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Foto: Priscila Prade |
O espetáculo As Aves da Noite, drama
teatral escrito por Hilda Hilst há
55 anos, vencedor do Prêmio APCA de Melhor Espetáculo Virtual, em 2022, tem
apresentações de pré-estreia na Zona Sul de São Paulo: no CEU Cidade Dutra (16 de maio) e CEU
Alvarenga (17 de maio), às 19 horas, com ingressos gratuitos.
A estreia oficial ocorre no dia 24 de maio de
2024, no Teatro Cacilda Becker, onde permanece até o dia 2 de junho, às sextas
e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h. Na sequência, segue para o
Teatro Arthur Azevedo (6 a 16/06) e Teatro Paulo Eiró (20 a 30/06). Este
projeto foi contemplado pela 17ª Edição do Prêmio Zé Renato, da Secretaria
Municipal de Cultura de São Paulo.
A encenação, que se passa em Auschwitz, tem direção de Hugo Coelho e elenco formado por Marco
Antônio Pâmio, Marat Descartes,
Regina Maria Remencius, Rafael Losso, Walter Breda, Fernando Vítor,
Marcos Suchara, Wesley
Guindani e Heloisa Rocha.
O enredo de As Aves da Noite parte da história real do padre
franciscano Maximilian Kolbe que, em um campo de concentração nazista de Auschwitz,
apresentou-se voluntariamente para ocupar o lugar de um judeu sorteado para
morrer no chamado “porão da fome” em represália à fuga de um prisioneiro. Segundo
o diretor Hugo Coelho, “esta é uma versão contemporânea do texto de Hilda. Não
é uma reconstituição de Auschwitz, partimos de Auschwitz. O espetáculo é um
grito contra a barbárie, contra o fascismo que usa a violência como instrumento
de ação política”.
No porão da fome, a autora coloca em conflito os
prisioneiros condenados a morrer na cela: o Padre, o Carcereiro, o Poeta, o
Estudante e o Joalheiro, que são visitados pelo Oficial da SS, pela Mulher que
limpa os fornos e por Hans, o ajudante da SS. Na montagem, eles aparecem
isolados, confinados em gaiolas como um signo, uma alusão à prisão onde a
história se passa. “A primeira coisa que os governos totalitários e ditatoriais
fazem ao prender alguém é destituí-lo de sua dignidade e submetê-lo ao
sofrimento extremado, e isso os nazistas fizeram com requintes inimagináveis de
crueldade”, comenta o diretor. Segundo
ele, a proposta de concepção de Hilda Hilst é muito clara, colocando as
personagens em estado de reflexão sobre suas próprias condições no
confinamento. A leitura que a autora faz dos aspectos éticos e humanos passam
por questionamentos sobre Deus, sobre o mal e sobre a crueldade.
Nos diálogos estão o embate entre a vida e o
que lhes resta, os devaneios entre desespero e delírio. O Poeta declama como se
morto estivesse, o Estudante sonha com outro tempo, o Joalheiro ainda lembra-se
da magnitude das pedras, enquanto a Mulher é humilhada em sua condição inferior.
O Carcereiro, mesmo sendo um condenado, ironiza a condição dos demais e os
trata com escárnio; o SS os chama de porcos e os agride e menospreza, enquanto
o estado de debilidade emerge da vida e da já não existência desses humanos
subjugados.
A montagem de As Aves da Noite busca
elucidar a humanidade e densidade contida no texto, mergulhando nas
possibilidades inesgotáveis do drama para emergir na poética da tragédia. “O
discurso racional não dá conta da realidade. A arte tem o papel de traduzir
esse discurso como uma segunda realidade que passa pela razão, mas também pelo
sensorial e pela emoção”, reflete Hugo Coelho. “E temos a sorte de reunir um
elenco de extrema grandeza. O talento desses atores é um pilar fortíssimo no
resultado final do trabalho”.
Sobre o texto, Hilda Hilst falou: “Com As aves da noite, pretendi ouvir o
que foi dito na cela da fome, em Auschwitz. Foi muito difícil. Se os meus personagens
parecerem demasiadamente poéticos é porque acredito que só em situações
extremas é que a poesia pode eclodir viva, em verdade. Só em situações extremas
é que interrogamos esse grande obscuro que é Deus, com voracidade, desespero e
poesia”.
