criam a primeira série brasileira em áudio
binaural (3D) e grafite digital: “teatro” em forma de seriado para ser ouvido.

A ExCompanhia de Teatro, fundada e dirigida por Bernardo Galegale e Gustavo  Vaz, comemora cinco anos de história e lança em janeiro de 2017, pela Internet, um aplicativo gratuito: O Enigma Voynich, que leva a dramaturgia do palco para os celulares. O lançamento está previsto para o dia 31.

O trabalho mistura narrativa ficcional, grafite digital e áudio 3D: as cenas devem ser vivenciadas com os olhos fechados, utilizando fones de ouvido. O aplicativo, compatível com os sistemas iOS e Android, é indicado para maiores de 16 anos.

 A série foi produzida através da tecnologia de áudio binaural, que recria a sensação de tridimensionalidade do espaço, possibilitando ao ouvinte a percepção das cenas com profundidade sonora realista, simulando um acontecimento ao vivo ao reproduzir os sons de forma idêntica à própria captação pelo ouvido humano. A direção de produção sonora ficou sob a batuta do músico e produtor de som Gabriel Spinosa.

O primeiro contato com O Enigma Voynich é visual, a partir de desenhos em grafite digital que situam o local onde a ação transcorre e mostram a posição em que a cena deve ser escutada – de pé, sentado, deitado.  Esses desenhos foram criados especialmente para o projeto pelo artista visual Achiles Luciano. 

O audioespectador acompanha a aventura como se estivesse “dentro da dramaturgia”, vivenciando a trama, sempre em primeira pessoa, ao se transformar no personagem José, historiador especialista no manuscrito Voynich – um livro ilustrado misterioso, indecifrável, escrito há mais de 600 anos. José se envolve em uma detetivesca trama sobre a decodificação do manuscrito ao mesmo tempo em que descobre estar perdendo a memória, encarando emocionantes situações de ação e suspense. A história se passa ao longo de 32 anos da vida do personagem central (de 1983 a 2015).

No transcorrer do audioseriado, algumas cenas só podem ser acessadas em bibliotecas municipais, como a Mário de Andrade, a Sérgio Milliet (no CCSP) e a Viriato Correia. É preciso ir pessoalmente ao local para continuar acompanhando a série. Nesse caso, o aplicativo usa uma ferramenta de geolocalização para desbloquear os episódios, automaticamente.

A ExCompanhia de Teatro promete sensações quase reais ao público que decidir vivenciar a trama de O Enigma Voynich na pele de José: experiências diversas como ser atingido por socos, tiros, ter relações sexuais e trocar beijos na boca com outra personagem, perder a consciência enquanto é levado para o hospital, ser submetido a uma cirurgia, sofrer a ameaça de cães raivosos, dentre muitas outras, além de passar por momentos históricos do Brasil como as Diretas Já, a Copa de 1990 e o massacre do Carandiru. 

Conceitualmente, o projeto propõe discussão sobre a excessiva transferência da memória humana para o universo digital, a partir de um constante registro de experiências diárias em vídeos e fotos, diminuindo diretamente a vivência da própria experiência enquanto ela acontece. Além disso, o formato inédito da obra propõe a divisão da ideia do audiovisual em duas partes para que o público, por conta própria, una som e imagem usando a imaginação.

Após o lançamento do aplicativo, a ExCompanhia de Teatro promoverá, no mês de fevereiro, uma oficina gratuita de grafite digital com o Achiles Luciano, no Teatro do Centro da Terra. O aplicativo O Enigma Voynich é resultado do projeto Audiodrama Seriado, viabilizado pelo Edital ProAC 2015 - Artes Integradas da Secretaria de Estado da Cultura.

O manuscrito Voynich

Guardado na Biblioteca da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, o Voynich é um manuscrito real, que imagina-se ter sido escrito há, aproximadamente, 600 anos por um autor até hoje desconhecido. Na sua construção foi utilizado um sistema de escrita não identificável, uma linguagem ininteligível, por isso é conhecido como "o livro que ninguém consegue ler". Ao longo de sua existência registrada, o manuscrito Voynich tem sido objeto de estudo de muitos criptógrafos, incluindo alguns dos maiores decifradores norte-americanos e britânicos na época da Segunda Guerra Mundial, sem êxito. Esta sucessão de falhas lhe rendeu fama na história da criptografia, mas também contribuiu para a teoria de ser simplesmente um embuste muito bem tramado, uma sequência arbitrária de símbolos. Ainda assim, existem hipóteses de que o manuscrito possa ter sido um dos primeiros trabalhos de Leonardo da Vinci, que carrega o segredo da vida eterna, ou até mesmo de que tenha sido feito por mãos alienígenas.

