segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Kiwi Cia. de Teatro apresenta Morro Como Um País

 
A Kiwi Companhia de Teatro apresenta a montagem Morro Como Um País, que dá continuidade ao trabalho de pesquisa desenvolvido com foco na reflexão política social e estética. Com direção de Fernando Kinas, a estreia acontece no dia 1º de março, sexta-feira, no Sótão do Teatro Grande Otelo, às 20 horas.
 
O espetáculo não segue um padrão formal de encenação; não há uma história com princípio, meio e fim. A Kiwi usou como referência o texto literário Morro Como Um País, escrito em 1978 por Dimitris Dimitriadis (nascido em 1944), que é um verdadeiro testemunho de como o povo grego viveu a “ditadura dos coronéis” (1967/1974).

A concepção de Fernando Kinas articula mais de 30 tableaux (cenas independentes) que, uma vez articulados pelo espectador, dão sentido ao trabalho. Morro Como Um País delineia quadros como em um jogo onde todos os presentes estão inseridos. O espaço alternativo onde acontece a encenação e uma referência a brincadeiras coletivas infantis, complementam o cenário deste jogo cênico, em que prazer e conhecimento se complementam.

Um dos objetivos da peça é colocar em foco a discussão sobre o “estado de exceção permanente”, definido pela suspensão de direitos mesmo em períodos de “normalidade democrática”. São situações em que a ilegalidade tem aparência legal. Outro objetivo é apresentar momentos históricos de especial tensão entre o desejo de transformação e justiça social e a violência praticada pelo Estado.
 
Com a intenção de inquietar o espectador, o trabalho se inspira e utiliza recursos tanto do teatro documentário como da matriz brechtiana, inpirando-se ainda na obra do diretor russo Meyerhold. O material retirado da realidade e empregado em cena é formado por relatos, matérias jornalísticas, depoimentos, imagens, canções, brincadeiras infantis, poemas, trechos de romances e letras de músicas.

Segundo o diretor, “não há carga emocional pela reconstrução psicológica, a contundência se dá mais pela informação narrativa do que pelos recursos dramáticos convencionais”. A atriz Fernanda Azevedo completa dizendo que “não temos as respostas para tudo, mas tentamos fazer as perguntas certas”. 

A música é usada com função dramatúrgica, a exemplo da música cigana (povo historicamente perseguido), dos clássicos de exaltação nacionalista durante a ditadura (Eu te amo meu Brasil etc.) e das músicas de protesto. A companhia trabalha com alguns conceitos na montagem, entre eles, o de cânone, figura musical que supõe um padrão de repetição (há um relógio em cena com mostrador e mecanismo invertidos) e desmontagem das personagens clássicas em favor do depoimento e da exposição de contradições, tanto na forma como no conteúdo do que é exposto cenicamente. A iluminação – assinada por Heloísa Passos, cineasta e diretora de fotografia em curtas e longas-metragens – é mais cinematográfica do que teatral, priorizando luzes frias.

O projeto do grupo, que existe há 15 anos, alia reflexão à experimentação estética. Isto tem relação com a trajetória de Fernando Kinas, que tem Doutorado em Teatro pela Sorbonne Nouvelle e Universidade de São Paulo. Uma longa pesquisa de cerca de oito meses foi desenvolvida para este trabalho, que incluiu viagem à Argentina para investigar processos autoritários na América Latina.

O projeto Morro Como Um País - A Exceção e a Regra, com duração de 14 meses, tem apoio do Programa de Fomento ao Teatro (Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo) e inclui encontros, intervenções urbanas, seminários, apresentação da montagem anterior do grupo, Carne. Diversas organizações e movimentos sociais são parceiros do projeto, como o Coletivo Merlino, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e a Comissão Estadual da Verdade. Haverá debates no final de apresentações (a agenda será divulgada oportunamente), evento sobre livro A Periferia Grita, do Movimento Mães de Maio e debate especial no dia 31 de março (data do golpe militar no Brasil).

