sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Gabriel Cândido lança livro no Sesc São Caetano que aborda diáspora negra, colonialismo e imigração

Evento conta com leitura dramática da peça de teatro e bate-papo com o autor e convidados.

O Sesc São Caetano promove, no dia 8 de fevereiro (quarta-feira, às 19h30), o lançamento do livro “Nossa Conquista” (Ed. Entremares), dramaturgia de Gabriel Cândido, com entrada gratuita. O evento conta com leitura dramática da peça, seguida por bate-papo com participação do autor, de Christian Moura (pesquisador e doutor em artes que assina o posfácio do livro) e de representantes da editora.

A dramaturgia “Nossa Conquista” é a parte II da trilogia Escombros, projeto idealizado por Gabriel Cândido que, além de dramaturgo, é diretor, ator, performer e cofundador do Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC). A trilogia tem como objetivo a elaboração cênica e dramatúrgica de peças de teatro que tratem das relações tensivas entre a fome, a terra, o colonialismo, a identidade e o capitalismo em intersecção com a ancestralidade negra do Brasil.

"Nossa Conquista" - que integra a coleção Navegantes / Teatro, da editora - é uma obra fictícia imagética que aponta o lugar da dramaturgia na literatura pela radicalização da forma, sustentando a dramaturgia como texto literário. Não há, por exemplo, rubricas. Gabriel não se vale deste artifício de condução, e opta pelo fluxo natural do texto, pela liberdade de quem for ler, interpretar ou encenar. "Meu anseio com a criação de ‘Nossa Conquista’ é contar uma história e deixar para o leitor a tarefa de ativar a própria imaginação. O esforço da escrita foi para experimentar as possibilidades de radicalização da forma dramaturgia, distanciar o texto do processo de montagem da peça no teatro e trazer as personagens e o contexto para perto, numa relação intimista”, afirma.

A história se passa às margens do rio Nossa Conquista, onde convivem os povos que desejam ardentemente atravessar as fronteiras para as grandes capitais em busca de uma vida mais digna. O desejo por essa travessia, no entanto, não é visto com bons olhos por aqueles que habitam o outro lado. Por isso, a região é monitorada por seus Soldados da Paz, cuja presença ostensiva parece ter como meta a contenção do fluxo migratório incontrolável. Na contramão do trabalho destes soldados, os bixos da fronteira estão sempre prontos para, em troca de um bom negócio, atravessar ilegalmente aqueles que dariam tudo - até mesmo os próprios filhos - pelo sonho de uma vida melhor.

Em "Nossa Conquista", o leitor acompanha a épica íntima de três personagens - Machépé, um bixo da fronteira; Zizú, um soldado da paz; e Neydí, a primeira ministra da grande capital do norte. Pelas suas trajetórias e pensamentos, apresenta-se um universo fabular que ilustra, seja por meio de metáforas, seja por exemplos bem reais, as relações intrínsecas entre as dinâmicas da colonização, da diáspora negra, as subjetividades humanas, e o destino fatal do meio ambiente, cuja exploração pelo capitalismo predatório parece apontar, sem meias palavras, para a escatológica queda do céu. Nos encontros e desencontros de Machépé, Zizú e Neydí, todos mediados pelas margens do rio Nossa Conquista, fica a certeza de que nas profundezas desse rio, que nos une e nos separa, que é caminho mas também fronteira, há mais mistérios do que se pode imaginar. 

O trabalho de Gabriel Cândido busca reverberar temas aos quais vem se dedicando, a partir de uma construção literária elaborada. Se por um lado “Nossa Conquista” sugere debates sobre colonialismo, diáspora negra, imigração, refúgio, encontros e desencontros, por outro, busca compreender a perspectiva do sonho, da imaginação. “Para construir uma dramaturgia que se propõe a discutir, de modo interseccional, o neoliberalismo, o colonialismo, o racismo, as crises migratórias e a emergência climática em fricção com os saberes ancestrais dos povos indígenas e negros do Brasil e da diáspora, pensar na imagem de uma espiral para conduzir esta história foi fundamental no processo de criação". E finaliza: “A ficção nos dá muitas possibilidades de metáforas”, referindo-se à passagens do livro como o rio, as fronteiras e os muros, “e também abre espaço para várias questões subjetivas do indivíduo e da sociedade”.

