segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, em março as mulheres pagam meia entrada para ver TUDO NO SEU TEMPO

No “mês da mulher” o espetáculo Tudo no Seu Tempo, em cartaz  no Teatro Jaraguá,  estará em promoção. Durante todo o mês de março (não somente no dia 8) as mulheres pagarão meia entrada para ver a peça. É uma forma de homenagear as mulheres, já que o enredo fala da sensibilidade feminina, da força que as mulheres possuem para mudar o desfecho da história, da cooperação necessária evitar a violência contra elas.

Tudo no Seu Tempo - do inglês Alan Ayckbourn, com direção de Eduardo Muniz mistura suspense, humor e trama policial. O elenco formado por Cynthia Falabella, Joca Andreazza, Fernanda Couto, Gustavo Trestini, Bete Correia e Edu Guimarães.

A trama se passa em um futuro próximo, mais precisamente em 2036, quando uma jovem - garota de programa - tenta salvar sua vida, fugindo de um psicopata por uma pequena porta que, surpreendentemente, a leva ao mesmo local, porém 20 anos no passado, em 2016. Perseguida no passado e no presente, ela tem a chance de salvar sua vida, bem como a de duas outras mulheres envolvidas na história. Inédito no Brasil, o texto, inspirado em filmes como De Volta Para o Futuro (de Robert Zemeckis) e Psicose (de Alfred Hitchcock), é um dos maiores sucessos de Ayckbourn, sendo premiado em diversas partes do mundo.

Segundo o diretor Eduardo Muniz, “Tudo no Seu Tempo não é comédia, não é drama, é como um thriller policial, uma mistura de gêneros, uma homenagem à ficção científica que promete sobressaltos, risos e muita emoção”. Tendo a história policial como fio condutor, a peça aborda, sobretudo, a força da mulher, o feminino. Fala da mulher que tem a sensibilidade necessária para colocar as coisas no eixo, para mudar o mundo. “Na peça, as mulheres representam o encontro da razão com o coração: diante da trama de assassinato e da possibilidade de mudar o desfecho da história, elas ganham força e coragem, e o resultado aparece de forma potente”, reflete o diretor.

Tudo acontece em um quarto de hotel: os fatos se sucedem, o tempo oscila entre futuro, passado e presente. Os atores vivem personagens na faixa dos 70 e 40 anos. Nessa trama de assassinato, Kelly (interpretada por Cynthia Falabella) vira testemunha de uma história macabra e vê sua vida ameaçada, mas ao entrar no “túnel do tempo”, ela encontra cumplicidade em Wanda (Fernanda Couto), mulher muito correta, ética, casada com o mau caráter Rubens (Joca Andreazza) que ordenou a Juliano (Gustavo Trestini) que matasse  a primeira esposa Jéssica (Bete Correia) e também planeja matar Wanda para que suas falcatruas não sejam reveladas. Juntas, e com a ajuda do segurança Haroldo (Edu Guimarães), elas tentam mudar o rumo das coisas e salvar a própria pele.

A encenação de Tudo no Seu Tempo tem uma estrutura ágil e dinâmica com mudanças de cenários e épocas. “Em alguns momentos é quase um vaudeville”, diz o diretor. O futuro apresentado por Eduardo Muniz é caótico, carrega as marcas das catástrofes naturais e as consequências do caos social. O diretor conta que a iluminação (Domingos Quintiliano) explora efeitos inéditos de luz para mostrar esse túnel do tempo. Tanto a luz, os figurinos (de Alice Alves) e o cenário (de Chris Aizner) ganham tons distintos nas diferentes épocas: mais claros e leves no tempo passado; mais escuros e sóbrios, no presente, marcado por símbolos cênicos que denotam esse caos do futuro. E a trilha sonora (Daniel Maia) tempera as cenas.

A relação de Eduardo Muniz com o autor vai bem além da direção de Tudo no Seu Tempo. Muniz é um aficionado por Alan Ayckbourn, há 10 anos, desde que viu uma montagem de Pessoas Absurdas em Nova York, em 2005. Três anos depois, comprou os direitos, traduziu e produziu Tempo de Comédia, que estreou em 2010, na qual também atuou. Logo depois, conheceu Ayckbourn, e foi estagiar com ele por dois meses, na Inglaterra. Hospedado em sua casa, acompanhou todo o seu processo criativo, da leitura do texto à montagem do espetáculo. “Alan Ayckbourn é um artista que ‘respira’ teatro há mais de meio século. Ele é um gênio do teatro. Foi fascinante ver de perto a sua forma de pensar a arte, observar como ele concebe a obra”. Revela Muniz, que ainda produziu e atuou em Isso é o que ela pensa (2012) e dirigiu Afogando em Terra Firme (2013) ambas de Ayckbourn. 

Ficha técnica

Espetáculo: Tudo no Seu Tempo
Texto: Alan Ayckbourn
Tradução: Rduardo Muniz e Alexandre Tenório
Direção: Eduardo Muniz
Elenco: Cynthia Falabella, Joca Andreazza, Fernanda Couto, Gustavo Trestini, Bete Correia e Edu Guimarães.
Iluminação: Domingos Quintiliano
Cenário: Chris Aizner / Nilton Aizner
Figurino: Alice Alves
Música original e trilha sonora: Daniel Maia
Assistente de direção: Mateus Monteiro
Programação visual: Alexandre Ormond
Cenotecnico: Fernando Bretas - Ono Zone
Adereços: Nilton Araujo
Operação de Luz: Hugo Peake
Operação de som: Fabricio Cardial
Fotografia: Ligia Jardim
Realização: Mamberti Produções e Geradora Teatral

Serviço

Teatro Jaraguá – Novotel Jaraguá
Rua Martins Fontes, 71 - Bela Vista/SP – Telefone: (11) 3255-4380
Temporada: sexta (21h30), sábado (21 horas) e domingo (19 horas) – Até 20/03
Ingressos: R$ 50,00 (meia R$ 25,00)
Promoção/mês de março - mulheres: R$ 25,00
Bilheteria: terça a quinta (16h às 19h), sexta e sábado (a partir das 16h) e domingo (a partir das 15h)
Aceita todos os cartões de crédito e débito.
Duração: 105 min. Gênero: comédia dramática. Classificação: 14 anos.
Ingressos antecipados: www.ingressorapido.com.br (tel: 4003-1212).
Acesso universal - Ar condicionado – Estacionamento c/ manobrista: R$ 30,00.