Trabalho cênico: Morro Como Um País
Roteiro e direção geral: Fernando Kinas
Elenco: Fernanda Azevedo
Cenário: Júlio Dojcsar
Figurino: Maitê Chasseraux
Iluminação: Heloísa Passos
Pesquisa e música original: Eduardo Contrera e Fernando Kinas
Pesquisa e tratamento de imagens: Maysa Lepique
Assessoria e treinamento musical: Luciana Fernandes e Armando Tibério
Direção de produção: Luiz Nunes
Assistência de produção: Dani Embón
Programação visual: Paulo Emílio Buarque Ferreira e Camila Lisboa
Realização e produção: Kiwi Companhia de Teatro
Estréia: dia 1º de março – sexta-feira – às 20 horas
Teatro Grande Otelo (Sótão)
Alameda Nothmann, 233 - Campos Elíseos/SP - Tel: (11) 2307-0020
Temporada: sextas e sábados (20 horas) e domingos (19 horas) - Até 28/04
Ingressos: R$ 10,00 - Bilheteria: quarta a domingo (após 16h)
Gênero: Drama – Classificação etária: 14 anos – Duração: 95 min.
Não possui acesso universal - Aceita dinheiro e todos os cartões.
Ingressos antecipados: www.ingressorapido.com.br (4003-1212)
Estacionamento (interno) pela Al. Dino Bueno, 353: R$ 15,00. 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Marcos Oliveira vive drama e comédia sobre vida de ator na velhice

Biografia Não Autorizada: texto de Daniel Torrieri Baldi e Maristela Bueno alterna euforia e deboche, vingança e depressão, infância e amores perdidos.

Estrelada por Marcos Oliveira e dirigida por Jair Assumpção, a comédia Biografia Não Autorizada, estreia no dia 1º de março, sexta-feira, no Teatro MuBE Nova Cultural, às 21h30. O Texto - assinado por Daniel Torrieri Baldi e Maristela Bueno - conta a história de um ator que resolve escrever sua própria biografia quando se vê esquecido e desprezado pela mídia.

Por meio da autobiografia, Modesto Valadares quer escancarar a sua revolta com os bastidores da televisão e se vingar de todos aqueles que o prejudicaram no decorrer da carreira. Misturando comédia, drama e sarcasmo, o espetáculo traz Marcos Oliveira como protagonista num hilário debate com a própria consciência - interpretada pelo ator Tiago Robert. A consciência vem à tona para contar a grande verdade: quem sempre buscou reconhecimento e imortalidade como encara agora a mortalidade?

O diretor Jair Assumpção diz que “a peça representa o tragicômico da vida do ponto de vista de um ator que teve os holofotes da televisão ao seu favor e, na velhice, se vê relegado ao terceiro plano”. E completa: “Este texto revela o saber irônico da comédia da vida com sua dor física, moral e emocional. O público vai se identificar com a humanidade da personagem que traz a comédia nas memórias absurdas e a visão cômica do real”. 
Biografia Não Autorizada promove este cômico encontro do ator com sua consciência em um minúsculo e entulhado apartamento, onde guarda seus restos de glória e sua solidão. Só lhe resta a miséria da vida. Ele bebe para anestesiar a dor e faz uso de remédios para esquecer seu drama. O diretor explica que o contraste entre o sonho e a realidade da personagem é discutido com muito bom humor, passando por fatores como sorte, imaturidade, vaidade e a não percepção da realidade à sua volta. “A consciência provoca, instiga e questiona; revela o indizível. Quem sairá vitorioso nesse embate?”

Marcos Oliveira defende que o personagem é mais real do que fictício e está muito próximo da realidade dos atores brasileiros. “Muitos atores passam pelo auge e depois chegam ao fundo do poço. A peça questiona essa instabilidade. É muito fácil você ter reconhecimento e depois não ter mais; é nesse momento que a gente começa a lidar com os nossos sonhos e pesadelos.”

