quarta-feira, 28 de junho de 2017

Inspirado no neonazismo, O Ovo da Serpente fala sobre a crueldade humana e a banalização da vida

Primeiro texto teatral do ator e jornalista Rudson Mazzorana - dirigido por André Grecco - aborda supremacia racial, antissemitismo, intolerância e violência.

Com direção de André Grecco, o espetáculo O Ovo da Serpente, de Rudson Mazzorana, estreia no dia 5 de agosto (sábado) no Viga Espaço Cênico, às 21 horas.

A trama – que apresenta três personagens insólitos: Lascívia (Glória Rabelo), Jack (Zaqueu Machado) e Mike (vivido pelo próprio autor) - fala de um assassino neonazista que convida um jovem psicopata para testar o caráter de sua esposa, uma ex-prostituta judia. No entanto, algo foge do controle.

A ficha técnica traz ainda Heron Medeiros na cenografia, Fred Silveira na trilha sonora original, Danielli Guerreiro no figurino, François Moretti na iluminação e Rafael Sunny na coreografia de cenas, entre outros.

Lascívia e Jack moram em uma espécie de casa-laboratório e, assombrados pelo passado, vivem uma relação que oscila entre poder e submissão, sanidade e loucura. Ela, convertida ao catolicismo, é uma prisioneira de portas abertas que guarda em uma caixa vermelha segredos e confissões. Jack, por sua vez, é médico, um assassino de aluguel integrante de uma facção neonazista empenhada na higienização de raças, utilizando os seres “inferiores” como cobaias em experimentos médicos.

Jack se sente inseguro por estar envelhecendo e perdendo a força física. Com o intuito de colocar à prova o caráter e a cumplicidade de sua mulher, ele introduz o jovem Mike em suas vidas. Invasivo, ácido, perverso e astuto como uma raposa, Mike não se limita apenas a infernizar a vida de Lascívia e testar seus limites: invade ferozmente a intimidade do casal, mexendo com os brios do assassino de aluguel. O que era para ser um simples teste torna-se um pesadelo. Utilizando a mesma premissa nazista, abraçada por Jack e abominada por Lascívia, o misterioso e psicopata Mike resolve seguir adiante com seu plano de vingança. Atormentado, o rapaz usa de toda a perversidade para se vingar do casal, prendendo-os em um sádico jogo psicológico.

Em O Ovo da Serpente a realidade interna é mais explicita que a realidade aparente. A violência e o sadismo permeiam toda a encenação. Lascívia e Jack têm um relacionamento ligado pelo masoquismo e sadomasoquismo. Apesar da dependência que têm dessa relação, a solidão mútua é perceptível: diante da distância física e afetiva, os diálogos transformam-se em quase monólogos. Enquanto Jack vive a ameaça da fragilidade do corpo, Lascívia vive em um plano alheio de realidade. Dividida entre as personalidades da prostituta Madalena e da ingênua Maria, sua dor pode ser expressa até mesmo em forma de poesia.

A trama se desenrola com forte traço psicológico, onde as personagens são prisioneiras de suas próprias ações, de seus próprios destinos. Explora a crueldade da natureza humana numa abordagem atemporal que joga com o passado, onde o nazismo impera com sua guerra racial, e um futuro visto pelo prisma do passado. O Ovo da Serpente usa o neonazismo como argumento para refletir sobre questões atuais da humanidade como solidão, falta de diálogo, intolerância racial, ignorância social e violência. Para o autor Rudson Mazzorana, “a montagem é um alerta social que visa, por meio do choque de realidade, refletir a banalização da vida e questionar o processo de desumanização, o qual expõe o homem moderno a um mundo intolerante de violência gratuita”.

A concepção de André Grecco é carregada de simbolismos. A solidão pode estar no distanciamento físico nas cenas. O abismo moral tem reflexo na desconstrução física, à medida que esses três seres animalescos se deparam com as consequências de seus atos.  Segundo o diretor, a complexidade psicológica os atira nesse abismo, onde a destruição é constatada na ação cênica e no ambiente físico. “A ‘queda’ das personagens é orquestrada junto com a transformação do figurino, que acompanha a desconstrução das personagens, e do cenário, que se transforma no decorrer da história e se queda, literalmente, ao final, como uma terra arrasada, destruída pela guerra”, comenta.

André Grecco afirma que o texto de Mazzorana é muito bem articulado, rico em imagens e intensidade. “As personagens são potentes e, no decorrer da trama, descobrimos quem elas realmente são nesse mundo surreal. A peça já inicia com a tensão dramática no auge e a violência é uma constante nessas relações frias e de total dependência. Muito bem construído, o texto explode em um realismo que irrompe qualquer expectativa da realidade, para assim confrontar o retrocesso humano com o progresso tecnológico”, finaliza o diretor.


Ficha técnica

Dramaturgia: Rudson Mazzorana
Direção: André Grecco
Assistência de direção: Rogério Troiani
Elenco: Glória Rabelo, Rudson Mazzorana e Zaqueu Machado
Cenografia: Heron Medeiros
Trilha sonora original: Fred Silveira
Figurino: Danielli Guerreiro
Coreógrafo: Rafael Sunny
Desenho de luz: François Moretti
Designer gráfico: Heron Medeiros
Direção de produção: Rudson Mazzorana
Fotografia: Ricardo Peres
Teaser: Ricardo Montenegro
Bilheteria: João Alberto Alves Mendonça
Assessoria de Imprensa: Verbena Comunicação
Realização: ARTINCENA

Serviço

Sinopse: Assassino neonazista convida jovem psicopata para testar o caráter de sua esposa, uma ex-prostituta judia. No entanto, algo foge do controle.