Capacidade: 265 lugares. Site: http://www.mamberti.com.br/jaragua/

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Luque Barros lança CD autoral em show grátis no Centro Cultural SP

“O resultado do trabalho soa agressivo apesar de romântico e moderno apesar do clima dor de cotovelo” (Luiz Chagas).

Gaucho radicado em São Paulo, Luque Barros apresenta show de lançamento de seu primeiro CD solo, Muito Pouco Menos Mais (selo Sete Sóis), no dia 4 de março, sexta-feira, na Sala Adoniran Barbosa do Centro Cultural São Paulo, às 19 horas.

Além de canções autorais registradas no disco, como “Jogo de Vaidade”, “História Sem Fim”, “Ando Bem Ligado”, “Muito Pouco Menos Mais” e “Nada Passa”, o artista interpreta outros compositores, que considera referências para seu trabalho. Entre eles estão o gaúcho Vitor Ramil e o “rei” Roberto Carlos.  

O show tem participação especial dos guitarristas Daniel Brita (produtor musical do CD ao lado de Luque) e Allen Alencar e do violinista Ricardo Herz. Para acompanhá-lo, Luque Barros (voz e contrabaixo) reuniu uma banda de amigos - Amilcar Rodrigues (trompete), André Tinoco (trombone), Caio Lopes (bateria), Estevan Sinkovitz (guitarra) e Simone Julian (sax e flauta) - com quem vem trabalhando ao longo de mais de 15 anos em São Paulo, tocando com artistas como Vanessa Da Mata, Banda Glória, Tulipa Ruiz, Marcelo Jeneci e Elza Soares.

Muito Pouco Menos Mais – por Luiz Chagas

Um cantor romântico a esta altura do campeonato? É algo a se pensar. LUQUE BARROS, em seu primeiro disco individual, investe no gênero com propriedade. O Brasil tem uma tradição de cantores nessa área que a partir da jovem guarda criou majestades e o artista gaúcho representa essa ponte, que une a natureza passional do intérprete com a capacidade de um grande músico contemporâneo. Para tanto se dedicou a maior parte do disco a apenas cantar suas composições à frente de uma banda reunida em torno de Gustavo Ruiz (baixo), Caio Lopes (bateria), ambos da banda de Tulipa Ruiz, e Estevan Sinkovitz (guitarra), figura conhecida pela diversidade de trabalhos e como acompanhante de Marcelo Jeneci.

Para que não houvesse dúvidas quanto à natureza do trabalho, Luque chamou Evandro Camperom para a pré-produção, e Daniel Brita, a guitarra mais rápida do oeste, para gravar, mixar e masterizar o trabalho no Estúdio Lamparina em São Paulo. E aqui estamos nós. A decisão de entregar o contrabaixo a Gustavo Ruiz, um guitarrista, o deixou mais livre pra realizar o antigo sonho – tocou apenas em “Desacelerar” e em “Ando Bem Ligado”, enquanto Estevan e Gustavo inverteram as posições em “Você e Eu”.

A trinca Gustavo, Caio e Estevan, reunida por Luque, recebeu ainda as colaborações de Jeneci e Giovanni Barbieri, nos teclados, e de Allen Alencar e Caio Andrade nas guitarras, além de Amílcar Rodrigues, Allan Abadia, Jorge Cirilo e Simone Julian que tocaram os arranjos de sopros criados pelo cantor. Ricardo Herz e Fernando Catatau aparecem também (em “Você e Eu” e “Falta de Educação”), completando um elo afetivo na escalação do disco. O resultado é um trabalho que soa agressivo apesar de romântico e moderno apesar do clima dor de cotovelo.

Luque canta, mais uma vez com propriedade, versos como “Nosso amor foi um grande jogo de vaidade, Que durou só a eternidade, Que pensava despertar a cidade, E depois?” (“Jogo de Vaidade”) ou “Meu coração é imenso mesmo ferido e indisciplinado” (“História Sem Fim”). “Nada Passa” é linda, “Entendo”, um funk, “Muito Pouco Menos Mais”, um vira, “De Fato” tem uma coda instrumental à Beatles. Dá para se entender porque Luque canta em “Ando Bem Ligado”, “Eu olho vejo tudo presto muita atenção... Ando eletrocutado, 220 volts !!”

Serviço

Show: Luque Barros
Lançamento/CD: Muito Pouco Menos Mais
Participação especial: Daniel Brita e Allen Alencar (guitarras) e Ricardo Herz (violino).
Músicos: Luque Barros (voz e contrabaixo), Amilcar Rodrigues (trompete), André Tinoco (trombone), Caio Lopes (bateria), Estevan Sinkovitz (guitarra) e Simone Julian (sax e flauta).
Dia 4 de março. Sexta-feira, às 19 horas
Centro Cultural São Paulo - Sala Adoniran Barbosa
Rua Vergueiro, 1000. Liberdade/SP.  Tel: 3397-4002
Grátis. Duração: 60 min. Classificação: Livre
Ar condicionado. Acessibilidade. Capacidade: 622 lugares.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Sesc Campo Limpo apresenta “Yebo” com o Gumboot Dance Brasil

O Sesc Campo Limpo apresenta no dia 28 de fevereiro, domingo, às 18h30, o espetáculo Yebo com o grupo Gumboot Dance Brasil.

O coreógrafo Rubens Oliveira – que assina a direção da montagem – ministra o Workshop de Gumboot Dance no mesmo dia, às 14h. As duas atividades são grátis.

Gumboot é uma dança popular com botas de borracha, criada pelos trabalhadores das minas de carvão, ouro e diamantes da África do Sul, no século XIX. Trabalhando em regime praticamente de escravidão, os nativos sul-africanos foram contratados para trabalhar nas minas em péssimas condições de existência, impossibilitados sequer de falarem entre si.