O diretor acredita ma importância de mostrar esse lado tragicômico da vida dos artistas. “A profissão de ator é regulamentada no País, porém muitos profissionais não têm acolhimento algum no final da vida. A TV estimula não só o talento, mas também o uso da imagem e da beleza. Há um abandono e o que sobra são pedaços de memórias risíveis e coisas dramáticas”. Assumpção finaliza dizendo que ícones como o artista, a TV e a velhice são desvendados nesta comédia.

Espetáculo: Biografia Não Autorizada
Texto: Daniel Torrieri Baldi e Maristela Bueno
Direção: Jair Assumpção
Elenco: Marcos Oliveira e Tiago Robert
Diretora assistente: Nara Marques
Direção de arte e adereços: Mônica Nassif
Figurino: Paula Sabbatini
Desenho de luz: Salsicha
Trilha sonora e sonoplastia: Fábio Sá
Diretor de cena: Nicolau Ayer
Visagismo: Kene Heuser
Operação de som: Marcelo Santiago
Camareira: Edite Nartis Sanches
Design gráfico e fotos: Francisco Júnior
Administração: Fernando Rossilho e Anna Amélia Torrieri Baldi
Produção geral: Daniel Torrieri Baldi
Produção executiva: Mariana Marcondes
Produção e realização: Desembuxa Entretenimento
Patrocínio: 3M do Brasil
Apoio: ProAC / ICMS (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo)
Estréia p/ convidados: 1º de março – sexta-feira – às 21h30
Teatro MuBE Nova Cultural - www.mubenovacultural.com.br
Rua Alemanha, 221 - Jardim Europa/SP - Tel. (11) 4301-7521
Temporada: de 1º de março até 5 de maio
SESSÕES BENEFICENTES: nos dias 2 e 3/3 (sábado e domingo) e também nos dias 7 e 14/3 (sessões extras às quintas-feiras, 21h) o ingresso será trocado por 1 kg de alimento não perecível.
Horários: sexta (21h30), sábado (21 horas) e domingo (19 horas)
Ingressos: R$ 40,00 (sexta e domingo) e R$ 50,00 (sábado)
Bilheteria: terça a quinta (14h às 18h), sexta (19h às 21h30), sábado (13h30 às 21h30) e dom. (10h às 11h e 17h às 19h). Aceita dinheiro e cartões de débito e crédito (V e MC). Gênero: comédia. Duração: 70 min. Classificação etária: 16 anos. Estacionamento/valet: R$ 25,00.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Balcão de Café da Casa Santa Luzia serve Café Terroá espresso e coado

A Santa Luzia faz, periodicamente, rodízio das marcas que são servidas no Balcão de Café de sua loja.

Durante o mês de fevereiro, no Balcão de Café da Casa Santa Luzia o sabor do café servido tem a marca Terroá. Além do espresso, a novidade está na opção que o cliente tem de saborear também o café pelo tradicional método do coador. Muito comum em todas as regiões do Brasil, o conceito do café coado volta a ter destaque entre os apreciadores do café de qualidade.

Além consumir o café na própria loja, o cliente pode levar para casa o Café Terroá e escolher o mais indicado para sua forma de preparo favorita (coador, french press, aeropress, cafeteira italiana e espresso).

Demonstrações e degustações

Pra tirar todas as dúvidas sobre o preparo do Café Terroá pelo coador, barista Cecília Sanada fará demonstrações na loja até o final do mês de fevereiro, com degustações grátis. Estas ações ocorrem nos dias 13, 19 e 20, 26 e 27/2 - terças-feiras (das 9h às 11h) e quartas-feiras (das 14h às 16h).

Ex-barista do Octavio Café, Cecília Sanada é profissional renomada. Atualmente é consultora na Sanada Consultoria.