A parte I da trilogia Escombros, intitulada Fala das Profundezas (2018, Editora Javali - MG), ganhou montagem, em 2022, pelo Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC) e cumpriu temporada de estreia no Sesc Belenzinho (SP). Foi ainda experimentada em formato de leitura encenada (2018-2019) e em versão teatro radiofônico (2020).

A publicação do livro “Nossa Conquista” foi viabilizada pelo ProAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo - Edital 19/2021 de Apoio à Literatura / Ficção / Não-Ficção / Poesia / Teatro. Serão impressos 600 exemplares, sendo que haverá distribuição gratuita no evento de lançamento para o público presente e disponibilização de livros para os acervos da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e Secretaria Municipal de Cultura de São Caetano do Sul e também para escolas estaduais e municipais de São Caetano do Sul. Os demais exemplares serão vendidos a preços populares.  

O autor

Gabriel Cândido (foto: Julio Aracack)
Gabriel Cândido nasceu em São Caetano do Sul (SP), no mês de fevereiro de 1992.  Atua como dramaturgo, diretor, performer, ator e produtor. É coidealizador e diretor do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo e cofundador e integrante do Núcleo Negro de Pesquisa e Criação (NNPC). É autor das dramaturgias Socorro! Tem Uma Cidade Entalada na Minha Garganta, publicada pelo Grupo Editorial Letramento (2019) e Fala das Profundezas, publicada pela Editora Javali (2018), da qual também assina a direção da montagem que estreou em 2022 e dos seus formatos em versão teatro radiofônico (2020) e leitura encenada (2018-2019). Gabriel também é diretor e roteirista do curta-metragem Jardim Peri Alto em Cena (2019); autor das performances Rastros (2022) e Cuidado com Nós (2019). Formado pela SP Escola de Teatro no curso de Atuação (2015), colaborou com a instituição como artista-orientador, entre 2021 e 2022, Foi também artista-orientador de teatro do Programa Vocacional da Prefeitura de São Paulo (2022) e, atualmente, é estudante de História, na Universidade de São Paulo (FFLCH/USP).

Sinopse | Serviço

Sinopse | “Nossa Conquista” - Às margens do rio Nossa Conquista convivem os que desejam atravessá-lo e ir para as grandes capitais em busca de uma vida digna. Tal desejo não é bem visto por aqueles que habitam do outro lado; e seus Soldados da Paz monitoram a região a fim de conter o fluxo migratório. Contra eles, os bixos da fronteira atravessam ilegalmente quem daria tudo - até os próprios filhos - pelo sonho de uma vida melhor. Em "Nossa Conquista", o leitor acompanha as trajetórias de Machépé (bixo da fronteira), Zizú (soldado da paz) e Neydí (primeira ministra da grande capital do norte). Em seus encontros e desencontros, apresentam-se as relações intrínsecas entre a colonização, a diáspora negra, as subjetividades humanas, e o destino fatal do meio ambiente cuja exploração pelo capitalismo predatório aponta para a queda do céu. 

Lançamento/livro: NOSSA CONQUISTA
Autor: Gabriel Candido
Editora: Entremares - @entremares
Loja virtual: https://editoraentremares.minhalojanouol.com.br/catalogo/sulear/c
Nº de páginas: 96. Preço/livro: R$ 25,00. 

Data: 8 de fevereiro de 2023 - quarta, às 19h30
Leitura DramáticaDireção e produção: Gabriel Cândido. Elenco: Dirce Thomaz, Deni Marquez e Maria Gabi. Sonoplastia: André Papi. Assistência de produção: Kauanda.
Bate-papo: Christian Moura, Gabriel Cândido e representantes da Editora Entremares.
Entrada gratuita. Classificação: 12 anos.

Local
Sesc São Caetano
Rua Piauí, 554 - Santa Paula. São Caetano do Sul/SP.
Sescsp.org.br | @sescsaocaetano | Tel: (11) 4223-8800.

