segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Olhos Verdes, texto de estreia de David Felipe, ganha encenação poética

 O espetáculo Olhos Verdes, primeiro texto teatral de David Felipe, estreia no dia 9 de outubro, quarta-feira, no Viga Espaço Cênico, às 21 horas. Sob direção de André Grecco, o autor está em cena e divide o palco com William Avelar. A história se passa durante os ensaios de uma peça teatral, cujo enredo é calcado em retratos de uma relação afetiva onde o amor é explícito, mas jamais declarado.

Em cena, dois jovens estudantes de teatro, Ator 1 e Ator 2, com pequena diferença de idade – ambos na faixa dos vinte e poucos anos - acabam de se conhecer e partilham um processo de aprendizagem. Eles vão descobrindo semelhanças e diferenças de comportamento que tornam o relacionamento, a princípio impessoal, envolvido numa cumplicidade que transita entre o jogo cênico e a realidade vivida pelos personagens.

Segundo André Grecco, o texto fragmentado permite saltos de um momento para outro, da cena para a realidade. “Ou seria da realidade para a cena?”, brinca o diretor. Ele explica que recorreu ao uso de imagens, textos, músicas e experimentação corporal para elucidar os momentos de aproximação e afastamento. “É um artifício poético para explorar o texto do David sem delimitar o que é diálogo e o que é narração”. Ele ainda complementa: “Olhos Verdes é um espetáculo sedutor, o que valida os artifícios corporais, o toque. A encenação quer aprofundar na pele, sair da superfície da razão, para que o espectador se emocione com o amor”.

A convivência entre os atores-personagens abre brechas para que algumas verdades sejam escancaradas, mas outras são omitidas para evitar desdobramentos indesejáveis e prejudiciais à realização do espetáculo que ensaiam. Os bastidores são um assunto proibido, pois ninguém pode atrapalhar ou interferir naquilo que não deve terminar. Eles sabem de seus limites, mas funcionam bem em cena: quando há plena entrega à arte teatral, compreendem o sentido pleno de estar à flor da pele. Segundo o autor David Felipe, eles são, a um só tempo, presa e caçador. “Eles não sabem se querem que esse jogo termine. Do ‘to play’ ao jogo do amor”. O texto de David está imerso em duas possibilidades: o amor pode nascer da convivência ou é apenas a ilusão de um dos jogadores? Essa relação é jogo cênico ou realidade?

Fotos/Samantha Dalsoglio
 
A sala de ensaio é o cenário do encontro entre esses dois rapazes. Não há cenografia. A sala nua acolhe os personagens como um espaço físico indefinido, onde as cenas são marcadas pelos recortes de luz. Para o Grecco, o metateatro é a linguagem que permite expor a dimensão do amor que está explícito no texto. “Eles ensaiam uma peça e o que está em cena pode ser algo sobre os atores ou sobre os personagens, pode ser um momento do cotidiano ou uma cena teatral”, finaliza.
Espetáculo: Olhos Verdes
Texto: David Felipe
Direção: André Grecco
Elenco: David Felipe e William Avelar
Designer de luz: André Grecco
Trilha sonora: David Felipe e André Grecco
Figurinos: David Felipe
Fotos: Samantha Dalsoglio
Operação de som e luz: Henrique Rizzo
Realização: Cia. Redoma
Estreia: dia 9 de outubro – quarta-feira – às 21 horas
Viga Espaço Cênico (Sala Piscina)
Rua Capote Valente, 1323. Sumaré/SP. Metrô Sumaré. Tel: (11) 38011843
Ingressos: R$ 30,00 (meia: R$ 15,00). Ingressos na bilheteria 1h antes das sessões.
Temporada: quartas e quintas-feiras – às 21 horas – Até 31/10
Gênero: Drama. Classificação etária: 14 anos. Duração: 45 min.
Capacidade: 40 lugares. Aceita cheque e dinheiro. Ar condicionado.
Não possui estacionamento. http://www.viga.art.br/
 