Cafés Terroá disponíveis na Casa Santa Luzia
Vendas também pela loja virtual: www.santaluzia.com.br

  • Café Terroá Blend Sol Amarelo – moído, 250g (para coador, french press, aeropress e cafeteira italiana). Preço: R$ 17,70.
  • Café Terroá Blend Terra Vermelha - moído, 250g (para coador, french press, aeropress, cafeteira italiana e espresso, ideal para máquinas de espresso). Preço: R$ 17,70.
  • Café Terroá Blend Vento Norte - moído, 250g (para extrações manuais e espresso). Preço: R$ 20,50.
Terroá Cafés Especiais

A Terroá é uma microtorrefação de cafés especiais situada em Piatã, cidade mais alta do Nordeste, encravada a 1.300m de altitude no coração da Chapada Diamantina, Bahia. Uma região que apesar de produzir pouco café, quando comparada com as principais regiões produtoras do Brasil, produz grãos de excepcional qualidade. Uma região onde o café é produzido por dedicados agricultores familiares que se entregam de corpo e alma, o que tem levado Piatã a se destacar nos concursos nacionais e internacionais de qualidade, já tendo conquistados diversos títulos, como o primeiro lugar no Cup of Excelence Brazil 2009 e o segundo lugar no mesmo concurso em 2011.
 
Os cafés da Terroá tem perfil sensorial característico e distinto de cafés de outras regiões. A altitude excepcional das lavouras de Piatã, as mais altas do Brasil, situadas entre 1100 e 1600m, aliada ao clima com duas estações bem definidas, ao trabalho impecável de colheta e pós-colheita feito pelos produtores e ao criterioso trabalho de seleção e torra do mestre de torra e proprietário da marca Leo Bittner, dá origem a cafés extremamente aromáticos, com doçura marcante, bom corpo e elegante acidez cítrica.

A Terroá atualmente apresenta uma linha de blends single origin, ou seja, cafés produzidos pela seleção e combinação de diferentes grãos 100% arábica originários do município de Piatã. São eles:
 
Sol Amarelo: Torra clara, composto exclusivamente por cafés despolpados. Delicado, muito aromático, com acidez marcante e notas de melaço e frutas cítricas.
Vento Norte: Torra clara a média, composto por cafés despolpados e naturais. Encorpado, aromático, com notas de chocolate e elegante equilíbrio entre corpo, doçura e acidez.
Terra Vermelha: Torra média, composto predominantemente por cafés naturais. Intenso, bom aroma e corpo, com acidez baixa e notas frutadas e de caramelo.

Casa Santa Luzia - 86 anos!

Al. Lorena, 1471 – SP - Tel (11) 3897-5000 – www.santaluzia.com.br

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Facas nas Galinhas volta com temporada no Tucarena

Produção esmerada da Barracão Cultural está indicada ao Prêmio Shell de Teatro pela direção, cenário e música e ao Prêmio CPT pela direção. Peça será apresentada na Mostra Oficial 2013 do Festival de Curitiba.

Depois de duas temporadas de sucesso em 2012, o espetáculo Facas nas Galinhas volta ao cartaz para uma breve temporada no Tucarena. A reestreia acontece no dia 9 de março, sábado, às 21 horas. Com texto do escocês David Harrower e direção de Francisco Medeiros, a montagem tem elenco formado pelos atores Eloisa Elena, Cláudio Queiroz e Thiago Andreuccetti.

Encenada em 25 países, Facas nas Galinhas é um texto poético e simbólico sobre uma mulher jovem que se passa em uma aldeia, em um tempo arcaico, não definido. Casada com um camponês rude e, talvez, adúltero, ela tem um encontro com o odiado moleiro (dono do moinho) que a impulsiona no percurso da descoberta de si mesma. Essa mulher perfaz uma trilha que a leva da ignorância à consciência, do literal ao imaginário, da escravidão à libertação.

Segundo o diretor Francisco Medeiros, “o percurso da personagem, num contexto cheio de intrigas e elementos inusitados, é a construção de uma identidade, o desvendamento de um ser. É conquista de uma individualidade”. Essa mulher apresentada por Harrower é o arquétipo da mulher servil ao marido e que ainda não tem aflorado o exercício da metáfora, do simbólico. De forma brilhante e singular o autor a conduz ao encontro consigo mesma, como se fosse a construção de um ser. 