Estreia: 5 de agosto. Sábado, às 21h
Viga Espaço Cênico (Sala Viga)
Rua Capote Valente, 1323 – Pinheiros/ SP – a uma quadra do Metrô Sumaré.
Tel: (11) 3801-1843. Capacidade: 75 lugares
Temporada: De 5 a 27 de agosto. Sábados (às 21h) e domingos (às 19h)
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Bilheteria: 1h antes do espetáculo.
Aceita dinheiro e cartões de débito.  
Gênero: Drama. Duração: 90 min. Classificação: 16 anos.
Ar condicionado. Acessibilidade. Site: http://viga.art.br/

Perfis

André Grecco (diretor) - Formou-se em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) em 2007. É ator, diretor, iluminador, produtor e professor de Teoria e Interpretação Teatral. Em teatro, atuou nos seguintes espetáculos: A Dama da Noite (de Caio Fernando Abreu, com direção de Kiko Rieser), Tadzio (de Zen Salles, direção de Dan Rosseto, indicado ao Prêmio Cenym - Aracajú - na categoria Melhor Ator), Romeu e Julieta (de W. Shakespeare, direção de Ivan Feijó), Francesca (de Luís Alberto de Abreu, direção de Roberto Lage, indicado ao Prêmio Shell de Melhor Dramaturgia), Perdoa-me por me Traíres (de Nelson Rodrigues, direção de Lúcia Veríssimo), Gazinha (da Cia dos Ditos Cujos, texto e direção de Sidmar Gomes), Notas da Superfície (direção de Márcia Abujamra), Por um Grão (texto e direção de Sidmar Gomes), O Bailado de Flávio de Carvalho (direção de Roberto Lage), João e Maria e Se Essa Rua Fosse Minha (da Cia Centopeia de Teatro, direção de Alex Moreno), O Açougue ou De Como Frank Sinatra me Emociona e 292 (texto e direção de Marcelo Soler) e Volta ao Lar (de Harold Pinter, direção de Antônio Januzzeli), entre outros. Dirigiu os espetáculos Gente que Faz (de Mara Carvalho), O que se Vê, Antes não Era; E o que Era, Não é Mais... (a partir da obra de Arnaldo Jabor), Viúva, Porém Honesta (de Nelson Rodrigues), Taxi para um Labirinto (de Thiago Salles) e Olhos Verdes (de David Felipe) e Amor Imperfeito (de Cesare Belsito). É professor de Teoria e Interpretação Teatral na Oficina de Atores Nilton Travesso, desde 2004, foi coordenador artístico da Escola Incenna de Teatro e Televisão e, atualmente, coordena a Thymeli, escola de formação de atores com ênfase em teatro musical. Em 2013 fundou a Cão Bravo Produções Artísticas onde é sócio-presidente e diretor artístico.

Rudson Mazzorana (autor/ator) - Nasceu em São Paulo, em 18 de maio de 1983. É jornalista e roteirista formado pela Universidade Anhembi Morumbi. Graduou-se em Artes Cênicas pelo Teatro Escola Macunaíma e realizou diversos workshops de interpretação para cinema, teatro e televisão. No teatro, atuou em espetáculos como A Noite dos Assassinos (de José Triana), Entre Quatro Paredes (de Jean Paul Sartre), Dois Irmãos (de Fausto Paravidino), Calabar ou O Elogio da Traição (de Chico Buarque), Dois Perdidos Numa Noite Suja (de Plínio Marcos), Homens de Papel (de Plínio Marcos), Casados à Força (de Molière) e Sonhos de Uma Noite de Verão (de W. Shakespeare), entre outros. Como dramaturgo, escreveu espetáculos como Depois da Chuva, A Patrulha do Grito, O Ovo da Serpente e Se Meu Sexo Falasse. No entanto, O Ovo da Serpente é seu primeiro texto a ser montado. Escreveu dois livros, O Diário do Lobo e Retrato Falado, que serão publicados em breve.  Possui vasta experiência como assessor de comunicação, redator, repórter e apresentador. Apresentou programas como TV O Corretor, Programa Revista Rural, Dr. Dadá, Canal FEI Portas Abertas e Eqüus, bem como algumas edições do evento A Rua do Choro. Foi colunista imobiliário de jornais como O Estado de S.P, O Diário de SP, A Tribuna e Vale do Paraíba. Trabalhou como repórter investigativo no jornal O Trabuco e escreveu matérias para o Guia da Noiva Brasil e Noivas no Campo. Atualmente trabalha também em outros projetos de teatro que pretende colocar em cena: Depois da Chuva (texto inédito de sua autoria) e o clássico Crime e Castigo, de Dostoievski (adaptado pelo ator e dramaturgo).


Assessoria de imprensa: VERBENA COMUNICAÇÃO
Eliane Verbena / João Pedro
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