No dia 24
de Janeiro, sexta, o Sesc
Belenzinho recebe Consuelo de Paula
em show de lançamento do CD Maryákoré, às 21 horas. Este é o
sétimo disco da carreira da cantora e compositora mineira, uma obra provocadora naquilo que tem de
mais feminina, mais negra, mais indígena e mais reveladora de nós mesmos.
No show,
Consuelo (voz, violão e
percussão) apresenta-se acompanhada
por Carlinhos Ferreira (percussão) e Ana Rodrigues (piano). O roteiro da
apresentação traz algumas surpresas. “Farei um tema popular dos canoeiros do
Vale do Jequitinhonha e cantarei uma música de César Isella e Armando Tejada
Gómez, que já foi interpretada por Mercedes Sosa”, revela a artista, que também
vai interpretar canções essenciais de seus CDs anteriores. “São composições que
conversam com Maryákoré”, conta a
artista.
O título do CD pode ser entendido como uma
nova assinatura de Consuelo de Paula: maryá (Maria é o primeiro nome de
Consuelo), koré (flecha na língua paresi-haliti, família Aruak), oré (nós em
tupi-guarani), yakoré (nome próprio africano).
Além de assinar letras e músicas - tendo
apenas duas parcerias, uma com Déa Trancoso e outra com Rafael Altério -,
Consuelo é responsável pela direção, pelos arranjos, por todos os violões e por
algumas percussões de Maryákoré (caixa
do divino, cincerro, unhas de lhama, entre outros). A harmonia entre Consuelo e
sua música, sua poesia, sua expressão e a estética apresentada é nítida neste
disco. Ao interpretar letras carregadas de imagens e sensações, ao dedilhar os
ritmos que passam por Minas Gerais e pelos sons dos diversos “brasis”, notamos
a artista imersa em sua história: ela traz a vida e a arte integrada às
canções.
Segundo
Consuelo, desde o nome, o trabalho “traduz uma arte guerreira e amorosa, que se
alimenta da força dos ventos, das brisas e das tempestades; nasceu entre o dia
e a noite, entre a cidade e as matas, entre raios e trovões”. Essas energias,
movimentos e gestos de amor e de luta, estão condensados nas músicas, nos
arranjos e na voz da cantora e compositora, de modo a reafirmar a fisionomia
vigorosa de uma artista inquieta, de expressividade singular e força criativa
que se renova a cada trabalho. E as fotografias que compõem a arte gráfica,
cujos créditos são para f.cabral, traduzem em imagens o conceito do CD.
O violão é seu instrumento de composição que,
nesse trabalho, revela-se também, de maneira ousada e criativa, como parte de
seu corpo; e como koré provoca
as composições ao mesmo tempo em que comanda e orienta os ritmos que dão
originalidade à obra. Consuelo gravou juntos o violão e a voz, ao vivo, no
estúdio Dançapé do músico Mário Gil, transpondo para o disco a naturalidade e a
energia original das canções. Um desafio que pode ser conferido em cada uma das
dez faixas: ora o violão silencia as cordas para servir de tambor, ora se
ausenta para deixar fluir a voz à capela; em outros momentos as cordas produzem
somente um pizzicato para acompanhar o movimento da melodia; e, às vezes,
soa como percussão e instrumento harmônico. Tudo ao mesmo tempo.
Além do violão, um piano e vários
instrumentos percussivos compõem a sonoridade de Maryákoré. Consuelo conta com o percussionista Carlinhos
Ferreira para produzir paisagens e novos sons com instrumentos criados por ele,
como goopchandra com arco, flautas de tubos, rabeca de lata, tambor de mar, gungas
de sementes e outros. O piano de Guilherme Ribeiro enriquece esse cenário ao
fazer destacar na obra, utilizando suavidade e desenhos sonoros, os contrastes imaginados
por Consuelo.
O CD é apresentado em dois movimentos. Da
mesma maneira que assistimos a um bom filme, acompanhar o roteiro de Maryákoré
é uma experiência surpreendente. “São gestos, ventos que impulsionam ciclos,
são lutas internas e externas que foram trazendo o disco e apontando o rumo das
canções”, revela Consuelo. Maryákoré é uma guerreira em meio às batalhas
cotidianas pela vida e pela arte, é uma obra-síntese da dedicação da artista,
de sua fina sensibilidade musical, poética e social. É a voz de Consuelo de
Paula frente aos desafios dos nossos tempos.
O primeiro movimento começa
com “Ventoyá” (poesia de Déa
Trancoso, que Consuelo musicou logo na primeira leitura). Consuelo abre o disco
batucando no violão, trazendo um clima de ventos e tempestades que anunciam uma
nova estação. Na sequência ouvimos o piano, o violão e a percussão que revelam a
nova textura sonora, feita para a canção “Andamento”. Consuelo a compôs quando viu um
instrumento feito por índios brasileiros (pau de chuva) e se lembrou de um
verso do terno dos marinheiros de sua cidade natal (Pratápolis, MG): “eu vou,
eu vou remando contra a maré”. Aqui ela cita também um verso do poeta Paulo
Nunes (“o uivo perdido no meio da floresta, passados mil anos, virou esse canto”)
e acrescenta: “um grito que a noite me empresta / um fado cigano / um índio, um
banto / na voz que me resta / que por uma fresta / vazou nesse canto”. É clara
a poesia contrastante da artista que traduz a comoção pelo belo. E o trio de aberturas se faz com a
próxima canção: “Chamamento”- em um
clima de capoeira que Consuelo realiza com o seu toque de violão-berimbau. A
cantora criou um arranjo crescente, um a um os instrumentos entram - flauta de
tubos, violão, piano, rabeca de lata (criada por Carlinhos Ferreira), caxixis,
unhas de lhama (instrumento indígena e andino), triângulo, pandeiro e caixa do
divino. É um grito de guerra, uma
convocação: “vai chamar meu povo / o pajé, o capoeira / as senhoras, as
meninas / ... / vai chamar o sol mais quente / a lua cheia, a ventania, o
trovão fora de hora / o raio e a nossa alegria / ... /”.