Considerado por muitos um texto difícil de encenar, Facas nas Galinhas exige dos atores sua máxima potência cênica. Quanto a isto o diretor confessa: “a peça é de uma simplicidade desconcertante, tão absurda que nos desafia na visualização de uma encenação”. Ele ainda explica que a comunicação calcada na simplicidade não é a mais fácil de encenar. “Esta ficção dramática é descamada de truques, desprovida de efeitos e de golpes de teatro, mas tem fortes e potentes ingredientes narrativos”. A direção não se desprende desta simplicidade e explora a força das palavras e situações.“Nosso propósito é evitar a ilustração, a redundância, e convocar o espectador para ser parceiro ativo para que, só assim, a obra se complete.” 
 
A solução cenográfica foi outro desafio. Ela possibilita o jogo multifacetado proposto por Harrower, numa cronologia não linear, e apela para a imaginação do espectador diante de uma lógica bem particular. Nesta montagem brasileira o cenário (de Marco Lima) é abstrato e provocativo, em combinação com a luz (de Marisa Bentivegna), importante, inclusive, nas referencias de tempo e nos recortes para criar múltiplos ambientes e atmosferas. No cenário, uma estrutura circular (como a pedra de moinho, cercada por caminhos forrados por grãos, como o trigo de que se faz a farinha) abre várias possibilidades para situar cada cena. E a concretude desse cenário dá forma e magia a um campo, uma casa, um moinho...
 
A trilha (de Dr Morris) é um “complexo sonoplástico”, uma instalação sonora que combina sons primitivos e naturais, em sua maioria executados ao vivo pelos atores, propondo a harmonia entre o texto e natureza bucólica rural.
 
Eloisa Elena, atriz e diretora da Barracão Cultural, conta que a “escolha por este texto foi quase sensorial”. Procurava por um autor contemporâneo, leu a sinopse na Internet e descobriu que uma amiga havia montado a peça, em Portugal. Entrou em contato com ela e envolveu-se por este universo rústico, poético e transbordante de simplicidade. “O que mais me atraiu foi essa possibilidade de poesia permanente, simples, que não aparece à primeira vista e precisa ser descoberta.”

Sinopse
 Uma mulher jovem leva uma vida de subserviência ao Marido, sem questionar, sem observar, sem apreciar. Apenas vive. O marido é um rude lavrador que tem uma relação não bem esclarecida com os cavalos, que estão sempre em primeiro plano. Eles moram numa cabana, no final do vilarejo, onde todos dependem do moinho para processar os grão e fazer a farinha. O moleiro (homem que possui livros e gosta de escrever e beber) é odiado por todos os habitantes, considerado um explorador (porque quem faz o trabalho é o moinho), um bruxo (sabe de tudo que se fala por ali) e pode ser até um assassino.

Um dia essa mulher sai da cabana e vai levar o almoço para o marido no campo e, pela primeira vez, ela para por um momento e tem sua primeira experiência de contato, de relação, com o mundo. Passa a observar e refletir sobre os fenômenos e as coisas da natureza. Começa aí sua transformação, seu despertar.

Sua relação com o moleiro se dá quando o marido, ocupado com o parto de uma égua, incumbe-a de levar os grãos até o moinho, dizendo que ela só precisa entregar os sacos, aguardar pela farinha e odiar o moleiro. Mas ela encontra um homem que é o oposto do marido, que lhe observa e oferece ajuda. Esse homem colabora para o seu despertar para a vida. É ele quem lhe apresenta, por exemplo, uma caneta. Ela, até então, só usara o giz e as palavras pronunciadas.

Com o desgaste da pedra do moinho a população resolve levar uma pedra nova para agilizar o serviço, quando o moleiro lhes oferece uma bebida. Isto resulta numa série de desdobramentos e envolvimentos entre ele, a mulher e o marido. O desfecho se dá quando vão guardar a pedra velha nos fundos da casa do moleiro e algo inesperado acontece. 