Yebo é o segundo espetáculo do Gumboot Dance Brasil. Aborda a exploração, tanto das minas como dos sete povos levados para extração de minério, a criação de um dialeto sonoro a partir das batidas nas botas de borracha, a espera das mulheres por seus maridos mineiros durante a temporada de exploração das minas.

A batida das botas de borracha no chão das minas foi uma linguagem criada para a comunicação, já que pessoas de diversas etnias viviam confinadas. A cadência das botas e seus movimentos aos poucos evoluíram para uma dança. Segundo Rubens Oliveira, havia diversas simbologias que simplificavam essa comunicação como a saudade da família, o trem que os conduzia às minas e a própria iniciativa de se divertir por mais que estivessem em condições insalubres de trabalho. “A coerência de sons e ritmo foram amadurecendo e aos poucos transformaram a ‘comunicação das botas’ em dança”, explica o bailarino.

A programação pretende oferecer a experiência com as técnicas por meio do workshop e a reflexão acerca da história destes trabalhadores, que encontraram uma saída para melhorar sua comunicação e criaram a dança a partir de condições de trabalho precárias.

Com o espetáculo o grupo faz uma reflexão sobre as semelhanças entre um homem da África do Sul recrutado para trabalhar numa mina de ouro - numa situação que se assemelha ao trabalho escravo (embora legalmente não o seja) - com um homem brasileiro que sobe na carroceria de um caminhão com uma promessa de trabalhon que é só uma esperança. Yebo reflete esse desejo de construir uma vida melhor, de se aventurar numa oferta ‘milagrosa’ capaz de mantê-los vivo e dar sustento aos seus.

Workshop Gumboot Dance

Rubens Oliveira ministra workshop que aborda a introdução às técnicas do gumboot dance em uma experiência de diálogos culturais entre a África do Sul e o Brasil. O programa inclui ainda informações sobre como essas batidas evoluíram para uma dança que chega ao público por meio da pesquisa do bailarino e coreógrafo, fundador do Gumboot Dance Brasil.

O workshop é destinado a dançarinos, estudantes de artes cênicas e dança, bailarinos e púbico em geral. As inscrições devem ser feitas na Central de Atendimento, a partir do dia 23/2. Orienta-se o uso de roupa leve e confortável. Estarão disponíveis 30 vagas e as aulas são recomendadas para maiores de 12 anos.

Gumboot Dance Brasil

O Gumboot Dance Brasil começou em 2008, a partir da pesquisa do bailarino e coreógrafo Rubens Oliveira. Rubens teve sua formação inicial com Ivaldo Bertazzo, tendo feito parte de sua companhia durante oito anos. Depois disso trabalhou com profissionais como Antônio Nobrega, Inês Bogéa, Susana Mafra e Benjamin Taubkin. Teve contato com o gumboot na Cia. Ivaldo Bertazzo, com o grupo Kova Brothers, da África do Sul, dando início a um grupo de pesquisa e viajando à África do Sul para conhecer melhor a técnica. De volta ao Brasil formou o Gumboot Dance Brasil que estreou o primeiro espetáculo em 2010. Rubens e o grupo já estiveram em Paris ministrando workshop, além de mostrarem seu trabalho em vários lugares da capital e interior de São Paulo. Em 2013, estreou a segunda montagem, Yebo. A proposta da companhia é pesquisar e difundir esta técnica. Formado por 14 bailarinos, utiliza-se de base rítmica, da percussão corporal e dos cantos como elementos centrais, assim como a constante articulação entre as riquezas culturais das duas nações. Pontos de semelhança são explorados no trabalho de pesquisa, trazendo uma releitura da técnica gumboot ao contexto cultural brasileiro.

Ficha Técnica:

Espetáculo: Yebo
Com Gumboot Dance Brasil
Direção geral: Rubens Oliveira
Direção musical: Lenna Bahule
Pesquisa e argumento: Rubens Oliveira
Elenco: Danilo Nonato, Lenna Bahule, Munique Mendes, Naruna Costa, Pablo Araripe, Rubens Oliveira, Samira Marana, Silvana de Jesus e Washington Gabriel.
Músicos: Pedro Lobo, Mauricio Oliveira
Produtor: Kelson Barros

SERVIÇO

28 de fevereiro de 2016. Domingo
14h - Workshop Gumboot Dance
Grátis. Classificação: 12 anos. Duração: 90 minutos. Vagas: 30

18h30 - Espetáculo Yebo
Grátis. Classificação: Livre. Duração: 50 minutos. Capacidade: indeterminada

Sesc Campo Limpo
Endereço: Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120.
Campo Limpo – São Paulo/SP.  Tel.: (11) 5510-2700
Horário/Unidade: Terça a sábado, das 13h às 22h. Domingos, das 11h às 20h.
sescsp.org.br/campolimpo
facebook.com/sesccampolimpo | twitter.com/sesccampolimpo


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Montagem poética da Cia. de Teatro Heliópolis fala de medo e violência em ambiente sensorial

Fotos de Gustavo Guimarães Gonçalves
A Companhia de Teatro Heliópolis estreia o espetáculo Medo no dia 12 de março, sábado, na Casa de Teatro Maria José de Carvalho, às 20 horas. A encenação, que fala de medo, baseia-se nos atentados de 2006 da cidade de São Paulo e traz consigo a memória de mulheres que perderam seus filhos, usando a carga semântica do casarão de três níveis, que é a sede da companhia, no bairro do Ipiranga.

Com direção e concepção de Miguel Rocha e texto de Gustavo Guimarães Gonçalves, a montagem conduz o espectador por diferentes espaços físicos e sensoriais, pela casa onde viveu a pianista, cantora e ativista cultural Maria José de Carvalho. Envolvidos por uma atmosfera nebulosa, onde nada se revela totalmente, o público (de no máximo 15 pessoas) acompanha a encenação de oito atores ao mesmo tempo em que seus sentidos são estimulados pelas instalações e sensações provocadas pela escuridão ou pelas luzes, pelas cores, pelos sons ou pelo silêncio.