Informações à imprensa
VERBENA COMUNICAÇÃO
Eliane Verbena
Tel: (11) 99373-0181 | verbena@verbena.com.br

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Uma Mulher Vestida de Sol, primeiro texto teatral de Ariano Suassuna, estreia no CCBB SP

Peça inédita nos palcos traz o universo imaginoso de uma tragédia sertaneja com direção de Fernando Neves.

Foto de Erik Almeida

Estreia no dia 25 de janeiro, quarta, às 18h30, no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, o espetáculo Uma Mulher Vestida de Sol. A peça inédita de Ariano Suassuna com direção de Fernando Neves, apresentada pela Cia Vúrdon de Teatro Itinerante, cumpre curta temporada no CCBB SP, de quarta a domingo, até 12 de fevereiro. O drama que conduz o enredo está nas disputas de terra, em uma trama familiar de amor e sangue. Esta obra trágico-lúdica de Suassuna apresenta uma estética sertaneja que se une ao romanceiro ibérico.

O universo imaginoso dessa tragédia sertaneja conta com telões “armoriais” pintados por
Manuel Dantas Suassuna (filho de Ariano), cenografia de Guryva Portela, figurino e visagismo de Leopoldo Pacheco e Carol Badra e trilha sonora original, incluindo os arranjos de canto, em criação assinada por Renata Rosa. No elenco, Guryva Portela, Marcello Boffat, Jorge de Paula, Bruna Recchia, Kátia Daher, William Amaral e Carlos Ataíde.

Uma Mulher Vestida de Sol
 traz uma atmosfera épica de amor e violência, permeada elementos como sede de sangue, palavra de honra, amor e assédio paterno nas exatas medidas dramáticas e trágicas. Não realista, parte de um drama humano para falar da grande tragédia coletiva do sertão: a luta do homem com a terra queimada de sol. Disputas por terra, briga de famílias, feminicídio e ameaças de morte são temas latentes na peça.

Uma cerca que divide duas propriedades é o epicentro do conflito. De um lado, Joaquim Maranhão (Guryva Portela), violento e sanguinário, fazendeiro, criador de gado e pai de Rosa (Bruna Recchia); do outro, Antônio Rodrigues (Marcello Boffat), agricultor pacífico e pai de Francisco. Como pano de fundo, a história do amor impossível entre os primos Rosa e Francisco (Jorge de Paula) que deveriam ser inimigos, mas se apaixonam profundamente.

“O texto de Suassuna vai muito além do tema. Trata-se da realidade do sertão elevada à tragédia. A terra é o que menos interessa no contexto geral. A cerca é a razão, simboliza os sentimentos, a vida, a falta de espaço”, argumenta o diretor. Ele explica que esta cerca se naturaliza em cena, movimentando-se em diferentes sentidos e direções. “Esta cerca existe dentro das personagens, elas estão cercadas. A cerca é a peça”, diz.

Uma Mulher Vestida de Sol
é um texto importante não só pelos valores próprios, mas também por ser a primeira grande tragédia produzida no Nordeste, ainda inédita nos palcos brasileiros. Escrita em 1947, para um concurso promovido pelo Teatro do Estudante de Pernambuco, e classificada em primeiro lugar, deu início também à carreira de autor teatral de Ariano Suassuna.

O diretor Fernando Neves ressalta a relevância desse texto, “o primeiro de um advogado, um filósofo que, vendo o circo, se apaixona pelo teatro”. Ele destaca a qualidade da dramaturgia e as possibilidades que ela oferece, tendo claras as camadas clássicas de tempo, espaço e ação. “O texto é enxuto, trata de uma tradição familiar, sem viés psicológico, exigindo o aprofundamento do ator”, comenta.
 

Sobre a concepção da montagem, Fernando Neves, mestre no ofício da reinterpretação do circo-teatro há quase duas décadas, explica que “a estética parte do arquétipo, da tipologia circense, mas retrabalhada na delicadeza, na precisão do domínio da linguagem”. O espírito onírico, a música e os cânticos estão presentes no espetáculo, entoados pelo elenco, performando momentos lúdicos no decorrer da história, que se passa em apenas 24 horas. A encenação de Neves traz também momentos de humor como respiros no trágico enredo.