Espetáculo: Facas nas Galinhas
Texto: David Harrower
Tradução: Fábio Ferretti
Direção: Francisco Medeiros
Elenco: Eloisa Elena, Cláudio Queiroz e Thiago Andreuccetti
Trilha sonora: Dr Morris
Cenário e figurino: Marco Lima
Iluminação: Marisa Bentivegna
Coordenação técnica: Maurício Mateus
Instalação sonora: Dr Morris e Maurício Mateus
Preparação corporal: Fabricio Licursi
Designer gráfico: Teresa Maita
Fotografias: João Caldas
Construção de cenário: Ono-Zone Estúdio
Costureira: Benedita Calixtro
Produção executiva: Geondes Antonio
Administração: Marina Porto
Realização: Barracão Cultural - www.barracaocultural.com.br
Temporada: 9 de março a 28 de abril
Não haverá espetáculo nos dias 30 e 31/3 (grupo estará no Festival de Curitiba)
Tucarena - http://www.teatrotuca.com.br
Rua Monte Alegre, 1024 (entrada pela Rua Bartira) – Perdizes/SP
Horários: sábados (às 21 horas) e domingos (às 19 horas) - Tel: (11) 3670-8455
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00). Bilheteria: terça a domingo (14h às 20h)
Gênero: Drama - Duração: 70 min - Classificação: 12 anos
Ingressos antecipados: www.ingressorapido.com.br e tel: (11) 4003-1212
Estacionamento: R. Monte Alegre, 835 (R$ 15,00).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Solo com Fábio Ferretti traz texto de Emmanuel Darley ao Brasil

Fábio Ferreti (foto de Denise Lima)
Ferretti protagoniza e assina a tradução de peça inédita francesa.

O espetáculo Terça no Hiper – solo estrelado por Fábio Ferretti - estreia no dia 15 de março, sexta-feira, na Sala Experimental do Teatro Augusta, às 21h30, sob direção de Vany Alves. O texto, assinado pelo dramaturgo francês Emmanuel Darley e traduzido pelo próprio ator, tem como fio condutor a delicada relação entre uma filha e seu pai.

Com narrativa não linear Terça no Hiper apresenta o drama de Paula. Depois de muitos anos sem qualquer contato, ela sente-se impelida a cuidar do pai idoso, após a morte da mãe. Mesmo ele não aceitando seu jeito de ser, além de ainda chamá-la pelo nome de “Paulo”, a personagem mantém semanalmente o ritual.

Esta é a primeira vez que Darley tem uma obra sua traduzida e montada no Brasil. Segundo Fábio Ferretti o que o fez escolher este texto para protagonizar foi o nó existente na relação do pai com a filha de 50 anos. “É difícil entender como ela, que é uma transexual, consegue frequentar uma cidade da qual não gosta para manter esse compromisso com o pai que sempre a rejeitou. Que afeto é esse que a mantém ligada ao pai?”. Questiona o ator.

Terça no Hiper faz o recorte em um desses dias de visita. Todos aqueles que aparecem na história são apresentados pela memória de Paula de forma narrativa, mas carregados pelo tom da fala dessas pessoas. A retomada da convivência com o pai e o reencontro com os moradores da cidade, personagens de sua história já esquecida, colocam Paula em confronto com as sombras do seu passado. 

A diretora Vany Alves explica que as memórias da personagem começam com um tom mais narrativo até o momento em que as lembranças surgem adornadas pela dor e pela angustia. “A cada dia percebo mais o quanto este texto é rico e complexo. Ele tem uma abordagem universal e contemporânea ao discutir a questão da identidade que, muitas vezes, é o fator que mais dificulta as relações afetivas entre pais e filhos, sejam heterossexuais, homossexuais ou transexuais”. Ela ainda ressalta a pertinência da obra em expor a questão da necessidade dos filhos cuidarem dos pais idosos.
“Eu sou como sou. Eu mesma. E é isso.”