André Grecco – diretor
André Grecco se formou em Artes Cênicas pela ECA/USP. É ator, diretor, iluminador e professor de Teoria e Interpretação Teatral. Como diretor, esteve à frente das peças Gente que Faz (de Mara Carvalho), O Que se Vê, Antes Não Era, e o Que Era, Não é Mais... (a partir da obra de Arnaldo Jabor), Viúva, Porém Honesta (de Nelson Rodrigues), Táxi Para Um Labirinto (de Thiago Salles) e Olhos Verdes (atual, de David Felipe). Atuou nos espetáculos: Francesca (de Luís Alberto de Abreu, dir. Roberto Lage, indicado ao Prêmio Shell/2012 de Melhor Dramaturgia), Gazinha (da Cia. dos Ditos Cujos), Notas da Superfície (dir. Márcia Abujamra), O Bailado de Flávio de Carvalho (dir. Roberto Lage), João e Maria (Cia. Centopéia de Teatro), O Açougue ou De Como Frank Sinatra me Emociona (de Marcelo Soler), Volta ao Lar (de Harold Pinter, dir. Antônio Januzzeli) e A Cigarra e as Formigas (também dramaturgia). No cinema, atuou em O Futebol (de Sócrates e Kleber Mazzieiro de Souza) e nos curtas Luz (Festival Mix Brasil, de Bruna Capozzolli) e Geóides (de Sérgio Concílio). Para a web fez a novela Umas e Outras (de Leandro Barbieri para a AllTV). Em 2012 integrou do elenco do Núcleo de Leituras Rodriguianas do Teatro do Sesi (dir. Marco Antônio Braz). Como iluminador, destaque para as peças: 292 (Cia. Teatro Documentário), A Greve de Sexo (dir. Ricardo Rizzo), Como Nascem os Chefes (de Marcelo Soler), Bonitinha, Mas Ordinária (dir. Sérgio Milagre), Rent (dir. Rodrigo Miallaret), O Nariz (dir. Rudson Marcello), Gazinha (Cia. dos Ditos Cujos) e muitos outros.

David Felipe – autor e ator

David Felipe, 28 anos, teve seus primeiros contatos com as artes cênicas, aos 15 anos, nas aulas de interpretação do curso livre ministrado na Escola Santa Maria, onde estudava. A conclusão do ensino médio e o ingresso na vida acadêmica levaram a um hiato de alguns anos para o retorno ao contato com o teatro. Neste período, criou um blog (http://davidfelipe.wordpress.com/) onde publica histórias seriadas e crônicas de sua própria autoria. A retomada ao teatro dá-se com curso no Teatro Escola Macunaíma e formação técnica na Oficina de Atores Nilton Travesso (2011-2013), onde participou de exercício cênico baseado em Um Bonde Chamado Desejo, de Tennesse Williams, sob a direção de André Grecco, e de quatro montagens: As Portas da Noite (dir. Sérgio Milagre, monólogos com obras de Clarice Lispector, Fernando Pessoa e Jacques Prévert); Roberto Zucco (dir. Thiago Salles, adaptação da obra de Bernard-Marie Koltès); Atos de Violência (dir. Thiago Salles reunião de excertos da obra de Plínio Marcos); Em Breve Um Título (dir. Pedro Cameron, criação coletiva). Participou do workshop Sobre o Asfalto de Nelson, ministrado por Lúcia Veríssimo, André Grecco e Gisele. Atualmente, David Felipe se divide entre o trabalho no setor financeiro e as artes cênicas, com foco na produção de seu primeiro texto para teatro, Olhos Verdes, com direção de André Grecco. Felipe é administrador e pós-graduado em Comunicação e Marketing pela FIAM-FAAM.

William Avelar - ator

William Avelar, 22 anos, é fluminense de Paraty. Em São Paulo, teve seu primeiro contato com as artes cênicas no Curso Livre de Teatro da instituição Globe-SP, despertando sua paixão e talento pela área. Continuou se aperfeiçoando, durante um ano e meio, na mesma instituição, onde participou de exercícios cênicos a partir das peças À Margem da Vida de Tennessee Williams, Perdoa-me por me Traíres de Nelson Rodrigues e Longa Jornada Noite Adentro de Eugene O'Neill. A conclusão de sua formação teatral se deu na Oficina de Atores Nilton Travesso, onde atuou em Pierrô saiu à Francesa (dir. Guilherme Sant'Anna, releitura de Luiz Carlos Saroldi); Roberto Zucco (dir. Thiago Salles, adaptação da obra de Bernard-Marie Koltès). Foi iluminador na peça Romeu e Julieta (W. Shakespeare) com direção de Miguel Hernandez e Priscilla Carvalho. William atuou em A Pequena Sereia, o Musical  (dir. e adap. Alexandre Biondi para obra de Hans Chistian Andersen) e atua em Tarzan Kids (dir. e adap. Alexandre Biondi para obra de Edigar Rice Burroughs); leciona aulas de teatro para crianças, ministra oficinas de jogos teatrais e está no elenco de Olhos Verdes, peça de David Felipe, com direção de André Grecco.

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