Com seu violão
harmônico e percussivo, Consuelo traz na quarta faixa a canção homônima ao CD, “Maryákoré”: “Sou a fumaça que sobe na mata na hora mais quente / a fogueira no
quintal da minha gente / sou maryákoré, katxerê, marielle da maré / sou a lua,
a luta e os nossos olhos brilhando horizontes”. E no final Consuelo cria um
outro ambiente no qual cita Tom Jobim (“deixe o índio vivo”) e um ponto de
candomblé. A canção “Separação”
encerra o primeiro movimento. É a música da ausência, do silêncio. O violão em pizzicato
é perfeito para o sentimento que a canção nos causa. “Esse é um poema meu, que
redescobri durante o processo do disco, e musiquei”, conta Consuelo.
Abrindo o segundo
movimento de Maryákoré, “Caminho de Volta” traz Consuelo
cantando à capela, anunciando um recomeço com um canto limpo e forte: “avistei
grande búfalo do oriente / travessei o mar / ... / morte não vai me matar /
longe do meu lugar”. É um moçambique, ritmo afro-mineiro (compasso em seis por
oito) de forte presença nas origens da música de Consuelo de Paula. O álbum
segue com “Arvoredo” que traz o
clima das paisagens mineiras: “minha casa é madeira, tronco, galho e raiz /
minha casa é cordilheira / fiz pra gente ser feliz / ... /”. E aqui ela
constrói ‘nossa casa’ ao lado de várias tribos (kariris, puris, guaranis, kiriris).
Essa é mais uma composição na qual mostra sua forma particular de respirar,
cantar e tocar ritmos, que quando ouvimos já sabemos que se trata de Consuelo
de Paula. “Os Movimentos do Amor” é
um samba de Consuelo tocado com caixa de congo e
berimbau. Traz uma harmonia rica que passa pela sonoridade mineira mais urbana.
Na abertura, um poema dela entre notas suaves de piano e berimbau: “o amor é o
som do seu nome / o rastro que fica quando você some / a alga verde que o mar
come entre brancas ondas / pra depois matar a fome do peixe e do homem”.
A nona faixa, “Remando Contra a Maré” (melodia de
Rafael Altério, letrada por Consuelo), conversa com a segunda abertura do CD - “Andamento”
- por meio do canto dos congadeiros: “eu vou, eu
vou remando contra a maré” (aqui apresentado no final da canção). Impossível não
se emocionar com essa bela toada. “Saudação”
encerra o segundo movimento do CD
e traz, ao mesmo tempo, a despedida e a abertura para um recomeço: “Vou
saudar a gira do tempo / ogunhê meu pai / vou cantar despedida / ... / e com o olhar cruzado no teu / abrirei
caminho / noite afora, noite adentro / até que o sol retorne da casa de Lia /
com o cheiro da terra que nossos olhos não alcançam / com aromas de um novo
dia”. E, conversando com a terceira faixa de abertura do CD - “Chamamento” - Maryákoré
termina com o contagiante violão percussivo de Consuelo de Paula, como uma
energia que nos visita, como um ciclo que se fecha e se abre no tempo.
Consuelo de Paula / Maryákoré
Distribuição:
Tratore. Ano: 2019. Preço sugerido: R$ 35,00.
Disponível
em todas as plataformas digitais.
Facebook:
@maryakoreconsuelodepaula | Instagram: @#maryákoré
SERVIÇO
Show: Consuelo de Paula
Lançamento CD: Maryákoré
Dia 24
de janeiro/2020. Sexta, às 21h
Local: Teatro I (396
lugares)
Ingressos: R$ 30,00
(inteira); R$15,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com
deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante) e R$9,00
(credencial plena do Sesc - trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo
credenciado no Sesc e dependentes. Ingressos disponíveis pelo portal Sesc SP
(www.sescsp.org.br) a partir de 14/01/2020, às 12h, e nas bilheterias das
unidades a partir do dia 15/01/2020, às 17h30. Limite de
2 ingressos por pessoa.
Duração: 90 minutos.
Recomendação etária: 12 anos.
Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)
Telefone: (11) 2076-9700
Estacionamento
De terça a sábado, das 9h às 22h. Domingos e feriados, das 9h às 20h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional.
De terça a sábado, das 9h às 22h. Domingos e feriados, das 9h às 20h.
Valores: Credenciados plenos do Sesc: R$ 5,50 a primeira hora e R$ 2,00 por hora adicional. Não credenciados no Sesc: R$ 12,00 a primeira hora e R$ 3,00 por hora adicional.
Para espetáculos
pagos, após as 17h: R$ 7,50 (Credencial Plena do Sesc - trabalhador no comércio
de bens, serviços e turismo). R$ 15,00 (não credenciados).
Transporte Público - Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)
Transporte Público - Metro Belém (550m) | Estação Tatuapé (1400m)
INFORMAÇÕES À
IMPRENSA
Consuelo de Paula
VERBENA Comunicação
Eliane Verbena / João Pedro
Tel: (11) 2548-8409 / 99373-0181 - verbena@verbena.com.br
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(11) 2076-9762 |
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