ExCompanhia de Teatro 
Gustavo e Bernardo (foto de Patrícia Cividanes)

Nascida a partir de um grupo de pesquisa formado por artistas envolvidos com produção cultural e teatro, cria em 2012 seu primeiro projeto "EU - Negociando Sentidos" uma experiência teatral transmídia imersiva com um mês de duração que unia redes sociais e encontros virtuais com personagens, além de encontros presenciais numa casa e em diversos lugares da cidade - com apresentações realizadas em SP e em Munique na Alemanha, como projeto convidado pela Kunstlerhaus Villa Waldberta para uma residência artística. No fim de 2013 a ExCompanhia de Teatro é selecionada no edital de Copatrocínio Fomento ao Audiovisual da Prefeitura de São Paulo para transformação de “EU - Negociando Sentidos” em série de Tv / websérie. Também em 2013 cria o Espaço Mínimo, uma pequena sala de ensaios e pesquisa junto à Cia. Caxote e a Via Certa Teatral. Desenvolve atualmente o projeto Jornada, uma experiência em áudio disponível para download gratuito, que consiste em áudios-guia com dramaturgia criada em site specific a partir da memória histórica de espaços públicos e ruas, e que durante o percurso ressignifica a relação do participante-ouvinte com a cidade, com o espaço e com ele próprio. Encontra-se também em processo de pesquisa de seu novo experimento de teatro transmídia “Republiqueta”, com leituras, discussões conceituais, pesquisas de texto e pesquisas de campo com experimentos nas ruas de São Paulo, com estreia prevista para 2017. Realizou em 2015 a experiência Jornada Áudio Drama dentro da programação oficial da Virada Cultural no Instituto Capobianco (Teatro da Memória) e no Festival Satyrianas, rebatizada como Frequência Ausente 19Hz, experiência em áudio 3D e sobreposições de imagens digitais na realidade para smartphones. Em 2017 lança O Enigma Voynich, áudio série binaural com grafite digital via app, patrocinado pelo ProAC Artes Integradas SP da Secretaria de Estado da Cultura. Participou do Festival Imaginarius, em Santa Maria da Feira, Portugal, em maio de 2016, com o projeto Frequência Ausente 19Hz.

Alguns projetos desenvolvidos pela ExCompanhia de Teatatro

Teaser de Frequência Ausente 19Hzhttps://vimeo.com/192193085
Teaser de EU – Negociando Sentidos: https://vimeo.com/149018362
Video-performances criadas em Munique (ALE) para espetáculo EU – Negociando Sentidos: https://vimeo.com/126011038 ehttps://vimeo.com/126395677
karen b. – video com áudio binaural dríadas em Munique: https://vimeo.com/126011040
Balões na neve – videodança desenvolvido em Munique: https://vimeo.com/126390611
Jornada - áudio-tours com dramaturgia site specific, criada por artistas:  https://vimeo.com/171151779 

Achiles Luciano (grafite digital)

Achiles Luciano iniciou sua carreira em publicidade, antes de concluir curso de Comunicação Visual na FAAP. Atuou em diferentes áreas - past-up, arte finalista, lay-out man -, mas quando começou a ilustrar e manchar descobriu sua aptidão pela pintura. Participou II Mostra de Grafite em São Paulo e obteve a oitava colocação entre os 10 premiados que foram enviados para exposição no MIS. No início da década de 90, pintou sua primeira tela, e, atualmente, seus trabalhos estão espalhados pelo Brasil e exterior. Trabalha como artista visual, desde 1993, participando de várias exposições, além de ter realizado outros trabalhos como artista plástico, diretor de arte, digital live painting e intervenções. Entre eles, destaque para: Exposição Coletiva, na CASA Galery (Londres); exposição Brasil no Ar, na Galeria Del Angels (Barcelona); Exposição individual 1 + 1, ou Mais..., na Galeria Experimenta (São Paulo); participação do projeto da casadalapa Enquadro - capítulo 1: Domingas, um curta e um livro, lançados em 2009; residência artística em Feldafing Alemanha, Villa Waldberta, em 2013, com coletivo +br13; intervenções urbanas A Construção da Imagem e A Imagem Construída, da cia. Os Crespos (São Paulo); Projeto VRUM e VRUMvrumzinho, com o coletivo DMV22 (São Paulo e Europa); Zap! Zona Autônoma da Palavra: Um Slam Brasileiro, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos; entre outros.

Ficha técnica

Criação, direção e dramaturgia: Bernardo Galegale e Gustavo Vaz
Roteiro: Gustavo Vaz
Direção de produção sonora: Gabriel Spinosa
Grafite digital e arte gráfica: Achiles Luciano
Elenco principal: Gustavo Vaz (José), Thiago Andreuccetti (Nélson), Daniel Warren (Pierre), Bárbara Salomé (Juliana), José Sampaio (Mark), Camila Biondan (Elena) e Yunes Chami (Dr. Marcelo)
Participações: Alexandre Mello, André Sakajiri, Bernardo Galegale, Bruna Aragão, Carolina Borelli, Cássio Inácio, César Brasil, Esperança Pera Motta, Fernando Aveiro, Gabriel Spinosa, Humberto Caligari, Joaquim Farled Inforsato, Laura Farled, Karollyne Nascimento, Kayky Reis, Lúcia Bronstein, Luisa Micheletti, Mario de la Rosa, Miguel Thiré, Murilo Inforsato, Neide Nell e Paula Spinelli
Produção executiva: Camila Biondan e Laura Farled
Produtor de som: Adailton Matos
Estúdio de gravação: Gato Preto
Consultor de tecnologias: Gustavo Perri Galegale
Desenvolvimento de aplicativo iOS: Alex Kusmenkovsky
Desenvolvimento de aplicativo Android: Victor B. Vieira
Fonoaudióloga: Thays Vaiano
Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação
Apoios: Teatro do Centro da Terra, Biblioteca Sérgio Milliet (CCSP), Biblioteca Viriato Corrêa e Biblioteca Mário de Andrade.
Produção: ABGV São Paulo Produções
Realização: ExCompanhia de Teatro