O diretor explica que os fragmentos das memórias ocorrem em tempos diferentes, mas caminham paralelamente possibilitando que os tempos (passado, presente e futuro) sejam apresentados de forma nebulosa como costuma ser nossas lembranças. A encenação de Miguel Rocha mergulha com lirismo na subjetividade de fatos que deixaram marcas e que retornam com frequência de formas diferentes. “Abordamos o efeito do medo que nos torna refém de uma situação, de uma lembrança. E quando tratamos do medo da violência esse efeito fica ainda mais latente, pois nos grandes centros estamos sempre expostos a situações de risco.” comenta.

Na encenação de Medo não há rupturas entre as cenas. Todo o trajeto pelos ambientes da casa é contínuo e sensorial. O medo está contido na penumbra desse caminho, na ausência, na insegurança envolta pela névoa impalpável que geralmente perpassa nossas memórias; a violência não é explicita, está condicionada ao que cada espectador sente. Segundo Miguel Rocha, “o espetáculo não pretende contar histórias, mas mostrá-las de forma poética através do campo das sensações".

Para criar um ambiente consonante com o medo presente na peça e que ressoe nos espaços da Casa, a companhia desenvolveu ambientes em tons de preto e cinza, e uma iluminação em tonalidades claras e escuras, para remeter ao estado de penumbra, explorando as possibilidades de sombras, vulto e becos.

Ficha técnica

Concepção e encenação: Miguel Rocha
Texto: Gustavo Guimarães Gonçalves
Elenco: Alex Mendes, Dalma Régia, Francyne Teixeira, Gustavo Rocha, Janete Rodrigues, Klaviany Costa, Lucas Ramos e Walmir Bess.
Instalação cênica: Samara Costa e Pinturas de Isabelle Benard
Figurino: Samara Costa
Iluminação: Toninho Rodrigues, Rodrigo Alves e Miguel Rocha
Sonoplastia: Giovani Breissanin
Sonorização: Giovani Breissanin e Lucas Breissanin
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Designer gráfico: Camila Teixeira
Realização: Companhia de Teatro Heliópolis

Serviço

Espetáculo: Medo
Estreia: 12 de março. Sábados, às 20h
Casa de Teatro Maria José de Carvalho
Endereço: Rua Silva Bueno, nº 1533, Ipiranga/SP. Tel: (11) 2060-0318
Temporada: 12 de março a 8 de maio
Horário: sábados e domingos, às 20h
Ingressos: R$ 20,00 (meia: R$ 10,00) - Somente com agendamento pelo ctheliopolis@ig.com.br. 
Duração: 70 minutos. Gênero: drama. Classificação: 14 anos
Capacidade: 15 pessoas. Aceita somente dinheiro. Não possui acessibilidade.

Companhia de Teatro Heliópolis

A Companhia de Teatro Heliópolis surgiu no ano 2000, reunindo jovens da comunidade, sob direção de Miguel Rocha com o objetivo de montar o espetáculo A Queda para o Alto, baseado no romance homônimo de Sandra Mara Herzer. Entre a primeira peça e os trabalhos mais recentes, foram 16 anos de conquistas, dificuldades e aprendizados. "O teatro que optamos fazer está em sintonia com nossas vidas, em profunda conexão com elas", afirma o diretor.

A companhia já realizou sete espetáculos, todos criados em diálogo com os anseios e as vivências que permeiam a realidade de Heliópolis. Depois de A Queda Para o Alto, vieram as peças Coração de Vidro (2004) e Os Meninos do Brasil (2007). Entre 2008 e 2009, com o patrocínio da Petrobras, foi iniciado o Projeto Arte e Cidadania em Heliópolis, visando o aprimoramento artístico dos jovens atores, que se constituiu de quatro fases (formação, pesquisa, criação e apresentação), com encontros diários e aulas dadas por profissionais convidados. O projeto teve três módulos e cada um resultou em um espetáculo: O Dia em que Túlio Descobriu a África (2009); Nordeste/Heliópolis/Brasil – Primeiro Ato (indicado ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2011, categoria Grupo Revelação) e Um Lugar ao Sol (indicado ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2013, categoria Grupo Revelação, e Prêmio de 3º Melhor Espetáculo e Melhor Atriz no IX Festival Nacional de Limeira).

Com a remontagem do espetáculo O Dia em que Túlio Descobriu a África ganhou o Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro 2012 na categoria Ocupação de Espaço. Passaram pelo processo nomes como Silvana Abreu, Paulo Fabiano, Raquel Ornellas e Marcelo Lazzarato, entre outros. Nesse período, a companhia também montou a peça Eu Quero Sexo... Será que Vai Rolar? (2010).

Depois de várias formações, a Companhia de Teatro Heliópolis tem núcleo central constituído por Dalma Régia, David Guimarães, Donizete Bomfim e Klaviany Costa, além do diretor Miguel Rocha, todos moradores da comunidade. Desde 2010, a trupe ocupa sede própria: a Casa de Teatro Maria José de Carvalho, um imóvel cedido pela Secretaria Estadual de Cultura e situado no Ipiranga, bairro vizinho a Heliópolis. Foi ali que a companhia recebeu o diretor Mike van Alfen, do grupo holandês MC Theater, formado por jovens descendentes de imigrantes, para uma série de workshops como parte de um intercâmbio artístico internacional. O projeto resultou no espetáculo A Hora Final, apresentado por atores brasileiros e holandeses na sede do MC Theater, em Amsterdã.

O grupo - que se tornou Ponto de Cultura (Programa Cultura Viva no Município de São Paulo) – comemorou, em 2015, 15 anos de trajetória, marcada pela resistência artística e pela perseverança, quando realizou a 1ª Mostra de Teatro de Heliópolis, em parceria com MUK Produções e Ação comunitária Nova Heliópolis com o apoio do ProAC. A mostra traçou um panorama dos espetáculos criados por grupos periféricos que desenvolvem suas atividades em comunidades populares de São Paulo.

