quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

João da Cruz encerra temporada na Casa das Rosas



Foto de Danilo Batista
O espetáculo João da Cruz - inspirado nos escritos de São João da Cruz, poeta e místico espanhol do século XVI - encerra sua temporada no dia 23 de fevereiro (sexta), na Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos, às 20 horas.

A montagem é um solo de Conrado Caputo com dramaturgia e encenação de Helder Mariani. A ação se passa durante nove meses em que o Frei João da Cruz - canonizado São João da Cruz pela Igreja Católica, em 1726 - foi prisioneiro dos Carmelitas Calçados, seus próprios confrades, numa cela minúscula do Convento de Toledo.

Com uma poesia e uma mística que ultrapassaram os limites do discurso religioso, a obra escrita do Frei João Cruz faz parte da literatura clássica espanhola. O monólogo retrata sua obra literária do santo com suas ideias radicais, expressas pela palavra escrita e pela sua prática de vida. Ele também carrega as contradições existenciais da humanidade que, depois da Idade Moderna, se tornam cada vez maiores. Consumido por uma sede de infinito, de Deus, vivendo numa “noite escura” espiritual, o poeta carmelita se recusa a abrir mão da luta para renovar a sua ordem religiosa e a própria Igreja do seu tempo.

O texto teatral João da Cruz parte de uma colagem de textos traduzidos de várias obras do santo. A proposta do encenador Helder Mariani é discutir sobre o homem, o poeta e o místico; sobre a vivência radical de suas ideias, sentimentos e paixões. “Nosso propósito não é apresentar uma narrativa biográfica de cunho didático”, afirma. A dramaturgia traz um João da Cruz consumido pela sede de infinito nos tempos de prisão, solitário e humilhado, sofrendo altos e baixos emocionais. “Ele reencontra sua pacificação na criação de poemas, num abandono contemplativo e na recusa a uma resposta meramente racional às questões existenciais e, principalmente, foca nos seus planos de fuga – a imaginação artística de um homem que ultrapassa a limitação da realidade e se lança numa contemplação do divino, invisível, silencioso e misterioso”.

João da Cruz ficou preso no Convento Carmelita de Toledo, de meados de dezembro de 1576 a agosto de 1577. Boa parte desse tempo ele ficou numa cela, que era uma cavidade na parede que servia de latrina para hóspedes do convento. Sem condições de higiene, com parca comida, recebendo torturas físicas e psicológicas (inclusive diante da comunidade religiosa do Carmelo), a única ideia que lhe vinha à cabeça, obsessivamente como uma inspiração divina, era a de fugir. Nos interrogatórios, o santo permaneceu firme nas suas convicções de “carmelita descalço”, termo que bem sintetiza as questões éticas e de poder que estavam em jogo, não só os pés no chão, mas o desprendimento e a real pobreza evangélica, preconizada pelo cristianismo. “Consta que João da Cruz, o poeta da noite escura, tinha um temperamento dócil, mas bem intenso, o que o torna um personagem cenicamente interessante. Suas buscas espirituais apaixonadas e suas dúvidas martirizantes tão humanas são vividas numa situação limite: a prisão e a ideia fixa de fuga”. Finaliza o encenador Helder Mariani.

Ficha técnica / serviço

Dramaturgia e encenação: Helder Mariani. Interpretação: Conrado Caputo. Direção de arte: Pedro Faraldo. Trilha sonora: Dagoberto Feliz. Fotos: Danilo Batista. Vídeo: Orion Produtora / Nidowilliam Spadotto. Produção executiva: Paloma Rocha. Realização: Cia. da Palavra

Espetáculo: João da Cruz
Local: Casa das Rosas
Av. Paulista, 37 - Paraíso, São Paulo/SP. Telefone: (11) 3285-6986
Temporada: 19 de janeiro a 23 de fevereiro de 2018. Sextas, às 20h
Ingressos: R$ 40,00 (meia: R$ 20,00). Bilheteria: 1h antes da sessão.
Aceita dinheiro e cartão de débito. Antecipados: www.compreingressos.com
Duração: 60 min. Gênero: Drama. Classificação: 14 anos.
Capacidade: 25 lugares. Acessibilidade. Site: http://www.casadasrosas.org.br/

Foto de Danilo Batista

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