sexta-feira, 31 de outubro de 2014

POST SCRIPTUM, DE SAMIR YAZBEK, TEM LEITURA DRAMÁTICA NO MASP

 No dia 10 de novembro, segunda-feira, acontece a leitura dramática de Post Scriptum, texto e direção de Samir Yazbek, no MASP, às 19h30, integrando o projeto Letras em Cena. Participam da leitura os atores Helio Cicero, Bete Dorgam, Marco Antônio Pâmio e Pedro Augusto Monteiro.

Após A Terra Prometida (entre os dez melhores espetáculos de 2002, segundo O Globo) e As Folhas do Cedro (Prêmio APCA 2010 de melhor autor), Yazbek volta ao tema de suas origens libanesas com esse texto. Dessa vez, discutindo a história recente do Oriente Médio, desde a fundação do Estado de Israel, passando pelos conflitos entre palestinos e israelenses, entre muçulmanos e judeus, a queda das torres gêmeas etc., até chegar ao Estado Islâmico.

Evitando maniqueísmos e didatismos de qualquer espécie, a peça é uma parábola teatral que ecoa os mais variados tipos de intolerância nas sociedades modernas, corroborando a interpretação bíblica de que Isaac, o pai dos judeus, e Ismael, o pai dos árabes, são filhos de Abraão, e que ambos habitavam as mesmas terras que hoje são motivos de contendas naquela região.

Post Scriptum é um texto que parte de um fato ocorrido com a família do autor: o reaparecimento, em São Paulo, de um imigrante libanês dado como morto, após um acidente aéreo na Amazônia.

A peça - da Companhia Teatral Arnesto nos Convidou, responsável por importantes montagens como O Fingidor (Prêmio Shell 1999 de melhor autor) e As Folhas do Cedro - tem estreia prevista para o início de 2015, em São Paulo.

Post Scriptum reúne profissionais como o cenógrafo e figurinista André Cortez e o iluminador Domingos Quintiliano (que já trabalhou com a Companhia em outra montagem), além da produtora e administradora Silvia Marcondes Machado (Mecenato Moderno).

ENREDO

Invertendo o paradigma shakespereano, presente em Hamlet, o imigrante libanês (Helio Cicero) representa uma espécie de fantasma às avessas, que vem clamar por paz, e não por vingança.

A ideia é que a iminência da morte, para esse homem, o faz voltar para casa modificado, a ponto de rever seu arraigado anti-semitismo.

Ocorre que, após seu retorno, ele precisa lidar com o mundo que deixou ao partir, sobretudo no âmbito familiar, consolidado segundo seus princípios.

Primeiro, tem de enfrentar seu filho mais velho (Marco Antônio Pâmio), um professor de História que cultiva um profundo ressentimento em relação aos judeus, incutido por seu pai desde a infância, e que, no início da peça, se prepara para viajar ao Oriente Médio para lutar por seus “irmãos” palestinos.

Depois, precisa aceitar que seu filho caçula (Pedro Augusto Monteiro) se apaixonara por uma judia que vive em Jerusalém, que ele conhecera por meio de um vídeo no Youtube, em que ela conta que foi ferida por uma bomba jogada por um combatente islâmico.

Finalmente, tem de redescobrir sua relação com a esposa (Bete Dorgam), uma imigrante libanesa que sacrificou seus sonhos de vida, em função da ideologia do marido.

SIMBOLISMO

Originária do latim, a expressão “Post Scriptum” é o extenso do “P.S.”, palavras que se colocam no rodapé de um escrito.

O paradoxo dessa notação é ela destacar as ideias que, apesar de estarem após o fim de um texto, costumam ser tão ou mais relevantes do que as que constam em seu decurso.

É como se quem escrevesse dissesse algo como: “Relembrando... Não podemos esquecer que... O que eu quero dizer é que... Arrependo-me de... Tudo que eu disse pode não ser...” etc.

O título Post Scriptum simboliza essa peça, em que um homem, por ter estado diante da morte, passa a repensar sua vida, a ponto de resgatar seus valores mais essenciais.

Serviço

Leitura dramática: Post Scriptum
Texto e direção: Samir Yazbek.
Com Helio Cicero, Bete Dorgam, Marco Antônio Pâmio e Pedro Augusto Monteiro.
10 de novembro de 2014, segunda-feira, às 19h30
Projeto Letras em Cena
MASP - Avenida Paulista, 1578
Reservas pelo email: clovistorres@uol.com.br

Samir Yazbek

foto Fernando Stankuns
Samir Yazbek é dramaturgo e diretor teatral. Consolidou sua formação com o diretor Antunes Filho. Escreveu O Fingidor (Prêmio Shell 1999 de melhor autor), A Terra Prometida (entre os dez melhores espetáculos de 2002, segundo O Globo) e As Folhas do Cedro (Prêmio APCA 2010 de melhor autor), entre outras. Algumas de suas peças já foram editadas em português. Além de seu trabalho na Companhia Teatral Arnesto nos Convidou, escreve artigos na imprensa, participa de festivais, ministra palestras, oficinas de dramaturgia etc. No exterior, fez conferências em Cádiz (Espanha) e Minnesota (EUA), e teve alguns de seus textos publicados – e encenados – em Cuba, França, Inglaterra, México, Polônia, Portugal etc. Coordena o curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Dramaturgia da ESCH (Escola Superior de Artes Célia Helena), em São Paulo (SP).

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