Em 2015, a Companhia de Teatro Heliópolis foi contemplada pela 25ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo com o projeto Onde o Percurso Começa? Princípios de Identidade e Alteridade no Campo da Educação, que resultou na montagem A Inocência do Que Eu (Não) Sei. A peça recebeu duas indicações ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem nas categorias Melhor Espetáculo Jovem e Prêmio Especial (pelo teatro comprometido com a comunidade de Heliópolis e a pesquisa temática em escolas públicas). Evill Rebouças foi o dramaturgista convidado; os pesquisadores Carminda Mendes André e Alexandre Mate conduziram os ciclos de estudos teóricos com o grupo. Em 2016, estreia o espetáculo Medo, que evidencia a questão da violência subliminar, aquela que não está visível, mas se mantém contínua e velada. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

CAIXA Cultural São Paulo apresenta o canto e a música Tetê Espíndola e Alzira E

Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, cantoras revisitam suas discografias e apresentam músicas dos seus novos CDs.

Entre os dias 8 e 11 de março, de terça à sexta-feira, a CAIXA Cultural São Paulo, apresenta show grátis com as irmãs Tetê Espíndola e Alzira EAs apresentações acontecem às 19h15 e integram as homenagens ao Dia Internacional da Mulher.

No show, as irmãs – cantoras, compositoras e instrumentistas - Tetê Espíndola (à craviola) e Alzira E (ao violão) passeiam por seus repertórios e visitam o cancioneiro genuinamente sertanejo. Apesar dos timbres e trajetórias singulares, as irmãs transbordam intimidade em belos duetos, além de números solos interpretando músicas de seus mais recentes trabalhos.

O novo CD de Tetê, Asas do Etéreo, é formado por composições próprias e traz grandes instrumentistas convidados: Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal e Duofel, entre outros. Nesse show na Caixa Cultural, ela canta “Amarelando” e “Aos Elementais”, composta em parceria com Luhli. Clássicos de sua carreira também são contemplados: “Na Chapada” (com Carlos Rennó), “Cuiabá”, “Sertaneja” (René Bittencourt), “Vida Cigana” (Geraldo Espíndola) e “Escrito nas Estrelas” (Carlos Rennó e Arnaldo Black).

Já Alzira E registrou em seu novo disco, O Que Eu Vim Fazer Aqui, várias composições suas com o mestre Itamar Assumpção. No show ela apresenta “O Norte” e “Itamar É”, além de “Sei dos Caminhos”, uma parceria de Itamar com Alice Ruiz, entre outras.

Em dueto, as artistas também relembram momentos do álbum Anahí, gravado por elas em 1998, com as músicas “Galopeira” (Mauricio C. Ocampo, por Pedro Bem), “Merceditas” (Ramon S. Rios), “Meu Primeiro Amor” (H. Gimenez, por J. Fortuna e Pinheirinho Jr.) e “Serra da Boa Esperança” (Lamartine Babo). O roteiro traz ainda alguns clássicos dos Espíndola, como “Kikiô” (Geraldo Espíndola) e “Mulher o Suficiente” (Alzira E e Vera Lúcia).

Os ingressos são limitados a um par por pessoa e devem ser retirados na bilheteria, a partir das 9 horas, no dia de cada show.

Ficha técnica

Tetê Espíndola: Voz e craviola
Alzira E: voz e violão
Coordenação geral: Vander Lopes
Produção: Glauker Bernardes e Letícia Trindade.
Sonorização e iluminação: Estúdio Loop
Produção local: Danilo Sangioy
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena

Serviço

Show: Tetê Espíndola e Alzira E
Temporada: 08 a 11 de março de 2016
Horário: Terça a sexta, às 19h15
Local: CAIXA Cultural São Paulo
Endereço: Praça da Sé, 11. Centro/SP. Metrô Sé
Informações: (11) 3321-4400
Ingressos: Grátis
Retirar na bilheteria a partir das 9h, no dia de cada show (1 par por pessoa).
Duração: 60 min. Classificação: Livre. Capacidade: 80 lugares. Acesso universal.
Patrocínio: Caixa Econômica Federal

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

"Feito Nós" discute no palco os nós das relações afetivas

Peça dirigida por Alexandre Ingrevallo tem supervisão artística de Lavínia Pannunzio.

O espetáculo Feito Nós estreia no dia 19 de março, sábado, no Espaço da Cia. do Pássaro, às 21 horas, sob direção de Alexandre Ingrevallo.

O Texto - escrito a quatro mãos pelo diretor em parceria com Felipe Bottini – trata da relação afetiva entre um jornalista e um cantor, na qual amizade e amor se misturam, mas seguem em caminhos opostos. No palco, os atores Welington Landim e Caio Oviedo vivem o drama, que tem supervisão artística da atriz e diretora Lavínia Pannunzio.

No enredo, o jornalista Cadu Alvim (Welington Landim) e o jovem e talentoso cantor Thiago Andrade (Caio Oviedo) se envolvem afetivamente depois de um encontro casual. O relacionamento parece estar em harmonia até que surge um descompasso: Cadu está apaixonado e Thiago não está. Depois que algumas verdades vêm à tona, Cadu passa por um processo de reflexão sobre amor e amizade, e tenta desatar o nó que se tornou sua vida amorosa e sua relação com Thiago. Afinal, é possível ser amigo da pessoa por quem estamos apaixonados?

Cadu é um crítico musical bem sucedido, porém inseguro e instável emocionalmente. Thiago parece um rapaz bem resolvido que tenta deslanchar sua carreira de intérprete, mas questões familiares mal resolvidas revelam outro lado de sua personalidade que pode ser usado para alcançar seus propósitos. O texto discute a via de duas mãos que é a amizade e a paixão por meio do encontro entre esses jovens que parecem ter tudo a ver um com o outro, mas estão em caminhos diferentes.

Com experiência em rádio e cinema, tendo curtas-metragens premiados, Alexandre Ingrevallo estreia na direção teatral com Feito Nós. Segundo ele, a montagem segue a linha realista. “Para apresentar essa história, essencialmente humana, que discute uma relação afetiva com a intenção de abordar de forma mais ampla os relacionamentos entre as pessoas, é preciso dar a devida força à palavra. A minha grande preocupação é o cuidado com o texto falado, com as intenções do que está sendo dito, com a cor e o peso das palavras”, argumenta.