Segundo Suassuna,
Uma Mulher Vestida de Sol foi sua primeira tentativa de recriar o romanceiro popular nordestino. “Salientei, na época, a semelhança existente entre a terra da Espanha e o sertão, o romanceiro ibérico e o nordestino. Tomei um romance popular do sertão e tratei-o dramaticamente, nos termos da minha poesia - ela também filha do romanceiro nordestino e neta do ibérico. Procurei conservar na minha peça o que há de eterno, de universal e de poético no nosso riquíssimo cancioneiro onde há obras primas de poesia épica, especialmente na fase denominada pastoreio”, palavras do autor sobre sua obra.

Ao receber este espetáculo, o Centro Cultural Banco do Brasil oferece ao público contato com a obra de um dos maiores artistas do país, reafirmando seu compromisso com a promoção da arte e ampliação da conexão dos brasileiros com a cultura.

FICHA TÉCNICA -
Texto: Ariano Suassuna. Direção: Fernando Neves. Elenco / personagens: Guryva Portela (Joaquim Maranhão), Marcello Boffat (Antônio Rodrigues), Jorge de Paula (Juiz e Francisco), Bruna Recchia (Rosa), Kátia Daher (Cícera e Inocência), William Amaral (Delegado, Gavião e Martim) e Carlos Ataíde (Manuel e Donana). Pinturas e desenhos originais: Manuel Dantas Suassuna. Cenografia: Guryva Portela. Figurino e visagismo: Leopoldo Pacheco e Carol Badra. Assistência de figurino: Bruna Recchia. Trilha sonora original: Renata Rosa. Criação de luz: Rodrigo Bella Dona. Produção executiva: Tati Nohr. Produção: Daiana Arruda - DAIA Produção e Comunicação. Fotos: Erik Almeida. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização e produção geral: Cia Vúrdon de Teatro Itinerante. Realização: Governo do Estado de São Paulo por meio do ProAC - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

Serviço

Espetáculo: Uma Mulher Vestida de Sol
Estreia: 25 de janeiro – quarta, às 18h30
Temporada: 25 de janeiro a 12 de fevereiro de 2023
Horários: Quarta a sexta, às 18h30 | Sábados e domingos, às 17h.
Classificação: 14 anos. Duração: 1h40. Gênero: Drama.
Ingressos: 15,00 (valor único) - Na bilheteria do CCBB e no site bb.com.br/cultura

Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Histórico. São Paulo/SP
Local: Teatro (120 lugres)
Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô.

Informações: (11) 4297-0600 | Todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças.

Acessibilidade
para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida | Ar-condicionado | Cafeteria e Restaurante | Loja.
Estacionamento conveniado: Rua da Consolação, 228. Valor: R$ 14 (por até 6h). É necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB. Traslado gratuito até o CCBB – ida e volta.
Van Gratuita: Ponto de partida e retorno, Rua da Consolação, 228. No trajeto de volta há uma parada no Metrô República. As vans saem conforme demanda, das 12h às 21h.
Transporte público: O Centro Cultural Banco do Brasil fica a 5 minutos da estação São Bento do Metrô. Pesquise linhas de ônibus com embarque e desembarque nas Ruas Líbero Badaró e Boa Vista. Táxi ou Aplicativo: Desembarque na Praça do Patriarca e siga a pé pela Rua da Quitanda até o CCBB (200 m).

bb.com.br/cultura | Twitter @ccbb_sp | Facebook: @ccbbsp | Instagram: @ccbbsp

 

Informações à imprensa | Espetáculo
VERBENA COMUNICAÇÃO
Eliane Verbena
Telefone e whatsapp: (11) 99373-0181 | verbena@verbena.com.br
Assessoria de imprensa | CCBB SP
Clara Ferreira
Telefone e whatsapp (11) 4297-0608 | claraferreira@bb.com.br