No dia 26 de junho, sexta-feira, o
psicanalista Mauro Mendes Dias lança seu quinto livro, O Discurso
da Estupidez, pela editora Iluminuras. O evento acontece online,
às 21 horas, pela plataforma Zoom.
O livro surgiu como efeito do trabalho de
pesquisa que o autor vem realizando, há alguns anos, sobre a voz na
psicanálise, levado adiante no Instituto Vox de Pesquisa em
Psicanalise, do qual é diretor. A pesquisa o levou a autores que falam sobre a
estupidez, na qual ele reconheceu uma nova modalidade de fascismo que se vale
de meios antipolíticos para atingir propósitos, tendo o ódio como principal
agente de destruição. “O discurso da estupidez vai contra qualquer avanço
político, tocando a parte mais animal do homem. Encontra-se diretamente ligado
à possibilidade de viver o ódio, seja a pessoa de direita ou de esquerda, para
mudar a realidade a partir da destruição do que é instituído. O sentimento de
ódio é a paixão mais primitiva que nos constitui como humanos”, acompanhando
Freud, afirma o autor.
O livro chega ao mercado em um momento
propício. Sua abordagem está em consonância com o atual momento em que vivemos,
quando os discursos se mostram inflamados e o ódio se manifesta de todas as
formas. O mundo vive em quarentena sob a ameaça do coronavírus, o nosso país
vive uma crise de ideias com posições antagônicas e, segundo o autor, “a
privação é o maior provedor do ódio”.
Esta publicação, como extensão do
trabalho sobre a voz, desenvolvido pelo psicanalista, avança sobre o que
Mauro Mendes Dias nomeou como ‘vociferação’, em um sentido diferente do
vocábulo em nossa língua, que designa gritaria, falar colericamente, aos
brados. “Forjei esse conceito com o objetivo de mostrar como cada um de nós
pode se tornar cativo de discursos, os quais introduzem como efeito a retirada
de cena da voz própria”. O que ele nomeia como voz própria é o efeito de
uma dupla operação: “introduzir uma significação diferenciada ao discurso que
se recebe, tanto quanto a realização de ações que se comprometam com a
verdade, em minha leitura com a presença da psicanálise”.
O psicanalista argumenta que a verdade não é
algo por inteiro, tampouco é semelhante à crença. “A verdade é
sempre particular e, ao mesmo tempo, se mostra no laço social,
independentemente da classe”. O Discurso da Estupidez, diante
disso, fala das vociferações como uma condição que retira a voz própria,
que mostra como um sujeito pode consentir a esse apelo. Daí, a ligação
que o livro aponta entre vociferação e “O Canto das Sereias”, quando, em Odisseia,
de Homero, Ulisses tapa com cera os ouvidos de seus companheiros, mas não os
seus próprios.
O livro traz como novo, em relação ao que o
psicanalista já havia elaborado sobre a voz, o fato de que as vociferações são
efeitos do discurso da estupidez. Na publicação, o autor retoma a
tradição de dois pensadores, o italiano Carlo M. Cipolla (1922-2000) e o
austríaco Robert Musil (1880-1942), que escreveram sobre a estupidez, nomeando
esse efeito de ‘discurso da estupidez’, onde as vociferações permitem que cada
um viva o ódio em plena potência, de forma supostamente legítima. “Esses
discursos revelam a vontade de conquistas sem mediação, sustentando as ações a
partir de palavras de ordem e imperativos”, diz.
Mauro escreveu sobre o funcionamento da
estupidez, valendo-se da contribuição do psicanalista francês Jacques Lacan
(1901-1981), na sua teoria dos discursos, os quais procura explicar.
Também considera como decisivo ter retomado a contribuição do cineasta e
escritor italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975) e do romancista britânico Ian
McEwan (1948), que trazem questões decisivas, cada um a seu modo, em suas
obras.
O autor ressalta que “a escrita do discurso
da estupidez funciona para qualquer um – de direita, de esquerda, pobre, rico,
ignorante, inteligente -, para cada um que retira, a seu modo, as
satisfações que busca, sempre zurrando”. Ele argumenta que esse discurso tem
como objetivo o fim do diálogo: “só importam posicionamentos que
defendam alguma causa, de preferencia inflamada, ou se deixando levar pela
submissão ao consumo e as leis do mercado”, deixando os sujeitos suscetíveis ao
comando da moda. Nesse ponto, o livro aborda a submissão ao consumo, dando uma
tonalidade mais subjetiva à análise marxista (de Karl Marx), na qual “o ciclo
de produção torna o proletário cativo indefinidamente, diante do apelo
consumista retroalimentando a sua própria servidão”.
Segundo o psicanalista, a ligação do livro
com o século XXI torna sensível a predominância do mundo virtual com a ilusão
patrocinada pelas indústrias de conexão tanto quanto do anonimato. “Antecedida
pela ideia de mercado e consumo, a Internet não é sinônimo de relação, mas de
conexão, onde o que importa, fundamentalmente, é o recobrimento de identidades,
condição ideal para promoção da degradação e proliferação o ódio, a exemplo da
disseminação das fake news”, comenta.
Ao final, O Discurso da Estupidez
traz uma proposta de tratamentos possíveis, que não têm caráter
programático, tampouco de solução definitiva. “São elaborações que teci a
partir da minha experiência clínica, pessoal e com meus analisantes.
Trata-se de elaborações que se mantêm em curso, indicadas no livro”,
finaliza Mauro Mendes Dias.
O autor
Serviço
Lançamento/livro: O Discurso da
Estupidez
Autor: Mauro Mendes Dias
Editora: Iluminuras
Data: 26 de junho de 2020, sexta, às 21h
Número de páginas: 95. Dimensões: 14 x
0,8 x 21 cm.
Como
participar: Plataforma Zoom
ID
da reunião: 830 9017 5343 - Senha: 088689
Coordenação/lançamento:
Corpo Freudiano Belém
Vendas
Livro
impresso, a partir de 29/6/2020, www.editorailuminuras.com.br/discurso-da-estupidez-o
Versão
e-book (R$ 22,41) - https://www.amazon.com.br/discurso-estupidez-Mauro-Mendes-Dias-ebook/dp/B089QWJT5C/ref=sr_1_1?dchild
Informações
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