Ferretti explica que este monólogo é uma narrativa poética que caminha pelo labirinto da memória da personagem. Emmanuel Darley escreve de forma sensível sobre um ser humano e sua real identidade, sobre a incomunicabilidade entre pessoas que se amam e sobre a busca incansável pelo laço afetivo um dia perdido.

A cenografia (de Osvaldo Gonçalves) tem proposta simbólica, não retrata espaço algum. Até o final do espetáculo o público não identifica que lugar abriga a protagonista e suas memórias. No cenário, este labirinto emocional é representado por camadas de tecido muito fino que formam trilhas e protege sutilmente a cena do olhar direto do espectador.

O enredo 

Durante algum tempo, sempre às terças-feiras, Paula se desloca da cidade grande onde mora até a cidade que abandonou quando jovem, para se dedicar ao pai, André. Ela passa o dia com ele. Arruma e limpa sua casa, lava e passa ferro em suas roupas. Apesar de tanta dedicação ele quase não conversa com a filha. 

Paula e o pai vão ao Hiper fazer as compras da semana. O suficiente para alimentá-lo até a próxima terça-feira. O caminho da casa ao supermercado é sempre percorrido pelo pai de forma lenta e distante, uma maneira de evitar a companhia da filha. No Hiper, após pequenos rituais entre as prateleiras de produtos, é chegado o momento de encarar a fila do caixa. Todos os olhares se voltam para eles, especialmente para Paula que lamenta a não cumplicidade do pai. E ela é forçada a se lembrar que um dia, naquela cidade onde passou sua infância, ela já foi Paulo.

Sobre o texto

Sobre o texto Le Mardi à Monoprix (nome original de Terça no Hiper), o autor Emmanuel Darley conta: "Costumo fazer minhas compras no centro da cidade aqui em Narbonne, França. Em um supermercado local. É próximo da minha casa. Aqui se pode encontrar, ver, ouvir, todos os tipos de pessoas. Um dia, provavelmente numa terça, eu vi na minha frente na fila para o caixa, um casal muito estranho. Ele, um homem pequeno de idade avançada, um senhor, ela, uma mulher grande, mas bastante apresentável... Tinha uma beleza estranha, mas muito distinta. Muito meticulosa em cada detalhe. Parecia que todos os olhos, estavam sobre ela. Uma beleza estranha, muito viril. Um travesti ou transexual. Eu tentei imaginar a vida, pensamentos, palavras, tentei sentir como é ter todos os olhos sobre você. Naquele momento, senti o desejo de escrever sobre um dia, comum e normal, na vida de um pai e seu filho- filha. "

Le Mardi à Monoprix foi encenado pela primeira vez em 2006, na França, com direção e atuação de Jean-Marc Bourg. No mesmo país, o texto foi encenado por vários atores, entre eles Patrick Desrues, Patrick Sueur, Laurence Teysseyré e por Jean-Claude Dreyfus que, desde 2009, realiza turnés com o espetáculo pela França e por países europeus. Na Grã Bretanha, ele foi montado pela Assembly, parte integral do Festival Fringe de Edinburgh, pelo ator de Quatro Casamentos e um Funera l, Simon Callow. A peça também foi traduzida e montada na Grécia, Italia, Espanha e portugal.

Espetáculo: Terça no Hiper
Texto: Emmanuel Darley
Tradução e interpretação: Fábio Ferretti
Direção: Vany Alves
Cenografia e figurino: Osvaldo Gonçalves
Trilha sonora: Dr Morris
Programação visual: Claudio Queiroz
Estreia: 15 de março – sexta-feira – às 21h30
Teatro Augusta - Sala Experimental - www.teatroaugusta.com.br
Rua Augusta, 943 – Cerqueira César/SP - Tel: (11) 3151- 4141
Temporada: de 15 de março a 28 de abril
Horários: sexta (21h30), sábado (21 horas) e domingo (19 horas)
Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00). Faz reserva por telefone.
Gênero: Drama. Duração: 60 min Classificação etária: 16 anos
Antecipados: www.ingressorapido.com.br (tel: 4003-1212).