O espetáculo expõe a dificuldade que muitas vezes temos em entender questões óbvias; fala da dificuldade em enxergar a realidade quando estamos apaixonados. Temas como baixa autoestima, anular-se em função do outro, egoísmo e cobranças afetivas estão expostos. Os autores explicam que Feito Nós discute, sem pieguices, velhas questões que são debatidas, exaustivamente, mas que continuam sendo fonte da maioria dos desencontros. “É comum nos relacionamentos um achar que o outro lhe deve felicidade, implorar amor e respeito antes de amar e respeitar a si mesmo. Se você não se ama e não se respeita, dificilmente terá isso da pessoa com quem se relaciona”, reflete o diretor. 

A cenografia é simples e realista como o texto. Uma cama em cena simboliza o lugar mais pessoal que cada indivíduo possui. “É na cama que encontramos aconchego. É para lá que fugimos quando temos algum problema, refletimos, amamos, nos reinventamos, traçamos novos rumos”, comenta Ingrevallo. No chão, cacos de vidro estão espalhados e os atores caminham sobre eles: as dificuldades estão à volta; é preciso pisar com cuidado e lembrar que as palavras podem cortar, podem ferir profundamente. A encenação conta ainda com projeções em vídeo que ajudam a contar a história. As cenas foram gravadas pelos atores especialmente para o espetáculo, com participação de Lavínia Pannunzio, sob o comando do diretor Alexandre Ingrevallo.

Ficha técnica

Espetáculo: Feito Nós
Texto: Alexandre Ingrevallo e Felipe Bottini
Direção: Alexandre Ingrevallo
Colaboração de texto: Caio Oviedo
Elenco: Welington Landim e Caio Oviedo
Supervisão: Lavínia Pannunzio
Participações em vídeo: Lavínia Pannunzio, Beatriz Machado e Guilherme Valcézia.
Iluminação: Rodrigo Alves
Figurino e caracterização: Thaís Bergamo
Cenografia: Criação coletiva
Assistência de direção: Renato Cruz
Fotos: Allis Bezerra
Assessoria de imprensa: Eliane Verbena
Produção executiva: Wescley Andrade
Direção de produção: Alexandre Ingrevallo e Caio Oviedo
Realização: Alexandre Ingrevallo, Caio Oviedo, Felipe Bottini e Welington Landim

Serviço

Temporada: 19 de março a 8 de maio
Horários: sábados (às 21 horas) e domingos (às 19 horas)
Espaço Cia. do Pássaro
Rua Alvaro de Carvalho, 177, Bela Vista/SP, Tel: (11) 98365-5850
Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00). Bilheteria: 1h antes das sessões
Duração: 60 min. Classificação: 16 anos. Gênero: Drama.
Capacidade: 40 lugares. Possui bar/café. Aceita dinheiro.

Equipe - perfis

Alexandre Ingrevallo – Alexandre é formado em Comunicação Social (Rádio e TV) pela FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado. Atualmente, apresenta o Super 8, programa sobre música de cinema na Rádio Cultura FM (SP), produz e apresenta os programas Circuito e Coletânea, além de especiais sobre música brasileira, na Rádio Cultura Brasil. Atua também TV Cultura como locutor de spots e chamadas. Coordenou por quase cinco anos a programação da Rádio FAAP, emissora online vencedora do Prêmio APCA. No campo do cinema, Ingrevallo escreveu, produziu e dirigiu curtas-metragens premiados como Vida: Substantivo Feminino (com Leonardo Miggiorin e Maria Zilda Bethlem), 1x1 (com Gustavo Haddad, Clara Carvalho, Luciano Chirolli e Suzana Alves) e Desconhecido Íntimo (com Rafael Losso, Luciano Chirolli, Elam Lima e Clara Carvalho, que participou de importantes festivais de cinema pelo país e, atualmente, em exibição no Canal Brasil). Como roteirista e diretor, fez institucionais para empresas como Tigre, Deca e Editora Abril.  Dirigiu ainda o clipe Frágil da cantora Érica Pinna, o documentário Tangolomango - Conexão São Paulo/Santiago, shows de música brasileira e trabalhou em produtoras como GW Comunicação e Kardman Audiovisual. No teatro, é autor de três peças teatrais, inclusive Feito Nós com a qual faz sua estreia como diretor.

Felipe Bottini – Felipe é formado em Comunicação Social (Rádio e TV) pela FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado. Atualmente, é mestrando pela USP (Universidade de São Paulo) no núcleo de estudo Diversitas. Trabalhou na Rádio Cultura Brasil e Rádio Disney. Como roteirista, trabalhou na produtora Oficina TV, sendo responsável pela publicidade e comunicação interna de empresas como Claro, Banco Santander, JEEP, Pernambucanas e SulAmérica. Assinou uma coluna semanal de crônicas no jornal O Madalena SP e tem um site de histórias chamado 1500 Palavras de Ficção.

Lavínia Pannunzio – Lavínia é atriz e diretora em espetáculos de teatro como Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, e Vidas Privadas, dirigido por José Possi Neto. Foi contemplada com os prêmios Shell de Melhor Atriz por Um Verão Familiar e APCA também como Melhor Atriz por A Serpente no Jardim. Recentemente, Lavínia participou da minissérie Ligações Perigosas (Rede Globo), com direção de Denise Saraceni e Vinicius Coimbra. No cinema, destaque para Boleiros  2,  de Ugo  Giorgetti.

Caio Oviedo – Caio é Publicitário formado pela FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado e ator formado pela Escola de Atores Wolf Maya. Estreou no teatro com a peça O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind, dirigida por Guilherme Marback, e integrou do elenco de Tempo de Comédia, de Alan Ayckbourn com direção de Ruy Cortez. Atuou também como modelo e ator em diversos curtas-metragens e em campanhas publicitárias para Danone ao lado de Milton Nascimento, Oi, NET, Penalty, Nissin e Unilever. Atualmente, apresenta o canal Miniatura 9 que faz a cobertura do espetáculo O Musical Mamonas, dirigido por José Possi Neto, sobre o grupo Mamonas Assassinas.