O cenário, que traduz o cárcere com gaiolas
humanas, foi concebido pelo diretor. O
figurino (de Rosângela Ribeiro) faz
alusão aos uniformes de presidiários, reforçando a imagem do encarceramento. A
iluminação (de Fran Barros) dá foco a cada personagem, reforça o clima denso e
claustrofóbico do ambiente, privilegiando o espaço teatral, “afinal a visão do
espectador é diferente da visão do telespectador”, diz o diretor reportando à
temporada virtual. A trilha sonora, assinada
por Ricardo Severo, traz uma canção original do texto que remete à tradição
judaica, cantada pelas personagens, e segue a mesma orientação da iluminação:
“não faria sentido apenas reproduzirmos o que fizemos no vídeo, pois agora
estamos no palco, que tem a sua dinâmica e necessidades próprias. Quem viu a
peça online e for assistir no teatro vai encontrar cenas e tratamentos
diferentes, inclusive com introdução de novos elementos”, explica o diretor
Hugo Coelho afirma que o propósito do
espetáculo é trazer à cena o discurso poderoso e contundente de Hilda Hilst. “As Aves da Noite nos faz encarar toda a
barbárie do poder, do domínio, do autoritarismo, das torturas nos porões das
ditaduras. Auschwitz
é uma ferida aberta na humanidade para a qual é difícil encontrar palavras que
a qualifique. As Aves da Noite mostra
o reverso, o outro rosto da humanidade, perverso, doente e profundamente
violento. Não podemos permitir que a violência e a barbárie continuem sendo
normatizadas ao longo da história. Por isso essa obra, de extrema qualidade
literária, é tão importante para o momento em que vivemos”, finaliza o
encenador.
As Aves
da Noite,
idealizado pelo produtor Fábio Hilst, teve sua primeira temporada apresentada
virtualmente, devido à pandemia da covid-19. Foi gravado em vídeo, 80 anos após
a morte de Maximilian Kolbe, exatamente no momento em que o mundo vivia uma
experiência de confinamento. Kolbe morreu em Auschwitz, em 1941, e foi canonizado em 1982, pelo Papa
João Paulo II. São Maximiliano é considerado padroeiro dos jornalistas
e radialistas e protetor da liberdade de expressão.
FICHA TÉCNICA - Texto: Hilda Hilst
(1968). Direção: Hugo Coelho. Elenco: Marco Antônio Pâmio (Pe.
Maximilian), Marat Descartes (Carcereiro), Regina Maria Remencius (Mulher),
Walter Breda (Joalheiro), Rafael Losso (Estudante), Fernando Vítor (Poeta),
Marcos Suchara (SS) e Wesley Guindani (Hans)
e Heloisa Rocha. Direção de
produção: Fábio Hilst. Assistência de direção e de produção:
Fernanda Lorenzoni. Cenografia: Hugo Coelho. Figurino e objetos de
cena: Rosângela Ribeiro. Desenho de luz: Fran Barros. Música
original e desenho de som: Ricardo Severo. Cenotecnia: Wagner José
de Almeida. Serralheria: José da Hora. Pintura de arte:
Alessandra Siqueira. Assistência de cenotecnia: Matheus Tomé. Confecção
de figurino: Vilma Hirata e Natalia Hirata. Fotos/divulgação:
Priscila Prade e Heloisa Bortz. Design gráfico: Letícia Andrade. Gerenciamento
de mídias sociais: Felipe Pirillo. Assessoria de imprensa: Eliane
Verbena. Idealização/produção: Três no Tapa Produções Artísticas. Realização: Prêmio Zé Renato - 17ª
Edição, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
Serviço
Espetáculo: As Aves da Noite
Pré-estreia. Duração: 75 min.
Gênero: Drama. Classificação: 16 anos.
CEU
Cidade Dutra
16 de
maio – Quinta, às 19h
Av. Interlagos, 7350 -
Interlagos. São Paulo/SP.
Pré-estreia seguida de bate-papo com o
público.
Ingressos: Gratuitos - Retirada no local. Tel.:
5668-1953.
CEU
Alvarenga
17 de
maio – Sexta, às 19h
Estr. do
Alvarenga, 3752 - Balneário São Francisco. São Paulo/SP.
Pré-estreia seguida de bate-papo com o
público.
Ingressos: Gratuitos - Retirada no local. Tel.: (11) 5672-2500.
Estreia
Teatro
Cacilda Becker
De 24
de maio a 2 de junho -
Sextas e sábados, às 21h, e Domingos, às 19h.
Rua Tito, 295 - Lapa. São Paulo/SP.
Tel.: (11)
3864-4513. Capacidade: 350 lugares.
26/05 (domingo) - Intérprete
de Libras, audiodescrição e bate-papo com o público.
Teatro
Arthur Azevedo
De 6 a
9 de junho -
Quinta a sábado, às 21h, e Domingo, às 19h.
De 14 a
16 de junho -
Sexta e sábado, às 21h, e Domingo, às 19h.
Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca. São
Paulo/SP.
Tel.: (11) 2604-5558. Capacidade: 349
lugares.
09/06 (domingo) - Intérprete
de Libras, audiodescrição e bate-papo com o público.
Ingressos: Gratuitos - Bilheterias: 1h. Antecipados: Sympla -
www.sympla.com.br.
Teatro
Paulo Eiró
De 20 a
23 de junho - Quinta a sábado, às 21h, e Domingo, às
19h.
De 28 a
30 de junho
- Sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h.
Avenida Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro.
São Paulo/SP.
Tel.: (11)
5546-0449. Capacidade: 467
lugares.
23/06 (domingo) - Intérprete
de Libras, audiodescrição e bate-papo com o público.
Ingressos: Gratuitos - Bilheterias: 1h. Antecipados: Sympla -
www.sympla.com.br.
Informações à
imprensa: VERBENA ASSESSORIA
Eliane Verbena
Tel: (11) 99373-0181- verbena@verbena.com.br