Welington Landim – Welington cursa a EAD - Escola de Arte Dramática na USP. É formado em Direito pela Universidade de Fortaleza e em Artes Cênicas pela Escola de Atores Wolf Maya. Participou dos espetáculos Tempo de Comédia, de Alan Ayckbourn com direção de Ruy Cortez, e Personagem Substantivo Feminino, dirigido por Marco Antônio Pâmio, entre outros. Atuou na websérie Lavou, Tá Novo, ainda em fase de finalização. 

Cinema polonês e filmes de Ettore Scola abrem programação 2016 do Cineclube Araucária

O Cineclube Araucária abre a nova temporada de cinema em Campos do Jordão com duas mostras preparadas para festejar seus cinco anos de atuação ininterrupta na cidade. Assim como em 2015, o projeto Cineclube Araucária - O Cinema de Volta a Campos do Jordão acontece com o apoio do ProAC (Programa de Ação Cultural do estado de São Paulo) e parcerias com a Secretaria Municipal de Cultura e AMECampos  (Associação dos Amigos de Campos do Jordão).

O projeto prevê, entre fevereiro e novembro, a realização de 20 mostras de cinema. Além das já tradicionais mostras temáticas, a cada mês um país terá a sua filmografia exibida para o público jordanense, entre eles: Polônia, Índia, Irã, Turquia, Rússia, Argentina, França, Canadá, China e o continente africano.

A primeira mostra de 2016 traça um Panorama do Cinema Polonês, e acontece nos dias 18, 19, 20 e 21 de fevereiro (de quinta a domingo), incluindo, respectivamente, os filmes A Pequena Moscou, de Waldemar Krzystek, A Rosinha, de Jan Kidawa-Blonski, Cinzas e Diamantes, de Andrzej Wajda, e Tudo o Que Amo, de Jacek Borcuch.

Na sequência, o projeto presta homenagem a um artista genial, Ettore Scola, que, falecido recentemente, deixou um legado de verdadeiros tesouros da sétima arte. A Retrospectiva Ettore Scola apresenta nos dias 25, 26, 27 e 28 de fevereiro (de quinta a domingo) os clássicos Um Dia Muito Especial, O Baile, Que Estranho Chamar-se Federico e O Jantar.

E a garotada também tem vez no Cineclube Araucária - O Cinema de Volta a Campos do Jordão. As tardes de domingo têm sessões às 15 horas: dia 21, A Espada Era a Lei, de Wolfgang Reitherman; e dia 28, Alice no País das Maravilhas, de Clyde Geronimi e Hamilton Luske.

A programação deste ano inclui também uma série de Palestras e Seminários, visando a formação profissional de novos cineastas, com produção de Curtas Metragens que serão destaque na segunda edição do Festival Curta Campos do Jordão, previsto para ocorrer em dezembro deste ano no antigo Cine Glória (atual Espaço Cultural Dr. Além). Outros destaques são a realização do 6º Encontro Cinemúsica de Campos do Jordão e de uma Exposição no mês de julho, na sede da AMECampos, cujo tema será o trabalho dos ilustradores brasileiros que se dedicaram à divulgação do cinema no Brasil.

O Cinema Polonês

A Polônia tem uma relação intensa com o cinema desde os primórdios da sétima arte. O inventor polonês Kazimierz Prószyński patenteou sua primeira câmera cinematográfica em 1894, antes mesmo dos irmãos Lumière. O pleógrafo podia filmar e também projetar, assim como o cinematógrafo dos Lumière que, mais do que construírem a máquina, tiveram também a ideia de criar as primeiras sessões de cinema com a cobrança de ingresso, ainda no final do século 19. A Polônia vivia um momento especialmente conturbado nas décadas que se seguiram ao surgimento do cinema. Depois de mais de um século passando de mão em mão e tendo suas fronteiras redesenhadas, o país conquistou a independência após a Primeira Guerra Mundial e tinha muita coisa para colocar em ordem. Vários talentos cinematográficos acabaram preferindo fazer carreira no exterior: a atriz Pola Negri, por exemplo, estrelou filmes de Ernst Lubitsch na Alemanha e nos Estados Unidos. Seis milhões de poloneses morreram durante a Segunda Guerra, sendo que três milhões eram judeus, incluindo nomes importantes do cinema como o diretor e roteirista Henryk Szaro e Kazimierz Prószyński, o inventor do pleógrafo que morreu no campo de concentração de Mauthausen. O genocídio não foi apenas literal, mas também cultural: universidades, bibliotecas, museus, teatros e cinemas foram fechados ou tiveram a entrada permitida apenas aos germânicos. Os cinemas exibiam apenas filmes, notícias e materiais de propaganda nazistas. Quase 10 anos após o fim da guerra e um ano depois da morte de Stálin, surgiu aquele que talvez seja o mais importante cineasta polonês: Andrzej Wajda, que fez sua estreia com Geração (Pokolenie, 1955), um drama sobre jovens que se juntam à resistência contra a Alemanha durante a ocupação da Polônia e que tinha no elenco o ator principiante Roman Polanski. Seu longa seguinte, Kanal (1957), tem como cenário o sistema de esgoto de Varsóvia, mostrando a malfadada revolta polonesa contra os nazistas em 1944. Cinzas e Diamantes (Popiól i Diament, 1958) completou a trilogia da guerra com uma trama que se passa em 8 de maio de 1945, o último dia da guerra na Europa, contando com um com Zbigniew Cybulski como protagonista, por quem Marlene Dietrich se declarou encantada. A Polônia lança uma média de 50 longas por ano e, embora a grande maioria não chegue ao circuito brasileiro, existem iniciativas como esta do Cineclube Araucária, que permitem que esta arte polonesa possa ser apreciada por aqui.

O gênio de Ettore Scola

O diretor italiano Ettore Scola (1931-2016) estreou em 1964, com Fala-me de Mulheres e se consagrou com o sucesso de Perdidos na África, de 1969. Uma de suas paixões, que também norteou o tema de vários de seus trabalhos, era explorar a história. Aliás, não existe melhor registro histórico do que o sentido que cada um dá a ela por quem se põe a contá-la, e isso está especialmente evidente no derradeiro trabalho do italiano: Che Strano Chiamarsi Federico, no qual Scola fala da admiração e amizade pelo seu mentor artístico Federico Fellini. Nascido na comuna de Trevico, região da Campania, Scola é, sem dúvida, uma das maiores lendas italianas. Dirigiu quase 40 obras, entre longas e curtas. Antes do cinema, enveredou-se pelo jornalismo após ter se formado em direito. Conhecido por obras-primas - como Nós que Nos Amávamos Tanto (1974), Feios, Sujos e Malvados (1976), Um Dia Muito Especial (1977), O Baile (1983), A Família (1987) e O Jantar (1998) - o cineasta lançou seu último trabalho em 2013, Que Estranho Chamar-se Federico, que preconiza o seu reencontro com Fellini.

PROGRAMAÇÃO – FEVEREIRO/2016

Panorama do Cinema Polonês

  • 18/2 (quinta, 19h30) - A Pequena Moscou
Mala Moskwa, de Waldemar Krzystek. Polônia. 2008. 114’. 14 anos.
Em uma base militar soviética, a maior na Polônia, uma jovem russa casada com um piloto de caça, inicia um romance clandestino com um tenente polonês. O encontro acontece durante a cerimônia do 50° aniversário da Revolução de Outubro. A história é agravada pela invasão das tropas do Pacto de Varsóvia na Tchecoslováquia em 1968.

  • 19/2 (quinta, 19h30) - A Rosinha
Rózyczka, de Jan Kidawa-Blonski. Polônia. 2010. 118’. 16 anos.
Após a guerra dos seis dias entre Israel e os países árabes, os estados do Pacto de Varsóvia cortam relações diplomáticas com Israel. O serviço de segurança comunista intensifica a espionagem entre os cidadãos de origem judaica. Um renomado escritor inicia um caso com uma linda mulher que é, na verdade, uma ferramenta nas mãos do serviço secreto.

  • 20/2 (sábado, 19h30) - Cinzas e Diamantes
Popiól i Diament, de Andrzej Wajda. Polônia. 1958. 105’. 14 anos.
No último dia da Segunda Guerra Mundial, Maciek, um jovem rebelde ligado à frente nacionalista, recebe a missão de assassinar um líder comunista. Perturbado pela transformação repentina de aliados em inimigos, ele decide aproveitar a vida por uma noite e pensa em desistir da luta.



  • 21/2 (domingo, 18h) - Tudo o Que Amo
Wszystko, co Kocham, de Jacek Borcuch. Polônia. 2010. 95’. 16 anos.
Em 1981, o Movimento Solidariedade ganha força, e os rumores de uma revolução na Polônia crescem. Neste turbilhão, os adolescentes Janek e Basia se apaixonam e enfrentam todas as dificuldades políticas do período.



  • MATINÊ – 21/2 (domingo, 15h) - A Espada Era a Lei
De Wolfgang Reitherman
Arthur é um jovem menino que sonha em se tornar cavaleiro. Reza a lenda que aquele que conseguir tirar a espada mágica da pedra se tornará o rei da Inglaterra. Merlin, um poderoso, mas atrapalhado mago, sabe que Arthur será o novo rei e por isso, vai até o castelo onde o garoto trabalha prepará-lo para o futuro.

Retrospectiva Ettore Scola

  • 25/2 (quinta, 19h30) - Um Dia Muito Especial
Una Giornata Particolare, de Ettore Scola. Itália. 1977. 106’. 16 anos.
Roma, 6 de maio de 1938. Benito Mussolini e Adolf Hitler se encontraram para selar a união política que, no ano seguinte, levaria o mundo à 2ª Guerra Mundial. Praticamente toda a população vai ver este acontecimento, inclusive o marido fascista de Antonietta, uma solitária dona de casa que conhece acidentalmente seu vizinho Gabriele. Gradativamente os dois desenvolvem um tipo muito especial de amizade.

  • 26/2 (sexta, 19h30) - O Baile
Le Bal, de Ettore Scola. Itália/França. 1983. 112’. 14 anos.
A história da França, dos anos 30 aos anos 80, é contada sem diálogos. Num salão de baile de Paris, casais se conhecem e se desfazem. Figurinos, cenário e música montam a época de cada número, e cada nova dança reflete a situação política e cultural em que vivem os personagens.

  • 27/2 (sábado, 19h30) - Que Estranho Chamar-se Federico
Che Strano Chiamarsi Federico, de Ettore Scola. Itália. 2013. 90. 12 anos.
Ettore Scola retrata a vida e obra de Federico Fellini. Com imagens de arquivo e uma retrospectiva desde a estreia do cineasta em 1939, como jovem designer, até seu quinto Oscar em 1993, o filme é feito de fragmentos, impressões e momentos reconstruídos através da imagem. 

  • 28/2 (domingo, 18h) - O Jantar
La Cena, de Ettore Scola. Itália/França. 1998. 108’. 12 anos.
O filme se passa em um restaurante. No tempo de um jantar, os dramas de vários personagens se revelam, entre eles os da dona do restaurante, de um culto professor que gosta de jogar cartas, de uma quarentona que tem problemas com a filha, e de um professor universitário preso numa complicada relação amorosa com uma de suas alunas.

  • MATINÊ – 28/2 (domingo, 15h) – Alice no País das Maravilhas
De Clyde Geronimi e Hamilton Luske.
Alice é uma garota curiosa e cansada da monotonia de sua vida. Um dia, ao seguir o apressado Coelho Branco, ela entra no País das Maravilhas. Lá ela conhece diversos seres incríveis, como o Chapeleiro Louco, o Mestre Gato, a Lagarta e a Rainha de Copas.

Serviço

18 a 21/2 - Panorama do Cinema Polonês
25 a 28/2 - Retrospectiva Ettore Scola
Projeto Cineclube Araucária – O Cinema de Volta a Campos do Jordão
Local: Espaço Cultural Dr. Além
Av. Dr. Januário Miráglia, 1582, na Vila Abernéssia. Campos do Jordão/SP
Informações: (12) 3664-2300 – Grátis